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MP-SP recebe parte dos documentos da CPI da Covid que serão usados em investigação sobre Prevent Sênior

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O Ministério Público de São Paulo recebeu nesta segunda-feira (27) parte dos documentos que a CPI da Covid encaminhou para a força-tarefa que irá apurar se a operadora de planos de saúde Prevent Senior cometeu crime de homicídio, falsidade ideológica ou omissão de notificação da doença contra seus pacientes durante a pandemia de coronavírus (saiba mais abaixo).

Na semana passada, quando criou o grupo de trabalho do Ministério Público estadual, o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mario Sarrubbo, também pediu ao Senado os relatórios da CPI da Covid. O senador Renan Calheiros (MDB), relator da comissão, confirmou que iria enviá-los.

Segundo informações levantadas pela CPI, alguns pacientes que eram atendidos por médicos do plano morreram após utilizar o chamado “kit Covid” oferecido pela rede de planos de saúde, com sede na capital paulista. A força-tarefa do MP-SP apura se elas morreram devido ao uso indevido de medicamentos sem comprovação científica contra a doença.

A Prevent é suspeita de oferecer o “kit Covid” com a falsa ideia de que ele previne e trata a doença até mesmo sem avisar os familiares dos pacientes.

Nesta segunda, também, o MP ampliou a força-tarefa criada para apurar o caso, incluindo mais dois promotores na investigação. Os alvos da apuração são diretores e médicos da Prevent. Eles poderão responder por crime contra a vida, caso a apuração comprove que deram flutamida, cloroquina, azitromicina e ivermectina, remédios ineficazes contra Covid, aos doentes.

A Promotoria de Direitos Humanos e Saúde Pública do MP-SP irá propor um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) à Prevent para que ela suspenda a distribuição do “kit Covid” a seus pacientes (saiba mais abaixo).

Em entrevista ao jornal “Valor Econômico”, publicada nesta segunda, Fernando Parrillo, presidente da Prevent Senior, ao ser questionado sobre o uso da cloroquina, afirmou que “não dá para dizer que há prova cientifica” do medicamento, mas defendeu a autonomia dos profissionais que trabalham na operadora.

“Os médicos têm autonomia. Alguns acreditam que a questão científica não é definitiva porque eles veem resultados. Obviamente, não dá pra dizer que há prova científica. O fato é que, no front, para evitar que as complicações de Covid levam o paciente à intubação, com chances muito grandes de morrer, o médico tem que ter autonomia para aplicar os tratamentos que julgue os mais adequados, com a concordância de pacientes e familiares. É lastimável dizer que a gente forçava a dar cloroquina”, alegou.

Na entrevista ao jornal, Parrillo ainda nega que a operadora tenha orientado os médicos a prescrever o medicamento e alega que a empresa teria sido vítima de uma armação.

“Não da operadora. Os médicos, numa situação de urgência, criam consensos e protocolos. Isso é uma coisa. Outra é você obrigar cada médico a seguir cegamente um protocolo. Um médico é formado para atender o paciente na individualidade. Desrespeitar isso é desrespeitar a capacidade de mais de 3 mil médicos que temos na Prevent.”

Polícia investiga homicídio

Os promotores vão acompanhar e auxiliar a Polícia Civil de São Paulo na investigação sobre o uso de medicamentos comprovadamente ineficazes por pacientes na prevenção e tratamento do coronavírus.

O Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) instaurou inquérito na semana passada para investigar o caso envolvendo a Prevent Senior. Por envolver dados pessoais de pacientes, ele segue sob sigilo.

‘Pretendemos também marcar uma reunião com os delegados do DHPP, para otimizar o trabalho em conjunto’, falou à reportagem o promotor Neudival Mascarenhas Filho.

‘Pretendemos também marcar uma reunião com os delegados do DHPP, para otimizar o trabalho em conjunto’, falou à reportagem o promotor Neudival Mascarenhas Filho.

A força-tarefa do MP de SP pretende se reunir nesta semana com os delegados do DHPP que estão à frente das investigações.

‘Para fazer uma investigação conjunta’, reforçou o promotor Everton Zanella. ‘ O foco principal é investigar se houve homicídio. Se tiver homicídio pode ser doloso ou culposo. Doloso é assumir o risco quando não se importa com o resultado. Ou culposo: por negligência ou imprudência, ou imperícia.’

‘Para fazer uma investigação conjunta’, reforçou o promotor Everton Zanella. ‘ O foco principal é investigar se houve homicídio. Se tiver homicídio pode ser doloso ou culposo. Doloso é assumir o risco quando não se importa com o resultado. Ou culposo: por negligência ou imprudência, ou imperícia.’

Falsidade ideológica e omissão

Falsidade ideológica e omissão de notificação de doença, pela suspeita de que a Prevent Senior possa ter adulterado prontuários médicos de pacientes e escondido o que eles tinham, também são outros crimes que serão investigados. ‘Se existirem outros crimes também apuraremos’, disse Zanella.

Somente após analisar os documentos da CPI é que o grupo de trabalho do Ministério Público estadual pretende ouvir depoimentos de diretores e médicos da Prevent Senior. Também prestarão depoimento as famílias de pacientes que morreram e ex-pacientes que sobreviveram.

Por meio de nota enviada ao g1, a Prevent Senior negou quaisquer denúncias ou suspeitas de irregularidades, mas informou que irá colaborar com a apuração feita pelo Ministério Público de São Paulo (leia abaixo a íntegra do comunicado).

