A venda de medicamentos de especialidades vem ganhando novas protagonistas. As distribuidoras focadas nesse gênero de remédios já representam 60% da demanda do chamado mercado institucional, somando R$ 47 bilhões de receita nos últimos 12 meses até junho deste ano. Há quatro anos, a participação não chegava a 50%.
Segundo indicadores da IQVIA, a comercialização de medicamentos para o canal hospitalar e o SUS totalizou R$ 78,3 bilhões. O valor superou em 18,7% o resultado do mesmo período anterior, acima do crescimento geral de 12,6% e do avanço de 9,6% nas vendas via varejo.
Dessa receita total, R$ 47 bilhões foram originários das distribuidoras, o que corresponde a um crescimento acumulado de 62% desde 2021. Nos 12 meses até junho daquele ano, o valor gerado pelo segmento foi de R$ 29 bilhões. A então representatividade de 49% saltou para 57% em 2022 e 60% no ano seguinte, percentual que se mantém em 2024.
Venda de medicamentos de especialidades via distribuidoras
(MAT Jun-2021 até MAT Jun-2024 em bilhões de R$
Venda de medicamentos de especialidades revela nova dinâmica setorial
As 15 empresas afiliadas à ABRADIMEX respondem por quase 75% da venda de medicamentos de especialidades junto ao mercado institucional. “São companhias dotadas de maior estrutura de transporte e armazenamento de produtos mais sensíveis. No entanto, o setor vem absorvendo rapidamente o papel de prestadoras de serviços e ampliando a proximidade no ambiente intra-hospitalar”, avalia Paulo Maia, presidente executivo da associação.
A declaração do dirigente refere-se a um caminho que farmacêuticas de todo o mundo estão trilhando, com foco na produção de medicamentos inovadores. Com a necessidade de concentrarem mais esforços em pesquisa e desenvolvimento, os laboratórios requerem cada vez mais apoio externo no acompanhamento dos pacientes por meio dos programas de suporte.
“Pelo domínio da operação logística, em função da capilaridade e com a prestação de serviço mais qualificada, nada mais natural do que a distribuição ser esse braço da indústria em um país com dimensões continentais. Essa atuação é fundamental para ampliar o acesso dos pacientes a medicamentos”, acrescenta Maia.
Quando analisadas as transações no canal privado, a relevância das distribuidoras vem sendo ainda mais expressiva. Os market shares alcançam 85% nas redes hospitalares, 92% nas clínicas particulares e 95% nos planos de saúde. “Há potencial para crescer muito, a julgar que abastecemos 80% dos hospitais privados e 61% das clínicas. Temos em torno de 7,3 mil instituições carentes de abastecimento e logística mais especializadas”, acrescenta.