Rede d1000 quer dobrar de tamanho até 2028

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Farmácias da d1000 querem dobrar de tamanho até 2028
Sammy Birmarcker; Ana Candida Fonseca e Marcelo Cardoso (Palito)
Foto: Panorama Farmacêutico

A Rede d1000, companhia integrante do Grupo Profarma, traçou a meta de dobrar de tamanho nos próximos cinco anos e abrir 280 lojas até 2028. O objetivo encontra respaldo nos resultados de 2023, período em que a varejista chegou a R$ 1,8 bilhão de receita bruta e avançou 17,8% na comparação com o ano anterior.

O Panorama Farmacêutico teve a oportunidade de conferir in loco os planos de uma das 12 maiores empresas do varejo farmacêutico nacional, durante visita exclusiva à sede do Grupo na Barra da Tijuca (RJ).

A expansão das lojas físicas terá como foco a abertura de novas unidades das bandeiras Drogasmil, no Rio de Janeiro; e Drogaria Rosário, em Brasília (DF) e Cuiabá (MT). A Rede não descarta, porém, avaliar oportunidades de novas aquisições para ganhar escala em outros estados e municípios.

“Sabemos que, para duplicar nosso tamanho, provavelmente teremos que caminhar para outras localidades. E não podemos esquecer que iniciamos no varejo farmacêutico por meio de marcas já consolidadas junto ao consumidor. As aquisições fazem parte do nosso legado”, explica Sammy Birmarcker, CEO do Grupo Profarma.

Na sua avaliação, o recall de marca sempre é considerado no processo de expansão. “Entrar em um novo estado por meio de uma bandeira já reconhecida regionalmente faz uma diferença muito grande, mesmo com todos os efeitos colaterais advindos de uma operação montada por terceiros”, salienta.

Por outro lado, o executivo tem uma certeza. A compra de ativos estressados está fora do radar da companhia. A tática mostrou-se eficiente para efetivar a presença da empresa no varejo em 2013. Era um período em que a competição por M&As estava acirrada e os bons ativos tinham um custo muito elevado. O Grupo Profarma, então, adotou a estratégia de investir em redes endividadas com oportunidades de melhoria, como foi o caso da Drogaria Rosário, adquirida junto à BR Pharma em 2016.

“Na planilha isso funcionou melhor do que na vida real (risos). O processo de turnaround foi doído e pesado em função da mudança de sistemas, montagem de time, reforma de lojas, troca de pessoal, reconquista dos consumidores perdidos e acerto no mix de produtos”, lembra Birmarcker.

“Levou mais tempo do que a gente desejava, mas em compensação, eu vejo como foi importante termos feito essa revisitação em todos os processos em um período muito recente. Talvez isso nos coloque, hoje, em uma posição de destaque perante outras grandes redes”, acrescenta.

Mais 35 farmácias da Rede d1000 neste ano

Um dos grandes diferenciais das farmácias da Rede d1000 está na possibilidade de interagir com públicos distintos. A companhia aglutina 244 lojas das bandeiras Drogarias Tamoio, de perfil mais popular; Drogasmil e Drogaria Rosário, com tipo de loja padrão; e Farmalife, do segmento super premium. E para este ano, a projeção é inaugurar mais 35 unidades.

Dessa forma, o Grupo seguiria o ritmo de 2023, quando abriu 32 PDVs e reformou outros 12. Cada abertura tem um custo de até R$ 3 milhões em montagem, estoque e capital de giro.

A Rede opera por meio dos 15 CDs da Profarma Distribuição, localizados no Rio de Janeiro e em Brasília (DF), e já representa 15% do volume de vendas da distribuidora de medicamentos, sendo atualmente seu maior cliente.

“Enfrentamos o desafio de crescer em um mercado extremamente pulverizado, o que nunca permite perder o timing. Sempre terá uma rede abrindo loja ao lado de outra. O segredo é expandir e, ao mesmo tempo, qualificar a operação já existente”, avalia Marcelo Cardoso (Palito), vice-presidente da Rede d1000.

