O mercado de medicamentos para obesidade impulsionou como nunca o crescimento das farmacêuticas globais em 2023, segundo análise da Global Data. Das 20 principais indústrias de capital aberto do setor, 13 delas apresentaram aumento no faturamento, apesar de um declínio geral de 1,6% na receita agregada. O montante totalizou US$ 816 bilhões (R$ 4,6 trilhões).
Entre as top 20, a dinamarquesa Novo Nordisk contabilizou o maior crescimento (31,3%), o que representa um total de US$ 33,7 bilhões (R$ 190,6 bilhões). O movimento teve como âncoras seus remédios para diabetes e obesidade, o Ozempic e o Wegovy. Os produtos registraram vendas globais de US$ 13,9 bilhões (R$ 78,6 bilhões) e US$ 4,6 bilhões (R$ 26 bilhões), respectivamente.
Na mesma esteira, a norte-americana Eli Lilly aproveitou muito bem as demandas pelo Mounjaro e pelo Zepbound. A receita da farmacêutica alcançou US$ 34,1 bilhões (R$ 192,9 bilhões), dos quais US$ 5,3 bilhões em 2023 (R$ 29,9 bilhões) foram resultantes desses dois medicamentos.
Ranking da indústria farmacêutica global
(top 20 em bilhões de US$ e % de avanço ou queda em 2023)
Medicamentos para obesidade na liderança de vendas
A estimativa é que os medicamentos para obesidade Mounjaro, Zepbound e Ozempic ultrapassem em vendas o Keytruda, blockbuster de oncologia da MSD, até 2030. Essa tendência tem como principal impulso o uso off-label desses fármacos, especialmente para perda de peso.
“As vendas projetadas para os três remédios são de US$ 27,4 bilhões (R$ 155 bilhões), US$ 27,3 bilhões (R$ 154,4 bilhões) e US$ 22,4 bilhões (R$ 126,7 bilhões), respectivamente, em comparação com os US$ 21,3 bilhões (R$ 120,5 bilhões) estimados para o Keytruda”, explica Alison Labya, analista de negócios da GlobalData.
Queda na receita
Em contrapartida, as farmacêuticas que pegaram carona nos produtos contra a Covid-19 convivem agora com a desaceleração. Um dos exemplos é o da Pfizer, que registrou a maior queda de receita (47,7%) em 2023, por conta do recuo na comercialização do Comirnaty e do Paxlovid. Como consequência, a Johnson & Johnson recuperou sua posição como o principal player da indústria farmacêutica, com faturamento de US$ 85,2 bilhões (R$ 482 bilhões).
A especialista, porém, alerta para os riscos dessa corrida do ouro envolvendo os medicamentos para obesidade. “A evolução em receita deve continuar neste ano, mas deve impor mais pressões sobre a cadeia de suprimentos devido ao aumento da demanda”, finaliza.