Voltar atrás na adesão à OCDE não seria benéfico para o Brasil, diz presidente da Britcham

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O Reino Unido está em busca de novos parceiros comerciais após a saída da União Europeia, e o Brasil pode aproveitar a oportunidade para ampliar sua presença no comércio internacional. Para isso, no entanto, terá de fazer a ‘lição de casa’ em relação a temas como meio ambiente, reforma tributária e melhoria do ambiente de negócios. Nesse último ponto, dando continuidade, por exemplo, ao processo de adesão à OCDE.

As afirmações são de Ana Paula Vitelli, presidente da Britcham (Câmara Britânica de Comércio e Indústria) Brasil desde 2020.

Reeleita na semana passada para mais um mandato de dois anos à frente da Câmara, Vitelli afirma que o momento é propício para uma reaproximação entre os dois países, cuja corrente de comércio encolheu nos últimos dez anos.

Além da questão comercial, que vem sendo tratada por meio de propostas enviadas ao Brasil e de uma série de visitas de representantes britânicos ao país, o Reino Unido quer ser uma base para empresas brasileiras que queiram atuar internacionalmente como se fossem britânicas. Já há um grupo do governo local assessorando empresas brasileiras nesse sentido.

Em um período de dez anos, a corrente de comércio entre os dois países recuou de cerca de US$ 8,5 bilhões para menos de US$ 5 bilhões, com queda tanto nas exportações como nas importações. Com isso, os britânicos não figuram entre os principais parceiros comerciais do Brasil.

‘Há um espaço enorme de oportunidade de ter mais trocas entre Brasil e Reino Unido’, afirma Vitelli. ‘O Reino Unido está pronto para negociar, e a gente ouviu também do lado brasileiro que tem um espaço enorme para avançar nessa agenda.’

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O Reino Unido importa 50% dos alimentos e bebidas consumidos. Esses produtos tinham como origem, principalmente, a União Europeia. Com o Brexit, podem vir de outros mercados.

Mas o objetivo é ir além das commodities, e já foram mapeadas oportunidades nos segmentos de higiene, cosméticos, calçados e tecnologia.

‘Com o Brexit, a necessidade de buscar outros fornecedores ficou iminente, e o Reino Unido tem mostrado o interesse de o Brasil ser um parceiro nessa nova fase, de buscar esses fornecedores aqui no Brasil’, afirma Renata Sucupira, presidente do comitê de comércio e investimentos internacionais da Britcham.

Vitelli cita uma série de questões vistas como fundamentais pelos britânicos para que seja possível avançar na relação entre os dois países. Uma delas é a questão ambiental, que também tem sido um entrave para a concretização do acordo entre Mercosul e União Europeia.

A câmara também vê como necessária uma reforma que simplifique o sistema tributário nacional. Uma proposta nesse sentido está em discussão no Senado. Ela unifica cinco tributos sobre consumo nas três esferas de governo, mas sofre resistência, principalmente, dos prefeitos das grandes capitais, que temem perda de arrecadação, e do setor de serviços, que teme ser onerado.

Outra discussão é um acordo que coloque fim à bitributação sobre os resultados das multinacionais que atuam em um ou outro país.

A presidente da Britcham cita ainda o avanço da agenda ligada à adesão do Brasil à OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). O ingresso do Brasil no grupo tem o apoio do Reino Unido e tem avançado na gestão do ministro Paulo Guedes (Economia), que visitou a sede da entidade na semana passada.

Para aderir ao grupo, o país precisa alterar uma série de normas. Duas medidas nesse sentido foram a redução gradual do IOF sobre operações de câmbio e do Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante, de 25% para 8%.

As negociações com a entidade ficaram paradas durante os governos Lula e Dilma Rousseff e ainda sofrem resistência por parte de algumas lideranças ligadas ao PT.

Vitelli afirma que o ingresso na OCDE daria ao país um selo de qualidade em relação ao ambiente de negócios e segurança jurídica.’Não vejo muito espaço para voltar atrás, e não seria algo benéfico para o Brasil.’

Para ela, o Brasil tem mostrado compromisso para se adequar a uma série de normativas e instrumentos da OCDE. ‘[Isso] abre uma possibilidade de fazermos algumas lições de casa, trabalharmos com a reforma tributária, avançarmos em algumas questões internas. Concretizar esse tipo de reforma faz com que a gente também construa um ambiente de negócios mais competitivo, que tem uma segurança jurídica e mais consistente.’

Desde a saída da União Europeia, no início de 2021, o Reino Unido tem fechado acordos com diversos países. No caso brasileiro, essa é uma questão que teria de passar pelo Mercosul, mas a Britcham vê espaço para avançar em medidas de facilitação de comércio.

Vitelli afirma que o Reino Unido tem como objetivo ter 80% do comércio internacional baseado em acordos de livre comércio, o que representa 1 trilhão de libras em exportações, até metade dessa década. ‘Então estamos falando de um horizonte de tempo relativamente curto, mas de uma agenda que já vem sendo discutida, e a gente tem visto alguns avanços. Não me arriscaria a dizer que estamos acelerando a agenda, mas ela está em plena discussão, com apetite dos dois lados.’

Fonte: Jornal de Brasilia

Veja bairros de SP onde preço do m² do aluguel já é maior que o registrado antes da pandemia

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Os preços dos aluguéis residenciais subiram mais de 25% em relação ao patamar pré-pandemia nos bairros Jardim Anália Franco, Morumbi e Mandaqui, apontam dados do índice QuintoAndar de aluguel.

