Vivemos uma era em que a digitalização é a palavra de ordem, presente em todas as esferas da sociedade e transformando profundamente os nossos hábitos de consumo. No setor farmacêutico não é diferente.
Se entrarmos hoje em uma farmácia e observarmos os consumidores, veremos que eles estão cada vez mais digitalizados, exigindo que os estabelecimentos se adaptem rapidamente a essa nova realidade.
Ao longo dos anos, testemunhei uma transição nos modelos de relacionamento entre farmácias e consumidores. Do antigo modelo relacional, pelo qual o foco estava no auxílio direto dos farmacêuticos aos clientes, passamos para o modelo transacional – com priorização das condições comerciais, como os preços e as promoções praticadas.
Agora entramos em um novo cenário, baseado no modelo relacional digitalizado. O relacionamento com o consumidor passou a envolver um processo personalizado e tecnológico, oferecendo informações e serviços online que atendam às suas necessidades específicas. Não basta mais uma abordagem superficial ou generalizada. Estamos lidando com um mercado altamente competitivo, em que a diferenciação é essencial para garantir a fidelidade do cliente.
Um dos aspectos mais marcantes desse novo panorama é a convivência de cinco gerações diferentes no mercado, dos baby boomers nascidos entre 1945 e 1964 até a recente geração Alpha, nascida a partir de 2010. Cada grupo apresenta hábitos de consumo diferentes, o que demanda uma abordagem flexível e de rápida adaptação por parte dos estabelecimentos comerciais.
Diante desse contexto, fica evidente que o crescimento das farmácias está ligado à sua capacidade de inovação e adaptação. É fundamental que esses PDVs estejam preparados para adotar estratégias com foco em uma experiência de consumo mais eficiente.
Nesse ponto, surge uma importante reflexão para grande parte das farmácias. Como adquirir tecnologia e ferramentas para se adaptar a esse novo mercado? Muitas redes e grupos já estão se ajustando. Contudo, posso afirmar que esse é um caminho quase impossível para a farmácia independente, especialmente pelos custos envolvidos.
Uma alternativa viável para essas empresas é buscar a união a grupos como as redes associativistas. As farmácias independentes podem se beneficiar do esforço conjunto, com ferramentas que lhes permitam se adequar a essa realidade e promover transformações para sobreviver.
Resumindo, a digitalização do consumidor não é apenas uma tendência passageira, mas sim uma realidade que veio para ficar. As farmácias que souberem se adaptar a esse novo cenário pavimentarão o caminho da prosperidade dentro do varejo farmacêutico.
* Edison Tamascia é presidente da Febrafar, que congrega mais de 15 mil farmácias associativistas, e tem 50 anos de atuação no setor