Corrente de comércio do setor cresce 13,3% em fevereiro, diz Abihpec

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A corrente de comércio do setor de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPPC) atingiu US$ 114,2 milhões em fevereiro de 2022, registrando um aumento de 13,3% na comparação com o mesmo período de 2021 (US$ 100,8 milhões). O saldo da balança comercial apresentou superávit no valor de US$ 7,6 milhões, revertendo o saldo deficitário de fevereiro de 2021, que foi de US$ 7,6 milhões.

As exportações da indústria cosmética alcançaram o valor de US$ 60.9 milhões em fevereiro de 2022, registrando um crescimento de 30,8% em relação ao mesmo período do ano anterior (US$ 46,6 milhões). As importações totalizaram US$ 53,3 milhões, apresentando redução de 1,6% em comparação a fevereiro de 2021 (US$ 54,2 milhões).

Os sabonetes foram os itens mais exportados em fevereiro de 2022 (US$ 15,7 milhões). Em seguida, aparecem as categorias produtos para cabelos (US$ 14,6 milhões) e produtos de higiene oral (US$ 6,2 milhões). A entidade aponta que os dados de exportações do setor de fevereiro deste ano são os maiores desde 2014.

‘As empresas brasileiras do nosso setor avançaram com oportunidades para acesso ao mercado internacional e ampliaram seus negócios nas duas principais categorias de exportação do setor, sendo que os sabonetes tiveram suas exportações mais concentradas nos países da América Latina, enquanto os produtos para cabelos foram comercializados para mercados mais diversificados, como Estados Unidos, Portugal e Oriente Médio’, disse João Carlos Basilio, presidente-executivo da Abihpec.

O setor já havia registrado resultados positivos no mês de janeiro, quando a balança comercial fechou com superávit de US$ 3,1 milhões. No primeiro bimestre do ano, as exportações alcançaram o valor de US$ 114,5 milhões, um avanço de 29,8% em relação ao mesmo período de 2021 (US$ 88,2 milhões). Em importações, o resultado total foi de US$ 103,8 milhões, redução de 3,6% em comparação ao período de janeiro-fevereiro do ano anterior (US$ 107,7 milhões).

A corrente de comércio nos meses de janeiro e fevereiro deste ano alcançou a cifra de US$ 218,3 milhões, representando aumento de 11,4% sobre o mesmo intervalo de 2021, quando totalizou US$ 195,9 milhões. O saldo comercial de janeiro-fevereiro/2022 foi superavitário em US$ 10,7 milhões, revertendo o saldo deficitário registrado no mesmo período de 2021 (US$ -19,5 milhões).

Fonte: Cosmetics Online

Cheios de benefícios, cosméticos fermentados são a nova geração do skincare

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Perfeitos para as necessidades imediatas da vida contemporânea, os cosméticos fermentados, feitos com arroz, cogumelos e vegetais, garantiram lugar premium nas listas de tendências da temporada Desde o boom dos produtos com consistência de sérum, por volta de 2016, o formato do cosmético não chamava tanto a atenção no universo do skincare. Neste ano, o jogo virou. Há muito estudados, os cosméticos fermentados (ou pós-bióticos) voltaram à luz pelas mãos do mercado de beleza asiático. Assim como na alimentação, a ideia básica é decompor determinadas substâncias, com a ajuda de microrganismos como leveduras, fungos e bactérias, em substâncias ainda menores. No caso da comida, o método facilita o processo digestivo. Já na cosmética, um de seus maiores benefícios é otimizar o poder de absorção dos ativos pela pele e criar um ambiente mais equilibrado na superfície. Mas tem muito mais. A dermatologista Luciana de Abreu, da clínica Dr. André Braz, do Rio de Janeiro, alerta que, para entender o processo, é importante ter consciência sobre o funcionamento do microbioma cutâneo. ‘Nossa pele tem uma barreira de proteção formada por milhares de bactérias ‘boas’ que protegem o organismo de ressecamentos, hipersensibilidade e doenças como rosácea, acne, psoríase e dermatite seborreica. Quando o organismo se desestabiliza, cria-se um ambiente para que as bactérias ‘ruins’ se instalem, facilitando a ocorrência dessas fragilidades’, explica.

É justamente na busca por esse equilíbrio que os novos queridinhos da cosmética, em sua maioria obtidos pelo processamento de flores, frutas, ervas, chás e algumas leguminosas, se mostram eficientes. Eles conduzem as bactérias boas para o microbioma, criando um reforço positivo no local e equilibrando a ação das ruins.

