Dez maiores farmacêuticas detêm 48,6% das vendas

MAIORES FARMACÊUTICASFarmácias, indústrias farmacêuticas, varejo farmacêutico
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Márcia Arbache, especial para o Panorama Farmacêutico

As dez maiores farmacêuticas do Brasil cresceram dois pontos percentuais acima da média do setor em 2024, ampliando a concentração de mercado. Juntas, essas empresas movimentaram R$ 111,7 bilhões com vendas para farmácias, o que equivaleu a um avanço de 13,6% sobre 2023. O volume de negócios dos mais de 440 laboratórios em atuação no país teve alta de 11,6%.

De acordo com os dados da Close-Up International, as representantes do top 10 somam 48,6% do montante total de R$ 229 bilhões. Em 2023, perfaziam 47,7% do faturamento geral. A liderança segue nas mãos do Grupo NC, controlador da EMS e que totalizou receita de R$ 26,4 bi. Porém, a companhia teve incremento abaixo de dois dígitos – 9,6%.

A então vice-líder Hypera também teve evolução mais tímida, com alta de 7,3%, e viu a Eurofarma pular para a segunda posição. Esta, por sua vez, foi uma das que apresentou a maior alta em 2024. A receita aumentou 22,4%, abaixo apenas do desempenho do Grupo Cimed e da Novo Nordisk, ambas com percentual de 23,2%.

As dez maiores indústrias farmacêuticas do Brasil
(faturamento em bilhões de R$ no ano passado)

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Fonte: Close-Up International

Maiores farmacêuticas do Brasil de olho em expansão de portfólio

A concentração de mercado das maiores farmacêuticas do país é um processo histórico na visão do diretor-geral da Close-Up International no Brasil, Christian Becker. “Mas nos últimos anos, o varejo farmacêutico está mirando a expansão de portfólio para turbinar as vendas. As empresas que ocupam a dianteira identificaram que podem proporcionar essa demanda”’, frisa.

A ampliação do sortimento favorece ambos os lados. A indústria ganha competitividade e aumenta seu share, oferecendo também melhores condições de negociação para o varejo. Para as farmácias, a elevação do tíquete médio do consumidor contribui para resultados mais consistentes. ’’A tendência entre laboratórios é aumentar a briga por carteiras de clientes’’, avalia.

Fusões e aquisições na indústria podem alterar cenário

Outro movimento que pode levar a mudanças nesse cenário são as fusões e aquisições que vêm ocorrendo no setor. A mais recente movimentação envolveu a Eurofarma, que comprou 60% de participação na Dermage. Segundo Becker, embora o custo de financiamento no país esteja elevado, operações desse tipo serão cada vez mais frequentes. ‘’É complementação de portfólio com empresas crescendo em determinados nichos’’, frisa.

A busca por diversificação de itens nas gôndolas é verificada em todos os grandes players da indústria. “O lançamento de um medicamento exclusivo, como fez a Novo Nordisk com o Ozempic, acaba criando uma reserva de mercado, seja pela questão da patente, seja pela complexidade de produção do fármaco’’, pontua.

Farmácia Popular impulsiona fabricantes de medicamentos

As medidas governamentais em relação ao Programa Farmácia Popular, que ampliou as categorias de medicamentos de distribuição gratuita nos PDVs, foi outro fator que deu impulso a alguns laboratórios. “Em situação parecida estão os fabricantes de genéricos, mais baratos, mas que ainda entregam uma boa margem ao varejo’ e para os quais parte da população vem dando preferência”, acrescenta.

O advento de nichos como nutracêuticos, fitoterápicos, suplementos e vitaminas contribui para dar mais vigor à corrida pela atenção do shopper. Adicionalmente, indústrias de itens de consumo, cujos produtos eram mais direcionados a supermercados, já respondem por 32% das vendas totais em farmácias. Entre elas, Coca-Cola, Unilever e Procter & Gambler.

Decisões de investimentos seguem dinâmica do varejo farma

O consultor independente Cesar Bentim destaca que oito dos dez laboratórios da listagem são nacionais. “Além disso, as farmacêuticas que avançam a dois dígitos estão fazendo um bom trabalho de conjugação da inteligência competitiva e gestão acurada do portfólio, com aposta em medicamentos e produtos inovadores’’, ressalta.

