Fique por dentro dos principais FATOS e TENDÊNCIAS que movimentam o setor

Pesquisa revela pessimismo entre médicos sobre pico de casos de coronavírus

Acompanhe as principais notícias do dia no nosso canal do Whatsapp

Clima de apreensão toma conta das unidades de saúde, com cada vez menos insumos Foto: Lucas Ninno / Getty Images

Coronavírus – Enquanto autoridades discutem a flexibilização da quarentena, médicos que atendem casos de Covid-19 não estão nada otimistas com a evolução da pandemia no país. Segundo pesquisa da Associação Paulista de Medicina, realizada com médicos das redes pública e particular de saúde, 84,5% consideram que ainda não atravessamos a pior onda do novo coronavírus.

Siga nosso instagram: https://www.instagram.com/panoramafarmaceutico/

O estudo foi divulgado nesta segunda-feira, em meio a estudos e divulgação de medidas de retomada de atividades em várias cidades do país. O tema preocupa médicos e especialistas. O Brasil já ultrapassou 500 mil casos da doença, e registra mais de 30 mil óbitos em decorrência de Covid-19, segundo boletim do Ministério da Saúde.

“O pessimismo não poderia ser diferente”, diz José Luiz Gomes do Amaral, presidente da Associação Paulista de Medicina. “Temos visto nos ambientes de trabalho o número de pacientes se multiplicar, e os leitos de internação de terapia intensiva ainda cheios, recrutando médicos de diferentes especialidades. Nada indica que estejamos chegando em uma situação estável, ou até de arrefecimento da doença.”

Para o médico, considerando ainda a subnotificação nos números oficiais, o cenário parece distante de uma solução. E o pessimismo entre os médicos entrevistados só reforça a preocupação com uma flexibilização da quarentena nas cidades brasileiras.

“Imagina, você volta do hospital depois de um plantão, exausto, se deita e acorda no dia seguinte com as pessoas discutindo a flexibilização. Você já pensa quantos pacientes vão aparecer daqui a duas semanas no hospital. Isso certamente não contribui para a redução da ansiedade”, afirma Amaral, que defende o isolamento, aumento de testes e a solidariedade como caminhos para tentar frear a expansão do novo coronavírus.

A pesquisa ouviu mais de 2.800 médicos das redes pública e particular de todo o país. A maioria (68,6%) afirma que colegas e colaboradores estão “apreensivos”, quando perguntados sobre o clima do ambiente de trabalho. A percepção de falta de insumos adequados e segurança ainda é citada por profissionais de saúde, mas caiu em relação a uma pesquisa anterior da associação.

“Há que se louvar certo esforço em se disponibilizar esses itens. Por outro lado, a falta de testes para todos os sintomáticos é uma insuficiência a ser considerada, e deve ser tratada com atenção. Ao menos 40% dos entrevistados dizem que não conseguem testes para todos os pacientes”, conta o presidente da Associação Paulista de Medicina.

Violência na saúde

O estudo mostrou ainda que 58,5% dos entrevistados já presenciaram ou souberam de casos de violência contra médicos e outros profissionais de saúde por conta da pandemia de Covid-19. As ações mais citadas são agressões verbais (53%), além de agressões psicológicas (29%). Agressões físicas foram citadas por 17% dos entrevistados que relataram ter sabido ou presenciado cenas de violência.

“A violência no sistema de saúde é crônica. Ou endêmica, para usar o jargão da epidemiologia. À impaciência e insatisfação com as filas no sistema de saúde, que há tempo fazem parte do dia a dia de hospitais, se unem o excesso de demanda e desinformação com a tensão pelos casos de coronavírus”, diz Amaral.

O presidente da APM afirma que as autoridades têm papel fundamental de esclarecer a população sobre uma situação em que todos têm medo, e debater aspectos da doença, ações de prevenção e de cuidados com os próprios profissionais de saúde.

“A informação atenua o pânico. À medida que os casos vão acontecendo, os gestores precisam aprender e agir”, diz Amaral, que faz um apelo à capacitação dos profissionais de saúde. “Houve um deslocamento de profissionais de saúde para atenção à Covid-19. Mas muitos não estão capacitados para atender moléstias infecciosas, e passam a praticar em um ambiente desconhecido. É preciso aumentar a preocupação para capacitá-los, principalmente no sistema público, até porque estamos chegando a um recorde de profissionais infectados.”

Fonte: Época

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/2020/06/02/distribuidoras-veem-demanda-crescer-ate-50-mas-recebem-faturas-mais-altas-por-parte-da-industria/

Notícias mais lidas

Notícias Relacionadas

plugins premium WordPress