O dono da EMS, Carlos Sanchez, pode ter dado início a uma transação sem precedentes na indústria farmacêutica nacional. Segundo informações do jornalista Lauro Jardim, colunista de O Globo, o empresário adquiriu ações da Hypera Pharma. Sem alarde, ele já teria acumulado pelo menos 3% de participação na concorrente.
Ainda de acordo com a publicação, o movimento de compra das ações vem ocorrendo por meio de fundos da família Sanchez. Atualmente, o empresário João Alves de Queiroz Filho, o Júnior, e a holding mexicana Maiorem formam o grupo controlador da Hypera Pharma e detêm 36% do controle acionário.
A notícia realimenta especulações sobre uma possível fusão entre as duas maiores farmacêuticas do país em faturamento. Em julho de 2022, após apuração junto a fontes do setor, o Panorama Farmacêutico destacou que a líder EMS estaria de olho na segunda colocada, na época avaliada em R$ 23,8 bilhões no mercado financeiro.
Já em setembro do mesmo ano, o Valor Econômico reforçava a existência de conversas entre as duas companhias. O Grupo NC, controlador da EMS, estaria disposto a ficar com no máximo 50% das ações da Hypera, que também demonstrava interesse em avançar no negócio sob o argumento de que poderia dobrar de tamanho em um ano.
As articulações entre as farmacêuticas, porém, estavam esbarrando no processo de valuation. E para tornar ainda mais complexo o cenário, a Eurofarma havia tentado entrar na disputa pela Hypera, mas as tratativas não avançaram.
Dono da EMS de olho na diversidade do portfólio
Fontes ouvidas pela redação do portal acreditam que o dono da EMS estaria planejando diversificar seu portfólio, de olho no potencial de mercados como o de medicamentos isentos de prescrição. Nos últimos 12 meses até junho deste ano, a Hypera Pharma registrou vendas de R$ 6,5 bilhões na categoria, montante que representa 15% do mercado de MIPs e OTCs.
No entanto, a líder nesse quesito cresceu somente 1,9% no período em comparação ao mesmo intervalo anterior, enquanto a EMS teve alta de 9,7% de forma orgânica e totalizou R$ 3,8 bilhões. Os dados são da IQVIA. A aquisição faria sentido por acelerar essa evolução e envolver uma concorrente supostamente mais fragilizada.
Uma das fontes afirmou que “a Hypera conversa com todo mundo o tempo todo”. Essa, aliás, não seria a primeira tentativa de fusão. Há 12 anos, a farmacêutica chegou a conversar com Aché, mas não houve avanço. A empresa também teria estreitado relações com a Biolab.