Testes de medicamentos para Alzheimer têm polêmica nos EUA

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testes de medicamento para Alzheimer
Foto: Freepik

Segredos mantidos por farmacêuticas durante testes de medicamentos para Alzheimer no Estados Unidos estão causando uma grande polêmica entre pacientes, familiares e a comunidade científica do país. Reportagens do New York Times e do The Times revelaram uma importante omissão de informações por parte de grandes players do canal farma.

De acordo com as apurações dos repórteres dos jornais, baseadas em resultados clínicos, documentos enviados para o processo de aprovação junto ao FDA e entrevistas com médicos, cientistas, pacientes e acompanhantes, as farmacêuticas Eisai e Eli Lilly não revelaram para alguns de seus voluntários que os mesmos eram mais propensos a sofrer com efeitos colaterais durante os ensaios clínicos.

A tendência teria sido descoberta após testes de perfil genético serem solicitados pelas farmacêuticas, no início dos processos. Os exames tinham como principal objetivo definir se algum dos voluntários era mais propício a desenvolver Alzheimer e, dessa forma, eram mais vulneráveis a reações como inchaços e hemorragias no cérebro. Os resultados, no entanto, foram mantidos em sigilo pelas empresas.

Voluntários em testes de medicamentos para Alzheimer morreram

Nos ensaios da Eisai, que buscava aprovação para seu fármaco Leqembi, 274 pessoas seguiram no processo de teste sem serem informadas que estavam submetidas a mais riscos do que o esperado. Uma delas foi Genevieve Lane, uma mulher de 79 anos que faleceu após a terceira dose do medicamento, com 51 micro hemorragias em seu cérebro. O ensaio clínico registrou ao menos mais uma morte, além de 100 outros pacientes com hemorragias e inchaços cerebrais.

“Esse medicamento tem efeitos colaterais significantes, e precisamos nos atentar a eles”, revela Dr. Matthew Schrag, neurologista da Universidade Vanderbilt que auxiliou na autópsia de Lane.

Medicamentos envolvidos em polêmica foram aprovados

A aprovação do Leqembi foi concedida pelo FDA em julho de 2023 e, no mesmo mês, em 2024, o Kinsula, medicamentos similar da Eli Lilly, também foi aprovado. Durante os testes do segundo 289 voluntários foram submetidos a exata mesma situação, com dezenas deles sofrendo com efeitos classificados pela própria farmacêutica como hemorragias “severas”. Ambas as aprovações foram noticiadas pela Panorama Farmacêutico.

Comunidade científica repercute notícias sobre a polêmica

Diversos especialistas em Alzheimer e bioética expressaram surpresa quando confrontados com as informações apuradas pelos jornais americanos. George Perry, editor do Journal of Alzheimer’s Disease, classificou a situação como “certamente preocupante” e “eticamente preocupante”. “Você precisa perguntar aos pacientes se eles querem saber, e aí revelar para eles. Isso é parte do consentimento informado”, complementa.

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