Barreira contra maus hábitos Com benefícios que respondem às necessidades imediatas da vida contemporânea, os cosméticos fermentados garantiram lugar premium nas listas de tendências da temporada. Ao proteger a barreira cutânea, eles evitam as ameaças que a pele, saudável ou fragilizada, sofre do exposoma (reunião de agentes externos como poluição, estresse, alimentação, raios UV, luz azul). ‘Produtos fermentados imitam as funções das células e tratam a pele sem interromper seu processo natural’, diz o farmacêutico Jamar Tejada, da Anjo da Guarda. ‘Por isso, há menos chance de causar sensibilidades’, completa. Mas os bônus da novidade estética do ano vão além da proteção. Manter o microbioma equilibrado significa criar um ambiente favorável para que a pele performe sem interferências. Assim, o crescimento de outras bactérias ‘boas’ ajuda a ativar modeladores celulares presentes na pele que precisam de reposição externa porque não conseguimos estimular – caso dos ácidos acético e lático. Esse processo, diz a dermatologista, também privilegia o sistema imunológico, ajuda na recuperação pós-procedimentos estéticos e reparadores, estimula a formação de colágeno pela produção de peptídeos, diminui escamações e pode, inclusive, agir no tratamento do melasma. Motivos para se apaixonar e adotar a nova ideia de beleza não faltam. Mas ainda tem mais. O WGSN, instituto global de tendências em comportamento e consumo, apontou os fermentados como um dos grandes caminhos da beleza para 2022. Em seu relatório, a entidade indica que a fermentação se encaixa em uma tendência ampla de beleza holística, usando ingredientes à base de plantas. O texto explica que ‘fermentando vegetais amigáveis à pele, como arroz, cogumelos e chás, é possível promover o crescimento de bactérias benéficas que atuam como conservantes naturais, prolongando a vida útil das fórmulas e tornando a beleza fermentada ideal para consumidores com mentalidade sustentável e focados em valor’. ‘O processo de fermentação geralmente envolve a adição de enzimas especiais, que neutralizam a ação de bactérias e fungos indesejados’, explica o farmacêutico Jamar Tejada. Segundo ele, isso evita o uso de conservantes sintéticos, resultando em um processo de preservação mais orgânico e muito mais potente. Especialista da WGSN, Priscila Seripieri ainda lembra que os primeiros estudos que previram o comportamento, no final de 2020, surgiram exatamente pela observação de empresas com fundamentação e consciência ambiental. ‘Esse movimento teve início em função da descoberta de que a fermentação, além da poderosa capacidade de melhorar a eficácia dos produtos, também preserva a vida útil dos ingredientes. Na sequência, começamos a mapear marcas que já iniciavam o aproveitamento dessa técnica ao redor do mundo’, revela.

A Sallve, empresa brasileira que já adotou técnicas de fermentação, valoriza ainda um novo ponto na produção de skincare sustentável: a preservação da biodisponibilidade. Carine Dal Pizzol, gerente de pesquisa e desenvolvimento da marca, relata que o método de fermentação adotado conta com o uso de reatores, que não só potencializam o processo e mantêm todas as etapas padronizadas, como também usam uma fração muito pequena do ativo para desencadear a reação.

‘Acredito que o maior benefício é a redução do extrativismo. Em vez de plantar 2 hectares do ativo, você vai ter uma plantinha no laboratório que vai produzir, de maneira uniforme, a mesma quantidade. Assim, preservamos a cadeia de sustentabilidade usando o mínimo de matérias-primas biodisponíveis’, completa. Onde tem por aqui 1. Fermentation Eye Cream, Benton: O creme desenvolvido especialmente para a delicada área dos olhos faz parte de uma linha criada com alta concentração de ingredientes fermentados. A fórmula contém Galactomyces, um fermentado do saquê, e também um fermentado da bactéria Bifida. Além de ceramidas e peptídeos para garantir, sobretudo, a elasticidade de pele local.

2. Sérum noturno com ácido láctico e esqualano, Biossance: Esfoliante feito com um ácido láctico vegano fermentado em contato com açúcares de fonte sustentável. O objetivo é acelerar o processo de renovação celular e restaurar a barreira cutânea.

3. Máscara Antirressaca, Sallve: Para acordar a pele e suavizar os sinais de cansaço, tem taurina e extrato de café na fórmula. O ingrediente ativo é o Biosacc Biosacharide Gum-1 haride Gum-1, um polissacarídeo extraído da fermentação do milho e da soja não transgênicos. Ele cria um filme que retém a umidade da pele e garante hidratação a longo prazo.

4. Bruma hidratante fortalecedora SweetBiome Fermented Sake, Drunk Elephant: É um spray de emergência para borrifar na pele sempre que sentir algum desequilíbrio a caminho. Funciona pela ação do Galactomyces, um fungo fermentado do saquê que reforça as defesas contra radicais livres e fortalece a barreira da pele.

Fonte: Cosmetic Innovation

STJ vai decidir se planos de saúde devem pagar por tratamentos não previstos em contrato

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Tema, que aguarda inserção na pauta da corte, causa apreensão em grupos de pacientes, sobretudo os que incluem mães e pais com filhos portadores de doenças raras

Em fevereiro, um pedido de vista adiou a decisão sobre os tratamentos que planos de saúde devem custear | Foto: Reprodução

A decisão sobre a definição do rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde (ANS) para planos de saúde deve impactar diretamente a vida de milhares de cidadãos que dependem dos serviços das empresas que fazem a cobertura médica e hospitalar privada. Em fevereiro, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) havia retomado o julgamento para definir a lista de procedimentos da ANS é exemplificativo ou taxativo. Porém, um novo pedido de vista adiou a decisão sobre a temática. Atualmente, o caráter do rol é taxativo por força da lei. O tema aguarda para ser reinserido na pauta da Corte.

‘O objetivo do julgamento é estabelecer – definitivamente – se as operadoras de planos de saúde são obrigadas a cobrir procedimentos que não estão no rol da ANS. Nas últimas duas décadas, o judiciário vem entendendo que tal rol é exemplificativo, devendo ser usado como referência mínima para, a partir dos pressupostos legais, conceder a cobertura e reembolso de forma mais ampla aos usuários dos planos de saúde’, explica a jurista e professora de Direito Juliana Tesolin. Devido a essa indefinição, sempre que a justiça foi acionada pelos usuários para o ressarcimento ou o pagamento antecipado de itens não encontrados na lista do que é ofertado pelos planos, os casos acabam sendo deferidos. No entanto, se rol passar a ser definido como taxativo, os planos não serão obrigados, nem judicialmente, a cobrir qualquer custo com tratamentos e remédios que estejam fora do rol da Agência Nacional de Saúde.