MP vai propor suspensão do ‘kit Covid’

Além dessa investigação do MP contra a Prevent Senior na esfera criminal, há uma outra no âmbito cível. Aberto em abril deste ano, ele investiga a operadora de saúde num inquérito civil para saber se ‘tratamento precoce’ é adequado ou inadequado.

A apuração é feita pela Promotoria de Direitos Humanos e Saúde Pública do MP-SP. O órgão investiga, entre outras coisas, a suspeita de que a rede de planos Prevent prejudicou diversas pessoas ao adotar o ‘kit Covid’. Ela também aguarda os documentos da CPI da Covid para incluir no seu inquérito contra a Prevent.

‘Primeiro, nós estamos aguardando o documento que vem da CPI, me parece importante. Segundo, eu pedi uma série de informações à Associação Paulista de Medicina e ela vai me responder. São informações técnicas’, falou o promotor Arthur Pinto Filho, de Direitos Humanos e Saúde.

Na semana que vem a Promotoria irá propor um acordo à Prevent para suspender a distribuição e uso dos medicamentos ineficazes contra a Covid nas suas unidades hospitalares.

A proposta se chama Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Caso concorde com ela, a Prevent responderia a ação de indenização por dano moral coletivo contra a sociedade pelo que já fez anteriormente. Isso porque a Promotoria entrará com a ação independentemente da suspensão ou não da distribuição do ‘kit Covid’.

‘Antes de entrar com a ação é normal o Ministério Público fazer uma proposta de TAC. Podem aceitar ou não. Se aceitar não tem ação. Se aceitar uma parte e não aceitar outra, entra com ação da parte que não aceitaram. A ideia é essa: é propor um TAC’, disse o promotor Arthur Pinto Filho.

‘Antes de entrar com a ação é normal o Ministério Público fazer uma proposta de TAC. Podem aceitar ou não. Se aceitar não tem ação. Se aceitar uma parte e não aceitar outra, entra com ação da parte que não aceitaram. A ideia é essa: é propor um TAC’, disse o promotor Arthur Pinto Filho.

Os proprietários da Prevent deverão ser ouvidos pelo MP na semana que vem, quando serão informados da proposta do TAC.

De acordo com a Promotoria, a empresa usou uma série de remédios off label contra a Covid. Off label é uma expressão para informar o uso de medicamentos sem bula sendo aplicados de forma diferente do que foram aprovados anteriormente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

‘Tem a questão das pesquisas, que foram pesquisas absolutamente ilegais, irregulares, completamente fora do padrão. E tem a questão do dano moral coletivo que atingiu a sociedade como um todo, que pagou um preço caro pela ação deles’, falou o promotor Arthur.

‘Tem a questão das pesquisas, que foram pesquisas absolutamente ilegais, irregulares, completamente fora do padrão. E tem a questão do dano moral coletivo que atingiu a sociedade como um todo, que pagou um preço caro pela ação deles’, falou o promotor Arthur.

Ele se refere ao fato de que o plano de saúde Prevent Senior ocultou mortes de pacientes que participaram de um estudo realizado para testar a eficácia da hidroxicloroquina, associada à azitromicina, para tratar a Covid.

A informação consta de um dossiê ao qual a GloboNews teve acesso. A pesquisa foi divulgada e enaltecida pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), como exemplo de sucesso do uso da hidroxicloroquina. Ele postou resultados do estudo e não mencionou as mortes de pacientes que tomaram o medicamento.

Segundo Arthur, cada beneficiário do plano poderá entrar com uma ação individual contra a Prevent pelo uso do ‘kit Covid’ pedindo indenização. ‘O que nos permite discutir, que a lei nos permite, é dano moral coletivo porque a ação deles atingiu a sociedade como um todo e muita gente foi prejudicada’, falou o promotor.

Denúncias contra Prevent

As primeiras denúncias contra o plano de saúde começaram em abril, quando médicos que trabalharam na linha de frente da Covid na Prevent Senior relataram sofrer assédio moral constante para prescrever medicações que sabiam que não funcionavam contra a Covid e que podem agravar o quadro de saúde dos pacientes.

Desde então, o plano de saúde Prevent Senior passou a ser investigado pela CPI da Covid no Senado por uma série de suspeitas de irregularidades.

O que diz a Prevent Senior

Por meio de nota, a Prevent Senior negou que tenha cometido qualquer irregularidade, mas informou que irá colaborar com a apuração feita pelo Ministério Público de São Paulo.

‘A Prevent Senior prestará todos as informações ao MP e entende que as apurações esclarecerão a verdade dos fatos.

A Prevent Senior nega e repudia denúncias sistemáticas e mentirosas levadas anonimamente à CPI da Covid e à imprensa. Por isso, a empresa pediu nesta segunda-feira (20 de setembro) que a Procuradoria Geral da República investigue as denúncias infundadas e anônimas levadas à CPI por um suposto grupo de médicos.

Estranhamente, antes de as acusações serem levadas à comissão do Senado, uma advogada que representa esse grupo de médicos insinuou que as denúncias não seriam encaminhadas à CPI se um acordo fosse celebrado.

Devido à estranheza da abordagem, a Prevent Senior tomará todas as medidas judiciais cabíveis para esclarecer os fatos e reparar os danos a sua imagem.’

Fonte: G1.Globo

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/senadores-da-cpi-suspeitam-que-prevent-senior-alterou-prontuarios-de-pacientes/

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