Segundo a empresa, o preço médio do metro quadrado no primeiro trimestre deste ano já supera o do mesmo período de 2020 em mais da metade dos bairros da capital paulista monitorados (34 de 61).

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Mas, ao contrário do que o senso comum pode intuir, áreas residenciais com maior demanda na cidade, como Pinheiros e Vila Olímpia, ainda estão distantes de retomar os valores de antes da Covid-19. Os dois bairros estão 11,9% e 13,5% abaixo do preço negociado em março de 2020, respectivamente.

Além disso, as maiores altas estão espalhadas por várias regiões. Água Fria (23,36%), Butantã (22,38%), Vila Formosa (21,58%), Freguesia do Ó (19,83%) e Vila Andrade (18,72%) também tiveram alta nos preços dos aluguéis acima da inflação (o IPCA subiu 18,17% entre março de 2020 e março de 2022).

Segundo o QuintoAndar, isso indica que ainda não há uma recuperação homogênea na cidade. ‘Bairros com maior quantidade de apartamentos de um quarto, como Vila Clementino e Liberdade, só conseguiram recuperar os preços com a retomada da procura por esses tipos de imóvel nos últimos meses, com o arrefecimento da crise sanitária’, destaca Thiago Reis, gerente de dados da empresa.

Reajuste acima da inflação

Apesar da forte alta da inflação no início deste ano, o aquecimento do mercado imobiliário paulistano está fazendo com que os proprietários consigam reajustar o preço dos novos contratos acima do índice oficial de preços do país.

Enquanto o IPCA subiu 3,20% no primeiro trimestre deste ano (0,54% em janeiro, 1,01% em fevereiro e 1,62% em março), o preço do metro quadrado de locação subiu mais que o dobro em São Paulo no mesmo período (6,73%). Foi o nono mês consecutivo de alta.

O QuintoAndar diz que entre os principais fatores estão a alta temporada de procura de aluguéis e a busca por studios e imóveis de um dormitório, que têm um metro quadrado mais caro. Diz também que a retomada da atividade econômica e da volta ao trabalho presencial também contribuíram.

Veja 34 bairros onde o preço do m² do aluguel já é maior que o registrado antes da pandemia, segundo o QuintoAndar:

Posição Bairro R$/m² pré-pandemia (1T20) R$/m² atual (1T22) Variação (%)

1 Jardim Anália Franco 19,43 24,68 27,02%

2 Mandaqui 19,03 23,97 25,96%

3 Morumbi 25,55 32,11 25,68%

4 Água Fria 21,53 26,56 23,36%

5 Butantã 32,21 39,42 22,38%

6 Vila Formosa 22,06 26,82 21,58%

7 Freguesia do Ó 22,24 26,65 19,83%

8 Vila Andrade 29,91 35,51 18,72%

9 Vila Carrão 23,31 27,38 17,46%

10 Mooca 30,27 35,47 17,18%

11 Panamby 24,13 28,27 17,16%

12 Portal do Morumbi 22,94 26,45 15,30%

13 Sacomã 24,18 27,70 14,56%

14 Jardim Marajoara 24,56 27,88 13,52%

15 Jardim São Saverio 19,65 22,12 12,57%

16 Liberdade 32,13 36,03 12,14%

17 Tatuapé 31,49 35,27 12,00%

18 Jardim Éster Yolanda 23,18 25,95 11,95%

19 Casa Verde 24,01 26,60 10,79%

20 Saúde 37,12 40,86 10,08%

21 Vila das Mercês 23,93 26,34 10,07%

22 Santana 28,29 31,13 10,04%

23 Cambuci 31,97 35,17 10,01%

24 Bosque da Saúde 28,96 31,80 9,81%

25 Vila Mariana 38,10 41,44 8,77%

26 Vila Mascote 28,00 29,75 6,25%

27 Vila Leopoldina 38,60 40,90 5,96%

28 Jabaquara 28,99 30,44 5,00%

29 Vila Pompéia 38,22 40,03 4,74%

30 Campo Belo 45,10 46,84 3,86%

31 Vila Clementino 40,23 40,94 1,76%

32 Belém 31,43 31,88 1,43%

33 Perdizes 39,43 39,89 1,17%

34 Vila Romana 32,64 33,02 1,16%

Fonte: InfoMoney

Veja como preço elevado dos combustíveis cria ‘bola de neve’ que encarece sua vida – do alimento ao transporte

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A alta no preço dos combustíveis vai além dos gastos para encher o tanque. Nas últimas semanas, desde o último anúncio de reajuste feito pela Petrobras – de 18,8% na gasolina e 24,9% no diesel -, vários aumentos foram anunciados.

As tarifas de viagens por aplicativos subiram até 6%; as entregas por delivery, até 50%; e as passagens aéreas, entre 32% (internacionais) e 62% (nacionais). Isso sem contar o que vem pela frente. As empresas de transporte público reivindicam aumentos de cerca de 20%.

Alimentos e produtos industrializados também sentem os efeitos da alta dos combustíveis, por causa do aumento dos fretes. Hoje, o Brasil movimenta mais de 60% de suas cargas por rodovias, em caminhões movidos a diesel.

Como o reajuste impacta o custo das transportadoras, esse aumento também é repassado para o frete. Algumas já conseguiram recompor as perdas, outras ainda estão renegociando os contratos com os clientes para repassar, pelo menos, parte do aumento.

O presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região (Setcesp), Adriano Depentor, afirma que a entidade aconselhou seus associados a reajustarem o frete entre 14% e 15%.