O tema tem causado apreensão em grupos de pacientes, sobretudo os que incluem mães e pais com filhos portadores de doenças raras. Um dos temores é que decisão do STJ favorável aos planos de saúde interrompa tratamento já em andamento. A lista de procedimentos e tratamentos obrigatórios da ANS foi criada em 1998 para estabelecer um mínimo de cobertura que não poderia ser negada pelos planos de saúde. O rol vem sendo atualizado desde então para incorporar novas tecnologias e avanços.

Um julgamento, em 16 de setembro, foi interrompido após um pedido de vista. Na época, o relator, ministro Luis Felipe Salomão, a taxatividade da lista era necessária para proteger os beneficiários dos planos de aumentos excessivos e assegurar a avaliação de novas tecnologias na área de saúde. Ele ainda havia considerado uma série de hipóteses excepcionais em que seria possível determinar à operadora de saúde a cobertura de procedimentos não previstos expressamente pela ANS. Já a ministra Nancy Andrighi considerou que a lista possui natureza exemplificativa.

Entre essas hipóteses, estão terapias com recomendação expressa do Conselho Federal de Medicina (CFM) que possuam comprovada eficiência para tratamentos específicos. O relator também considerou possível a exceção para fornecimento de medicamentos relacionados ao tratamento do câncer e de prescrição off label – quando o remédio é usado para um tratamento não previsto na bula.

Uma medida provisória já havia sido sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) no início do mês de março. A Lei 14.307/2022 prioriza o tratamento oral contra o câncer na cobertura dos planos de saúde. De acordo com o texto autorizado pelos congressistas, o prazo para a ANS concluir a análise do processo de inclusão de procedimentos e medicamentos na lista dos obrigatórios será de 180 dias, prorrogáveis por mais 90 dias. Quanto aos medicamentos contra o câncer de uso oral e domiciliar, inclusive aqueles com tratamento iniciado na internação hospitalar, o texto determina que o fornecimento pelos planos de saúde será obrigatório, em conformidade com a prescrição médica e desde que estejam registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com uso terapêutico aprovado para essas finalidades. A inclusão deve seguir o prazo estipulado para a conclusão dos processos sobre o medicamento. Outra emenda aprovada fixou prazo menor: de 120 dias, prorrogáveis por 60 dias corridos quando as circunstâncias o exigirem.

Fonte: Jornal Opção

Relatório Focus: projeção para a inflação deste ano sobe pela 10ª semana seguida

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A mediana das estimativas para o IPCA, o índice de inflação oficial do Brasil, avançou pela décima semana consecutiva no Relatório Focus, de 6,45% para 6,59% neste ano.

Com isso, a projeção do mercado para a inflação em 2022 já é quase o dobro da meta do Banco Central, que é de 3,5% com tolerância de 1,5 ponto percentual (ou seja: a meta será cumprida em 2022 se o IPCA ficar entre 2% a 5%).

A pesquisa, coletada semanalmente pelo Banco Central com mais de 100 instituições financeiras, também aponta um aumento na expectativa para a Selic (taxa básica da economia brasileira), de 12,75% para 13,00%, e para a alta do PIB (Produto Interno Bruto) deste ano, de 0,49% para 0,50%.

Expectativas do mercado para 2022:

IPCA: alta de 6,45% para 6,59% (10ª semana seguida de alta)

Selic: alta de 12,75% para 13,00% (2ª alta seguida)

PIB: alta de 0,49% para 0,50% (3ª alta seguida)

Câmbio: estável em R$ 5,30

Fonte: InfoMoney

Minas Gerais está entre os estados que mais receitam cannabis medicinal

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Os tratamentos à base de cannabis medicinal para problemas como dor crônica, epilepsia, esclerose múltipla, autismo, transtornos de ansiedade e sintomas associados ao câncer vêm ganhando espaço na medicina atual.

Por ter sua eficácia comprovada em diversos estudos científicos, cresce a cada ano o número de pessoas que buscam por medicamentos deste perfil. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 2021 foram autorizadas 40.191 importações desses itens, ante 19.150 em 2020, um aumento de 109,8%.

De acordo com dados da Kaya Mind – empresa de inteligência de mercado para o setor, considerando todas as prescrições feitas desde fevereiro de 2019, Minas Gerais é o terceiro estado com o maior número de prescrições, 7%. Em primeiro lugar, aparece São Paulo (41% do número total), seguido por Rio de Janeiro (19%).

No Brasil, a Anvisa já liberou 14 produtos medicinais derivados de cannabis e que podem ser encontrados em farmácias de todo o país. Esses remédios só podem ser vendidos mediante prescrição médica e é aí que a questão esbarra em um entrave: ainda são pouquíssimos os médicos prescritores dessa terapêutica. De acordo com a agência nacional, o país possui 2.100 profissionais aptos. O número, no entanto, equivale a menos de 0,5% da quantidade total de médicos no Brasil.

Segundo Kaya Mind, considerando as informações disponíveis até 2019, os especialistas em tratamento com cannabis são distribuídos por áreas de atuação. As prescrições realizadas por médicos da Neurologia somaram 1.814, já que diversas condições médicas neurológicas são tratadas por meio dos fitocanabinoides da cannabis e envolvem estudos mais conhecidos em relação à planta, como a esclerose múltipla, a dor neuropática, o mal de Parkinson e a demência de Alzheimer.

Na sequência, no mesmo ano, apareceram 941 receitas da Psiquiatria, área que envolve tratamentos voltados à depressão, ansiedade, insônia, entre outros. Prescrições para pacientes de Neuropediatria apareceram em terceiro lugar (367), sendo mais comuns para os casos de epilepsia infantil.

