
A novela sobre a tentativa da venda de medicamentos em supermercados se prolongará. Segundo o alto-escalão da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) o tema deve passar por audiência pública nos próximos meses. As informações são do Valor Econômico.
A declaração, dada na última quinta-feira, dia 20, contradiz as expectativas do vice-presidente da entidade, Marcio Milan. Afinal, em coletiva no fim de janeiro, o executivo afirmou que o tema avançaria “em questão de dias”. Segundo apurações do veículo, o assunto está sendo tratado em banho-maria.
Setor é contra medicamentos em supermercados
A proposta de autorizar a venda de medicamentos em supermercados voltou à tona em janeiro. A Abras divulgou uma nota reforçando a proposta apresentada ao presidente Lula no fim de 2024, sob a alegação de que a medida contribuiria para reduzir os preços em 35% e combateria a inflação.
Na mesma semana, diversas entidades do setor farmacêutico, entre elas a Abrafarma, emitiram declarações de repúdio a essa iniciativa, reforçando também o impacto econômico para as drogarias. Os MIPs correspondem a cerca de 30% das vendas no canal.
“Nas 93 mil farmácias brasileiras, que cobrem 99% das cidades do país, geramos 2 milhões de empregos diretos. Do total de lojas, 56 mil são de microempresas optantes pelo Simples Nacional. Aprovar MIPs em supermercados, apenas para agregar uma categoria de vendas a esses estabelecimentos, é provocar o desequilíbrio econômico de um setor que funciona bem e é muito respeitado em todo o mundo”, afirma Sergio Mena Barreto, CEO da Abrafarma.
O executivo também pontua que, apesar de os MIPs dispensarem receita, muitas vezes eles exigem indicação específica. “Em 68% das ocasiões de compra desses remédios, o cliente esclarece suas dúvidas com o farmacêutico. Quem estará no supermercado para atender esse paciente?”, contesta..
A associação ainda refuta o argumento relativo à baixa dos preços. “É uma falácia. Monitoramos preços de mais de 1 mil itens comuns a farmácias e supermercados, e estes estabelecimentos vendem mais caro em 50% das vezes. Por que já não comercializam itens como fraldas, cotonetes e tinturas a preços mais acessíveis?”, alerta.