‘A orientação é repassar os aumentos para manter as contas saudáveis. Mas cada um vai decidir o porcentual e a melhor forma de revisar seus preços’, diz o executivo, destacando que as companhias têm contratos de longo prazo com clientes.

Em 12 meses, diz, o valor do frete por quilômetro subiu entre 20% e 28% por causa da inflação e da mão de obra. ‘Quem viveu os tempos da hiperinflação tem até arrepio de ver a escalada dos preços.’ Em março, o IPCA subiu 1,62%, maior alta para o mês em 28 anos.

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Gasto cresceu R$ 1,25 bi

Entre os meses de março e abril, o gasto dos brasileiros com despesas essenciais, como combustíveis, alimentos e educação, aumentou R$ 16 bilhões.

Desse total, R$ 1,25 bilhão veio do reajuste da gasolina e diesel, segundo dados da consultoria Tendências Consultoria Integrada. Isso explica o avanço de 1,62% da inflação em março, a maior para o mês em 28 anos.

A expectativa é que os preços continuem a pressionar a renda dos consumidores, que vem sendo corroída ano após ano. A economista da Tendências, Alessandra Ribeiro, afirma que, como se trata de um bem com pequena elasticidade, o aumento reduz o espaço no orçamento do brasileiro para outros bens e serviços. ‘E isso tem um efeito redutor no crescimento econômico.’

Para o presidente da Trevisan Escola de Negócios, VanDyck Silveira, a alta dos combustíveis provoca uma bola de neve na economia por causa dos repasses. Além do preço do frete, que é transferido para outros produtos, o setor de serviços também reflete o aumento. As viagens de carro por aplicativos, por exemplo, ficaram mais salgadas desde o anúncio da Petrobrás.

O presidente da Associação de Motoristas de Aplicativos, Eduardo Lima de Souza, afirma que a tarifa da 99 subiu 5% e a do Uber, 6,5% por km rodado. ‘O aumento dos combustíveis foi de 18%, então continuamos com defasagem. Muitos motoristas estão tendo de ampliar a carga horária para manter a renda.’ Isso significa trabalhar até 14 horas por dia.

Nesse caso, o consumidor não tem para onde correr. O preço das corridas de táxis também subiu. Em São Paulo, depois de sete anos sem aumento, a prefeitura autorizou o reajuste. O valor inicial da corrida saltou para R$ 5,50, com aumento de 22%. O quilômetro percorrido teve alta de 45%. A tarifa horária, cobrada quando o carro está parado ou em baixa velocidade, subiu 48%, para R$ 49.

Pane seca

‘O aumento tinha de sair de qualquer jeito, a categoria estava numa situação delicadíssima’, afirma Luiz Capelo, vice-diretor do Sindicato dos Taxistas Autônomos de São Paulo. Ele conta que, antes do reajuste, muitos motoristas enfrentavam ‘pane seca’: paravam de rodar por falta de dinheiro para abastecer.

A maioria roda com carros movidos a etanol e gás natural veicular (GNV). Só pequena parcela abastece com gasolina. Dados da Agência Nacional do Petróleo mostram que, nos últimos três meses, o preço médio do GNV subiu 25,86%, a gasolina comum teve alta de 10,93% e o etanol, de 4,15%.

Entregas

Outro hábito que caiu nas graças do brasileiro, o delivery também teve suas taxas revisadas pelas empresas. Desde o início do mês, os entregadores do iFood tiveram aumento de 50% no valor mínimo por km rodado, de R$ 1 para R$ 1,50, e outro de 13% no valor da rota mínima (a menor quantia que recebem por uma entrega), de R$ 5,31 para R$ 6.

Segundo a companhia, o aumento teve caráter de urgência por causa da inflação e do aumento dos combustíveis.

No transporte escolar, o reajuste médio das mensalidades, que ficou em torno de 20%, fez com que 30% dos pais desistissem do serviço, conta Anderson Malafaia, presidente da União Geral do Transporte Escolar.

A entidade tem 3 mil associados no estado de São Paulo, entre motoristas autônomos, empresas e cooperativas. Quase a totalidade dos veículos usados no transporte escolar são movidos a diesel. ‘O impacto da alta do diesel foi muito relevante para nós e o nosso custo operacional subiu demais’, diz Malafaia.

Mesmo com aumento da mensalidade do transporte escolar, que varia muito a depender do bairro, entre R$ 200 e R$ 900, por exemplo, Malafaia diz que esse reajuste não cobre todos os aumentos de custos que os motoristas tiveram. A necessidade de reajuste da mensalidade para retornar à situação pré-pandemia seria em torno de 40%.

Outro que reivindica uma revisão dos preços é o setor de transporte público, em que o diesel representa 30% da operação (antes do aumento da Petrobras era de 26,6%).

Segundo o presidente executivo da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, Francisco Christovan, com a alta do diesel, o setor teria de reajustar as tarifas em 19,5%, mas nada foi repassado.

Nos bares e restaurantes, por causa da pressão de alimentos e, sobretudo, gás de botijão – que aumentou quase 30% em 12 meses -, a situação é crítica. ‘O gás representa entre 8% e 10% do custo das nossas mercadorias’, afirma Paulo Solmucci, presidente da Abrasel.

