Após certo “inverno” para o varejo, os dados do desempenho do setor, muito em parte pelo protagonismo do mercado farmacêutico, melhoraram em 2023. Empreendimentos de diferentes portes fecharam no azul no ano passado. As informações são do Valor Econômico.
De acordo com um levantamento da NielsenIQ, tanto as farmácias independentes, quanto aquelas pertencentes a redes cresceram acima da média do varejo (10,9%), quando o assunto é a variação no valor. As independentes cresceram 11,3% e as de cadeias registraram avanço ainda mais representativo, 16,4%.
Já em volume, os negócios fechados nas farmácias independentes ficaram abaixo da média de 2,6%, no caso 1,5%, enquanto as redes cresceram em um volume quase três vezes superior 7,4%.
Primeira alta desde 2021
O resultado é um bom sinal para o varejo, uma vez que essa foi a primeira vez desde 2021 que o volume de vendas cresceu. O indicador mostrava quedas de -0,4% e -1,6% nos dois últimos anos, recuperada com o avanço de 2,6% em 2023.
Por outro lado, a variação em valor, apesar de ainda na casa dos dois dígitos, foi menor em 2023. Enquanto os avanços nos últimos anos ficaram em 12,2% e 13,3%, no ano passado, foi de apenas 10,9%.
Mercado farmacêutico não suporta avanço sozinho
Apesar do protagonismo, o varejo farmacêutico não é o único fator necessário para manter o mercado aquecido. Segundo os especialistas, é preciso que a economia se mantenha estável, que empregos continuem sendo gerados e a inflação seja controlada.
Para o executivo de análise para indústria da NielsenIQ, Gabriel Fagundes, com um bom cenário, as companhias podem crescer sem reajustes de preço. “As empresas podem crescer em 2024 sem depender tanto de preço, mas de ganho de volume, isso considerando um cenário de estabilidade econômica”, afirma.
O problema é que, para o coordenador do Programa de Administração de Varejo (Provar), Claudio Felisoni, a inflação pode bagunçar os planos dos lojistas e até mesmo desacelerar os cortes da Selic.
“O IPCA de fevereiro de 0,8% foi uma notícia péssima nesse sentido, e o acumulado até fevereiro está acima das projeções do Banco Central”, aponta.
Maiores redes de farmácias do país faturam R$ 90 bi
Protagonista, o mercado farmacêutico também registrou recordes internos, como o faturamento de R$ 90,3 bilhões registrado em 2023 pelas maiores redes do setor.
Tal montante é apontado pelos indicadores das 30 bandeiras do grande varejo farmacêutico que integram a Abrafarma, em balanço compilado pela FIA-USP.
Com crescimento superior a dois dígitos, o avanço foi de 12,7%, o que levou o setor a registrar evolução acima deste patamar pelo terceiro ano consecutivo.