Marcia Arbache, especial para o Panorama Farmacêutico
A margem de contribuição é uma ferramenta valiosa para ajudar a precificar os produtos. A apuração correta desse indicador exige uma gestão de fluxo de caixa disciplinada, com controle de gastos e de estoque. Esse cálculo também pode indicar a necessidade de redução dos valores dos custos e despesas variáveis, dependendo da estratégia do negócio.
O objetivo, ao final, é cobrir os custos e as despesas e gerar lucros. Segundo o Sebrae, o saldo das vendas deve ser suficiente para pagar as despesas fixas e variáveis e proporcionar um rendimento propício não apenas para novos investimentos como também para dar retorno aos investidores.
Para o consultor André Minucci, um planejamento bem estruturado faz toda a diferença para que as empresas cresçam de maneira sustentável. “Avaliar áreas como vendas, qualidade dos produtos ou serviços, desempenho financeiro e satisfação do cliente fornece informações essenciais para ajustar os planos futuros”, explica.
A importância da margem de contribuição
Entre os benefícios de um cálculo preciso da margem de contribuição estão:
- Possibilidade de saber quais produtos e serviços geram os maiores retornos financeiros
- Permite criar relatórios com mais precisão, o que facilita a tomada de decisão e pensar com mais clareza em planos futuros
- Maior precisão na elaboração de planos financeiros
- Garantia de lucratividade
- O indicador auxilia o empreendedor a alcançar o ponto de equilíbrio do seu negócio de forma segura, além de fornecer insights para traçar estratégias de crescimento saudável
Como calcular a margem de contribuição
A fórmula usada para calcular a margem de contribuição (MC) é simples:
MC = Valor total das vendas − (custos variáveis + despesas variáveis)
Valor das vendas – Total das vendas realizadas em um período
Custos variáveis – Gastos diretamente associados à produção, revenda ou prestação de serviço. Variam conforme o volume de produção ou comercialização, como matéria-prima ou produtos para revenda
Despesas variáveis – Gastos que aumentam ou diminuem conforme as vendas, como impostos, comissões, despesas financeiras
Um exemplo prático é o de uma farmácia fictícia cujo dono pretende iniciar o ano bem estruturado. Para isso, ele necessita saber com segurança qual a MC que seu faturamento precisa alcançar para cobrir todos os seus gastos e não afetar os projetos estabelecidos para o ano que se inicia.
A farmácia atingiu um total de vendas de R$ 110.000. Os custos variáveis somaram R$ 44.000. Supondo que o empreendimento esteja no Simples Nacional, a alíquota de imposto seria de 4%. Assim, as despesas com impostos chegariam a R$ 4.400. Entre comissões e despesas financeiras bancárias, o total médio é de R$ 10.000. O total de despesas variáveis monta a R$ 14.400.
Transpondo esses valores para a equação, teremos:
MC = R$ 110.000 − (R$ 44.000 + R$ 14.400)
MC = R$ 110.000 − R$ 58.400
MC = R$ 51.600
O resultado de R$ 51.600 indica que os custos de compras e despesas com impostos e comissões foram cobertos. As despesas fixas, como salários e aluguel entre outras, precisam ser menores do que esse valor para que a empresa se sustente. A diferença entre a margem de contribuição e as despesas fixas será o lucro que a empresa vai gerar.
Monitoramento constante
Outro ponto importante, segundo Minucci, é a necessidade de adotar uma abordagem flexível, adaptando-se a novas oportunidades ou desafios que surgirem. Realizar reuniões trimestrais para acompanhar o progresso das metas e adaptar o plano de ação é uma prática recomendada. “O planejamento deve incluir análise de riscos, previsões financeiras realistas e estratégias de adaptação para diferentes cenários econômicos”, conclui.