“A classe médica necessita se aprofundar mais no potencial da cannabis medicinal, porque, sem conhecimento, não há segurança para prescrever. Por diversas vezes, estive diante de pacientes refratários ao nosso arsenal terapêutico habitual e, cada vez mais, eles e seus familiares me questionavam sobre a possibilidade do tratamento com cannabis e o fato de eu não dominar o assunto me inquietava”, conta a neurocirurgiã Patrícia Montagner, que fundou a WeCann Academy, única instituição da América Latina que realiza cursos voltados à Medicina Endocanabinoide, exclusivamente para médicos.

A fundadora da WeCann lembra que a temática da cannabis medicinal é pouco ou nada abordada nas etapas de formação médica. Ela salienta que não há acesso a esse conhecimento na Faculdade de Medicina, nem na residência médica e, ainda, são poucas as opções de livros e cursos qualificados que ensinam o passo a passo dessa terapêutica e como prescrever na prática, com segurança e bons resultados.

“Contudo, é nossa responsabilidade nos apropriarmos desse conhecimento e oferecer aos pacientes um tratamento com produtos à base de cannabis seguro, eficaz e assertivo”, completa a especialista, que tem em seu rol de atendimento mais de mil pacientes tratados com medicamentos à base da planta.

Outro ponto que trava o avanço da questão é o estigma que se estabelece quando o assunto é cannabis. “Há muita confusão entre uso medicinal e o uso recreativo, tornando-se esse o principal empecilho para a popularização dos benefícios da Medicina Endocanabinoide no Brasil”, declara.

Para a profissional, é de extrema importância combater a ignorância em relação ao tema e, nesse sentido, a comunidade médica é a liderança natural e correta no esforço de esclarecimento da sociedade. Mas, para tomar à frente, precisa se preparar melhor.

Fonte: Estado de Minas online  

Dólar opera sem direção clara ante real com Ucrânia e agenda cheia no radar

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SÃO PAULO (Reuters) – O dólar oscilava sem direção clara frente ao real nesta segunda-feira, com a guerra na Ucrânia ainda sem sinal de cessar-fogo, enquanto investidores se preparavam para uma semana recheada de divulgações domésticas e discursos de autoridades do Federal Reserve.

Às 9:49 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,07%, a 5,0135 reais na venda. A divisa mudou de sinal várias vezes ao longo das primeiras negociações, indo de 5,0295 reais na máxima (+0,25%) para 5,0060 reais na mínima do dia (-0,16%).

Na B3, às 9:49 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,31%, a 5,0295 reais.

A moeda norte-americana também tinha pouca alteração no exterior, com seu índice frente a uma cesta de rivais fortes em alta de 0,09%, depois de ter chegado a cair mais cedo.

O apetite dos investidores por risco parecia moderado nesta segunda-feira, à medida que o conflito entre Rússia e Ucrânia se arrastava, próximo de completar um mês de duração. O Kremlin disse que as negociações de paz com Kiev ainda não haviam feito progresso significativo.

Ao mesmo tempo, especialistas do mercado chamavam a atenção para a agenda carregada de eventos importantes no exterior, com destaque para falas de autoridades do banco central norte-americana, incluindo do chair Jerome Powell.

‘O receio de que um aperto monetário agressivo por parte do Fed, que deve priorizar o combate à inflação, resulte em uma forte desaceleração da atividade econômica segue entre os principais pontos de cautela da parte dos investidores’, comentou em nota Victor Beyruti, economista da Guide.

‘O investidor vai avaliar novos discursos (de Powell)?de modo a calibrar expectativas com relação a uma possível aceleração do ritmo de alta dos juros.’

No Brasil, também havia expectativa pela divulgação da ata da última reunião do Copom, na terça-feira, do Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central, na quinta, e da leitura de março do IPCA-15, na sexta-feira.

Sua publicação virá depois de o Comitê de Política Monetária do BC ter elevado os juros em 1 ponto percentual na semana passada e indicado aperto da mesma magnitude em seu próximo encontro. Agora, os mercados ficarão atentos a sinalizações sobre o que a autarquia fará depois da reunião de maio.

Nesse contexto, ‘acreditamos que os fluxos (para o mercado de câmbio local) podem continuar no curto prazo à medida que os investidores estrangeiros continuam a olhar favoravelmente para o real como uma moeda de commodity com ‘carry’ alto, e à medida que os exportadores internalizam parte de seus dólares mantidos no exterior’, disseram estrategistas do Citi em relatório desta segunda-feira.

O comentário faz referência a estratégias de ‘carry trade’, que tentam lucrar com a compra de divisas que oferecem retornos elevados. Com a alta sucessiva da taxa Selic ao longo do último ano, ao patamar atual de 11,75%, o ‘carry’ oferecido pela moeda brasileira é atraente para investidores estrangeiros.

O Citi também fez aceno ao patamar elevado de várias commodities -do milho ao petróleo- que dispararam desde a invasão da Ucrânia. Sua valorização tende a aumentar o ingresso de dólares em países exportadores desse tipo de produto.

Até agora em 2022, o dólar acumula baixa de 10% contra o real, deixando a divisa doméstica com o melhor desempenho global no período.

A moeda norte-americana negociada no mercado interbancário fechou a última sessão em queda de 0,40%, a 5,017 reais na venda, menor patamar desde o último dia 9 (5,0124 reais).

Fonte: Isto é Dinheiro Online

FGV/Emerson Marçal: PIB no 1º trimestre deverá fechar em torno de zero

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O professor e coordenador da Graduação em Economia da FGV EESP, Emerson Marçal, previu nesta segunda-feira, 21, durante evento online da instituição sobre os ‘Cenários Macroeconômicos para 2022 e 2023: Guerra na Ucrânia, Corrida Presidencial e Perspectivas Econômicas’ que o PIB brasileiro deverá fechar o primeiro trimestre com crescimento em torno de zero.