Além de ampliar operações da Drogasmil e da Drogaria Rosário, a meta também é avançar com as Drogarias Tamoio rumo ao interior do Rio de Janeiro. “A marca dialoga bem com o consumidor das classes C e D, com um bom adensamento em Niterói e São Gonçalo”, afirma Palito.

Já a Farmalife, pela sua vertente mais nichada, fica mais concentrada em shopping centers, juntamente com a Drogasmil. “Temos mapeadas todas as nossas priorizações geográficas. E o grande diferencial é que conseguimos cuidar de cada inauguração de forma individual e pessoal, no projeto, na validação do layout e em todas as outras etapas do processo”, explica Livio Barboza Silva, diretor de operações e expansão.

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Lívio Barboza Silva, diretor de operações e expansão

“No ano passado abrimos três unidades das Drogarias Tamoio em Campos dos Goytacazes, região que concentra avenidas propícias para PDVs com vagas para carros. Ao mesmo tempo inauguramos a Drogasmil em calçadões da Baixada Fluminense”, avalia o diretor. Farmacêutico de formação, Silva iniciou a carreira em 2007 na Drogaria Rosário e até hoje encontra colegas de trabalho em suas visitas pelos PDVs da rede.

Zero de dívidas

A abertura de capital em 2020 foi importante para destravar o potencial de crescimento da empresa. Quatro anos após o IPO, a Rede d1000 é a única companhia aberta do segmento que não tem dívidas, o que permite implementar uma estratégia de crescimento forte, sem precisar recorrer a recursos de financiamento.

“Isso nos dá uma tranquilidade maior. O IPO nos ajudou a livrar de um endividamento que atrapalhava o crescimento. Nos últimos anos, a Profarma Distribuição também teve a oportunidade de recomprar ações das quais tinha se desfeito”, comenta Birmarcker.

E se passar a ser uma empresa listada na Bolsa em plena pandemia de Covid-19 foi um desafio para os negócios, o que dizer da chegada do vice-presidente 15 dias antes de o mundo literalmente parar? Com mais de 20 anos de casa, entre idas e vindas, Palito retornou à Rede d1000 exatamente em 1° de março de 2020, sem ter a mínima ideia de que as operações sofreriam uma mudança drástica nas duas semanas seguintes.

Com passagens pela Profarma Distribuição, Rhodia, MSD e A Nossa Drogaria, o executivo aproveitou essa experiência em todos os segmentos do mercado farmacêutico para, no auge do surto do novo coronavírus, implementar uma série de transformações – incluindo políticas estruturais de gestão de estoque e de preços. “Quando a pandemia acabou, o mercado já encontrou uma Rede d1000 completamente diferente”, relembra.

Eficiência operacional

A busca por uma melhor produtividade em loja também é um fator incessante de trabalho da Rede. No ano passado, a companhia foi eleita a rede de farmácias mais eficiente do Brasil, segundo o Ranking Ibevar-FIA, desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo & Mercado de Consumo (Ibevar), em parceria com a FIA Business School.

Ela obteve a nota máxima e manteve seu quociente acima de 0,6 no quesito produtividade por loja e funcionário. A lista de critérios incluiu faturamento geral, a proporção da receita por número de lojas e o índice de crescimento.

“Notamos que um dos maiores gargalos no PDV era o processo manual de recebimento de mercadoria e controle de inventário, cuja conferência levava até quatro horas para posterior liberação. Desenhamos um fluxo de amostragem pelo qual a mercadoria já é bipada no ato do recebimento e imediatamente o estoque já é atualizado no sistema. Isso reduziu o processo para no máximo 30 minutos”, destaca Silva.

Outro ponto de melhoria foi a unificação do processo de pagamento para produtos de PBM. “Elaboramos um sistema próprio que permite a venda dos medicamentos desses programas juntamente com outros itens unificando o pagamento em um só cartão”’, acrescenta.