Sobre a troca de posições no ranking, Bentim evita fazer análises generalizadas. “A Cimed, por exemplo, tomou a quinta colocação do Aché, mas as companhias não disputam o mesmo nicho. Na primeira, o forte são os não medicamentos, como a linha Carmed, de hidratantes e protetores labiais. Já no Aché, 80% dos itens são de prescrição médica”, observa.

Para o especialista, no entanto, a tendência futura é que alguns players do grupo de elite desacelerem, enquanto outras empresas de fora do top 10 ganhem espaço. Ele atenta especialmente para os avanços da Sandoz e da Geolab, respectivamente de 20,7% e 17,7%.

Portal estreia seção com especialistas do varejo farmacêutico

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O Panorama Farmacêutico estreia neste mês de abril uma seção dedicada aos Especialistas do varejo farmacêutico. Com esse novo projeto, o portal avança mais um passo no propósito de conectar os principais atores do mercado e fomentar o desenvolvimento setorial.

A coluna contará com nomes de referência no mercado, selecionados por um rigoroso processo de curadoria do portal. O espaço representa uma oportunidade para gestores de farmácias independentes e de redes regionais terem acesso a um atendimento personalizado. A interação ocorrerá por meio de sessões online previamente agendadas e terá caráter estritamente de orientação.

Os consultores ainda assinarão artigos e participarão de entrevistas em formato de podcasts e videocasts, bem como tirar dúvidas dos empresários em webinars exclusivos conduzidos pela equipe de redação. “Será uma autêntica clínica para sanar as principais dores que cercam o dia a dia do varejo farmacêutico, incentivando a transmissão de conhecimentos e elevando os negócios do setor a um outro patamar”, enfatiza Paulo Piratininga, publisher do portal.

Especialistas do varejo farmacêutico terão exclusividade em suas áreas

Cada um dos especialistas do varejo farmacêutico terá exclusividade em suas respectivas áreas de atuação. “São temáticas muito associadas à transformação radical por que vêm passando as farmácias nos últimos anos, que envolvem novas tecnologias e estratégias para reter consumidores cada vez mais exigentes”, reforça Piratininga.

Head comercial e de soluções da Interplayers, que agrega a plataforma Clinicarx, onde atua como head de serviços de saúde e novos negócios. Acumula 16 anos de experiência no canal farma, com passagens pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) e pelos conselhos regionais da categoria em São Paulo e no Rio Grande do Sul

Engenheiro, especialista em varejo, tecnologia e indústria 4.0, vive entre a Europa e o Brasil em busca de novas tecnologias que possibilitam maior agilidade e produtividade aos gestores do varejo. Trabalha com automação para farmácias desde 2022

Monica é vice-presidente da Retail Farma Brasil, plataforma de educação e desenvolvimento profissional focada em lideranças e executivos do varejo. A empresa conta com cursos e treinamentos para todos os eixos do canal farma

Fundador do Grupo Hiper Saúde, primeira farmatech do Brasil dedicada a transformar o varejo farmacêutico por meio da inovação e da tecnologia. Há mais de 14 anos, identificou uma oportunidade no setor e deu início à sua jornada empreendedora com a fundação da RM Farma, conectando os principais players da indústria, distribuição e varejo

O CEO da Proffer auxilia empresas na implementação de inteligência artificial nos processos de precificação de seus produtos, apostando em tecnologia e gestão de dados

Especialista em TI e gestão empresarial, constituiu há dez anos a Procfit, que atua na adoção de sistemas de gestão e automação comercial para distribuidoras e redes de farmácias

Projeto exige que laboratórios públicos priorizem compostos nacionais

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laboratórios públicos
Texto ainda lista critérios de desempate para eventuais disputas brasileiras – Foto: Reprodução – Saulo Cruz/ Agência Estado

O Projeto de Lei 5.328/2023 faz com que os laboratórios públicos tratem a nacionalidade brasileira de uma farmacêutica como critério de desempate no momento da compra de compostos.