Para ele, a guerra entre Rússia e Ucrânia colocou uma incerteza adicional muito forte sobre a economia brasileira que já vinha, muito antes da guerra, vivendo grande volatilidade.

‘O Brasil já não vinha bem antes disso. Já tinha problemas, pressões. Então, ao contrário do resto do mundo, as perspectivas de crescimento do Brasil não são das melhores’, sublinhou o professor da FGV, para quem o PIB este ano deverá crescer torno de 0,5%.

De acordo com ele, quando se olha o cenário do ponto de vista de longo prazo, utilizando modelos macroeconométricos que permitem filtrar a tendência de baixa frequência do PIB, não há nenhum sinal de melhora no dinamismo de longo prazo.

‘Se continuar do jeito que está e não acontecer nada de bom daqui para frente, 2023 também não deve ser um ano bom. A gente deverá andar de lado’, disse emendando que a pressão inflacionária continua e que o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, terá de escrever outra carta justificando outro estouro do teto da meta inflacionária. O professor acredita que o IPCA deva fechar o ano mostrando uma inflação de 7% a 7,5%.

Isso, de acordo com o professor, será ‘chato’ porque no segundo ano em que o BC tem independência de fato serão duas cartas que ele vai ter de assinar.

Sobre o câmbio estar apreciando, Marçal disse que sua surpresa é pelo fato de ele não ter tido esse movimento antes.

‘Eu acho que o BC dormiu um pouco no ponto. Ele demorou para começar a subir os juros sendo que todos os sinais de inflação alta já estavam ai e agora está correndo para apagar o incêndio’, disse, acrescentando que agora os juros estão subindo e o câmbio respondendo.

Para o professor, o câmbio é um dos mecanismos que vão ajudar a trazer a inflação de volta à meta.

Fonte: Isto é Dinheiro Online

Anvisa tira dúvidas de pacientes que fazem uso de losartana

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Pacientes cardíacos e hipertensos estão preocupados com o recolhimento voluntário pelos laboratórios farmacêuticos Sanofi Medley e Sandoz de lotes do medicamento genérico losartana. A medida foi tomada preventivamente, entre setembro de outubro do ano passado, depois de encontrada presença das impurezas do tipo azido no produto.

Orientações aos pacientes

A orientação da Anvisa é que os usuários de losartana não interrompam o uso do produto por conta própria. ‘A losartana pertence à classe conhecida como ‘sartanas’, que são medicamentos seguros e eficazes no controle do tratamento de hipertensão e insuficiência cardíaca, reduzindo significativamente o risco de derrame e infarto. A interrupção do tratamento com a losartana sem a orientação médica correta pode levar a problemas graves, tais como episódios de hipertensão’, alertou a agência.

Outra recomendação da Anvisa é que pacientes que tiverem alguma dúvida sobre o tratamento atual devem conversar com seu médico ou farmacêutico. Qualquer suspeita de eventos adversos deve ser notificada à Anvisa e informada ao médico responsável. A notificação pode ser enviada diretamente à agência pelo link.

Lotes recolhidos

Os recolhimentos mais recentes de alguns lotes do medicamento losartana ocorreram em setembro e outubro de 2021 e os fabricantes já concluíram esse trabalho. Além dessa medida, a partir da publicação das resoluções da Anvisa que suspenderam a comercialização, nenhum lote desses produtos pode ser colocado à venda.

Sobre a presença da impureza ‘azido’ encontrada nas medicações, a Anvisa explicou que ela pode ser resultado do próprio processo de fabricação do insumo farmacêutico ativo, ou seja, um subproduto de interações químicas que acontecem durante a produção da substância.

As substâncias têm sido identificadas pelo próprio controle de qualidade dos fabricantes, que seguem a regulamentação da Anvisa que determina o controle sobre impurezas em medicamentos. Este processo é contínuo dentro da rotina da empresa, a fim de garantir que os produtos comercializados sejam adequados ao consumo.

Riscos

Em relação a eventuais riscos para pacientes que fazem uso contínuo desses medicamentos, a Anvisa ressaltou que o recolhimento é uma medida de precaução. ‘Não existem dados para sugerir que o produto que contém a impureza causou uma mudança na frequência ou natureza dos eventos adversos relacionados a cânceres, anomalias congênitas ou distúrbios de fertilidade. Assim, não há risco imediato em relação ao uso desse medicamento’, disse a Anvisa em nota.

A agência continuará a monitorar a presença de impurezas nos medicamentos e adotará todas as medidas que forem necessárias à proteção da saúde da população. Os profissionais de saúde e pacientes podem comunicar à agência suspeitas de eventos adversos com o medicamento pelo VigiMed.

Fonte: Isto é Dinheiro Online

Estado de SP tem menor número de novas internações por Covid-19 desde o começo da pandemia

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O estado de São Paulo registrou nesta segunda-feira (21) a menor média móvel de novas internações por Covid-19 desde o início da pandemia. Foram, em média, 233 hospitalizações provocadas pela doença.

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Os dados consideram internações em leitos de enfermaria e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em hospitais particulares e públicos, de pacientes com confirmação ou suspeita de Covid-19. A média móvel leva em consideração os dados dos últimos sete dias.

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Desde 16 de março, o estado está batendo, sucessivamente, o recorde de menor média móvel de internações por Covid-19. Antes disso, o menor número havia sido registrado no ano passado, em 10 de dezembro, com 269 hospitalizações.

No entanto, ainda em dezembro, o indicador voltou a subir com a chegada da variante ômicron, o que causou uma nova onda de casos (veja os dados no gráfico abaixo).

No pior momento da pandemia, em 26 de março de 2021, o índice chegou a ser de 3.399 novas internações diárias. Na época, o estado enfrentou esgotamento de leitos e ao menos 230 pessoas com Covid-19 ou suspeita morreram na fila por um leito de UTI na região metropolitana.