Ações de trade e entrada de novas categorias

O segundo semestre de 2023 foi marcado por um foco maior em novas categorias, como conveniência e dermocosméticos, além da expansão do portfólio de HPC. “Cabelos é um segmento que exige renovação constante de sortimento, principalmente de linhas que começam a migrar do mundo digital para o físico. Temos que aproveitar essas transições”, explica o diretor comercial Daniel Cirino.

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Daniel Cirino, diretor comercial

“Além de complementar a experiência do shopper, agregando novas categorias, buscamos cada vez mais dados de mercado para assimilar demanda de cada região e assegurar uma oferta mais personalizada”, complementa.

Entre as diversas ações de trade marketing, a Rede d1000 ressalta a velocidade de comprovação da execução. “Toda vez que fechamos uma negociação com a indústria, nossa ferramenta fornece, aos cerca de 120 parceiros comerciais, indicadores que detalham e monitoram todo o trabalho de execução das ações contratadas no PDV”, resume Cirino.

E-commerce e marca própria

As operações de e-commerce da rede representam, atualmente, 7% dos negócios, seja pelo site, aplicativo e marketplaces do iFood e Rappi. Mesmo apresentando evolução constante, tanto o CEO como o VP enfatizam que a companhia prioriza o varejo físico, onde está a maior oportunidade de evolução dos negócios.

Responsável por 5% do faturamento e 10% do total de SKUs, a Rede d1000 conta com seis linhas de marcas exclusivas, o que corresponde 270 itens. A N°21 abrange as categorias de cuidados com a pele, protetores solares e maquiagem. A GOnutri é composta por suplementos alimentares. A Bem Básico agrega sabonetes e itens para curativos. A Polimix, por sua vez, reúne mel, balas de gengibre e autotestes de Covid. Em breve, esta última terá glicosímetros e aparelhos para aferição de pressão.

Já a Mise é uma marca de autocuidado de rotina, com protetor labial, sabonete em espuma e lenço íntimo feminino, enquanto a Mini Moon tem fraldas infantis e, futuramente, disponibilizará lenços umedecidos e artigos de perfumaria.

A ideia para este ano é lançar cerca de 120 novos produtos. “Temos marcas já aprovadas para entrar no mercado em categorias específicas em breve”, anuncia a diretora de marketing Ana Candida Fonseca.

Hub de saúde

A Rede d1000 opera 68 salas de serviços farmacêuticos por meio do programa Cuida, oferecendo aferição de glicemia e pressão arterial, testes rápidos e perfuração de lóbulo. Desse total 15 salas contam com aplicação de imunizantes.

“Esse é um caminho que, de fato, ressalta o papel da farmácia na atenção primária. Tivemos muito sucesso com aplicação da vacina contra o herpes zóster da GSK e, mais recentemente com a Qdenga, imunizante da Takeda contra a dengue”, acrescenta Ana.

“O que falta para alavancar ainda mais os serviços farmacêuticos é uma política efetiva de Estado. Não vemos o governo promovendo as farmácias como porta de entrada do sistema de saúde, a exemplo do Estados Unidos. O nosso papel é estarmos preparados para quando isso se tornar uma realidade. O mercado está caminhando para isso”, emenda Palito.

Agenda ESG

Com um dos turnovers mais baixos do segmento, em torno de 3,2%, a Rede d1000 destaca-se pelo potencial de crescimento de seus colaboradores, “Hoje a gente dá a possibilidade de alguém que entrou como atendente de loja em seu primeiro emprego se tornar um diretor da empresa”, avalia Silva.

Em 2023, a rede contabilizou 522 promoções em um universo de 3.200 colaboradores. Somente no primeiro trimestre deste ano, 23 funcionários foram alçados a gerentes. A companhia também acaba de receber o selo Woman On Board (WOB), concedido a empresas que mantêm pelo menos duas mulheres em seus conselhos de administração.

