Na visão de Isao Teshirogi, diretor executivo da Shionogi, farmacêutica japonesa, o mercado de medicamentos para doenças infecciosas está sendo abandonado por negligência do próprio setor. As informações são da Folha de S. Paulo.
Para o executivo, os governos devem incentivar o setor de alguma maneira, para impedir uma debandada ainda maior. Ele vai mais longe e afirmou aos governos do G7 que outras áreas, mais lucrativas, tem atraído os olhares da indústria.
Teshirogi aponta que fatos como a imprevisibilidade quando o assunto é a demanda de medicamentos para doenças infecciosas e também a duração mais curta dos tratamentos são entraves para o setor.
“Agora é a hora dos países do G7 mostrarem liderança, dizerem: ‘Muito bem, vamos liderar o mundo no apoio aos antibióticos muito capazes e aos antivirais de curto prazo, na fase aguda'”, afirmou.
Doenças infecciosas sem investimento devem pesar em países pobres
Outro ponto destacado por Teshirogi é que, com a queda nos aportes para a pesquisa de novos medicamentos para doenças infecciosas, a população dos países mais pobres será a mais afetada.
Até 2050, a estimativa é que patógenos resistentes a antibióticos façam 10 milhões de vítimas. Atualmente, o número de mortes já não é pequeno e se encontra defasado: 1,3 milhões de falecimentos em 2019, ou seja, há quatro anos atrás.
Shionogi atuou no combate à Covid-19
Muito desse olhar aos medicamentos para doenças infecciosas demonstrado pela Shionogi vem de sua atuação nos últimos três anos. A farmacêutica japonesa mobilizou grande parte de seu pessoal para o desenvolvimento de uma vacina e de um remédio para a Covid-19.
Só que esse não foi o melhor caminho, pelo menos na visão dos especialistas. Dependente dos royalties de medicamentos para HIV e com recursos limitados, o laboratório viu suas ações caírem 1,5% nos últimos cinco anos, enquanto o Índice Nikkei 225 disparou em 40%.