A queda ocorre em meio a flexibilização do uso de máscaras no estado e ao aumento no percentual da população vacinada contra o coronavírus em São Paulo.

O estado atingiu a meta de vacinar 90% da população elegível contra a Covid-19 na última quarta-feira (16). O número desta segunda (21), de 90,70%, equivale ao percentual da população com mais de 5 anos de idade que já tem o esquema vacinal completo. O governo considera esquema vacinal completo a imunização com pelo menos duas doses de vacinas contra o coronavírus, ou a dose única, no caso do imunizante da Janssen.

Em relação à população total do estado de São Paulo, ou seja, considerando também as crianças de menos de 5 anos, que ainda não podem ser vacinadas, o percentual de imunização chegou a 84,20% nesta segunda-feira (21). Foram aplicadas mais de 103 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 no estado, segundo o painel do governo estadual.

Flexibilização da máscara

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), assinou o decreto que encerra a obrigatoriedade do uso de máscara em locais fechados na última quinta-feira (17).

A medida foi decretada um dia após o estado de São Paulo registrar o menor número de internações diárias, em 16 de março.

Desde o decreto, o uso de máscaras passou a ser obrigatório apenas em locais destinados à prestação de serviços de saúde e no transporte público. O uso também é necessário em aeroportos e aviões, segundo determinação da Anvisa. A máscara tornou-se opcional em outros ambientes, como escolas e comércio. Desde 9 de março, o uso já não é mais obrigatório em locais abertos.

Apesar disso, ainda é comum ver pessoas usando a proteção em ambientes onde ela não é mais necessária (veja no vídeo abaixo).

A decisão de liberar o uso em ambientes internos foi criticada entre especialistas: a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) diz que a decisão é precipitada.

Especialistas ouvidos pelo g1 alertam que, ao menos para alguns grupos de risco, o fim do uso do equipamento de proteção é ainda mais perigoso.

A flexibilização no estado de São Paulo ocorreu em meio a um sinal de alerta que surgiu com o aumento de casos de Covid-19 em países da Europa e da Ásia. Para cientistas, essa nova onda pode ser fruto de diversos fatores, como a estagnação da cobertura vacinal, flexibilizações sanitárias e mudança comportamental da população.

Fonte: G1.Globo

Obesidade infantil: as razões por trás do aumento de peso entre as crianças brasileiras

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Um estudo encomendado pelo Ministério da Saúde mostrou que uma em cada 10 crianças brasileiras de até 5 anos está com o peso acima do ideal: são 7% com sobrepeso e 3% já com obesidade.

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O Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani-2019), coordenado pelo Instituto de Nutrição Josué de Castro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), indica ainda que um quinto das crianças (18,6%) na mesma faixa etária estão em uma zona de risco de sobrepeso.

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No estudo, foram considerados indicadores de 2019, período anterior à pandemia de covid-19 e durante o qual especialistas acreditam que os indicadores possam ter piorado ainda mais devido a mudanças na rotina de alimentação, atividade física e consultas médicas.

Os dados anteriores do mesmo estudo datam de 2006, e desde então o cenário mudou muito. A prevalência de excesso de peso em crianças nessa faixa etária aumentou de 6,6% em 2006 para 10%, em 2019.

Os dados soaram um alerta para a comunidade médica, que já monitorava outras pesquisas sobre excesso de peso na infância. A mais recente delas, divulgada pelo Ministério da Saúde em 2021, estima que 6,4 milhões de crianças têm excesso de peso no Brasil e 3,1 milhões já evoluíram para obesidade.

“O que realmente nos preocupa é a tendência de aumento. No passado a obesidade era um fenômeno concentrado principalmente entre adultos, mas aos poucos ela foi atingindo também os adolescentes, as crianças mais velhas e agora as de menos de 5 anos”, disse Inês Rugani, pesquisadora do Enani-2019, à BBC News Brasil.

A nutricionista e especialista em saúde pública chama a atenção para o fato de que o estudo identificou uma prevalência maior excesso de peso entre as crianças menores, de até 23 meses de idade, com 23% delas acima do peso. Os menores de 24 a 35 meses estão em segundo lugar (20,4%), seguidos pelos de 36 a 47 meses (15,8%) e 48 a 59 meses (14,7%).

“O fato de que as crianças menores têm uma prevalência um pouco mais alta do que as mais velhas aponta para uma perspectiva de piora no futuro”, afirma.

Segundo Rugani, meninos e meninas com obesidade correm riscos de desenvolverem doenças nas articulações e nos ossos, diabetes, doenças cardíacas e até câncer. “Crianças obesas têm ainda mais chances de se tornarem adultos obesos”, diz.

A BBC News Brasil conversou com médicos, pediatras e nutrólogos que apontaram as principais razões que explicam o crescimento no sobrepeso e obesidade entre as crianças brasileiras.

Alimentos ultraprocessados Alimentos ultraprocessados são os maiores causadores do aumento de peso entre as crianças brasileiras

A obesidade infantil é resultado de uma série complexa de fatores genéticos e comportamentais, que atuam em vários contextos como a família e a escola. Segundo os especialistas ouvidos, porém, os maiores responsáveis pelo aumento de peso entre as crianças brasileiras são os alimentos ultraprocessados.

Sucos de caixinha, refrigerantes, biscoitos recheados, salgadinhos e macarrão instantâneo são alguns dos produtos mais consumidos pelos pequenos atualmente.

Segundo Cintia Cercato, endocrinologista da Universidade de São Paulo (USP) e presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), o Brasil passa há alguns anos por um processo de mudança no ambiente alimentar.