Já o pilar social concentra um dos trabalhos mais fortes da varejista. Parceira do Unicef desde 2019, a Rede d1000 já repassou cerca de R$ 10 milhões por meio de micro doação no checkout, beneficiando 25 milhões de adolescentes e crianças em vulnerabilidade social.

Outras ações de cunho social envolvem o apoio ao Grupo Anjos da Tia Stelinha, por meio da marca N°21, que ajuda as mulheres a terem independência financeira com a formação de profissionais trancistas, designers de sobrancelhas, maquiadoras e cabeleireiras.

“Também somos referência em parcerias com a indústria. Já trabalhamos com a P&G para campanhas de mitigação da pobreza menstrual. Com a Colgate, incentivamos o voluntariado corporativo para replicar a importância da escovação. E recentemente fomos abordados pela Nestlé, que está interessada em fechar um projeto conosco”, antecipa Ana.

Lojas sustentáveis

Do ponto de vista ambiental, todo o processo de logística entre os CDs da Profarma Distribuição e as lojas é feito em caixas plásticas retornáveis. Aproximadamente 60% da Rede trabalha com compensação de consumo energético por meio de usinas fotovoltaicas. Já a logística reversa de medicamentos vencidos ou em desuso é aplicada na Farmalife.

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Unidade da Farmalife, no BarraShopping, conta com coletor de medicamentos vencidos (Foto: Panorama Farmacêutico)

“Também passamos a trabalhar mais o conceito de consciência ambiental em nosso processo de expansão no sentido de reaproveitamento de material a fim de evitar a produção de resíduos”, acrescenta a diretora de marketing.

Ele transformou o Grupo Profarma em uma empresa de R$ 10 bilhões

Em 2024, Sammy Birmarcker contabiliza 37 anos de atuação no Grupo Profarma, companhia fundada em 1961 pelo seu pai, Manoel Birmarcker. Acostumado a passar as férias escolares brincando na distribuição, o atual CEO participou de todo o processo de evolução da empresa e foi o grande responsável pela criação da Rede d1000.

“Quando entrei, a distribuidora de medicamentos faturava R$ 25 milhões por ano, considerando o valor atual. Hoje, o Grupo soma mais de R$ 10 bilhões em receita”, avalia o executivo. O processo de sucessão ocorreu há 25 anos e, segundo ele, foi um dos mais tranquilos do segmento.

“Sempre mantive uma relação saudável com meu pai e nunca tive que brigar por espaços dentro da companhia. À medida que fui amadurecendo ele foi me passando mais responsabilidades que, em certo momento, culminou com ele desejando fazer uma transição e eu querendo assumir o comando, fato que não era muito comum de ocorrer na época. Me lembro de algumas empresas sucumbirem por conta de processos sucessórios complicados”, relembra Birmarcker.

“Nunca passou pela minha cabeça abrir mão de ser CEO do Grupo Profarma. Gosto de estar na operação e acredito ainda ter muito a contribuir, vários deveres de casa para cumprir e algumas metas pessoais para entregar nos próximos anos”
Sammy Birmarcker

Ao contrário de algumas movimentações atuais no mercado, Birmarcker não tem planos de deixar o cargo tão cedo. “Nunca passou pela minha cabeça abrir mão de ser CEO do Grupo Profarma. Gosto de estar na operação e acredito ainda ter muito a contribuir, vários deveres de casa para cumprir e algumas metas pessoais para entregar nos próximos anos”, finaliza.

Rede d1000

Fundação: 2013
Número de lojas: 244
Bandeiras: Drogasmil (80), Farmalife (8), Rosário (69) e Tamoio (87)
Funcionários por loja: 16
Faturamento: R$ 1,8 bilhão de receita bruta em 2023
Capilaridade: Distrito Federal, Mato Grosso e Rio de Janeiro
Colaboradores: 4 mil

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