Há 25 anos no mercado nacional, os medicamentos genéricos ainda geram questionamentos quanto à sua credibilidade e eficácia. Essas incertezas muitas vezes têm origem na diferença de preços quando comparados aos produtos “originais”.
Apesar de os genéricos serem mais acessíveis, a qualidade, segurança e eficácia deles são rigorosamente monitoradas e regulamentadas pela Anvisa.
A fiscalização constante por parte do órgão assegura a correção de qualquer desvio na qualidade do produto. Além disso, é papel da agência reguladora retirar do mercado medicamentos que não atendam aos padrões estabelecidos.
O mercado de medicamentos genéricos no Brasil
Os medicamentos genéricos, segundo informações do portal Jota, correspondem a 37% do faturamento do mercado farmacêutico nacional. A movimentação anual é superior a R$ 17 bilhões.
“Podemos afirmar que os genéricos são o principal instrumento de acesso a medicamentos e uma das mais importantes políticas públicas em saúde das últimas décadas”, afirma Tiago Vicente, presidente executivo da PróGenéricos (Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos).
Mas a relevância desses remédios não acontece só aqui: essa classe detém a liderança em todo o mercado latino-americano. Segundo análise realizada pela Close-Up International, países como Argentina, Paraguai e Uruguai apresentam uma clara preferência pelos genéricos. Por outro lado, mercados como Brasil, Colômbia e Peru se destacam pela intensa competitividade.
Já no Equador, a população ainda se mostra fiel aos medicamentos de referência, já que a legislação do país dificultou a criação dos genéricos durante anos. O mesmo movimento repete-se na América Central.
Por que medicamento genérico é mais barato?
Esses remédios apresentam preços inferiores em relação aos de referência devido ao processo de desenvolvimento e à legislação de patentes.
Quando um laboratório desenvolve um medicamento inovador, obtém uma patente que concede exclusividade na produção por até 20 anos, permitindo à indústria farmacêutica recuperar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento.
Somente após o vencimento da patente, outros laboratórios podem produzir versões genéricas do medicamento, dispensando a necessidade de realizar novas pesquisas extensivas.
Esse processo reduz significativamente os custos de produção dos genéricos, viabilizando, assim, uma comercialização mais acessível por determinação legal — eles devem ser, no mínimo, 35% mais econômicos do que os de referência. No entanto, na prática, o desconto médio é de 67%.
A Anvisa estabelece que as farmácias e drogarias devem respeitar o limite máximo de preços estipulado pela CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos). A relação de preços máximos está disponível para consulta aqui.
Conforme reportagem divulgada no início de fevereiro, atualmente, o preço médio de um remédio do tipo fica na casa dos R$ 8,50. A título de comparação, um produto de referência custa cerca de R$ 45,62 e um similar, R$ 15,03.
É possível trocar o medicamento original pelo genérico?
A substituição desses remédios, mesmo sem a especificação direta do médico, é uma prática segura que pode ser aconselhada pelo farmacêutico responsável. No entanto, essa troca deve ocorrer com a orientação do médico que prescreveu a receita ou com a recomendação do farmacêutico no momento da venda, e não do balconista da farmácia.
Como identificar um medicamento genérico
Os medicamentos genéricos podem ser facilmente reconhecidos pela embalagem, que exibe uma tarja amarela com a inscrição “Medicamento Genérico”, destacando a letra G. A embalagem também deve obrigatoriamente incluir a frase “Medicamento Genérico Lei nº 9.787, de 1999”.
Ao contrário dos medicamentos de marca, os genéricos são identificados apenas pelo princípio ativo da fórmula, e não com um nome comercial específico.
Os maiores vendedores de genéricos no país
Ainda segundo informações da Pró-Genéricos, no ano passado, essa categoria conquistou uma fatia de 75% em unidades entre todos os medicamentos voltados para o controle da hipertensão.
Esse desempenho representa um aumento de 6,5% nas vendas em comparação com o ano de 2022.
No segmento de medicamentos destinados ao tratamento do colesterol, a participação de mercado em volume atingiu 81,4%, registrando um crescimento de 10% nas vendas em relação ao ano anterior.
No que diz respeito aos antidepressivos e ansiolíticos, os genéricos alcançaram participações de mercado de 67% e 73,5%, respectivamente, indicando um avanço nas vendas de 14% e 1,3%.
Em 2022, segundo levantamento da Close-Up International, o anti-inflamatório, analgésico e antitérmico cetoprofeno, da Medley, foi o mais vendido.
Em segundo lugar foi o anti-hipertensivo losartana, da Neo Química. Em terceiro e quarta colocação foram ocupadas, respectivamente, pelo analgésico naratriptina, da Nova Química, e pelo levotiroxina, da Merck.
Lista de medicamentos genéricos
Farmácias e drogarias são legalmente obrigadas a manter uma lista atualizada e de fácil leitura dos medicamentos genéricos disponíveis para os consumidores. Para verificar qualquer medicamento regularizado pela Anvisa, basta acessar a página de Consultas – Genéricos.
Nessa plataforma, é possível obter informações abrangentes sobre medicamentos genéricos, incluindo aqueles com registro válido, registros cancelados, período de publicação e forma farmacêutica.
Essa ferramenta proporciona aos consumidores um acesso transparente e informado às opções de medicamentos genéricos regulamentados pela agência.