E se antes muitas famílias tinham dificuldade de acesso a alimentos prontos ou industrializados, hoje eles se tornaram mais baratos e disponíveis.

Entre as famílias entrevistadas pelo Enani-2019, a prevalência do consumo de alimentos ultraprocessados chegou a 93% entre crianças de 24 a 59 meses e 80,5% entre crianças de 6 a 23 meses. Já o consumo de bebidas adoçadas atinge 24,5% dos pequenos entre 6 a 23 meses, 37,7% dos de 18 a 23 meses e 50,3% das crianças de 24 a 59 meses.

Além de muitas vezes terem um custo mais baixo do que os alimentos in natura, os industrializados também são propagandeados na televisão e na internet com um marketing muito específico para os pequenos.

“As embalagens são coloridas e com personagens, e nos supermercados os produtos ultraprocessados costumam ficar nas prateleiras mais baixas, na linha de visão das crianças. Dessa forma é difícil que os pequenos não sintam vontade de experimentar”, diz Cercato.

Em outubro de 2022, entrará em vigor novo padrão de rotulagem de alimentos e bebidas industrializadas aprovado pela Anvisa em 2020. As embalagens deverão apresentar um selo frontal com símbolo de lupa para informar sobre altos teores de açúcar, gordura e sódio.

Ainda assim, a endocrinologista defende uma regulamentação mais restrita, com leis que impeçam o uso de personagens e celebridades infantis nas embalagens e anúncios, assim como a distribuição de brindes com os alimentos. “As crianças ainda não têm discernimento suficiente para não serem atraídas por esse tipo de marketing pesado”, diz.

Para garantir a melhor alimentação possível, os nutricionistas e pediatras recomendam que os pais sigam as instruções dadas pelo Guia Alimentar para Crianças Brasileiras elaborado pelo Ministério da Saúde.

“A alimentação da criança deve ser composta por comida de verdade, isto é, refeições feitas com alimentos in natura ou minimamente processados de diferentes grupos (por exemplo, feijões, cereais, raízes e tubérculos, frutas, legumes e verduras, carnes)”, diz a cartilha.

“O número de refeições ao longo do dia e a quantidade de alimentos oferecidos devem aumentar conforme a criança cresce para suprir suas necessidades”.

O guia afirma ainda que refeições com maior variedade de alimentos são as mais adequadas e saudáveis para a criança e toda a família. “Sempre que puder, varie a oferta de alimentos ao longo do dia e ao longo da semana”.

Há ainda outras opções de cartilhas disponíveis na internet, como o Guia Prático de Alimentação para crianças de 0 a 5 anos elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o e-book Lancheira Saudável, da Abeso, que dá ideias saudáveis de lanches para levar para a escola.

Mudanças nos padrões de amamentação

Outro problema identificado pelos especialistas é o não cumprimento do aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade, associado à introdução dos industrializados já durante os primeiros meses de vida.

Segundo o Enani-2019, menos da metade (45,8%) dos bebês menores de 6 meses mamam exclusivamente no peito da mãe.

“O leite materno é sempre a melhor opção e, por isso, aconselhamos a amamentação exclusiva até os seis meses e até pelo menos os 2 anos”, diz a nutricionista Inês Rugani. “A partir dos seis meses a introdução alimentar é recomendada, mas deve-se priorizar alimentos naturais e com ampla variedade de nutrientes, o que infelizmente nem sempre ocorre”.

Segundo o Enani-2019, menos da metade (45,8%) dos bebês menores de 6 meses mamam exclusivamente no peito da mãe

Por variados motivos, muitas mães não conseguem amamentar e acabam optando pela fórmula. Segundo os especialistas, ela é a melhor opção nesses casos, mas deve ser evitada quando o leite materno estiver disponível e não fizer mal à criança.

“Tomar leite na mamadeira produz menos saciedade do que a amamentação. Além disso, a criança fica mais passiva do que quando está mamando no peito, o que pode ser prejudicial para o futuro, quando tiver que pegar e buscar os alimentos”, diz Rubens Feferbaum, pediatra e nutrólogo, presidente do Departamento de Nutrição da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).

Segundo o médico, crianças que tomam fórmula ou leite de vaca industrializado também podem apresentar maior ganho de peso.

Falta de atividade física

Outro componente importante para o aumento nas taxas de sobrepeso e obesidade é a mudança nas atividades dos pequenos. Segundo os especialistas, cada vez mais as crianças têm preferido brincadeiras com pouco ou nenhum movimento.

“O estilo de vida das crianças mudou e agora elas passam muito tempo sentadas ou deitadas, assistindo televisão, jogando videogame e navegando no celular ou tablet”, diz Rubens Feferbaum. “Parte do tempo que no passado era usado para brincadeiras que exigiam correr, dançar e pular agora vai para a tecnologia”.

A falta de espaço físico para atividades mais dinâmicas também se tornou um problema. “Enquanto algumas famílias vivem em regiões periféricas onde não há parques ou segurança na rua, outras crianças passam o dia trancadas em apartamentos no meio da cidade”, opina Inês Rugani.

Segundo a especialista, não há uma recomendação padrão para a prática de atividade física pelas crianças, como existe para os adultos. “O que elas precisam é brincar, ter espaço para correr e se movimentar, e não ficar paradas na frente da TV por horas”, diz.

O Ministério da Saúde, porém, orienta para algumas boas práticas no Guia de Atividade Física para a População Brasileira. O documento, por exemplo, recomenda pelo menos 3 horas por dia de atividades físicas para crianças de 1 a 5 anos, com variações de intensidade de acordo com a faixa etária.

