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Com lenta desaceleração, alta de preços deve persistir nos próximos meses

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Apesar de ter desacelerado em relação a março (1,62%), a alta de preços aumentou 1,06% em abril, o maior percentual para o mês em 26 anos, segundo o IBGE (Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística). A expectativa é que uma queda significativa do índice não aconteça tão cedo.

Para Marco Caruso, economista-chefe do Banco Original, é muito provável que a inflação tenha atingindo o pico em 12 meses. Contudo, a melhora do índice deve ser lenta. “Estamos vendo uma inércia inflacionária muito alta”, completa.

O que mais contribuiu para a disparada do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em abril, em comparação ao mesmo período em anos anteriores, foram os combustíveis (3,20%) e os alimentos (2,06%), que já vêm pressionando a inflação há meses.

O aumento nos preços está sendo motivado, em grande parte, pela guerra entre Rússia e Ucrânia, dois importantes exportadores de commodities (matérias-primas com cotação internacional), como o petróleo. Segundo Hugo Garbe, professor do Mackenzie e economista-chefe da G11 Finance, o conflito é um elemento importante, uma vez que a alta dos alimentos acontece muito em razão da variação cambial e da elevação dos custos, principalmente dos fertilizantes.

Os lockdowns e o aumento do isolamento social em cidades importantes da China, como Xangai e Pequim, contribuíram para a elevação do preço dos bens industriais. “A falta de produtos, devido às interrupções na cadeia produtiva global, que está com interrupções, tem aumentado o preço de alguns produtos”, analisa Caruso.

Alta de preços persistente

O índice de difusão, ou seja, o percentual de itens que tiveram aumento, atingiu 78% dos serviços e produtos comprados pelas famílias em abril, percentual superior ao de março (75%).

Segundo André Braz, analista do Índice de Preços ao Consumidor da FGV, esse dado é preocupante. “Isso significa que a inflação está em todo lugar, o que aumenta a persistência da inflação”, afirma.

Para maio, está prevista uma leve desaceleração da inflação. “A expectativa é que haja um crescimento menor do preço dos combustíveis, caso não haja mais aumentos da Petrobras. Também é esperado que a queda da tarifa de energia continue e caia mais 6% no próximo mês, por conta da manutenção da bandeira verde, que entrou em vigor em abril. E quem sabe tenhamos até um aumento menor dos alimentos”, projeta Braz.

Uma mudança drástica no índice não deve acontecer sem que ocorra uma mudança no cenário internacional. “A Ucrânia e a Rússia ainda estão em guerra, os juros nos EUA continuam subindo, e a China continua com lockdowns, o Brasil passa por ano eleitoral. Todos esses são fatores que podem mexer com o câmbio e encarecer as commodities”, explica o economista da FGV.

Juros vão continuar subindo

Em 2022, a inflação acumula alta de 4,29%. Em um ano, a variação é de 12,13%, acima dos 11,30% constatados nos 12 meses anteriores. Para tentar controlar o índice, o Banco Central tem subido a taxa de juros, que chegou a 12,75% em maio, após um aumento de 1 ponto percentual.

“A expectativa é que a inflação se estabilize e não caia muito ainda. Mesmo com aumento da Selic, não houve ainda um decréscimo significativo da inflação. Como temos em média uma inflação de 1% ao mês, a política monetária contracionista do Banco Central deve permanecer nos próximos meses ”, explica Hugo Garbe, professor de economia e finanças da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Para André Braz, o percentual de índice de difusão mostra que o “desafio das autoridades monetárias é grande”. “Com um aumento de preços tão disseminado, esse é [o momento] quando o Banco Central tem que aumentar mesmo os juros”, completa.

“Essa desaceleração da inflação não deve mudar a política monetária do Banco Central, porque ela precisa ser mais consistente e duradoura, e o período de incerteza não permite uma projeção de cenário como essa. Para 2023, esperamos ainda uma inflação de 4,2%, acima da meta (3,5%)”, analisa Braz.

Fonte: R7

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