Fique por dentro dos principais FATOS e TENDÊNCIAS que movimentam o setor

Na era multicanal, troca de produtos vira nova dor de cabeça dos varejistas

Acompanhe as principais notícias do dia no nosso canal do Whatsapp

Na era multicanal, troca de produtos vira nova dor de cabeça dos varejistas Da tributação duplicada ao gasto com logística, o impacto nas lojas com os itens devolvidos vai a 2,7% do faturamento; agora, desafio é atender os clientes insatisfeitos sem prejudicar os ganhos

São Paulo – A troca de produtos no varejo tem gerado dor de cabeça para os empresários do ramo. Ao mesmo tempo em que há o desafio de conseguir oferecer um serviço sem atrito e que não comprometa a imagem da marca, os custos da troca são muito altos e consomem 2,7% do faturamento líquido.

O tema, que era visto de forma marginal pelas varejistas, começou a ganhar relevância com o surgimento do cliente omnicanal – que exige das lojas opções amplas na hora de trocar os produtos (por exemplo, a possibilidade de comprar no e-commerce e trocar na loja física). No Brasil, há também um grande desafio para os lojistas relacionado aos custos da troca, que são maiores no País pelas questões tributárias. O problema fica evidente em estudo da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).

De acordo com o levantamento, o custo tributário relacionado a realização de trocas de produtos representa 15% do custo total, que, por sua vez, pode chegar a representar 2,7% do faturamento líquido da empresa. “Essa movimentação de mercadorias muitas vezes se dá em CNPJs e canais diferentes. Isso tem gerado duplicidades tributárias, seja de ICMS, quando estamos falando de interestadual, seja de Pis/Cofins”, explica o presidente da SBVC, Eduardo Terra. “O varejo quer realizar o serviço, mas pagar duas vezes o imposto é uma questão complicada.”

A visão é compartilhada pelo diretor de relações corporativas do Grupo Pão de Açúcar (GPA), Paulo Pompilio. “É óbvio que todos os varejistas gostariam de atender em 100% as demandas dos seus consumidores, mas qual o custo disso? Quanto que é viável e quanto que o próprio sistema tributário permite que façamos essa troca?”, questionou ontem durante a Brazilian Retail Week.

Se a questão tributária é uma das grandes preocupações, outro empecilho relacionado a troca de mercadorias é a regulação, que impõe algumas obrigações consideradas prejudiciais pelo setor. “A questão regulatória é um imbróglio gigante. Parece que tudo é feito para que a devolução não ocorra”, diz a diretora executiva do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), Fabiola Xavier. A especialista afirma que a regulação deveria ser revista pelo conceito e cita como exemplo a lei do arrependimento, que permite que o consumidor desista de qualquer compra feita fora de um estabelecimento físico no prazo de sete dias, independente do produto ter algum defeito.

A regulação possibilita, segundo ela, que o cliente compre um livro, por exemplo, utilize o produto pelos sete dias permitidos e depois devolva a loja recebendo o dinheiro de volta – em uma espécie de aluguel não remunerado.

Prejuízos

Além dos custos altos na realização das trocas de mercadorias, que incluem também a parte logística e de assistência técnica (veja mais no gráfico), o levantamento da SBVC mostrou ainda que as trocas geram perdas relevantes para o setor, uma vez que 21% dos produtos devolvidos não podem ser vendidos novamente. “Considerando que 3% do que se vende é trocado, isso significa que 0,6% de tudo que se vende é perdido”, diz Terra, da SBVC.

Mesmo com os custos e perdas provenientes das trocas, o presidente da entidade afirma que as varejistas possuem, em geral, uma política de troca favorável ao consumidor. O diretor de pós-venda da Magazine Luiza, Nicolau Camargo, acrescenta que isso ocorre porque as varejistas enxergam o serviço como um diferencial do seu negócio. “Não custa barato oferecer um serviço de troca decente, mas a contrapartida é bem positivo quando o consumidor entende que sua empresa oferece um serviço sem atrito e de qualidade”, afirma.

Papel da cadeia

Para isso, no entanto, ele ressalta a necessidade de ter bons acordos com a indústria, já que é fundamental ter um suporte dos fornecedores no processo de troca e devolução. “De fato a cadeia de valor do varejo precisa abraçar esse assunto. Quanto mais eu tenho a cadeia atrás de mim me apoiando, mais eu consigo atender o que o consumidor quer. Quanto menos eu tenho mais aquilo vira prejuízo e os limites aparecem. Cada vez mais acredito que o problema da troca de produtos não se restringe apenas aos varejistas”, corrobora o presidente da SBVC, Eduardo Terra.

Pedro Arbex

Fonte: DCI

Notícias Relacionadas

plugins premium WordPress