SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira (29), mas ficou bem longe da mínima intradiária conforme a alta de 1,7% das ações da Vale (VALE3) limitou as perdas do benchmark. O desempenho hoje foi só um pouco mais fraco que o das bolsas internacionais.
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Lá fora, os investidores refletiram de um lado as preocupações com o aumento de casos de coronavírus, particularmente da variante delta, indiana, em diversos países da Ásia, de outro, as sinalizações de que em breve o Congresso americano deva aprovar o plano de infraestrutura do presidente Joe Biden.
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Por aqui, a sinalização na véspera feita pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de que a Casa poderá reduzir para 15% a taxação de lucros e dividendos na proposta na reforma tributária aliviou o mercado na reta final do pregão. Contudo, os desdobramentos da reforma tributária devem seguir no radar.
Diante disso, o setor de bancos segue mais sensível. As ações como Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC3; BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3) e Santander Brasil (SANB11) recuaram entre 0,5% e 1,5%, pressionando a Bolsa como um todo.
Ainda em destaque, pela manhã a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) se reuniu e definiu um reajuste na bandeira vermelha patamar 2. A alta será de 52%, elevando a taxa de R$ 6,243 por 100 kWh para R$ 9,49 por 100 kWh.
O governo federal publicou na segunda uma Medida Provisória (MP) que institui a Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (CREG), visando estabelecer medidas emergenciais para a gestão do setor.
O Ibovespa teve leve variação negativa de 0,08%, a 127.327 pontos com volume financeiro negociado de R$ 27,057 bilhões. Na mínima, o índice chegou a bater 126.184 pontos, recuando 0,98%.
Enquanto isso, o dólar comercial fechou em alta de 0,28% a R$ 4,941 na compra e a R$ 4,942 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em julho avança 0,35% a R$ 4,942 no after-market.
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 caiu quatro pontos-base a 5,60%, o DI para janeiro de 2023 teve queda de sete pontos-base a 6,95%, o DI para janeiro de 2025 recuou sete pontos-base a 7,95% e o DI para janeiro de 2027 registrou variação negativa de oito pontos-base a 8,40%.
Entre os indicadores, o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), desacelerou a alta a 0,60% em junho, contra avanço de 4,10% no mês anterior. O IGP-M é utilizado como referência para a correção de valores de contratos, como os de aluguel de imóveis.
Já a Confiança do Comércio da FGV subiu 2,0 pontos para 95,9 em junho. O Índice da Situação Atual avançou 9,3 pontos, para 104,2, enquanto o Índice de Expectativas recuou 5,6 pontos, para 87,6. A Confiança nos Serviços avançou 5,7 pontos para 93,8, o maior nível desde fevereiro de 2020. A situação atual avançou 4,7 pontos para 88,7 e as Expectativas atingiram 99,1 pontos.
Nesta segunda, agentes do Banco Central Europeu (BCE) começaram a discutir sobre como e quando reduzir o enorme programa de compra de títulos lançado em 2020 para apoiar a economia da Zona do Euro durante a pandemia do coronavírus.
Segundo Jens Weidmann, economista do BCE, a redução das compras de títulos deve ser feita em etapas quando todas as restrições à mobilidade realizadas para combater a pandemia forem suspensas. ‘Devido à incerteza ainda existente, não podemos determinar a saída do modo de crise da política monetária com muita antecedência’, defendeu.
Durante a manhã, foi divulgado ainda o índice de confiança de empresas e consumidores relativo a junho na Zona do Euro, que pontuou 117,9 pontos, frente à projeção de 116,5 pontos, e ao patamar anterior, de 114,5 pontos.
Na China, o contrato futuro do minério de ferro negociado na Bolsa de Dalian registrava queda de mais de 2%. O recuo, de acordo com a Reuters, ocorre em meio à desaceleração da demanda de aço no país devido ao clima desfavorável e ameaças de intervenção pelas autoridades do gigante asiático. O petróleo registra leve baixa, com picos de Covid-19 gerando mais incertezas sobre as perspectivas pela demanda de combustível.
Covid no Brasil
Na segunda (28), a média móvel de mortes por Covid em 7 dias no Brasil ficou em 1.626, queda de 18% em comparação com o patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia, foram registradas 658 mortes. As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h, o avanço da pandemia em 24 h.
