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Não há comprovação de que vacinas anticovid causem distúrbios menstruais

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Vacinas – Publicações que reúnem alegações de que as vacinas contra a covid-19 causam distúrbios no ciclo menstrual foram compartilhadas mais de 250 vezes desde pelo menos 20 de outubro nas redes sociais. No entanto, não há estudos científicos até outubro de 2021 que confirmem essa relação e especialistas consultados pela AFP ressaltaram a dificuldade em detectar uma causa para essas mudanças do ciclo. Segundo a Anvisa, não há alteração de sinal de segurança relevante na relação eficácia-segurança da vacina.

‘Absolutamente normal. Acontece. É isso aí’ , diz uma postagem feita no Twitter , acompanhada por quatro capturas de tela contendo relatos sobre alterações no ciclo menstrual após a vacinação contra a covid-19.

Conteúdo semelhante também circulou no Facebook ( 1 , 2 , 3 ).

Publicações com alegações similares circularam em espanhol e em um conteúdo checado pela AFP em francês .

Procurada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária ( Anvisa ) informou ao Checamos em 21 de outubro de 2021 que recebeu, até o momento, 309 notificações que ‘relatam suspeitas de relação entre o evento adverso (alteração menstrual) com o uso da vacina [contra covid-19]’. A entidade também afirmou que a informação da notificação é de responsabilidade do notificante e destacou que ‘os relatos não indicam alteração de sinal de segurança relevante na relação eficácia-segurança da vacina’ .

‘Os dados nacionais são semelhantes aos dados internacionais, que também não indicam alteração no perfil de segurança’ , acrescentou a Anvisa.

‘[Essa discussão] surgiu porque, principalmente no Reino Unido, algumas mulheres começaram a relatar que estavam tendo alteração no ciclo menstrual logo [no período] seguinte à vacinação. Eles não conseguiram ainda estabelecer uma relação de causa e efeito porque justamente isso pode acontecer em mulheres que não tomaram a vacina e, quando todo mundo toma a vacina, fica difícil ver se tem a ver com a vacina ou não’ , explicou ao Checamos Mirian Dal Ben , médica infectologista do Hospital Sírio-Libanês de São Paulo.

Em agosto de 2021, a Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos para Saúde ( MHRA ) do Reino Unido afirmou que estava analisando relatos de alterações menstruais suspeitas de serem possíveis efeitos colaterais das vacinas contra covid-19. ‘A avaliação rigorosa feita até esta data não corrobora uma ligação entre mudanças no ciclo menstrual e sintomas correlatos e as vacinas contra covid-19’ , disse em um comunicado .

‘De qualquer forma, não teve nada permanente, a maior parte delas foram alterações que já se normalizaram no próximo ciclo’ , afirmou Dal Ben.

Na França, a Agência Nacional de Segurança de Medicamentos e Produtos para Saúde ( ANSM ) indicou no final de julho passado um “sinal potencial” de distúrbios menstruais após a vacinação. No entanto, em seu relatório de farmacovigilância publicado no início de agosto, sinalizou que até o momento não era possível “estabelecer uma relação entre a vacinação e distúrbios menstruais” .

Por sua parte, em agosto de 2021, a Agência Federal de Medicamentos da Bélgica confirmou à equipe de verificação da AFP ter recebido notificações de distúrbios menstruais após a administração de vacinas contra a covid-19: “Trata-se principalmente de notificações de ciclos alterados (ciclo prolongado ou encurtado, sangramento inter-menstrual), alterações na intensidade do sangramento (menstruação mais ou menos profusa) e no sangramento pós-menopausa’ .

‘A grande maioria desses efeitos colaterais não foram graves e se resolveram espontaneamente. Até o momento, nenhuma relação de causa e efeito pode ser estabelecida’ com a vacinação, acrescentou a agência belga.

‘Esses distúrbios ocorrem o tempo todo na vida das mulheres em geral porque os ciclos menstruais são extremamente sensíveis às mudanças no ambiente e ao estresse’ , disse a imunologista francesa Sophie Lucas à AFP em 26 de agosto de 2021. ‘Quando observamos mudanças no ciclo menstrual, muitas vezes é extremamente difícil dizer o que as causa’ , explicou.

Entrevistado pela AFP em 27 de agosto de 2021, o ginecologista Yannick Manigart , chefe da clínica médica do hospital CHU Saint-Pierre, em Bruxelas, disse que, após ter consultado 15 colegas, não ouviu sobre nenhum caso de oscilações menstruais após a vacinação.

‘Os distúrbios menstruais podem acontecer por vários motivos’ , afirmou, acrescentando: ‘Podem ser por desequilíbrio hormonal, estresse, fuso horário? No contexto da vacinação, podem estar ligados a um estresse intenso’ .

A ginecologista Axelle Pintiaux também disse à AFP desconhecer quaisquer distúrbios menstruais após a vacinação contra a covid-19. Mas ressaltou que os confinamentos levaram a oscilações do ciclo: “Algumas mulheres ganharam peso, o metabolismo mudou, ou elas começaram a praticar muito esporte e apresentaram uma amenorreia funcional [ausência de menstruação] ” .

‘O que é mais importante falar é que, diante disso, algumas fake news começaram a surgir falando que talvez a vacina trouxesse infertilidade – o que também não é verdade. O sistema de vigilância americano já publicou dados com mais de 35 mil gestantes mostrando que a taxa de complicações na gestação comparada com o período pré-vacinal é a mesma’ , acrescentou a infectologista Dal Ben.

Fonte: Estado de Minas online

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/sao-joao-desmente-acusacao-de-preconceito-em-recrutamento/

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