Pesquisa recente da entidade revela que 38% dos estabelecimentos amargam prejuízos e 60% declararam estar no vermelho porque não conseguiram repassar aumentos de custos para o cardápio.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: InfoMoney

Consumo de bens ainda está abaixo do nível pré-pandemia

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Em meio às pressões inflacionárias, salários mais baixos, desemprego ainda elevado e crédito mais caro, as famílias brasileiras reduziram o consumo de bens, que está em patamar inferior ao que era registrado no pré-pandemia. Por outro lado, puxado especialmente pelos mais ricos, o consumo de serviços já retornou ao nível pré-crise sanitária.

As informações têm como base os dados desagregados do Monitor do PIB (Produto Interno Bruto) da Fundação Getulio Vargas (FGV), obtidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

‘A inflação elevada está corroendo o poder de compra das famílias’, apontou Claudio Considera, coordenador do Núcleo de Contas Nacionais do Ibre/FGV. ‘As pessoas estão reduzindo suas compras de bens não duráveis, semiduráveis e até de bens duráveis.’

O Monitor do PIB da FGV antecipa a tendência para a atividade econômica brasileira a partir das mesmas fontes de dados e metodologia empregadas pelo IBGE, responsável pelas contas nacionais.

Considerando a série histórica com ajuste sazonal, ou seja, que desconta os efeitos característicos de determinadas épocas do ano sobre o comportamento do consumidor, o consumo de bens semiduráveis em janeiro ficou 12,14% abaixo do patamar de fevereiro de 2020, no pré-pandemia.

O consumo de produtos duráveis – que é também dependente do crédito – está 10,28% abaixo do pré-covid.

Já a aquisição de bens não duráveis, que inclui itens essenciais como alimentos e remédios, está 3,04% abaixo do pré-pandemia.

Por outro lado, o consumo de serviços em janeiro ficou 0,10% acima do pré-crise sanitária.

Conjuntura desfavorável travou a recuperação

Os dados do Monitor do PIB, da FGV, mostram que, na média, o consumo das famílias recuou 1,3% em janeiro na comparação com dezembro, ficando 2,86% abaixo do nível pré-covid. O consumo de serviços (que agora impulsiona a média global do consumo das famílias) demorou mais a se recuperar, por conta das restrições ao funcionamento de estabelecimentos e demais medidas sanitárias necessárias para conter a disseminação do vírus.

Já o consumo de bens chegou a superar os patamares anteriores à pandemia, especialmente nas categorias de duráveis e de não duráveis, impulsionados por fatores como o pagamento do Auxílio Emergencial pelo governo, o isolamento social e o crescimento do trabalho remoto.

Mas esse consumo perdeu fôlego diante de uma conjuntura atualmente mais desfavorável à aquisição de bens.

IPCA (inflação oficial) acumulado nos 12 meses encerrados em janeiro foi de 10,38%, subindo a 10,54% em fevereiro e 11,30% em março, segundo o IBGE.

A população desempregada somava pouco mais de 12 milhões de pessoas no País no trimestre terminado em janeiro, praticamente o mesmo contingente do trimestre encerrado em fevereiro.

A renda média real de quem permanecia trabalhando era de R$ 2.511 no trimestre até fevereiro, 8,8% menor que um ano antes.

Sem força

O economista-chefe do C6 Bank, Felipe Salles, acredita que a melhora da pandemia permitirá a manutenção da recuperação do consumo de serviços pelas famílias brasileiras, mas não vê nesse movimento uma força que seja suficiente para turbinar o desempenho do PIB.

‘Não estamos tão otimistas, porque há outros impactos que afetam o consumo das famílias este ano, principalmente a renda. Estamos com desemprego em queda, mas em patamar ainda elevado’, diz o economista. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Isto é Dinheiro Online 

Hospitais de todo o país estão com baixo estoque de dipirona injetável

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A falta da dipirona está sendo um problema em muitos hospitais do país. Usado para tirar febre e dor, o medicamento – que é encontrado em farmácias na forma de comprimidos ou em gotas – é amplamente administrado nos hospitais na versão injetável. O Jornal Hoje mostra os motivos da dificuldade de compra e por quê ele é tão importante.

A escassez do medicamento nos hospitais está ligada a uma questão financeira. O Brasil não produz o analgésico, então ele é importado e apenas envasado no país. Por ser um medicamento controlado, tem o preço limitado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos – ligado a vários ministérios e Anvisa.

As empresas farmacêuticas dizem que o custo de importação já supera o valor máximo de venda e a conta não fecha. Por isso avaliam parar de comercializar o remédio.

O laboratório Teuto, que detém mais de 50% do comércio de dipirona injetável no Brasil, comunicou em fevereiro que suspendeu a fabricação do medicamento por tempo indeterminado.

‘Fato chega um momento em que essa defasagem de preço tão forte, é, obriga a empresa a tirar o produto do mercado sob pena dela perder a própria essência da empresa que é trazer lucratividade e se manter viva né’, diz Nelson Mussolini, presidente do Sidusfarma.

‘Fato chega um momento em que essa defasagem de preço tão forte, é, obriga a empresa a tirar o produto do mercado sob pena dela perder a própria essência da empresa que é trazer lucratividade e se manter viva né’, diz Nelson Mussolini, presidente do Sidusfarma.

Uma solução seria tentar substituir a dipirona, mas, segundo especialistas, isso não é fácil.

A presidente do departamento de farmácia da Associação de Medicina Intensiva Brasileira diz que outros analgésicos têm mais efeitos colaterais e não são tão comuns aos profissionais da saúde do país.

