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Bom Jesus é pioneiro na utilização de plasma em pacientes com covid-19

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O Hospital Bom Jesus de Ponta Grossa foi a primeira casa hospitalar a utilizar plasma convalescente no tratamento de pacientes com a covid-19. A técnica, que vem sendo estudada pelo Hemepar de Curitiba desde maio, consiste em utilizar este material para tratar pessoas que tenham sido contaminadas pela doença e que estejam em estado grave, com o comprometimento pulmonar.

Em Ponta Grossa, Vilma Ribeiro do Vale Becchi, de 55 anos, foi a primeira a receber a transfusão. A paciente deu entrada no Bom Jesus no dia 6 de agosto e permaneceu internada na enfermaria. O quadro da doença agravou entre a madrugada do dia 9 para o dia 10 de agosto quando a paciente foi então transferida para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

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“Esta paciente teve câncer de cólon no ano passado e teve comprometimento do pulmão. Ela já estava sendo tratada com corticoides, anticoagulantes, broncodilatadores e outros medicamentos. Ao conversar com outros médicos, a exemplo do doutor Magno Zanellato, levantamos a questão da utilização do plasma após observar o resultado da tomografia. Sabíamos que poderia ser uma das armas no tratamento e então fizemos a solicitação de três bolsas ao Hemepar de Curitiba”, explica a médica Liliana Elias Pena Pilatti, especialista em Cardiologia Intervencionista e Hemodinâmica do Bom Jesus, do Hospital Geral Unimed (HGU) e Clínica Inovare.

De acordo com a especialista, a paciente fez uso de três bolsas de plasma, sendo utilizada uma a cada 24 horas, por conta do quadro clínico da paciente. “A primeira bolsa foi utilizada no dia 10 de agosto logo após a assinatura do termo de consentimento pelos familiares desta paciente e viabilização de todos os documentos necessários para a utilização do plasma”, disse a cardiologista. Após o tratamento da doença com o plasma e demais medicamentos, a paciente deixou a UTI no dia 17 de agosto e no dia 19 do mesmo mês recebeu alta hospitalar.

“Acredito que o plasma tenha ajudado e ele pode ter sido sim uma arma no tratamento da doença juntamente com os demais medicamentos utilizados. Mas não podemos afirmar que somente o plasma contribuiu para a melhora. E não podemos dizer que temos certeza absoluta que ele funciona. No entanto, não existe uma fórmula mágica, mas creio que temos que utilizar tudo o que pudermos para salvar a vida do paciente”, destacou a médica.

O plasma também foi utilizado em outros cinco pacientes do Bom Jesus, ainda no mês de agosto, e mais bolsas foram solicitadas ao Hemepar na segunda-feira (31) para o sexto e o sétimo paciente. Dos pacientes que já utilizaram o plasma, quatro já estão em casa, e um segue internado, mas já deixou a UTI. “O plasma é uma transfusão normal e não custa tentar. Ao vermos a piora dos nossos pacientes, queremos realmente tentar tudo o que possa ter algum benefício no tratamento”.

Segundo Liliana, o tratamento com o plasma hiperimune foi primeiramente utilizado em seus próprios pacientes. “Mas tenho colegas que também já solicitaram bolsas, como é o caso do médico Pedro Compasso que é responsável pela ala covid-19 do Bom Jesus”.

Equipe

Antes da utilização do plasma convalescente, a cardiologista conversou e contou com o apoio de outros especialistas de Ponta Grossa como é o caso da hematologista Violete Laforga, o cirurgião torácico e pneumologista, Magno Zanellato, o pneumologista Pedro Compasso e o cardiologista Marcelo Valladão.

As profissionais do Hemepar de Ponta Grossa, Nelsi de Oliveira Zakszewski, chefe do Hemonúcleo, e a bioquímica Fabíola Viol Tonon, também contribuíram, segundo a cardiologista na viabilização das bolsas. “A enfermeira Luana de Medeiros, do Bom Jesus, também nos ajudou muito com a viabilização dos documentos. A equipe de transfusão do hospital e a fisioterapia também foram importantíssimas na recuperação dos pacientes”.

Transfusão

A ideia principal do tratamento é realizar a coleta dos anticorpos do plasma e transfundir em uma pessoa que diagnosticou positivo para a doença. “A ideia não é utilizar somente em pacientes que estão na UTI, deve ser usado de maneira precoce antes de evoluir mal e precisar de UTI”, disse a médica.

A enfermeira e chefe do Hemepar, Nelsi de Oliveira Zakszewski, explica os anticorpos presentes no plasma hiperimune poderão fazer com que o vírus presente no organismo dessas pessoas fique cada vez mais fraco e seja combatido. “Dessa forma, faremos uma imunização para melhorar a defesa do organismo”, destacou a enfermeira e chefe do Hemepar, Nelsi de Oliveira Zakszewski.

O plasma deve ser congelado a -20°C até 8 horas do início da coleta e isso requer equipamentos e profissionais capacitados e treinados. O Hemepar de Ponta Grossa deverá se tornar autossuficiente na demanda de plasma da cidade caso seja solicitado pelos hospitais. Na última semana, o Hemonúcleo da cidade informou que o plasma convalescente coletado de três doadores apresentou resultado positivo para a presença de anticorpos.

“O plasma fez diferença na minha vida”, afirma paciente

A empresária do ramo de transportes, Vilma Ribeiro do Vale Becchi, de 55 anos, começou a sentir os primeiros sintomas da covid-19 em casa. Tudo começou com uma febre e tosse seca. Após uma tomografia, deu entrada na ala de isolamento do Bom Jesus no dia 6 de agosto, quando fez o primeiro teste para a covid. No dia seguinte, os sintomas pioraram e a paciente já não conseguia respirar.

“Tomei todas as medicações e fui levada para a UTI em estado muito grave. Os médicos avaliavam a possibilidade de me entubar e nesse período eu fui para o respirador. O meu marido assinou o termo de autorização para o plasma e então eu tomei a primeira bolsa”, disse.

Após a primeira transfusão, Vilma alegou que sentiu diferença e apresentou melhora. “Até os enfermeiros notaram. Da primeira bolsa para a segunda eu já era outra pessoa, eu estava mais disposta. Teve um dia que os médicos pensaram que eu não fosse sobreviver. Mas lutaram pela minha vida, inclusive a doutora Liliana que prontamente me atendeu. Tenho certeza que o plasma fez a diferença na minha vida”, lembrou.

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/2020/08/19/polonia-inicia-producao-de-medicamento-experimental-com-plasma/

Além de Vilma, o seu marido, de 55 anos, e os dois filhos, de 25 e 31 anos, também tiveram a doença. “Inclusive, os meus dois filhos vão doar o plasma para o Hemepar. E eu peço que as pessoas que tiveram a doença também doem, pois eu tenho certeza que salva vidas”, disse Vilma.

Quem pode doar plasma convalescente

– Homens e mulheres com idades entre 18 e 59 anos

– Mulheres não podem ter passado por gestações

– Apresentou sintomas leves de covid-19

– Pesar mais de 55 quilos

– Estar no período entre 45 a 60 dias da data do diagnóstico do vírus

– Não ter tido ou estar com as doenças: Sífilis, Chagas, Malária, HIV, HTLV, Hepatite B e C.

Fonte: Diário dos Campos

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