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Efeitos da falta de medicamentos chegam à Pague Menos

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falta de medicamentos
Divulgação: Canva

Números positivos, mas com falta de medicamentos. O problema que pautou a agenda do mercado farmacêutico em 2022 também comprometeu as operações da Pague Menos no ano passado. E a rede atribuiu o cenário à indústria.

“A indústria farmacêutica está muito errática em termos de abastecimento para nós”, enfatizou Luiz Novais, CFO da rede, em entrevista ao portal NeoFeed. Ainda segundo o executivo, a companhia projetava compras de R$ 180 milhões para reforçar o estoque da Extrafarma em 2022, mas ele afirma que “não foi isso que a indústria entregou”.

Os fornecedores teriam destinado à Pague Menos somente metade do que a rede demandou para absorver os estoques necessários para absorver os estoques das lojas que a empresa incorporou após a compra da Extrafarma. Mas um detalhe: esse valor de R$ 180 milhões já representou o dobro do que a varejista estimou antes de concluir a aquisição.

Falta de medicamentos força extensão de prazos de pagamento

Para conter impactos da falta de medicamentos, a Pague Menos vem recorrendo a negociações com a indústria para estender prazos de pagamento. Dos 24 dias acordados no quarto trimestre de 2021, o limite passou para 34 dias nos três últimos meses de 2022.

Mas aparentemente, não só esse desabastecimento motiva esse alongamento. A rede se viu obrigada a aprimorar o controle sobre as despesas após pagar R$ 737,7 milhões pela Extrafarma. A aquisição fez dobrar a alavancagem da dívida, que saltou de R$ 535,5 milhões para R$ 1,1 bilhão em um intervalo de apenas 12 meses.

Desaceleração na abertura de lojas

Novais descarta qualquer nova aquisição, pelo menos nesse primeiro semestre. No entanto, a empresa prevê aportes de R$ 100 milhões em 60 novas lojas. No entanto, o ritmo promete ser bem inferior ao do ano passado, quando foram inaugurados 118 PDVs, e distante dos planos da líder do varejo farmacêutico – a Raia Drogasil encerrou 2022 com 2.697 PDVs de 540 municípios em 100% dos estados brasileiros e no Distrito Federal. Nos próximos três anos, a meta é inaugurar 780 lojas, sendo 260 unidades previstas para 2023

Já a Pague Menos soma 1,6 mil farmácias em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal. Em 2022, seu faturamento aumentou 21% e totalizou R$ 9,8 bilhões. O avanço percentual no lucro líquido foi similar – 22%. A lucratividade foi de R$ 2,9 bilhões. Mas esses indicadores parecem apenas um breve alívio frente aos desafios atuais e futuros.

Cenário da falta de medicamentos no Brasil

Uma pesquisa do Conselho Federal de Farmácia (CFF), referente ao ano passado, revelou que 98% dos PDVs farmacêuticos ainda conviviam com a falta de medicamentos.

O levantamento teve a contribuição de farmacêuticos de 683 estabelecimentos de todos os estados e do Distrito Federal, sendo 68% da iniciativa privada e os 32% restantes da rede pública. Deste total, 671 registraram relatos de falta de medicamentos, especialmente das classes de antimicrobianos – categoria que inclui antivirais – e mucolíticos (expectorantes).

Na análise das motivações para a falta de medicamentos, a escassez no mercado foi apontada por 86,6% dos entrevistados. A alta demanda inesperada recebeu menções de 43,1%, enquanto 38,6% indicaram falhas do fornecedor.

Dos 671 profissionais que relataram desabastecimento, 470 (70%) disseram não conseguir alternativas. Para os demais 201, as opções citadas incluíram substituição, compra direta, manipulação, contato com o prescritor para apresentação das opções disponíveis e orientação ao paciente para retorno ao médico.

Quanto a alternativas possíveis para contornar a situação, 65,9% relataram não haver alguma medida, plano ou protocolo de mudança de procedimento ou de uso racional de medicamentos adotados pela instituição. Já 34,1% afirmaram haver alguma medida, como substituição do medicamento, uso racional, reforço nos pedidos e limite da quantidade por paciente.

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