Unidade da Varian no Brasil terá capacidade inicial de montagem de cerca de 60 equipamentos por ano
O Brasil está próximo de iniciar a montagem de aceleradores lineares, equipamentos responsáveis pelo tratamento de radioterapia. A fabricação começará até o quarto trimestre de 2018, em planta a ser instalada pela norte-americana Varian, em Jundiaí (SP).
A empresa inaugurou nesta segunda-feira (20) a primeira etapa do empreendimento, que é um centro de treinamento. Globalmente, a Varian opera nos Estados Unidos e na China, de onde exporta os equipamentos para clientes no mundo inteiro. Todo o projeto, no Brasil, vai consumir cerca de US$ 20 milhões. Segundo o diretor-geral da Varian no Brasil, Humberto Izidoro, para operar os equipamentos a companhia preparou este centro de treinamento.
Até então, os profissionais precisavam ir ao exterior para receber as instruções de uso dos produtos. “Junto com a montadora, construímos o centro de educação profissional, com treinamento em português, abrindo espaço para outros especialistas se prepararem para o uso dos aceleradores lineares”, afirmou o executivo.
A decisão de construir no Brasil foi tomada depois que a empresa ganhou uma licitação, em 2013, para fornecer 80 aceleradores lineares para o Ministério da Saúde.
Segundo Izidoro, essa demanda será atendida pela fábrica localizada nos EUA, já que os equipamentos ainda não são produzidos no Brasil. No entanto, especialmente para essa licitação, a empresa vendeu os aceleradores a um preço médio de aproximadamente US$ 600 mil, abaixo do valor de referência. No mercado, os preços podem variar entre US$ 1 milhão e US$ 3,5 milhões. “Fizemos uma opção estratégica pelo Brasil, de reduzirmos nossa margem para ganhar a licitação”, afirmou, acrescentando que a empresa busca manter a liderança de mercado no Brasil. Atualmente, todos os cerca de 370 equipamentos de radioterapia em funcionamento no País são importados, dos quais cerca de 65% são da Varian, ressaltou.
Segundo o executivo da empresa, a fábrica poderá montar até 60 aceleradores por ano. A maior parte das peças será importada, mas aos poucos a Varian pretende incorporar alguns itens nacionais. Além do governo, a meta da empresa é fornecer para hospitais privados e filantrópicos.
Expansão
Segundo dados do Ministério da Saúde, nos últimos anos, observou-se uma crescente oferta da radioterapia no País. Em 2010, foram realizados 8,3 milhões procedimentos de radioterapia. Este número saltou, no ano passado, para 10,45 milhões – um aumento de 25,9%. “Vale ressaltar que essa ampliação também é resultado do investimento realizado pelo Ministério da Saúde na compra de aceleradores lineares, por meio de convênios”, afirmou o ministério, em nota enviada ao DCI.
Conforme o ministério, a pasta ampliou, em seis anos, 46% os recursos para tratamentos oncológicos (cirurgias, radioterapias e quimioterapias), que passou de R$ 2,27 bilhões, em 2010, para R$ 3,33 bilhões, em 2016. Em 2017, até o momento, foram investidos R$ 672,8 milhões. “Somados a esses valores, há ainda os recursos relacionados às ações de média complexidade, como consulta com especialista e realização de exames, além dos medicamentos oncológicos”, acrescentou o ministério.
O Ministério da Saúde já entregou cinco aceleradores lineares dentro do Plano de Expansão da Radioterapia. As cidades de Campina Grande (PB), Feira de Santana (BA), Maceió (AL), Curitiba (PR) e Brasília (DF) já receberam os equipamentos neste ano.
Ao todo, cerca de R$ 500 milhões foram investidos para a aquisição de 80 aceleradores lineares, além da realização de projetos e obras. Outros 20 ainda devem ser adquiridos, totalizando 100 aparelhos distribuídos em todas as regiões do Brasil. A expectativa do governo federal é economizar cerca de R$ 25 milhões com a aquisição destes novos equipamentos na comparação com o que era realizado anteriormente nos convênios.
Fonte: DCI