A média móvel de novos casos em sete dias foi de 68.231, queda de 5% em relação ao patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia foram registrados 30.307 casos.
Chegou a 71.369.215 o número de pessoas que receberam a primeira dose da vacina contra a Covid no Brasil, o equivalente a 33,7% da população. A segunda dose ou a vacina de dose única foi aplicada em 25.592.271 pessoas, ou 12,09% da população.
Na segunda, os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Covid no Senado, Fabiano Contarato (Rede-ES) e Jorge Kajuru (Podemos-GO) ingressaram junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) com um pedido de investigação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Eles afirmam que haveria ‘grandes chances’ de o presidente ter cometido o crime de prevaricação ao não ter atuado sobre as suspeitas de irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin. O trio relata no pedido que Bolsonaro foi informado pelo deputado Luís Miranda (DEM-DF) e pelo irmão Luís Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, no dia 20 de março de que havia indícios de irregularidades na aquisição de 20 milhões de doses da Covaxin ao custo de R$ 1,6 bilhão. Os irmãos afirmaram isso em depoimento à CPI na sexta-feira passada.
O valor pago pelo imunizante, produzido pela indiana Bharat Biotech, e comercializado com intermédio da brasileira Precisa Medicamentos, é 1.000% superior àquele informado seis meses antes pela Bharat. O acordo de compra foi fechado sem que a vacina tivesse aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ou tivesse passado por testes de fase 3, e é o mais alto por unidade de imunizante, de US$ 15.
Entretanto, segundo os autores do pedido, o presidente não atuou para averiguar as suspeitas de irregularidades relatadas. Bolsonaro teria dito, segundo o deputado relatou à comissão de inquérito, que iria pedir uma investigação ao chefe da Polícia Federal. Contudo, isso não teria ocorrido, conforme os autores do pedido ao STF.
‘O presidente não pode guardar para si informação tão relevante a ponto de apurar indícios de corrupção que remontam a cifra bilionária no bojo de uma pandemia com consequências sanitárias e socioeconômicas tão graves. Tinha ele o dever inafastável de oferecer os indícios de que dispunha à autoridade competente, para as apurações mais detalhadas’, disseram os senadores.
Para os parlamentares, Bolsonaro, ‘efetiva e deliberadamente, optou por não investigar o suposto esquema de corrupção levado a seu conhecimento pelo deputado federal Luis Miranda e por seu irmão’. Destacaram ainda que a motivação de ele ter agido dessa forma não importa para a tipificação penal.
Em falas anteriores, Bolsonaro negou ter cometido qualquer tipo de irregularidade. ‘Não tenho como saber o que acontece nos ministérios, vou na confiança em cima de ministro e nada fizemos de errado’, disse Bolsonaro a apoiadores na manhã de segunda.
O presidente afirmou que ‘vem tudo quanto é tipo de gente aqui’, e avaliou que não poderia vetar a presença de autoridades em razão de suspeitas que os envolveriam. ‘Ele [em aparente menção ao deputado Luís Miranda] que apresentou, eu nem sabia como é que estavam as tratativas da Covaxin porque são 22 ministérios’, disse.
Ao STF, o vice-presidente da CPI e os senadores pedem que a Procuradoria-Geral da República, responsável por investigar o presidente, acolha o pedido e denuncie Bolsonaro por prevaricação e outros crimes que porventura ele possa ter praticado. O pedido foi distribuído para a ministra Rosa Weber relatar.
Em decisão na segunda, a ministra manteve o pedido de quebra de sigilo de um advogado da Precisa Medicamentos. Weber avaliou que há ‘grave suspeita’ de favorecimento e obtenção de vantagens indevidas nas negociações para a compra da Covaxin.
‘A questão adquire contornos ainda mais inquietantes, porquanto em pauta negociações pouco transparentes quanto a vacina ainda não respaldada por estudos científicos consistentes, em detrimento de imunizante de eficácia já comprovada e com custo substancialmente inferior’, afirmou a ministra.
Segundo reportagem do jornal O Globo, o gabinete do presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, queixou-se por meio de ofício enviado ao então secretário-executivo do Ministério da Saúde, coronel Elcio Franco, de que a agência vinha sendo procurada pela Precisa, e pediu que se evitasse ‘tumulto’ no processo de avaliação do imunizante.