“Para as crianças, a atividade física é feita principalmente em jogos e brincadeiras ou em atividades mais estruturadas, como a participação em escolinhas de esportes e em aulas de educação física”, diz a cartilha.

Influência da família Segundo especialistas, a infância é uma excelente janela de oportunidade para a introdução de uma alimentação diversificada e saudável

Os hábitos adotados pelos pais e demais familiares também podem ter influência no peso da criança, de acordo com os médicos ouvidos pela reportagem.

“A cultura familiar é muito importante, pois as crianças consomem os alimentos oferecidos pelos pais e seguem as regras da casa quando se trata de tempo de tela”, diz Rubens Feferbaum.

Além disso, é durante a infância que muitos dos hábitos alimentares que levamos para toda a vida são formados. E muito do que é aprendido pela criança é absorvido por meio da observação.

“É importantíssimo que os pais deem bons exemplos, especialmente até os dois anos de idade, quando o paladar é formado”, afirma Cintia Cercato, da Abeso. “Oferecer alimentos diversos e em vários formatos e combinações diferentes é sempre uma boa ideia, assim como organizar refeições em família para que a criança se sinta motivada a comer bem”.

A especialista ainda recomenda convidar as crianças sempre que possível para participar do preparo dos alimentos, de forma que elas se sintam incluídas na rotina alimentar da família.

Por outro lado, a genética também tem um peso importante. Segundo Cercato, a chance de filhos de pais obesos sofrerem do mesmo problema pode chegar a 80%. Mas, se os pais têm peso normal, a probabilidade cai para menos que 10%.

O peso durante a gestação também pode afetar a situação do bebê. “O IMC da mãe durante a gestão pode estar intimamente relacionado ao peso futuro da criança”, diz Feferbaum.

Especialistas afirmam que é possível controlar o peso na gravidez, mas, para melhores resultados, é fundamental fazer mudanças no estilo de vida antes mesmo de engravidar.

Falta de acompanhamento especializado

Segundo o pediatra e nutrólogo Rubens Feferbaum, a falta de acompanhamento periódico das crianças por um médico especializado também pode estar contribuindo para o aumento dos casos de sobrepeso e obesidade.

“Nem todas as famílias no Brasil tem um acompanhamento regular com um pediatra”, diz o médico. “Há uma cultura nacional de só levar os filhos ao médico em casos de emergência, mas o ideal é acompanhar a evolução da altura e do peso com visitas regulares”.

O acompanhamento médico periódico é essencial para a identificação precoce do sobrepeso, segundo especialistas

Para o especialista, é muito mais fácil e possível reverter o quadro de ganho de peso quando ele é identificado precocemente. “Após os 5 anos e sobretudo na adolescência, a obesidade se torna mais difícil de reverter. Na verdade, quando mais a obesidade se estende na linha do tempo de uma criança pior será o prognostico para ela”.

Quando o sobrepeso ou a obesidade são identificados pelo pediatra, o indicado é que a criança seja encaminhada para um médico especializado, como um nutricionista ou endocrinologista.

“Por conta das altas taxas de desnutrição que o Brasil apresentou no passado, é comum que pais acreditem na crença de uma criança roliça é sinônimo de saúde. Mas isso não é verdade e só um acompanhamento médico responsável pode determinar o peso e a altura certa de cada uma”, diz Inês Rugani, pesquisadora do Enani-2019.

Pandemia

Os dados do Enani-2019 não englobam o período da pandemia de Covid-19, mas outras pesquisas realizadas no Brasil e no mundo já demonstram o impacto dos períodos de isolamento no peso de crianças de adolescentes.

Um estudo desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Pediatria e publicado na revista científica Jornal de Pediatria, mostrou que alguns comportamentos do isolamento estão acarretando ganho de peso nos pequenos.

A explicação é simples: a falta de gasto energético nas brincadeiras ao ar livre, na escola e também a suspensão dos exercícios físicos, associados ao maior tempo diante das telas, contribuíram para o problema.

Outra pesquisa, do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz), em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), indica que ouve aumento no consumo de doces e congelados, bem como no sedentarismo, por crianças e adolescentes. O percentual de jovens entre 12 e 17 anos que não faziam 60 minutos de atividade física em nenhum dia da semana antes da pandemia era de 20,9%, e passou a ser de 43,4%.

E por mais que não existam ainda dados sobre o aumento de peso real durante o período de isolamento no Brasil, os especialistas ouvidos pela BBC News concordam que haverá um aumento considerável nos índices de sobrepeso e obesidade nos próximos anos.

“Sabemos que os índices vão piorar, e não somente porque a frequência de atividades físicas diminui no período de isolamento, mas também por conta da recessão econômica, que afeta diretamente a qualidade da alimentação do brasileiro”, diz Inês Rugani, do Enani-2019.

Para Rubens Feferbaum, do Departamento de Nutrição da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), é preciso considerar também o impacto da pandemia na saúde mental das crianças e adolescentes.

“Ao ficarem presas em casa, sem ir à escola ou encontrar os amigos, muitas crianças e adolescentes desenvolveram ansiedade e depressão”, diz. “Esses fatores muitas vezes impactam na forma como os jovens se alimentam, pois podem gerar compulsão alimentar”.

E se ainda não existem dados sobre o ganho de peso durante a pandemia no Brasil, já há informações sobre o cenário nos Estados Unidos. Uma pesquisa do Centro de Controle de Doenças (CDC) do Departamento de Saúde dos EUA mostrou que o percentual de crianças e adolescentes obesos no país aumentou para 22%, em comparação com 19% antes da covid-19.

“O estudo americano mostra um crescimento preocupante na curva de obesidade nos Estados Unidos, e no Brasil não deve ser tão diferente”, diz Cintia Cercato, da Abeso.

Fonte: Correio Braziliense Online