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Aprendizados da pandemia sobre os cuidados com idosos

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No final do mês passado, tive o prazer de mediar um debate promovido pela SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia) sobre cuidados paliativos e dilemas éticos. A doutora Naira Hossepian Hojaij, médica do Serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, foi de uma precisão cirúrgica ao declarar que a Covid-19 deixará uma herança pesada: “vamos ter que discutir muito a questão da vulnerabilidade. Teremos sobreviventes que se tornaram ou ficaram ainda mais frágeis depois da pandemia, aumentando a necessidade de serviços de reabilitação e cuidadores”.

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Também participaram do painel o geriatra Daniel Lima Azevedo e a doutora em enfermagem Karina Silveira de Almeida Hammerschmidt, professora adjunta da Universidade Federal do Paraná e do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Santa Catarina, com quem conversei exatamente sobre as lacunas no atendimento aos idosos. Em 2019, ela participou de uma ação, promovida pela Secretaria Estadual de Saúde do Paraná em parceria com a Escola de Saúde Pública, para a capacitação de técnicos e auxiliares de enfermagem daquele estado. “Ainda nos deparamos com muitos preconceitos e estereótipos em relação aos idosos no nosso país, inclusive por parte de alguns profissionais da saúde, que não dão a devida importância às alterações fisiológicas dos mais velhos, esperando que se comportem com a mesma agilidade e destreza de adultos mais jovens. Ou então tratam os idosos como crianças”.

Na avaliação da doutora Karina, é preciso investir num tripé composto por informação, comunicação efetiva e cuidado personalizado, sob medida para cada indivíduo. “A pandemia jogou luz sobre a vulnerabilidade dessa população. As condições, que já eram complexas, se tornaram ainda mais desafiadoras, exigindo ressignificação do cuidado”, diz. Uma de suas preocupações é o chamado cuidado de transição, que foi inclusive tema de coluna recente deste blog: quem sai do hospital para casa pode precisar de um atendimento domiciliar que facilite adesão ao tratamento, ou adaptação em sua nova rotina, e cujo foco não deve deixar de fora os familiares.

“Com frequência, o que ocorre é que, poucas horas ou até minutos antes da alta, o idoso e a família recebem uma avalanche de informações, que podem incluir exercícios de reabilitação ou mesmo ações curativas. Trata-se de um grande volume para ser processado, resultando em risco de reinternação. Desse modo, é essencial que as informações de alta sejam repassadas no decorrer da hospitalização, paulatinamente, para sua compreensão ser viável”, alerta. Também chama a atenção para a precariedade de boa parte das instituições de longa permanência: “muitas não dispõem de profissionais da área da saúde e de infraestrutura para o enfrentamento desta pandemia. Torna-se um desafio atender o idoso que recebeu alta e seguir as recomendações da Anvisa”.

Com base em sua experiência profissional, afirma que muitos não falam que têm dúvidas ou mesmo que não entenderam as recomendações de saúde, como mostra um episódio que viveu no interior do Paraná: “uma senhora diabética voltava regularmente ao serviço de saúde com a glicemia descompensada e eu não entendia por que isso acontecia, pois tinha recebido as instruções e estava medicada corretamente. Resolvi fazer visita domiciliar e descobri que, quando recebeu orientação para armazenar a insulina na porta da geladeira, ela entendeu que deveria ser do lado de fora, e usou esparadrapo para prender a medicação do lado externo da geladeira”. Uma história exemplar para reforçar a importância da comunicação efetiva, da informação correta e compreendida, do cuidado de enfermagem adequado às necessidades individuais. Finalizando, a doutora Karina defendeu que “tenhamos esperança, para que os aprendizados dessa pandemia possibilitem o fortalecimento do cuidado gerontológico de enfermagem”.

Fonte: G1 

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