A a CPI pretende convocar o embaixador do Brasil na Índia, André Aranha Corrêa do Lago, para que fale sobre as tratativas entre o governo brasileiro, a Precisa Medicamentos e a Bharat Biotech para a compra da Covaxin.
De acordo com reportagem de capa do jornal Folha de S. Paulo desta segunda-feira, a CPI pretende investigar também supostas irregularidades na compra de testes de detecção do coronavírus, e convocar depoentes para detalhar a atuação do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), em um suposto esquema de corrupção.
De acordo com o deputado Luis Miranda, Barros teria atuado nas negociações suspeitas para a compra da Covaxin. Ainda segundo a Folha, Luis Ricardo, chefe do departamento de importação da pasta da Saúde, deve ser novamente chamado para depor na CPI sobre supostas irregularidades.
O vice-presidente da CPI da Covid do Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), apresentou na segunda um pedido para prorrogar por mais 90 dias os trabalhos da comissão de inquérito. Para que isso ocorra, é preciso o apoio de ao menos 27 senadores, que estenderiam a CPI até novembro. O prazo atual para o término é em agosto.
Crise hídrica
Na segunda, o ministro de Minas e Energia, almirante de esquadra Bento Albuquerque, fez um pronunciamento na na TV em que admitiu que o Brasil passa por uma crise hídrica, com a maior seca dos últimos anos. Por isso, pediu uso ‘consciente e responsável’ da água e da energia, já que o volume menor de água reduz o nível dos reservatórios e a geração de energia pelas usinas hidrelétricas.
Às 9h, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) se reúne para definir o valor do reajuste das bandeiras tarifárias. A partir de julho será aplicada a bandeira tarifária na bandeira vermelha patamar 2, a mais cara. O mecanismo repassa aos consumidores o aumento do custo da geração de energia por conta do uso mais intenso de usinas térmicas, acionadas quando há baixa na produção das hidrelétricas.
Segundo reportagem de capa do jornal O Estado de S. Paulo, a Aneel calcula que a taxa referente à bandeira nível 2 deve subir dos atuais R$ 6,24 para R$ 12 a cada 100 quilowatts-hora consumidos para fazer frente aos custos elevados de operação das termelétricas.
O governo federal publicou na segunda uma Medida Provisória (MP) que institui a Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (CREG), visando estabelecer medidas emergenciais para a gestão do setor.
De acordo com o documento, o órgão definirá diretrizes obrigatórias para, ‘em caráter excepcional e temporário’, estabelecer limites de uso, armazenamento e vazão das usinas hidrelétricas.
‘As diretrizes? poderão resultar em redução de vazões de usinas hidrelétricas, desde que sejam iguais ou superiores às vazões que ocorreriam em condições naturais’, indicou o texto da MP. A comissão será composta pelos ministros de Minas e Energia, Economia, Infraestrutura, Agricultura, Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional.
Segundo reportagem do jornal Valor Econômico, apenas na segunda ficou claro para o setor que o texto final excluiria a menção à possibilidade de ‘racionalização compulsória do consumo’, prevista na versão inicial. O jornal destaca, no entanto, que a lei 10.848 de 2004, herança da última crise energética do Brasil, permite ao governo impor redução compulsória no consumo, e permite que concessionárias usem cláusulas contratuais para atenuar perdas financeiras ou obrigações neste caso.
A publicação da MP, segundo nota divulgada à parte pelo Ministério de Minas e Energia (MME), visa preservar a segurança e a continuidade do fornecimento de energia elétrica especialmente no segundo semestre deste ano.
O governo acrescentou que a medida possibilita ainda a contratação de reserva de capacidade por meio de processos competitivos comandados pelo MME.
Além disso, em participação virtual no seminário sobre Open Banking da Folha de S.Paulo, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou na segunda acreditar que o sistema financeiro continuará em processo de desconcentração de serviços sem que isso prejudique grandes bancos, que veriam, porém, redução de sua fatia total detida na indústria.
Dessa forma, Campos Neto prevê também seguimento de um movimento de queda nos spreads dos serviços, enquanto paralelamente há aumento de competição. O presidente do BC afirmou ainda que o calendário de implantação do Open Banking será cumprido, apesar de dificuldades tecnológicas de adequação por parte de grandes bancos. Mas, ao mesmo tempo, ponderou que os benefícios do projeto são de longo prazo.