O texto de autoria da Câmara dos Deputados seguiu para a Comissão de Assuntos Sociais (CAS), onde foi aprovado e recebeu um parecer favorável da senadora Zenaide Maia (PSD-RN). Seus próximos passos envolvem análises na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), e na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Farmacêuticas beneficiadas deverão comprovar a fabricação no país por meio de registro no laudo de inspeção realizada pelo órgão sanitário competente, apresentar certificado de boas práticas de fabricação fornecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ou por outro órgão competente, além de demonstrar que o fármaco tem a qualidade exigida.

Laboratórios públicos deverão seguir uma lista de critérios de desempate

Caso mais de uma farmacêutica brasileira chegue ao final da competição em termos semelhantes, terá prioridade aquela que realizar no Brasil o maior percentual de integração do processo produtivo. Os critérios de desempate são baseados no uso de mão de obra e na adição de valor agregado em território nacional.

“A medida é especialmente relevante em um contexto de crescente preocupação com a autossuficiência em insumos estratégicos para a saúde, notadamente para o fornecimento para o Sistema Único de Saúde, que serve à maioria da população e é abastecido também pelos laboratórios farmacêuticos públicos”, argumenta Zenaide.

Epilê lança Body Splashes

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Epilê, serotonina ou melatonina
Foto: Divulgação

Acompanhando a crescente busca por produtos voltados ao bem-estar e saúde mental, a Epilê apresenta os Body Splashes Serotonina e Melatonina. Os lançamentos foram desenvolvidos com fragrâncias enriquecidas por óleos essenciais, que proporcionam experiências sensoriais revigorantes e relaxantes.

Embora não contenham serotonina ou melatonina em suas composições, as fórmulas foram criadas para estimular sensações similares. O Body Splash Serotonina combina óleos essenciais de mandarina, limão siciliano e cedro, ingredientes conhecidos por promover energia e bom humor. É ideal para uso diurno, especialmente após o banho.

Já o Body Splash Melatonina reúne óleos essenciais de lavanda, camomila e patchouli, que contam com propriedades calmantes. Indicado para uso noturno, pode ser aplicado no corpo, roupas ou mesmo na cama, tornando-se um aliado perfeito para um ritual relaxante antes de dormir

Sistema de distribuição: sistema próprio de distribuição
Gerente de produtos: Tatiana Tamara – (11) 3050-3830, ramal 120/121

Anvisa anuncia proibição de suplementos com ora-pro-nóbis

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suplementos com ora-pro-nóbis
Decisão suspende todas as etapas de comercialização – Foto: Canva

Em uma resolução publicada no Diário Oficial da União (DOU) na última quinta-feira, dia 3, a Anvisa determinou a proibição de suplementos com ora-pro-nóbis. De acordo com a agência, todos os produtos à base da planta no mercado alimentar ferem suas normas. As informações são do portal Metrópoles.

O texto da autarquia ordena que qualquer processo de produção, comercialização, distribuição, veiculação de propagandas e uso seja interrompido imediatamente, seguido de um recolhimento. A justificativa da Anvisa é que a planta não está na lista de ingredientes autorizados para uso em suplementos alimentares.

Proibição de suplementos com ora-pro-nóbis: confira determinações

  • Proibição da venda de alimentos que não estejam em acordo com as normas de composição, rotulagem e segurança.
  • Exigência de que todos os suplementos vendidos em canais online tenham informações claras e sigam as regras previstas para o comércio eletrônico.
  • Proibição da venda de alimentos sem aprovação da Anvisa ou em desconformidade com as regras de fiscalização sanitária.
  • Alimentos específicos com uso permitido em suplementos alimentares; como a ora-pro-nóbis não está na lista, o uso não é autorizado.
  • E que todos os ingredientes usados em alimentos precisam ser aprovados pela fiscalização da Anvisa.

Vendas da Pague Menos crescem 15% com automatização

Vendas da Pague Menos
Estratégia reduziu em 80% a necessidade de suporte humano / Foto: Divulgação

As vendas da Pague Menos pelo WhatsApp, com pagamento via PIX, tiveram um crescimento de 15%. O expressivo avanço é resultado da integração da plataforma Suri Shop ao WhatsApp Pay.

O trabalho conjunto, desenvolvido entre 2024 e 2025, também levou à automatização desse canal de atendimento ao cliente. A rede de farmácias identificou uma redução de 80% na demanda por suporte humano para dúvidas relacionadas à transação. O processo de automação já ocorre integralmente em 75% das vendas.

