Estudo da Universidade de Londres nega que a causa da depressão seja resultado de uma queda nos níveis da serotonina, mesmo que, a baixa deste hormônio esteja ligada a sintomas da doença. É o que explica o psiquiatra Cyro Masci, em entrevista ao RDtv. O especialista reforça que o declínio de serotonina é resultado de uma série de fatores, como más experiências na infância, vida de relacionamentos e traumas, razões que podem contribuir também para a depressão.
Masci ressalta que, tanto na depressão quanto em qualquer aspecto de saúde mental, não existe somente um agente causador, e sim, vários fatores. ‘Estes vários fatores devem ser abordados e, para isso, dependemos de uma decisão política, além de investimento na área de saúde mental. Se não houver esta aplicação, tanto em pesquisa quanto na remuneração e capacitação dos profissionais, os pacientes ficam limitados à prescrição de antidepressivos em qualquer caso’, diz.
Segundo informações no Conselho Federal de Farmácia (CFF), nos primeiros cinco meses de 2021, foram vendidos 42,9 milhões de unidades de antidepressivos no Brasil. Masci afirma que, para tratar a depressão, é necessário tratar os múltiplos fatores que atuam na doença e, isto não é tratável apenas com um antidepressivo. ‘Com 15 minutos de atendimento dados ao psiquiatra não se consegue diagnosticar quais são estes fatores e, por isso, a maneira mais simples é receitando este tipo de medicamento. Ele pode encaminhar o paciente para a psicoterapia e, assim, será possível tratar cada um dos aspectos’, expõe.
O especialista diz, ainda, que em casos de depressão causada por traumas, abusos sejam eles sexuais ou emocionais, o uso de antidepressivos não é recomendado, já que a ingestão de serotonina não irá resolver o problema. ‘Em situações como esta, é necessário tratar o trauma primeiro, porque é ele a causa inicial do quadro de tristeza’, informa.
Masci explicita que, para o tratamento de doenças mentais, é necessário ter acolhimento e respeito à situação do paciente, então o acompanhamento psicológico é de extrema importância. ‘É muito difícil descobrir qual foi o ‘pontapé’ inicial em apenas uma sessão. O psiquiatra deve respeitar o tempo de cada pessoa, porque relembrar eventos traumáticos é algo muito complicado, porque a pessoa começa a reviver aquilo e pode até se tornar um gatilho falar sobre o assunto quando não está esperando’, explana.
Fonte: Repórter Diário