‘A gente vai ter dificuldade de manejar dor e febre no ambiente hospitalar e isso é risco sim à saúde, podendo levar a casos de convulsão, de eventos adversos relacionados a medicamento, que pode levar inclusive o paciente a precisar de leito de UTI e outros medicamentos, antídotos, outros insumos bem mais caros e inclusive intubação’, explica Erika Michelle do Nascimento Facundes, presidente do departamento de farmácia da AMIB.

‘A gente vai ter dificuldade de manejar dor e febre no ambiente hospitalar e isso é risco sim à saúde, podendo levar a casos de convulsão, de eventos adversos relacionados a medicamento, que pode levar inclusive o paciente a precisar de leito de UTI e outros medicamentos, antídotos, outros insumos bem mais caros e inclusive intubação’, explica Erika Michelle do Nascimento Facundes, presidente do departamento de farmácia da AMIB.

O Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde pede que o governo federal garanta o acesso à dipirona injetável para todos os hospitais. Segundo o órgão, 23 conselhos estaduais relataram no final de fevereiro dificuldade de compra de medicamentos injetáveis, dentre eles a dipirona.

O que está por trás da crise de abastecimento da dipirona afeta também o comércio de outros medicamentos. Isso porque o Brasil produz apenas 5% da matéria prima necessária para a indústria farmacêutica. Ou seja, o país é dependente e tem pouco controle sobre os custos dos insumos importados. Dessa forma, aumenta o risco de pagar caro ou sofrer com desabastecimento.

“Teríamos que ter algum tipo de proteção tarifaria através por exemplo de impostos de importação para proteger a indústria da química fina brasileira contra os produtores indianos e chineses particularmente’, diz Gonzalo Vecina Neto, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP e ex-presidente da Anvisa.

“Teríamos que ter algum tipo de proteção tarifaria através por exemplo de impostos de importação para proteger a indústria da química fina brasileira contra os produtores indianos e chineses particularmente’, diz Gonzalo Vecina Neto, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP e ex-presidente da Anvisa.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária informou que existe um pedido de reajuste de preço da dipirona e avalia que é urgente discutir o aprimoramento do atual modelo da regulação, buscando promover o equilíbrio entre os lucros e os preços acessíveis para a sociedade.

Em nota, o Ministério da Saúde informou que o financiamento dos medicamentos que fazem parte da lista chamada “componente básico da assistência farmacêutica” – da qual a dipirona injetável faz parte – é de responsabilidade da União, de estados, municípios e Distrito Federal.

A pasta afirmou que o repasse federal encontra-se regular, cabendo a estados e municípios a aquisição e a distribuição dos medicamentos.

Mesmo assim, de acordo com a nota, em apoio aos gestores locais, o ministério da Saúde estuda, junto à Anvisa e a representantes das indústrias, a melhor estratégia para solucionar o desabastecimento.

Fonte: G1.Globo

Forças Armadas aprovam compra de 35 mil unidades de Viagra para tratamento de hipertensão arterial pulmonar; entenda

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As Forças Armadas aprovaram a compra de mais de 35 mil unidades de Viagra para o tratamento de hipertensão pulmonar arterial (HPA). O processo licitatório está no Portal da Transparência do Governo Federal e ganhou repercussão, nesta segunda-feira (11), depois que o deputado federal Elias Vaz (PSB) pediu explicações ao Ministério da Defesa sobre a aquisição dos comprimidos, usados em casos de disfunção erétil.

Na licitação, o medicamento aparece com o nome de “sildenafila”, nome genérico do Viagra. A compra estabelece comprimidos de 25 mg e de 50 mg (saiba mais abaixo).

Em nota, o Ministério da Defesa informou que o medicamento é recomendado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o tratamento de HAP e que “os processos de compras das Forças Armadas são transparentes e obedecem aos princípios constitucionais”.

Do total de 35 mil comprimidos, o processo licitatórios solicita a aquisição de “sildenafila” de 25 miligramas (mg) e 50 mg, distribuídos da seguinte forma:

Uso da medicação para HAP

A Marinha do Brasil defendeu o uso do Viagra nos casos de hipertensão arterial pulmonar. Segundo nota, a “HAP é uma síndrome clínica e hemodinâmica que resulta no aumento da resistência vascular na pequena circulação, elevando os níveis de pressão na circulação pulmonar e que trata-se de “uma doença grave e progressiva que pode levar à morte”.

“A associação de fármacos para a HAP vem sendo pesquisada desde a década de 90, estando ratificado, conforme as últimas diretrizes mundiais (2019), o uso da sildenafila, bem como da tadalafila, com resultados de melhora clínica e funcional do paciente”, diz a Marinha.

“A associação de fármacos para a HAP vem sendo pesquisada desde a década de 90, estando ratificado, conforme as últimas diretrizes mundiais (2019), o uso da sildenafila, bem como da tadalafila, com resultados de melhora clínica e funcional do paciente”, diz a Marinha.

Fonte: G1.Globo

Risco de inflamações no coração após vacinação contra Covid-19 é raro, aponta estudo

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O risco geral de miopericardite, uma inflamação conjunta do músculo cardíaco e do pericárdio (a membrana que envolve o coração), é muito baixo em pessoas que foram vacinadas contra a Covid-19. Isso é o que aponta um novo estudo divulgado nesta segunda (11) pela revista científica The Lancet Respiratory Medicine.

Na pesquisa, os cientistas analisaram mais de 400 milhões de doses de vacinação em bancos de dados internacionais para comparar o risco de desenvolvimento da doença após a vacinação contra a Covid-19 versus a imunização contra outras doenças, como a gripe e a varíola.

