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Nitazoxanida não tem efeito comprovado contra a Covid-19

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A nitazoxanida é utilizada há décadas para combater diversos tipos de parasitas, como amebas e giárdias. O composto também é aprovado contra rotavírus e norovírus, causadores de diarreias. A literatura mais recente sobre esse medicamento revela que há evidências preliminares (estudos in vitro) de que ele poderá ser indicado no tratamento antiviral da hepatite B, C e influenza. Com a chegada do Sars-CoV-2 aos humanos, foi dada a largada para os estudos sobre sua eficácia contra mais um vírus.

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Em abril, o laboratório Farmoquímica e hospitais do estado de São Paulo começaram a testar o medicamento em pessoas com Covid-19. A pesquisa segue em andamento. Na mesma época, um estudo em massa foi financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Foram investidos R$ 5 milhões e no dia 19 de outubro o governo federal anunciou que o remédio reduz a carga viral no organismo. O resultado é contestado pela comunidade científica, especialmente por não ter sido publicado em periódico acadêmico e por haver algumas brechas no estudo.

Outro pesquisador que aponta efeitos positivos do composto, é o infectologista e também professor da UFRJ Edimilson Migowski, que há uma década estuda a nitazoxanida. Desde julho, o médico propôs uma parceria à prefeitura de Volta Redonda. “Estabelecemos um protocolo e a população foi orientada a buscar os serviços de saúde logo nos primeiros sintomas. Nesse momento, houve um aumento das notificações, mas nós observamos também uma queda nas internações”, garante Migowski. “A questão é o tratamento precoce, nós não esperávamos o resultado dos testes para confirmar a Covid-19.”

Conforme o médico, 435 pacientes já foram tratados com a nitazoxanida no município fluminense e não houve qualquer internação entre os que iniciaram o tratamento até o terceiro dia de sintomas e que tomaram a medicação conforme prescrição. Isso se deveria a três propriedades da droga sobre o organismo: redução de interleucinas (proteínas que geram inflamação), aumento de produção de interferon (proteína de defesa antiviral) e redução do metabolismo mitocondrial, diminuindo a replicação viral dentro da célula. Entretanto, nenhum estudo científico sobre a iniciativa foi publicado até o momento. “Lá não é uma pesquisa clínica, é uma conduta clínica. Com os resultados, faremos um estudo retrospectivo comparando esse grupo em relação com o grupo de quem não se medicou precocemente”, explica Migowski.

Segundo dados do sistema Covid-NMA, em que são registrados projetos de pesquisa de todo o mundo, ainda não foi publicado qualquer estudo com a nitazoxanida envolvendo pacientes. Dos mais de 1,9 mil ensaios com vários remédios registrados ali, 24 projetos envolvem o antiparasitário —a maioria deles no Brasil (7 ensaios), Egito (7) e Estados Unidos (3). Alguns destes já estão recrutando pacientes, mas nenhum deles foi concluído e publicado.

Para Mirian Monteiro, professora de Farmácia e coordenadora do Grupo de Prevenção ao Uso Indevido de Medicamentos da Universidade Federal do Ceará, é imprudente indicar o uso de fármacos sem haver estudos finalizados sobre seus efeitos. “Nesse momento não dá para forçar a barra extrapolando a utilização terapêutica de um medicamento. Mesmo os já aprovados, foram aprovados para um uso específico que não é esse da Covid-19”, afirma. “Infelizmente, há uma visão muito simplista sobre os medicamentos.”

A professora explica que cada remédio atua com uma especificidade de ação que gera um efeito farmacológico para um tipo de interação no organismo. “É um novo escalonamento de dose, um novo esquema posológico, uma abordagem nova e por isso precisa passar de novo pelos testes clínicos”, expõe. “A gente torce e busca pelas respostas, o problema é que ainda não tem. As pessoas podem estar comprando um problema ainda maior ao utilizar um medicamento indevidamente.”

Fonte: O Povo Online

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