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Distribuição de medicamentos antidepressivos aumenta 18%

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Jundiaí registrou aumento de 18% na distribuição de medicamentos antidepressivos em 2020, em comparação com 2019. De acordo com pesquisa da Unidade de Gestão de Promoção da Saúde (UGPS) de Jundiaí, esse aumento pode estar relacionado ao crescimento da prevalência de transtornos de ansiedade e depressão pelo isolamento social e alteração do estilo de vida.

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No município, a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) contempla o atendimento em saúde mental a diferentes complexidades, nos diferentes níveis de atenção, envolvendo ações desde a Atenção Básica, passando pelo cuidado em Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e chegando, quando necessário, à atenção hospitalar.

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Segundo Alexandre Moreno Sandri, coordenador de Saúde Mental da UGPS, as demandas que se apresentam são as mais diversas, desde os chamados transtornos mentais comuns, caracterizados pelos quadros de depressão e ansiedade leves, a demais situações de sofrimento psíquico circunstancial, que são cuidados preferencialmente na Atenção Básica, até os quadros psicóticos e dos transtornos de humor de maior gravidade, que exigem cuidados mais intensivos e com intervenções de núcleos profissionais mais especializados, sendo então, referenciados aos CAPSs.

“É importante observar que os CAPSs trabalham na perspectiva da reabilitação psicossocial, cujo processo envolve pensar no desenvolvimento do indivíduo em diversos aspectos de sua vida: familiar, relacionamentos interpessoais, interação com a comunidade, trabalho, cuidados com a saúde, acesso a direitos sociais, entre outros. No momento atual, temos observado também maior prevalência de demandas relacionadas a sofrimentos relacionados a quadros ansiosos e depressivos, sobretudo em decorrência do período de isolamento, impactos das perdas econômicas e também situações de luto pela perda de parentes e amigos”, afirma Alexandre.

A cuidadora Sandra Maria de Oliveira, de 42 anos, é atendida pelo CAPS há 11 anos. “Eu fui encaminhada com suspeita de esquizofrenia, com o passar do tempo foram mudando as medicações e atualizando meu status, tive depressão e anorexia também. Isso tudo começou na minha adolescência, mas como nunca fui tratada, o quadro foi se agravando mais ainda. E quando vim ao CAPS, já estava tentando suicídio, tive que passar por cinco internações em hospitais psiquiátricos”, conta.

Atualmente, Sandra se sente um pouco melhor, apesar das dificuldades que a pandemia trouxe em sua vida. “Meu trabalho me ajuda muito e as atividades que faço no CAPS também. Foi um processo bem difícil e doloroso, pois muitas vezes minha família não entendia e não acompanhava a situação, principalmente durante as crises, no qual eles tinham que estar presentes, não sabiam como agir e nem orientar sobre os medicamentos, com isso, acabava me sentindo muito sozinha. Hoje em dia, ainda me sinto depressiva e tomo remédios diariamente, três de manhã e quatro à noite”, comenta.

Segundo Sandra, o CAPS foi de grande ajuda. “Principalmente na interação com outros pacientes, cada um com sua dificuldade, aprendemos a lidar com todos. A dinâmica é muito boa também, de produzir e aprender juntos, assim, pude melhorar minha forma de conviver com outras pessoas”, afirma.

Para Alexandre, o cuidado em saúde mental demanda intervenções múltiplas, não podendo ser centrado em uma única oferta, uma vez que o objetivo é a melhoria da qualidade de vida do indivíduo. “Os cuidados podem ser ofertados por meio de escuta acolhedora ao sofrimento psíquico, Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (auriculoterapia, práticas meditativas, fitoterapia, relaxamento guiado, entre outros), atividades de convivência (como ações envolvendo atividades físicas), além das ofertas mais tradicionais, tais como o acompanhamento médico e os atendimentos psicológicos (individuais ou em grupo)”, esclarece.

A psiquiatra e psicanalista Marta Úrsula Lambretch afirma que o uso de medicamentos antidepressivos é desinibidor de impulsos pessoais e podem fazer com que a situação piore. “Aqueles que têm vontade de cometer suicídio, ao tomar o remédio, têm altas chances de concretizar o suicídio. Então, esse antidepressivo comum estimula o suicídio na medida em que ele bloqueia o ‘freio’ de cada pessoa, encorajando-as”, diz.

Como medida de prevenção a problemas de saúde mental, Marta pontua o fortalecimento interno. “A pessoa tem que procurar tratamento, se ela tem tendências depressivas, precisa procurar um especialista, pois esse diagnóstico será muito importante, antes de encaminhar qualquer tipo de medicamento”, alerta.

De acordo com a UGPS, as queixas mais comuns são sintomas relacionados a quadros depressivos e ansiosos, além de sofrimentos relacionados a situações de vida e perdas do cotidiano.

Em Jundiaí, a distribuição de medicamento psicotrópico é efetuada para os munícipes com indicação médica na Farmácia de Psicotrópicos na Unidade Marechal, Centro, e na Clínica da Família do Novo Horizonte.

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