Fatores como a falta de medicamentos e o aumento dos custos com inflação e combustíveis pesaram contra o atacado farmacêutico em 2022. Por outro lado, as vendas diretas para as redes associativistas puxaram a produtividade do setor, cujo crescimento girou em torno de 8% a 9%, já descontada a inflação.
“Foi um ano positivo em meio a um cenário desafiador, onde não houve retração da demanda. Apesar de o setor ter sido muito pressionado pela escassez sistemática de produtos e pela inflação, que impactaram no volume de vendas e no ciclo de caixa das empresas, o trabalho próximo com o associativismo nos assegurou a ampliação do mix. O segmento responde por 55% do nosso movimento”, destaca Ivan Coimbra, diretor executivo da Abradilan.
Em cinco anos, o faturamento geral das distribuidoras com a venda em farmácias saltou de quase R$ 35 bilhões para R$ 51 bilhões, de acordo com a IQVIA.
“Se olharmos para os números, 64% de tudo que é vendido no varejo farmacêutico passa pela distribuição, um volume gigantesco”, avalia Coimbra, que enxerga nos PDVs associativistas o caminho natural para o crescimento da distribuição, mercado já saturado nas grandes redes. “Ainda há espaço para que o atacado farmacêutico atue como um verdadeiro braço da indústria, não apenas com a intermediação comercial como também com prestação de serviços.
Atacado farmacêutico como hub financeiro
Mas as turbulências de 2022 reforçaram um papel já tradicional do atacado farmacêutico – o de ser um hub financeiro do varejo. As estratégias das distribuidoras incluem medidas simples como a adoção de pedidos eletrônicos e a incorporação de maquininhas de crédito nas farmácias, que permitem a antecipação de recebíveis.
“Tirando as grandes redes de farmácias, mais de 50% do mercado é formado por pequenos e médios varejistas, que giram o negócio em função de crédito e a Abradilan cumpre uma missão adicional em relação a isso, por conta de seu volumoso market share de mercado de genéricos e similares. E dada à sua capilaridade estando presente em 95% dos municípios, as distribuidoras regionais exercem atribuição fundamental nessa garantia de crédito”, ressalta Coimbra.
Novos players ajudam a realçar a importância do setor
Independentemente das adversidades, o setor despertou os olhares de novos players. Foi o caso da Rede Integração Farma, central de negócios com foco em distribuidoras regionais. O grupo iniciou operações com 11 empresas que movimentam 95 milhões de unidades por ano. Juntas, atendem mais de 35 mil farmácias, que representam 40% do total de PDVs do varejo farmacêutico, com atuação em 13 estados brasileiros e no Distrito Federal.
“A Integração Farma nasceu com foco no tripé formado por tecnologia, inteligência de mercado e mix de produtos. A ideia é ir muito além de uma simples central de compras, pois queremos incentivar o compartilhamento de ferramentas, novos negócios e potenciais fornecedores”, ressalta o diretor executivo, Geraldo Monteiro.
Associações já existentes também aproveitaram o ano para fortalecer vínculos junto à indústria farmacêutica. A Redifar, que agrega 30 distribuidoras de produtos farmacêuticos com CDs em 23 estados, desenvolveu com êxito seu 1º Feirão Nacional, realizado em outubro, assegurando um incremento de dois dígitos no volume de negócios dos laboratórios participantes. “Estimulamos a penetração de novas categorias nos PDVs, como suplementos e cosméticos, segmentos em que não éramos tão representativos”, afirma o diretor executivo, Carlos Tadeu Neubauer.
Segundo ele, mais do que incrementar a oferta de não medicamentos em farmácias independentes e associativistas, a ação reforçou as conexões dos PDVs com produtos de maior valor agregado. “Incentivamos esse nicho do varejo farmacêutico a investir em um portfólio premium”, ressalta.
Fonte: Redação Panorama Farmacêutico