A análise mostrou então nenhuma diferença estática de relevância. No caso da imunização contra Covid, a incidência geral de miopericardite foi de 18 casos por milhão de doses, enquanto para outras vacinas, como a da gripe, o índice foi maior: 56 casos por milhão.

‘O risco de eventos tão raros deve ser equilibrado com o risco de miopericardite por infecção e esses achados devem reforçar a confiança do público na segurança das vacinas contra a Covid-19’, disse Kollengode Ramanathan, intensivista cardíaco do National University Hospital, em Cingapura, e um dos autores do estudo.

‘O risco de eventos tão raros deve ser equilibrado com o risco de miopericardite por infecção e esses achados devem reforçar a confiança do público na segurança das vacinas contra a Covid-19’, disse Kollengode Ramanathan, intensivista cardíaco do National University Hospital, em Cingapura, e um dos autores do estudo.

No ano passado, até o mês de agosto, os Estados Unidos reportaram cerca de 2.600 casos da inflamação conjunta do coração após a vacinação contra a Covid, principalmente em homens mais jovens, após a 2ª dose de uma vacina de mRNA, como a da Pfizer.

De acordo com um relatório sobre o tema divulgado pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, os dados mostram que a maioria dos pacientes se recuperou dos sintomas logo após o relato dos casos ou durante a fase de acompanhamento (cerca de 77%).

Também segundo a Organização Mundial da Saúde, a OMS, a maioria das pessoas se recupera totalmente após esses episódios, sem a necessidade de tratamento ou apresentação de sintomas duradouros. Por isso, a entidade ressalta que os benefícios das vacinas que utilizam essa tecnologia ‘superam em muito’ o risco de miocardite e pericardite, prevenindo mortes e hospitalizações.

De acordo com Jyoti Somani, especialista em doenças infecciosas do National University Hospital, e coautora do estuda da Lancet, essa ocorrência de miopericardite após a vacinação contra outras doenças pode sugerir que essa condição é um efeito colateral dos processos inflamatórios induzidos por qualquer vacinação, não somente contra a Covid.

‘Isso também destaca que os riscos de eventos adversos infrequentes devem ser compensados ??pelos benefícios da vacinação, que incluem um menor risco de infecção, hospitalização, doença grave e morte por COVID-19‘, disse a pesquisadora.

‘Isso também destaca que os riscos de eventos adversos infrequentes devem ser compensados ??pelos benefícios da vacinação, que incluem um menor risco de infecção, hospitalização, doença grave e morte por COVID-19’, disse a pesquisadora.

No Brasil, seguindo as orientações da OMS, a Anvisa mantém a recomendação de continuidade da vacinação com a vacina da Pfizer.

Fonte: G1.Globo

Rabobank eleva projeções do IPCA para 2022 e 2023

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O Rabobank aumentou suas estimativas de inflação para 7,3% em 2022 e 3,8% em 2023, ante expectativas anteriores de 6,7% e 3,7%, respectivamente, e vê extensão do atual ciclo de aperto monetário, conforme relatório com data de hoje (11).

A alteração das projeções ocorreu depois de na semana passada o IBGE informar alta de 1,62% do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em março sobre fevereiro, maior taxa para o mês em 28 anos, e de 11,30% em 12 meses, pico desde 2003, causada principalmente pelos maiores preços de combustíveis e alimentos.

O Rabobank apontou que os choques sobre os preços demandam um ajuste nos juros maior do que o planejado e também classificou como otimistas as projeções do BC para a inflação de março a maio: 1,02%, 1,21% e -0,14% respectivamente. O banco privado lembrou fala do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de que a extensão desses choques ditará o calibre da política monetária.

‘A nosso ver, esses choques exigem que o BC eleve a taxa Selic para até 13,25% na reunião de junho, embora Campos Neto tenha reafirmado que parar em 12,75% no encontro de maio deveria ser suficiente para reancorar as expectativas de inflação’, disseram Mauricio Une e Gabriel Santos, que assinam o relatório.

O Rabobank esperava que a mudança da bandeira de energia – de vermelha para verde, anunciada na quarta-feira (6) – ocorresse apenas a partir de maio. Com a antecipação da medida, cerca da metade do impacto no IPCA estimado para maio (-0,85 ponto percentual) será trazido para abril, sem gerar mudança no prognóstico para a inflação de 2022.

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Uma redução pela Petrobras de 5,6% nos preços do gás de cozinha (GLP) nas refinarias deve ter efeito benigno, ainda que pequeno, nos dados de inflação do próximo mês. As estimativas do Rabobank para o IPCA mensal são de 0,69% em abril, -0,07% em maio, 0,39% em junho, 0,65% em julho, 0,42% em agosto e 0,29% em setembro.

Fonte: Forbes Brasil Online

41 crianças imunizadas com vacina contra covid não autorizada em PE

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No município de Afogados da Ingazeira, no Sertão do Pajeú, 41 crianças, entre 5 a 11 anos, receberam doses incorretas de vacina contra a Covid-19, até última quarta-feira (6). Elas foram imunizadas com doses da Janssen, fabricante que não está autorizada para aplicação nessa faixa etária. A prefeitura disse que apenas uma das crianças teve reação mais forte, com febre acima de 39 graus e precisou procurar o serviço médico. A fase mais forte de reação, que é de 48 horas, já passou. De acordo com a Secretaria Municipal da cidade, a técnica de enfermagem foi identificada. A profissional reconheceu publicamente o erro e foi instaurado um processo administrativo disciplinar para apurar o ocorrido. Segundo orientação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as crianças de 5 a 11 anos devem ser vacinadas com a Pfizer pediátrica e crianças de 6 a 11 anos podem realizar o esquema com vacinas da Coronavac/Butantan, que são únicas fabricantes liberadas para aplicação no público infantil.

