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ES vai receber carga com 5 milhões de testes para a Covid-19

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O Espírito Santo vai receber nos próximos 10 dias uma carga com 5 milhões de testes para o novo coronavírus. A empresa capixaba Cotia Tranding – uma das maiores companhias do setor no ramo de comércio exterior – está afretando um avião para trazer a carga, que virá da China para o Aeroporto Eurico de Aguiar Salles.

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O presidente do grupo, Eduardo Mangabeira Albernaz, contou à coluna que a companhia iniciou esse tipo de trabalho, com a movimentação de mercadorias relacionadas ao combate à Covid-19, na última semana. No dia 11 de junho, um carregamento com 8,5 milhões máscaras chegou a Florianópolis, em Santa Catarina. O transporte foi feito por um avião cargueiro Boeing 747-400F.

De acordo com o executivo, não trata-se de testes que estão sendo importados por encomenda. É uma compra da própria Cotia, que poderá vender para diferentes tipos de interessados, desde administrações públicas, hospitais, empresas e laboratórios que queiram adquirir o produto. Para o Estado, o modelo do avião deverá ser um Boeing 767.

Albernaz comentou que, como a pandemia pegou todos de surpresa, muitos países tiveram dificuldades de comprar insumos e equipamentos necessários para o enfrentamento à doença ou, quando conseguiam comprar os itens, encontravam dificuldades para transportá-los.

“Todas as companhias aéreas estão com uma grande quantidade de aeronaves de passageiros paradas, mas há dificuldades de conseguir aviões de cargas. Diante deste grande gargalo mundial, procuramos afretar aviões e trazer produtos que estão sendo muito demandados.”

Com essas operações, a estratégia do grupo, que está há mais de 40 anos no mercado, é intensificar as importações por conta própria e inaugurar uma nova fase na empresa.

“Na realidade, nós da Cotia Trading estamos cada vez mais tetando voltar às origens de ser uma empresa de comércio sem trabalhar por encomenda, sem trabalhar para terceiros. Depois que teve a Resolução 13 do Congresso Nacional, que reduziu o imposto para 4%, diminuiu muito o interesse das empresas e a própria lucratividade de operações de encomenda e conta e ordem. A Cotia nasceu como trading de fazer operação própria. Na época, era exportação porque era o modelo econômico brasileiro. Agora, temos exportação ainda, e estamos tentando montar operações de contra própria, de distribuição, trazer e vender no Brasil.”

Além da operação de importação dos testes para a Covid-19, Albernaz falou um pouco sobre o momento vivido pelo país. Confira a entrevista abaixo.

“MAIS DO QUE DESBUROCRATIZAR, PRECISAMOS TER UMA POLÍTICA CLARA PARA O COMÉRCIO EXTERIOR”

Quais são as expectativas do setor de comércio exterior para este ano?

Os dados oficiais mostram que teve queda de importação e exportação, exportação foi até maior. Mas eu acho que é segmentado. Não são todos os segmentos. Nós temos o terminal da Terca e, depois da pandemia, experimentamos um aumento de carga, principalmente de empresas que vendem muito de e-commerce, que tiveram aumento de demanda. Mas (o setor) vai sofrer. Importação é diretamente ligada ao PIB. Se o PIB crescer, a importação vai crescer. Se o PIB cair, a importação vai cair. Já há algum tempo a Cotia tem tentado se reinventar, no Estado, por exemplo, a gente montou um armazém da Zona Franca de Manaus como parte do nosso complexo logístico. O Espírito Santo criou uma base logística respeitada em qualquer parte do Brasil, então, a gente tentar aproveitar a localização e essa infraestrutura logística que foi criada para criar novas operações, e não ficar só baseado na importação e nessa operação por encomenda e importação por conta e ordem, a gente tem que se reinventar.

Como a alta do dólar está impactando o setor?

Ela impacta, mas a taxa de dólar tanto na importação quanto na exportação, isso é uma coisa que falo isso há muito tempo, ela nunca impacta na magnitude da valorização ou da desvalorização. Vou dar um exemplo: desvalorizou o dólar. O fornecedor estrangeiro vai dar um pouco de desconto, você vai apertar o frete um pouco, vai subir o preço um pouco, vai diminuir a margem um pouco. Sempre vai ter uma diluição dessa desvalorização. E na exportação a mesma coisa. Na hora que desvaloriza muito o real, na bolsa de Chicago, a soja cai de preço porque o mundo sabe que o agricultor brasileiro vai receber mais reais. Então, o impacto da desvalorização do real ele nunca é 100% no preço. Mas certamente a importação vai sofrer muito, como sofreu na crise de 2014 e 2015. Acho que até a gente recuperar, a expectativa é de que o Brasil tenha uma previsão de queda de PIB de 7%, vai ser uma coisa difícil, a gente vai ter muito trabalho pela frente.

Uma das principais reclamações do setor é a grande burocracia. Eu já conversei com algumas pessoas do ramo de comércio exterior que avaliam que a pandemia pode ajudar a destravar alguns processos que há anos dificultam as operações. Qual a sua avaliação sobre isso?

Eu acho que não é só comercio exterior, o Brasil é um país extremamente burocrático, esse é um assunto extremamente debatido. Montar uma empresa no Brasil leva dois meses e lá fora leva três dias. A burocracia do comércio exterior não é nada diferente da burocracia do Brasil. A gente sofre como todos os outros setores sofrem com o excesso de burocracia. Eu não acho que a Covid-19 vai trazer algum alívio específico na burocracia, como existem medidas já tomadas para priorizar desembaraço aduaneiro, uma série de medidas nesse sentido. Mas eu particularmente não acho que isso vai ser estendido para todas as áreas. Acho que a gente tem um longo caminho. Faz 30 que a gente discute desburocratização e a gente vai avançando, mas muito lentamente.

Vê outros problemas além desse?

O Brasil não encara comércio exterior como uma política de Estado. Aí, quando precisa aumentar as divisas, então, todo mundo se preocupa com aumentar exportação para aumentar a divisa e ter superavit. Mas o Brasil comprou 5 bilhões de dólares de submarino da França, e o que vendemos para França? Nada! A gente tem déficit de importação de petróleo com a Argélia, e o que a gente vende para a Argélia? Nada. Então, o Brasil não tem essa coisa da barganha, que é algo que tem que ter. Comércio exterior você tem o setor privado brigando por mercado, mas eu acho que o governo tem um papel que tem que ser empenhado, principalmente pelo Itamaraty, que é quem está com a nossa representação lá fora. Os setores comerciais das embaixadas têm que participar mais ativamente na área comercial e barganhar mesmo. A gente tem que fazer isso pelo Estado, não só por cada setor particular ficar brigando com isso. Se você notar, você vê a briga dos Estados Unidos com a China. O Estado brigando pelo saldo comercial. Mais do que desburocratizar a gente precisa ter uma política clara.

E avalia que neste momento o Brasil tem ambiência para isso, especialmente considerando o governo Bolsonaro e como ele vem construindo as relações internacionais?

Na realidade, estou falando de uma coisa que o Brasil já faz há muito tempo de não considerar isso uma política, de ter uma política de Estado para comércio exterior. No governo Bolsonaro a gente piorou. Por exemplo, a gente agredir a China que é o nosso maior parceiro disparado. E todas essas polêmicas de política ambiental. Essas polêmicas que a gente cria não ajudam, mas acho que não é só isso. Nunca é uma coisa só.

Fonte: Gazeta Online ES

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