No radar político, atenção ainda para o noticiário sobre o orçamento secreto. De acordo com apuração do Estadão, a prática foi utilizada em ao menos outros três ministérios do governo de Jair Bolsonaro, além do Desenvolvimento Regional. Planilhas, ofícios e até mensagens por WhatsApp obtidos pelo jornal revelam acertos para o repasse de R$ 261 milhões das emendas de relator-geral, de sigla ‘RP 9’, pelas pastas da Defesa, da Agricultura e da Justiça. A movimentação de recursos para garantir apoio político teve foco maior no Desenvolvimento Regional, mas também alcançou o Programa Calha Norte, tocado pelos militares nos extremos da Amazônia.
Os documentos foram enviados pelo governo como resposta a questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU). A Corte julgará nesta quarta-feira, 30, as contas do governo no exercício de 2020. A área técnica do tribunal considerou que o uso feito pelo governo das emendas de relator-geral do orçamento é incompatível com a Constituição. O artifício foi criado no fim do ano passado pelo presidente Jair Bolsonaro para obter apoio do Congresso, destaca o jornal.
Radar corporativo
A Suzano atraiu forte demanda nesta segunda-feira para a sua segunda emissão de bônus vinculados a metas de sustentabilidade, com um registro de interesse três vezes acima da oferta. A emissão de US$ 1 bilhão envolveu títulos de 10 anos a um spread de Treasuries mais 180 pontos básicos. A demanda chegou a US$ 3,2 bilhões de dólares, afirmaram fontes à Reuters.
O Conselho da Hypera aprovou R$ 194,8 milhões em juros sobre capital próprio. Já o Conselho da CCR aprovou a emissão de R$ 1,6 bilhão em debêntures de concessionária. A Ambipar, por sua vez, comprou 50% remanescente da Suatrans Chile.
Maiores altas
Ativo Variação % Valor (R$)
BRKM5 4.7957 59
CSNA3 4.0298 44.66
BIDI11 3.85049 73.63
BRAP4 2.6131 74.61
LWSA3 2.4003 27.73
Maiores baixas
Ativo Variação % Valor (R$)
IGTA3 -3.64036 39.44
BRFS3 -3.2659 27.25
UGPA3 -3.2309 18.57
SBSP3 -3.0016 36.84
MULT3 -2.86678 23.04
Durante teleconferência com analistas de mercado na segunda-feira, o diretor financeiro da Equatorial Energia, Leonardo Lucas, afirmou que a empresa assumirá uma dívida de R$ 800 milhões da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), ao adquirir a companhia em um leilão de privatização realizado na última sexta-feira, disse nesta segunda-feira. Antes da aquisição, a CEA tinha uma dívida de R$ 3,115 bilhões, sendo R$ 2,092 bilhões com fornecedores. No entanto, após uma renegociação, a parcela devida a fornecedores foi reduzida em R$ 1,5 bilhão. Um outro montante de 772 milhões de reais, referentes a RGR (encargo do setor elétrico), foi reduzido integralmente, segundo o executivo.
O Banco do Brasil assinou na segunda-feira um acordo com o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), como é chamado o banco dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), para captar recursos no exterior visando liberar montantes para investimentos na agricultura brasileira. ‘Vamos assinar uma parceria com o NDB? para recursos de longo prazo que podem chegar a até R$ 1,5 bilhão, para a construção de silos e armazéns, irrigação e energia renovável’, disse o presidente do BB, Fausto Ribeiro, durante cerimônia sobre a atuação do banco no Plano Safra.
Já segundo informações do jornal Valor Econômico, o prazo para recebimento das propostas iniciais de compra da Braskem, que se encerraria na próxima quarta-feira, foi estendido até o dia 9 de julho a pedido de potenciais compradores da petroquímica controlada pela Novonor (antiga Odebrecht). O novo prazo foi comunicado na segunda-feira (28) pelo Morgan Stanley aos participantes do processo. Pelo menos dois interessados pediram mais tempo para elaborar uma oferta não vinculativa, afirmou o jornal.
Fonte: InfoMoney