De olho em um segmento que movimentou R$ 127,4 milhões no ano passado, o mercado de distribuição de cannabis medicinal aguarda a revisão da RDC 327 para poder atuar com mais força na área. Hoje, esse processo ainda está muito vinculado à venda direta, como é o caso da Endogen, cujo alvo principal são os cerca de 10 mil PDVs das grandes redes associadas à Abrafarma.
São muito poucas as empresas do atacado farmacêutico que mantêm produtos à base de CBD em seu portfólio de distribuição. As que já trabalharam com essa categoria em algum momento dependeram de judicialização. Em 2023, o estado de São Paulo gastou R$ 25,6 milhões com a compra de cannabis medicinal para cumprir 843 ações movidas por pacientes.
Em algumas situações, a ordem judicial já vem direcionada para uma marca. Foi o que ocorreu com o Grupo BRF1, de João Pessoa (PB). A distribuidora mantinha uma parceria com a Prati-Donaduzzi exatamente para atender a esse tipo de demanda.
“Em algum momento a indústria terá que recorrer à distribuição para ganhar escala. Mas, para isso, ainda é necessária uma mudança na legislação. O volume de prescrições e de indicações terapêuticas também precisará aumentar em nível suficiente para justificar o investimento”, afirma Ivanilson de Brito Galindo, diretor executivo da companhia, que atende atualmente 4,5 mil farmácias.
Segundo ele, pouco adianta nesse momento a distribuidora investir no mercado de cannabis se não tiver vendas elevadas e correr risco de perda por validade de um item de alto custo.
Mercado de distribuição de cannabis atua em casos pontuais
Para projetar o futuro da distribuição de cannabis, o Panorama Farmacêutico acionou duas das principais entidades ligadas ao atacado farmacêutico. Ambas foram enfáticas ao entenderem que se trata de um segmento potencial, mas que ainda carece de volume para escalar.
O diretor executivo de relações institucionais da Abradilan, Ivan Coimbra, relatou que existem casos pontuais de distribuidoras de Minas Gerais e do Sul do país que fazem a distribuição de canabidiol. “São empresas que buscam adquirir know-how no segmento e, também, estreitar o relacionamento com as indústrias”, acrescenta.
“As distribuidoras estão atentas ao mercado de cannabis. Mas na atual realidade, elas basicamente comercializarão esse produto somente sob demanda, como estratégia para fidelizar aquele cliente”, opina Oscar Yazbek Filho, presidente executivo da Abafarma.