A Drogaria São Bento protagoniza mais um capítulo da crise que teve início em 2015, quando a rede solicitou a recuperação judicial. Três fazendas da família Buainain, proprietária do grupo, foram a leilão por uma exigência do Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região, situado no Mato Grosso do Sul.
Os imóveis estariam avaliados em R$ 23,6 milhões e a transferência ajudaria a quitar as dívidas, estimadas em R$ 88 milhões até o ano passado. Segundo o plano de recuperação judicial, as maiores fontes de endividamento estão concentradas em bancos e credores com bens em garantia (R$ 36,9 milhões) e créditos trabalhistas (R$ 11,8 milhões).
Mas enquanto isso, ex-funcionários questionam a demora no pagamento dos encargos. Em entrevista ao jornal local Midiamax, um colaborador, sem querer se identificar, revela que a espera já ultrapassa quatro anos, mesmo com uma liminar em favor dos trabalhadores.
Em 2019, cinco funcionários moveram ação contra a São Bento e a juíza Fabiane Ferreira, do Tribunal Regional do Trabalho, mediou audiência de conciliação. O veredicto foi o pagamento de R$ 129,4 mil em direitos trabalhistas, divididos em valores distintos entre os trabalhadores de acordo com suas respectivas remunerações.
Mas de acordo com os advogados envolvidos na defesa da empresa, a decisão acima não foi cumprida justamente porque a rede entrou em recuperação judicial e deve obedecer ao plano de pagamento homologado pelo Tribunal de Justiça. Os responsáveis pela defesa dos funcionários afirmam que a São Bento não tem dinheiro para bancar as dívidas.
Já o advogado Carlos Alberto Almeida Oliveira Filho, um dos profissionais que está à frente do processo de recuperação judicial, conta que cerca de metade dos valores relacionados no plano já foi quitada. Segundo ele, o leilão dos bens precisa ser concretizado para que os credores – em torno de 1.360 – tenham acesso ao restante dos débitos.
Drogaria São Bento já esteve entre as 20 do Brasil
A Drogaria São Bento chegou a figurar entre os 20 maiores players do grande varejo farmacêutico nacional. De acordo com o ranking anual divulgado pela Abrafarma, à qual a empresa era associada até 2018, o melhor ano foi o de 2008 – 18ª posição em faturamento e 11ª em número de lojas. Fundada em 1943 pelo empresário Adib Assef Buainain, a rede chegou a ter mais de 90 filiais no Centro-Oeste.
Mas com o início da década de 2010 e o fortalecimento das grandes redes na região, turbulências no fluxo de caixa comprometeram a relação com distribuidoras e fornecedoras, além da operação das lojas. Das três unidades que restaram, sobrou uma na Rua Ceará e as outras duas foram entregues aos credores no ano passado, adicionando mais PDVs à estatística de fechamento de farmácias nos últimos dois anos.