“A partir dessa integração, percebemos que uma simples melhoria, como a opção de copiar e colar o código do pagamento, já fez diminuir o volume de abandonos de carrinho”, explica o vice-presidente de clientes, Renato Camargo.

Vendas da Pague Menos pelo WhatsApp ganharam praticidade 

Anteriormente, o processo de compras via WhatsApp na Pague Menos era realizado em três etapas – pedido (via texto, áudio ou imagem), escolha do modo de entrega (domicílio ou retirada) e pagamento (via PIX ou cartão de crédito). Nessa última fase, era preciso copiar e colar manualmente o código de pagamento, que era disponibilizado como mensagem de texto.

Com a nova atualização, ao optar pelo pagamento via PIX pelo WhatsApp Pay, o cliente recebe instantaneamente uma mensagem com os detalhes completos do pedido e um botão “Copiar Código Pix”. “Nosso foco é sempre integrar inovações e soluções à jornada de compra do cliente, que possam facilitar sua decisão e trazer uma melhor experiência de compra”, comenta o executivo.

Faixa etária de 35 a 44 anos é a que mais compra pelo canal 

Segundo a Pague Menos, o público que mais utiliza o WhatsApp para compras é o de 35 a 44 anos, que representa 26% das vendas da rede de farmácias. Em seguida estão os consumidores entre 25 e 34 anos, que respondem por 19% do total.

Rede quer crescer não só no digital 

Além do avanço nas vendas digitais, a Pague Menos também deseja ampliar sua capilaridade em 2025. Para o ano, a rede de farmácias prevê a abertura de 50 novas lojas.

A ideia é focar em cidades que ainda não são atendidas por outras grandes redes, mas apresentam uma crescente demanda por serviços de saúde. Em paralelo, a varejista planeja investir em soluções tecnológicas de inteligência artificial, machine learning e gestão de estoque.

Brasil retoma produção de insumos farmacêuticos

insumos farmacêuticos
Nível de produção brasileira caiu 45% nos últimos 30 anos – Foto: Canva

Os níveis de produção de insumos farmacêuticos ativos (IFAs) estão em constante declínio no país. Durante os últimos 30 anos, a taxa de utilização de produtos brasileiros caiu de 50% para 5%. As informações são da revista Exame.

O país, no entanto, está tentando reverter esse quadro, retomando investimentos e estimulando parcerias. Instituições como a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), a Embrappi (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) e o BNDES têm relatado um aumento no número de solicitações e aprovações de recursos para a produção de IFAs.

A Finep, por exemplo, recebeu 113 pedidos de financiamento para projetos de incentivo à produção desses insumos. Desse total, 20 projetos, que somam R$ 218 milhões, já foram aprovados. No BNDES, nos últimos dois anos, os investimentos destinados a projetos na área da saúde saltaram de R$ 1,77 bilhão para R$ 4,23 bilhões.

Pandemia realçou gargalo na produção de insumos farmacêuticos

A carência de insumos farmacêuticos nacionais voltou a pautar discussões no setor durante a pandemia da Covid-19, que destacou a vulnerabilidade do país. Somente cerca de 100 IFAs são fabricados no Brasil de um total de 2 mil medicamentos com registro em território nacional. “É o IFA que vai promover a cura de uma doença. E nós somos dependentes do Exterior, já que 95% desses insumos são importados”, adverte Norberto Honorato Prestes Junior, presidente da Abiquifi.

Demanda por IFAs cresceu em diferentes mercados

O investimento de companhias e instituições na produção cresceu nos últimos anos. Igor Bueno, gerente do departamento de saúde da Finep, revelou que, apenas em 2023, a instituição lançou editais que somaram R$ 700 milhões destinados à pesquisa em saúde, ciência, tecnologia e inovação, com destaque para os IFAs, por meio de chamadas públicas.

Na esfera privada, a demanda por investimentos também foi significativa – R$ 500 milhões em projetos foram apresentados, mas, por causa da limitação orçamentária, apenas R$ 50 milhões foram disponibilizados, resultando na aprovação de cinco projetos que envolvem as farmacêuticas Blanver, Wecare, Aptah e Nintx.

