Especialistas orientam como negociar o contrato de aluguel diante do alto índice do IGPM

Acompanhe as principais notícias do dia no nosso canal do Whatsapp

Diante do do acumulado do índice Geral de Preços do Mercado (IGPM), índice que calcula o reajuste do aluguel, que ficou em 37,04% em 12 meses, segundo dados da Fundação Getúlio Vargas, uma dona de imobiliária e um advogado especialista no assunto falam quais são os direitos e deveres de locador e locatário.

Tanto os imóveis comercial ou residencial, as placas de ‘aluga-se’ tem ganhado mais espaço. O aumento elevado no preço tem contribuído para essa situação, sobretudo no momento de recessão.

Diferente do IGPM, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo de maio ficou em 0,38% e o acumulado do último ano com um pouco mais de 8%.

Com isso, o advogado William Inoue, especialista em contratos, explica que algumas imobiliárias viram no IPCA a alternativa para um reajuste de contrato mais condizente com a realidade.

‘A principal diferença entre o IGPM e o IPCA é a base de cálculo que eles levam. Enquanto o IPCA é considerado com a inflação real e o preço final do custo para o consumidor, o IGPM tem muitas variáveis. Ele foi muito afetado pelo dólar além de comódites, por isso teve essa diferença brutal, que foi de quatro vezes, mais ou menos’, explicou.

Mesmo com a possibilidade de fazer um aditamento no contrato mudando para IPCA, uma imobiliária em Mogi das Cruzes continua dando prioridade para trabalhar com o IGPM. Segundo a proprietária, Yruena de Sousa Monteiro, isso não tem atrapalhado os negócios. Para ela, fazer essa alteração muitas vezes, pode dificultar o processo futuramente, por isso a alternativa encontrada foi outra.

‘Primeiro, instruindo o locador quanto o locatário e, a priori, trabalhando mediante um desconto. A gente não está mudando o indexador, a não ser que haja ambas as partes decidam pela mudança, ou então a gente consegue o desconto desse aluguel por 12 meses, até o próprio reajuste, a título de desconto’, disse.

Mas a palavra de ordem é ouvir os dois lados e sempre trazer soluções para locadores e locatários, mas quando o imóvel é desocupado ele não fica vazio por muito tempo, tendo muita rotatividade.

‘Hoje é mais fácil você fazer uma nova locação do que manter a antiga. Porque esse imóvel que valia R$ 1 mil o ano passado, está valendo R$ 1.340. Porque se existe a dificuldade de negociar e finalizar este contrato, cada contrato que foi rescindido aqui, foi locado de novo o imóvel. Para a imobiliária, está normal. Mas ficou uma rotatividade muito grande’, diz.

O especialista explica que o locatário que se sentir lesado, pode entrar na justiça, mas que é interessante sempre tentar resolver na conversa.

‘Neste caso, o locador tem direito ao reajuste do contrato, mas o locatário tem conseguido judicialmente reverter esse índice, uma vez que a justiça tem considerado que ele é abusivo, porque o momento para os comércios que estão fechados, as pessoas estão perdendo o emprego. O judiciário tem entendido que é irreal um aumento tão grande’, detalha Inoue.

O especialista em economia e finanças, Fábio Machado explica que não é obrigatório ter um índice reajuste no contrato. Tudo depende do que for acordado entre locador e locatário.

‘O IGPM vai variar muito mais rápido, em curto período de tempo, porque ele mede diversos outros aspectos, que não o poder de compra do consumidor. Já o IPCA é o índice de inflação. Quando você vai ao mercado com R$ 100 e compra uma determinada quantidade de produtos, quando você volta daqui dois meses e não consegue comprar a mesma quantidade de produto, isso indica que houve uma inflação nesse período. Ou seja, aumento’, explica.

Machado diz que nem sempre os dois índices estão tão diferentes quanto agora, mas o momento não está normal, então é preciso que as pessoas pesquisem, economizem, então faz muito mais sentido utilizar o IPCA do que o IGPM.

‘Dada a nossa situação econômica, é sempre importante usar o bom senso. Para locatário, não é importante ter um imóvel parado. Isso vai gerar condomínio, custo de IPTU. Quanto mais tempo ele deixar parado, pior. Para renovar este contrato é importante um diálogo para tentar resolver. Porque ninguém conseguiu receber 23% de aumento em 2020 de salários e rendimentos’, destacou.

Fonte: G1.Globo

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/com-igp-m-alto-mercado-defende-liberdade-para-negociar-aumento-do-aluguel/

Notícias Relacionadas