O Ministério da Saúde determinou a ampliação do programa de profilaxia pré-exposição ao HIV, a PrEP, para atender adolescentes a partir de 15 anos no âmbito do SUS. As informações são da Folha de S. Paulo.
Até então, a idade mínima para se obter a medicação era de 18 anos. O método foi implementado na rede pública em 2017 e consiste no uso oral e diário de um comprimido. A PrEP consiste na combinação de dois medicamentos (entricitabina 200mg + fumarato de tenofovir desopoxila 300mg), que impedem que o HIV se estabeleça e se espalhe pelo corpo.
De acordo com o novo protocolo, os adolescentes poderão acessar serviços, consultas e orientações a respeito do método sem a necessidade da autorização ou do acompanhamento de responsáveis legais. Porém, situações que representem risco à vida e envolvam jovens hospitalizados deverão ser comunicadas aos adultos, seguindo as exigências do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
PrEP já atraiu 44 mil brasileiros
Ao todo, 44.084 brasileiros já utilizam a PrEP, mas a concentração de usuários ainda é maior no estado de São Paulo – 18.591, o equivalente a 42%. Os números são do Painel PrEP, desenvolvido pelo Ministério da Saúde. Além disso, mais de 550 farmácias privadas em todo o Brasil comercializam o método.
Especialistas valorizaram a importância da ampliação do acesso à PrEP. “Cerca de 80% dos adolescentes apresentaram taxa de adesão de medicamento suficiente para se obter níveis adequados de proteção ao HIV”, destacou Inês Dourado, epidemiologista e professora da Universidade Federal da Bahia.
A análise é resultante de uma pesquisa com 1.200 jovens brasileiros que formam um público mais vulnerável à infecção pelo HIV, de autoria do PrEP 1519 – projeto latino-americano que conta com a participação de Inês. O estudo foi financiado pela Unitaid, agência de saúde global ligada à ONU.
Indústria farmacêutica busca estimular acesso ao tratamento
O acesso à PrEP também tende a ganhar mais apoio da indústria farmacêutica. A Blanver vai investir R$ 231,6 milhões na nacionalização de medicamentos até 2025. Segundo reportagem do Estadão, por serem em sua grande maioria importados, a produção de insumos e matérias-primas de remédios contra HIV, hepatite e outras infecções sexualmente transmissíveis tem como destino a rede pública de saúde.
Com a produção nacional, a redução da importação deve gerar um corte de R$ 8,8 bilhões no custo das compras do Ministério da Saúde em cinco anos. De acordo com o CEO Sérgio Frangioni, a estratégia de produção nacional e verticalizada contribui para reduzir a vulnerabilidade da rede pública.
Mais de 40% dos recursos – o equivalente a R$ 100 milhões – vão ser destinados e à infraestrutura e ao desenvolvimento dos insumos farmacêuticos. Outros R$ 93 milhões serão voltados exclusivamente à distribuição no SUS, por meio do modelo de Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP).
Fonte: Redação Panorama Farmacêutico