Ainda em fevereiro, a Anvisa autorizou a Bionovis a produzir, no Brasil, 100% do IFA para a fabricação do medicamento Infliximabe. O fármaco é utilizado para tratar pacientes com doença de Crohn e outras enfermidades. A farmacêutica anunciou um investimento de R$ 800 milhões para fornecer, em média, 260 mil frascos por ano do medicamento.

Anvisa estuda liberar cannabis em farmácias de manipulação

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cannabis em farmácias de manipulação
Por 60 dias, autarquia receberá sugestões por meio de consulta pública / Foto: Freepik

A liberação da cannabis em farmácias de manipulação é um dos mais novos planos da Anvisa para modernizar o arcabouço regulatório do setor. No último dia 26, a agência abriu consulta pública para mudar as regras de dispensação e comercialização desse gênero de produtos, contemplando a oferta no segmento magistral.

Por meio do site da agência, os interessados poderão participar da consulta e enviar sugestões por 60 dias após a publicação, ou seja, até 26 de maio. A Anvisa também estuda ampliar as apresentações dos produtos no Brasil. A autarquia sugeriu que seja permitido o registro de itens e medicamentos para uso bucal, sublingual, inalatório e dermatológico.

O rol de profissionais habilitados a prescrever produtos à base da planta também pode ser ampliado. O texto autoriza, inclusive, cirurgiões-dentistas a receitar esses itens.

Cannabis em farmácias de manipulação deve ser 98% pura 

Para a Anvisa, os produtos à base de cannabis em farmácias de manipulação deverão conter, “no mínimo, 98% de pureza em base anidra”. Além disso, só poderão conter “o fitofármaco CBD (canabidiol)”.

Permitir a manipulação de medicamentos e produtos com a erva como um de seus ingredientes pode significar um grande passo para a democratização desses tratamentos. Atualmente, apenas um medicamento e 36 produtos foram regularizados pela agência, o que ainda força muitos pacientes a recorrerem à importação ou plantio doméstico por meio de ações judiciais.

Medida pode dar fim à onda de judicialização

A medida pode, enfim, reduzir a judicialização que pauta o acesso à cannabis no país. As farmácias de manipulação vêm recorrendo aos tribunais para obter autorização de venda, mas ainda esbarram na RDC 327/2019 da Anvisa. A resolução estabelece que “os produtos de cannabis devem ser dispensados exclusivamente por farmácias sem manipulação ou drogarias, mediante apresentação de prescrição por profissional médico, legalmente habilitado”.

“Não há expediente legal que impeça a manipulação e dispensação desses produtos, sem contar que o uso dos mesmos será exclusivamente medicinal e atenderá a necessidades de saúde da população”, pondera o Dr. Flávio Benincasa, sócio do escritório Benincasa & Santos – Sociedade de Advogados e responsável pela primeira decisão favorável ao segmento magistral, em 2021. Na ocasião, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) liberou a manipulação e dispensação de produtos com ativos derivados vegetais ou fitofármacos da cannabis sativa.

Como instituir uma estratégica de marketing para cannabis?

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marketing para cannabis
Anvisa regula a publicidade sobre produtos de cannabis medicinal / Foto:Freepik

Apesar de ser um mercado em pleno crescimento, o marketing para cannabis medicinal ainda engatinha. Isso porque, a exemplo dos medicamentos tradicionais, existem limitações nos processos de divulgação desses produtos. As informações são da Kaya Mind.

Tais restrições, no entanto, não impedem a indústria e o varejo de instituir ferramentas e boas práticas de comunicação para difundir a categoria. O que sim se faz necessário é um planejamento estratégico e de acordo com as legislações vigentes. Mas por onde começar?

Marketing para cannabis medicinal: cuidado com as limitações 

A publicidade em torno da cannabis medicinal apresenta limitações muito similares às que são aplicadas nos demais medicamentos. Afinal, quem estabeleceu tais diretrizes foi a mesma agência – a Anvisa.

Segundo as regulamentações atuais, a propaganda de produtos à base da planta deve:

  • Ser destinada aos prescritores;
  • Contar com informações científicas e educativas

Além disso, existem pontos que a sua divulgação não deve conter sob hipótese alguma:

  • Ter cunho promocional
  • Prometer cura ou eficácia
  • Ser destinada ao consumidor final

Como divulgar então? 

