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Indústria de seguros consolidam virada operacional

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Picanço, da Porto Seguro: “Crescimento de prêmios se normalizará no 2º semestre”

A indústria de seguros nem parece a mesma de dois anos atrás. As companhias passaram todo o ano de 2017 e boa parte de 2018 sob forte desconfiança de analistas e investidores. O mercado alimentava, na ocasião, dúvidas sobre a capacidade de o setor virar o jogo da rentabilidade após dois anos de queda das receitas financeiras, impactadas pelo ciclo que levou a taxa Selic para a mínima histórica.

A partir do segundo semestre de 2018, com o juro básico já consolidado no patamar de 6,5% ao ano – no qual permaneceu por 15 meses -, o quadro mudou totalmente. Desse momento em diante, as seguradoras apresentaram forte crescimento dos resultados operacionais, que compensaram com sobras a redução das receitas financeiras.

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/2019/05/02/raia-drogasil-tem-primeiro-trimestre-desafiador-e-lucro-cai-13/

No segundo trimestre deste ano, o resultado operacional consolidado das seguradoras Porto Seguro, SulAmérica e BB Seguridade e do ressegurador IRB Brasil Re, todos listados na B3, mais o da Bradesco Seguros, atingiu o maior valor trimestral absoluto desde, pelo menos, 2015. O grupo somou a cifra inédita de R$ 5 bilhões, alta de 7% em relação ao mesmo intervalo de 2018, que já havia registrado avanço de 39%.

Na comparação anual, os resultados operacionais das principais companhias de seguros passaram a avançar continuamente desde a segunda metade de 2017, ou seja, sobem faz oito trimestres consecutivos. Já os resultados financeiros, com o ciclo de afrouxamento monetário promovido pelo Banco Central a partir de agosto de 2016, passaram a decrescer. Essa linha recua há dez trimestres consecutivos, na comparação anual.

No período em que a taxa básica se estabilizou na máxima recente de 14,25% ao ano – entre julho de 2015 a agosto de 2016 -, as companhias nadaram de braçadas nos retornos das aplicações. Em 2016, o resultado financeiro ficou 45% acima do operacional para o grupo de cinco companhias. O pico dessa diferença ocorreu no segundo trimestre de 2016 quando o retorno líquido com as aplicações do grupo atingiu R$ 4,6 bilhões ante R$ 2,3 bilhões do resultado operacional, ou seja, o dobro.

Neste ano, a situação é a inversa. Nos primeiros trimestres de 2019, a linha operacional mantêm-se consistentemente mais que o dobro da financeira no conjunto das cinco seguradoras. Com isso, rapidamente, a desconfiança se tornou otimismo em relação ao setor. Tanto que todas as companhias listadas apresentam valorização na B3 em agosto ainda que o BC tenha iniciado um novo ciclo de queda da Selic no fim do mês passado, quando reduziu a taxa em 0,5 ponto percentual para nova mínima a 6% ao ano. A SulAmérica puxa a lista com alta de 67,72% até dia 26. A Porto Seguro aparece em seguida com 5,59% de ganho acumulado. IRB tem retorno de 3,91% no período, enquanto BB Seguridade sobe 0,98 %.

A visão positiva se apoia, principalmente, na consolidação dos resultados operacionais, que sinalizam disciplina de custos e de alocação de capital, mas também ganho de rentabilidade nas operações e melhora dos índices de sinistralidade. O cenário macroeconômico, com perspectiva de retomada da economia, também ajuda a aumentar o entusiasmo sobre o segmento da bolsa.

“O resultado operacional veio melhor do que o esperado no primeiro semestre”, disse Bernardo Rothe, presidente da BB Seguridade, em teleconferência, para justificar a mudança do guidance de lucro líquido deste ano, que saiu de uma faixa de 5% a 10% para o intervalo de 8% a 13%.

Ganhos operacionais também decorrem da mudança de estratégia, com as seguradoras privilegiando os segmentos em que têm mais eficiência e diferencial competitivo. A SulAmérica deu um passo decisivo para concentrar o negócio em saúde e odontologia, sua principal área, ao anunciar a venda da operação de automóveis para a Allianz.

Dentro da estratégia, a companhia tem implementado a “verticalização virtual”, que envolve o pagamento de remuneração por performance em parcerias com grandes redes de laboratórios, clínicas e hospitais. Além disso, a companhia lançou planos regionais, como um na capital fluminense e região metropolitana ao custo de R$ 132, com atendimento da Rede D’Or, e outro em São Paulo, por R$ 192 e atendimento na rede Dr Consulta.

O lucro líquido das companhias também refletiu a melhora em termos de eficiência, custos e alocação de capital. A Bradesco Seguros registrou aumento de 15,9% nessa linha no segundo trimestre na comparação anual. No primeiro semestre deste ano, o lucro líquido do grupo subiu 16% ante a metade inicial de 2018, para R$ 3,6 bilhões.

Na Porto Seguro, a alta no segundo trimestre foi de 14%. No semestre, o lucro líquido subiu 11%, para R$ 680 milhões. Na BB Seguridade, a última linha do balanço apresentou avanço de 1,5% entre abril e junho, mas subiu 7,4% no acumulado dos seis primeiros meses de 2019, para R$ 2,092 bilhões.

A SulAmérica registrou alta anual de 92,6% no segundo trimestre. Entre janeiro e junho, o avanço foi de 74,5%, para R$ 483,8 milhões. Já o IRB teve aumento de 35,2% no lucro líquido trimestral entre abril e junho e avanço de 38% no semestre ante a primeira metade de 2018, para R$ 738,9 milhões.

Para o segundo semestre, as seguradoras aguardam resultados operacionais melhores. A Porto Seguro, por exemplo, reduziu os preços das apólices devido à menor frequência de roubos e furtos de veículos, o que diminuiu as receitas totais. Mas, segundo o diretor-geral de seguros e investimentos, Marcelo Picanço, o segundo semestre deve ser de retomada das receitas. “A redução técnica não deve ocorrer novamente e, se a retomada do crescimento econômico se confirmar, o crescimento de prêmios vai se normalizar.”

A busca por prêmios ainda não existentes também está no foco do setor. O IRB fechou parceria com o banco digital C6, fundado por executivos egressos do BTG Pactual, para ter preferência nos negócios de seguro prestamista gerados pelos canais do banco digital pelo período de dez anos. “Com essas iniciativas, estamos acessando um mercado que ainda está se formando e buscando um prêmio que ainda não existe”, disse José Carlos Cardoso, presidente do IRB.

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Fonte: Valor Online

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