Distribuição farmacêutica equilibra ano de vitórias e desafios
Enquanto companhias tradicionais crescem, aquelas que lidam com medicamentos especiais se mobilizam contra roubos e falsificações
por César Ferro em
A distribuição farmacêutica viveu mais um ano de extremos. Enquanto a relação com o varejo rendeu frutos, as companhias que trabalham com medicamentos de alta complexidade se viram obrigadas a redobrar a atenção contra crimes e falsificações.
O Panorama Farmacêutico repassa as principais notícias que movimentaram o mercado de logística e distribuição e analisa os dias de luta e de glória registrados neste 2025.
O panorama da distribuição farmacêutica em 2025
Grandes distribuidoras seguem na dianteira
Com presença em 99,3% dos municípios brasileiros, a Abradilan consolidou sua liderança na distribuição de medicamentos genéricos e similares. Dados da IQVIA apontam que, entre abril de 2024 e março de 2025, os distribuidores associados à entidade movimentaram mais de 1,6 bilhão de unidades, o que representa 54% de participação de mercado em unidades nesse segmento.
A associação reúne 151 empresas distribuidoras, organizadas em 69 grupos econômicos, com atuação em todos os estados do país e no Distrito Federal. No mercado geral, representa 33,8% das unidades comercializadas e 48,8% em valores referentes ao setor de genéricos e similares.
Além da capilaridade, a entidade também assegura o acesso a medicamentos em regiões mais remotas, contribuindo para a redução de desigualdades no país. A cobertura das distribuidoras associadas atinge 85,4% de todas as farmácias do Brasil. No caso das redes associativistas, que somam 25,1 mil estabelecimentos, esse índice chega a impressionantes 96,2%.
“Nosso compromisso é conectar o Brasil inteiro a uma rede eficiente e responsável de distribuição farmacêutica. Atuamos para que a população, independentemente da localização, tenha acesso a medicamentos com qualidade e regularidade”, comenta Vinícius Andrade, presidente da Abradilan.
O Outlook 2025, relatório anual da Close-Up International sobre o setor farmacêutico, corroborou o bom ano vivido pelas distribuidoras da entidade. Segundo o estudo, as grandes empresas do atacado cresceram 11% nos últimos 12 meses até agosto de 2025, alcançando uma participação de mercado de 65,6%.
Como um todo, o mercado de distribuição farmacêutica cresceu 9,8% no período, movimentando R$ 173,6 bilhões. Desse montante, 55,4% (R$ 96,17 bilhões) correspondem ao canal farma, que registrou avanço de 7,2%.
Rede Integração Farma fechou o ano com faturamento bilionário
A Rede Integração Farma começou 2025 mostrando a força de sua atuação com medicamentos de referência. Segundo balanço divulgado em março, a categoria mais do que dobrou sua representatividade no negócio da entidade.
Em janeiro deste ano, as transações envolvendo esses remédios cresceram 128,55%, sendo que o trimestre encerrado no mesmo mês também foi de avanço nestes fármacos. “Esse ganho de terreno demonstra que os distribuidores regionais também conseguem trabalhar muito bem com essa categoria de produtos, fazendo-a chegar às farmácias independentes com rapidez e agilidade”, aponta o diretor executivo Geraldo Monteiro.
A rede registrou um faturamento de R$ 1,3 bilhão nos últimos 12 meses até outubro, segundo dados da IQVIA. A receita do período com base no Preço de Compra do Consumidor (CCP) também foi bilionária, exatamente R$ 1 bilhão.
“Apresentamos alta de 5% no faturamento, mesmo com uma leve retração nas unidades comercializadas”, comemora o executivo. A entidade é composta por distribuidoras regionais que atendem 40% das farmácias e 76% dos municípios do país.
ABRADIMEX alertou para os desafios dos medicamentos especiais
Em 2025, a ABRADIMEX levantou as bandeiras de causas importantíssimas no mercado de especialidades. A entidade alertou para o volume de perdas causadas pelo roubo de cargas e também destacou o perigo da atuação dos marketplaces.
Segundo a associação, os roubos de carga geraram uma perda de R$ 283 milhões para as empresas do setor. As perdas estimadas elevam em até 60% os custos operacionais das empresas. Os relatórios foram produzidos pela consultoria Deloitte e pela Overhaul, plataforma global de gerenciamento e prevenção de riscos em transporte.
Embora representem apenas 2% das cargas roubadas no Brasil, os produtos farmacêuticos – boa parte deles sujeitos a controles de temperatura – caracterizam-se pelo alto valor agregado, facilidade para revenda e dificuldade de rastreamento. E para 52% dos especialistas em risco consultados pela Deloitte, a tendência é de avanço no número de casos em 2025.
Já sobre os marketplaces, a venda livre de medicamentos nesses canais provoca apreensões na cadeia de distribuição, especialmente quando envolve remédios de alto custo. “Muitos marketplaces não estão credenciados como distribuidores da indústria e é preciso entender para onde são destinados os produtos desses roubos. As empresas associadas à ABRADIMEX são homologadas pela indústria farmacêutica a partir de rígidos critérios, que incluem requisitos comprovados para o transporte em condições seguras”, destaca o presidente da associação, Paulo Maia.
A entidade reúne as 15 maiores distribuidoras especializadas do país, que respondem por quase 75% das vendas de remédios de alta complexidade para hospitais, clínicas, operadoras de planos de saúde e instituições ambulatoriais.