Apesar dos entraves, é sim possível criar um plano de comunicação eficaz para a cannabis medicinal. Entre as recomendações estão:

  • Promover eventos com foco em educação científica;
  • Produzir conteúdos técnicos ricos para os profissionais da saúde;
  • Apoiar pesquisas e estudos clínicos

“Além de usar dessas formas de divulgação para ampliar o awareness da sua marca ou farmácia, elas também fortalecerão a imagem de uma companhia séria e engajada em democratizar o acesso à informação sobre a cannabis medicinal”, conclui Maria Eugenia Riscala, CEO da Kaya Mind.

MultiDrogas caminha para R$ 1 bilhão de faturamento

MultiDrogas
Thamiris Elias Ferreira Zani, presidente; e Marcia Rita Arruda, vice-presidente da Rede MultiDrogas

Primeira rede associativista do país, a MultiDrogas projeta para 2025 um crescimento na casa dos 20% e prepara-se para atingir a meta de R$ 1 bilhão de faturamento. Com sede em São José do Rio Preto (SP), a varejista conta com 376 lojas espalhadas pelo interior de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.

O caminho para sustentar o crescimento vem do novo modelo de gestão compartilhada estabelecido pela presidente Thamiris Ferreira, que assumiu o mandato de três anos no último mês de janeiro. Farmacêutica de formação e filha de farmacêutico prático, a executiva tomou gosto pela profissão desde a adolescência e no empreendimento da família. Há 20 anos faz parte da bandeira MultiDrogas, com duas unidades sob sua propriedade.

“Sempre fui apaixonada pelo sistema de trabalho da rede. Meu foco é gestão, atuar para aproximar dos associados e trazê-los para perto da administração. Eles são nossa maior fortaleza, sempre nos apoiando e estão caminhando juntos nesta nova jornada”, explica a executiva.

Segundo ela, a proposta é ter uma diretoria atuante, com todos os membros colocando a mão na massa em prol do crescimento da rede. “Cada um atua com uma função diferente, alguns de forma presencial, outros por meio remoto, mas todos trabalhando para conectar o associado com a indústria, os parceiros comerciais e o consumidor”, acrescenta.

Multidrogas cresce na expansão receptiva

Uma das estratégias de negócio da nova gestão foi fechar a cooperativa de compra de medicamentos. Ela foi criada para suprir uma demanda por ampliação de descontos na compra conjunta para atender todas as lojas junto aos laboratórios.

“Nosso objetivo agora é focar mais no fortalecimento e crescimento saudável das lojas, oferecendo ferramentas de gestão, visando a conciliar vendas com rentabilidade. Isso porque, muitas vezes, a farmácia apresenta uma performance excelente, mas não tem lucro”, ressalta Thamiris. “Estabelecemos acordos com a indústria, operando por meio de uma central de compras, e a entrega é feita via distribuidoras com o melhor custo-benefício”, acrescenta.

Por conta disso, o foco de expansão da rede está centralizado na parte receptiva. “Estamos tendo muita procura tanto por parte de associados que estão construindo novas lojas como de investidores e interessados em atuar no varejo farmacêutico”, explica.

A rede acaba de inaugurar uma loja em Barretos (SP) e prevê novas aberturas em abril. A ideia é, depois de estruturar essa fase de transição, passar a prospectar outras praças, principalmente o Mato Grosso. “Quando tínhamos a cooperativa, ficávamos impedidos de atuar em outros estados por conta de custos tributários. Por isso a expansão acabou se concentrando majoritariamente no estado de São Paulo”, avalia.

Salas de atenção farmacêutica

A MultiDrogas também é uma das sete redes fundadoras da Fecofar, que congrega representantes do associativismo e do franchising. “Temos recebido um apoio muito forte da entidade, tanto do administrador executivo Willians Robles, como do presidente Marcelo Grasso, que vem nos auxiliando na elaboração das nossas estratégias”, ressalta Thamiris.

A rede também está implementando o projeto de salas de atenção farmacêutica. “Trata-se de um serviço que estreita o relacionamento com o cliente, contribuindo para aumentar a recorrência no PDV. Estamos tendo muitas adesões dos associados”, destaca.

Multidrogas
Fundação: 1994
Sede administrativa: São José do Rio Preto (SP)
Capilaridade: 376 lojas espalhadas pelo interior de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul