A crise na Poupafarma ganha um novo capítulo. Desde a semana passada, funcionários da rede começaram a receber cartas oficializando a rescisão contratual. Essa medida seria o início da preparação para demitir 1.200 profissionais nos próximos dias. A empresa revelou que, em 2022, teve prejuízo de R$ 117,2 milhões.
No último dia 3 de março, inclusive, o InvestFarma, controlador da Poupafarma, obteve na Justiça a tutela antecipada do processo que pede a falência da rede. O objetivo é ganhar tempo e impedir danos decorrentes de ações judiciais, como despejo e esvaziamento patrimonial. As informações foram coletadas após apuração do Panorama Farmacêutico e também dos jornais Diário do Litoral e BoqNews, situados em Santos (SP) – sede da empresa.
A reportagem do portal acionou a rede para obter detalhes sobre o processo de falência, mas a assessoria de imprensa negou qualquer movimentação. Segundo o documento entregue pelos advogados do grupo à Justiça, a Poupafarma convive com prejuízos financeiros nos últimos três anos. O déficit acumulado em 2020 e 2021 somou R$ 87,4 milhões.
Lojas fechadas escancaram crise da Poupafarma
O dia 5 de fevereiro escancarou a crise da Poupafarma. Era um domingo quando as portas das 83 lojas na Baixada Santista, Região Metropolitana de São Paulo e Vale do Paraíba amanheceram trancadas, com um aviso indicando o fechamento por uma semana, sem desconto em folha de pagamento aos colaboradores.
A rede argumentava que essa decisão serviria para “reorganizar sistemas, operações e padrões de abastecimento”, com o objetivo de evoluir para um modelo multicanal. Mas os fatos seguintes revelaram o contrário, com o pedido de falência da distribuidora ligada ao grupo e da farmáca digital Farmadelivery.
A Poupafarma não apresentou, até o momento, nenhuma previsão de pagamento das verbas rescisórias, do salário de janeiro e dos demais direitos em atraso, entre os quais o abono previsto na Convenção Coletiva e o vale-refeição desde dezembro.
“A empresa alega que ainda está gerando os Termos de Rescisão e calculando as verbas devidas aos trabalhadores e, após isso, será estudada uma forma de pagamento”, afirmou o advogado Leandro Murat, representante do Sindicato de Práticos de Farmácias de Santos (Sinprafarmas), em entrevista ao Diário do Litoral.
A entidade reuniu-se com os representantes jurídicos da InvestFarma e do Ministério Público do Trabalho no último dia 2, mas saíram do encontro com apenas uma promessa – a partir do dia 7 de março (terça-feira), a Poupafarma iniciará o envio das guias para levantamento do FGTS e acesso ao seguro-desemprego.
Criada em 2007 e presente em 31 municípios paulistas, a Poupafarma foi a primeira aquisição da InvestFarma, holding constituída em 2018 pelo fundo de private equity Stratus. Em meados de 2022, a projeção era terminar o ano com R$ 1 bilhão de faturamento. Mas a expectativa bateu de frente com a realidade.