A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), por meio do Programa Estadual de Imunização de Pernambuco (PNI-PE), informou que as crianças que receberam como 2º dose a vacina da Janssen – de forma incorreta – não precisarão realizar nova dosagem e estão com o esquema vacinal completo. Já as crianças que receberam a 1º dose, deverão completar o esquema após 60 dias, com a vacina da Pfizer pediátrica.

A prefeitura de Afogados da Ingazeira explicou que consultou o Ministério da Saúde e a SES-PE, que repassou as orientações referentes à complementação para concluir o esquema vacinal dessas crianças. Também disse que ouviu infectologistas que explicaram que passada a fase das reações, de 48 horas, não haveria nenhum problema adicional para as crianças.

A SES-PE disse que após relatar a ocorrência ao Ministério da Saúde (MS) e repassar todas as informações ao Órgão Federal, que também realiza o acompanhamento dos eventos adversos relacionados à aplicação de vacinas, o PNI-PE confirmou que deu seguimento as orientações necessárias e condutas a serem realizadas pela Secretaria Municipal de Saúde, que irá monitorar o grupo de crianças por 30 dias.

O Programa Estadual de Imunização ainda ressaltou que, a vacina contra a Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos exige um intervalo de 15 dias (antes ou depois) entre as demais do calendário de imunização do público infantil.

Fonte: Correio Braziliense Online

‘É preciso despolemizar o tema do fim da pandemia’, diz novo presidente do Conass

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Recém-empossado como presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Nésio Fernandes de Medeiros Junior assumiu o cargo há pouco mais de duas semanas com a missão de negociar o fim do estado de emergência em saúde no país, tratado como ‘fim da pandemia’ pelo presidente Jair Bolsonaro . Na avaliação de Fernandes, é possível chegar a um acordo nos próximos meses se os indicadores de casos, de internações e de mortes pela doença permanecerem em queda, além de se criar uma estratégia permanente de vacinação.

– É preciso despolemizar o tema. O fim da pandemia, do ponto de vista administrativo, segundo regulamento sanitário internacional, é uma definição que deve ser adotada pelo diretor-geral da OMS ( Tedros Adhanom ), subsidiado pelo comitê de crise, que vai dizer quando a pandemia acabou . No entanto, precisamos trabalhar com o tratamento do estado de emergência, que, de fato, pode ser levantado ao longo deste ano, porque já não serão mais necessárias as prerrogativas de autoridade pública ampliadas.

Em entrevista exclusiva ao GLOBO, o secretário de Saúde do Espírito Santo analisa que após um período marcado por discordâncias em relação à condução da pandemia, o Ministério da Saúde , estados e municípios hoje têm uma relação de harmonia.

– A grande parte das medidas necessárias adotadas por governadores e prefeitos foram combatidas por forças políticas em todos os estados e grande parte delas mobilizadas por importantes autoridades públicas nacionais do país. Então, nós não vivemos ao longo da pandemia um contexto onde o ambiente institucional, político, ideológico, espiritual da nação estava coeso em torno de medidas eficazes contra o vírus – afirmou.

A seguir, leia os principais trechos da entrevista:

Se não surgir uma nova variante de preocupação e nós conseguirmos manter o ritmo de vacinação num patamar melhor do que temos hoje, nós caminhamos para ter um ano com controle do comportamento da pandemia em termos de novas internações por semana, novos óbitos e novos casos. Nós sabemos que, após cinco, seis meses da última vacina, a proteção das vacinas cai de maneira muito significativa, principalmente para casos leves, ainda mais no contexto da circulação da Ômicron. Precisamos que as estratégias de vacinação sejam permanentes, anuais e que esse dilema de quem vai se vacinar todo ano ou não deve ser definido neste ano. Existe uma programação com a indústria para as aquisições das vacinas para poder garantir que a principal estratégia de prevenção contra uma doença infectocontagiosa não tenha um esquema que torne a população brasileira vulnerável à circulação do vírus. A gente precisa entender que a ampla cobertura vacinal permite, sim, uma agenda de retomada plena das atividades econômicas e sociais.

É preciso despolemizar o tema, porque o fim da pandemia, do ponto de vista administrativo, segundo regulamento sanitário internacional, é uma definição que deve ser adotada pelo diretor-geral da OMS ( Organização Mundial da Saúde , Tedros Adhanom), subsidiado pelo comitê de crise, que vai dizer quando acabou ou não. No entanto, nós precisamos trabalhar com o tratamento do estado de emergência, que, de fato, pode ser levantado ao longo deste ano. Nós temos tratado com o Ministério da Saúde que é necessário preparar o país para o fim do estado de emergência, porque, sem dúvida, será alcançado caso não ocorra o surgimento de novas variantes de preocupação com escape vacinal.

Nós temos um conjunto de prerrogativas ampliadas no contexto do estado de emergência. Elas são fundamentais para a gente conseguir fazer uma gestão adequada da pandemia tanto no que diz respeito àquilo que a gente pode recomendar, como o uso de máscara obrigatório, fazer compras emergenciais, contratações excepcionais? Quando surge uma nova onda, nós temos que decidir rapidamente, por exemplo, a mudança do perfil de hospitais do dia para noite. Nós temos que, sem o tempo necessário para poder fazer uma devida motivação administrativa, o recálculo do preço do contrato com uma organização social, com hospitais filantrópicos, privados? A gente precisa, num contexto fora da emergência, fazer diversos tipos de cotações. Uma instrução processual e uma fundamentação administrativa que exigem um tempo que nós não temos na resposta à emergência. De fato, o estado de emergência garante que a gente consiga fazer com que o sistema de saúde responda de maneira mais rápida e oportuna dentro desse contexto.

Nós temos uma proposta de aguardar pelo menos 60, 90 dias de plena estabilidade, sem surgimento de novas variantes, avançando na vacinação enquanto todos os estados e municípios, a Anvisa, os órgãos da medicina do trabalho, o Ministério Público do Trabalho, as instituições que se prepararam para este contexto de emergência se organizem para o levantamento dele. Então, isso é possível desde que tenha uma condução clara e uma comunicação por parte do ministério a sociedade.

Não foi possível a coesão e a homogeneidade das medidas sanitárias, principalmente as não farmacológicas, em todos os estados. Então, não será agora que isso será possível. A carência de uma coordenação nacional e as vicissitudes que existem no contexto das disputas políticas em cada estado são muito complexas para que uma pactuação interfederativa dê conta de responder todas as questões que se vinculam às particularidades de cada estado. Nós não temos expectativa de que, neste momento, a gente teria uma pactuação nacional que homogeneizasse a desobrigação do uso de máscaras em todos os estados. Esse tipo de medida só consegue ser tomada quando existe uma coordenação nacional que dê coesão a todos os atores e que pacifique todos os campos políticos. A grande parte das medidas necessárias adotadas por governadores e prefeitos foram combatidas por forças políticas em todos os estados e grande parte delas mobilizadas por importantes autoridades públicas nacionais do país.

Houve, por parte do presidente da República, uma decisão de não coordenar a pandemia. O STF nunca retirou do governo federal as prerrogativas de ser o articulador da federação, o coordenador das políticas nacionais. A Presidência deslegitimou as medidas necessárias adotadas por prefeitos e governadores, combateu e mobilizou bases políticas e sociais para poder politizar e polarizar essas medidas de modo que a gente não conseguiu ter a coesão de toda a população naquilo que poderia preservá-la dos riscos de infecção, de internação e de óbito. Não era possível você pegar e colocar num estádio as pessoas que seguiam o presidente e, em outro, que seguiam. Elas estão vivas na sociedade e grande parte dela se organizam em polos de poder político. O país não teve essa coordenação nacional. Quando você tem como presidente da República que insiste em questionar a eficácia das vacinas e criar teses conspiratórias sobre a origem do vírus, sobre os interesses de governadores e prefeitos em torno da pandemia? Nós, de fato, temos um cenário extremamente complexo para a gestão dela.

Deve entender que o vírus continua sendo transmitido da mesma maneira, pelas vias respiratórias, que o vírus ainda implica em risco de vida para pessoas, principalmente não vacinadas. No entanto, a gente precisa que a população celebre junto com todos nós o fato de que estamos conquistando a principal medida esperada com a vacinação, que é a redução dos óbitos, das internações e das sequelas. Sem dúvida, foi uma grande conquista do Sistema Único de Saúde .

Os estados estão se programando para uma retomada ampla, geral de procedimentos eletivos. No entanto, existe uma complexidade que são os tetos fiscais e a capacidade de financiamento desta retomada. Nós não temos, dentro de um plano de retomada dessas atividades, uma proposta concreta do Ministério da Saúde para o financiamento pleno tanto das linhas de cuidado do pós-Covid como também das outras condições (como cirurgias e procedimentos oncológicos) que se tornaram represadas ao longo desses dois últimos anos.

O financiamento mais ousado e robusto da estrutura hospitalar que não foi habilitada. Nós temos, ainda, muitos leitos que não conseguiram ser habilitados e que correm risco de serem fechados compondo uma redução da capacidade de resposta dos estados. Nós temos um financiamento da média complexidade ambulatorial, especialmente vinculados à reabilitação física e fonoaudiológica. Se os estados e municípios quiserem garantir acesso a essas especialidades, vão precisar fazer, basicamente, com recursos próprios, porque não está colocada uma agenda para a organização desse serviço de saúde dentro do estado.

Nós temos um ano que tem três momentos muito bem definidos: o da gestão da pandemia, com a etapa de reabilitação, quando vamos precisar superar o estado de emergência. Temos a convicção no Conass de que a gente precisa construir uma carta de compromisso a todos os presidenciáveis de todos os campos políticos em que nós pretendemos apresentar uma série de diretrizes e compromissos, inclusive com uma agenda para a primeira CIT (Comissão Intergestores Tripartite) de 2023. O ano precisa começar em janeiro com uma agenda clara para a saúde pública do país e que ela consiga ter o apoio não somente do campo político do presidente eleito, mas de qualquer espectro entre a direita e a esquerda de que essa agenda possa ter o apoio de todos os campos políticos.

Nós temos um diálogo muito republicano e uma unidade administrativa que sempre é tratada com muito zelo. Nós tratamos de evitar polêmicas e desgastes na condução administrativa do sistema de saúde. De fato, fazer com que Conass e Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde) se manifestem numa posição de polarização, de beligerância, de conflito com o ministério, é necessário muito esforço político por parte do Ministério da Saúde para que esses momentos aconteçam. Infelizmente, aconteceram ao longo da pandemia. Nós entendemos que, neste momento, há um ambiente de retomada das pontes de diálogo, dos canais de comunicação com o ministério.

Fonte: Carta Capital Online