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Conheça o Projeto S que vai vacinar uma cidade inteira contra a Covid

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Sob os aplausos do governador João Doria (PSDB) e de Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, três mulheres e dois homens receberam a primeira dose de Coronavac nesta quarta-feira (17/2), às 9h15, em Serrana — a 279 km de São Paulo, capital, na região de Ribeirão Preto.

Eles são os primeiros cinco voluntários de 30 mil que serão vacinados contra Covid-19 em toda a cidade nas próximas semanas. Eles fazem parte do Projeto S, a quarta fase de testes no Brasil da vacina Coronavac.

Na fase quatro, os pesquisadores do Instituto Butantan buscarão saber a efetividade da vacina (ou eficiência, termo que Dimas Covas usa mais com frequência).

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Todos já sabemos a taxa de eficácia da Coronavac, medida na fase três de testes. Nos testes no país, a eficácia global foi de 50,38%. Esse dado demonstra o quanto uma vacina protege pessoas em circunstâncias controladas. Já a efetividade se refere a como a vacina funciona no mundo real, aplicada em uma comunidade inteira. A pesquisa clínica vai permitir estudar o impacto da vacina na população adulta sob o ponto de vista de contenção da pandemia e transmissibilidade do vírus.

“O estudo também vai analisar outros impactos, como a saturação do sistema de saúde, o número de óbitos e o tempo até alcançarmos a imunidade de rebanho”, declarou Dimas Covas em Serrana.

Oficialmente, o projeto foi divulgado no dia 8 de fevereiro. Na ocasião, Dimas Covas disse que o “S” de Projeto S era de secreto. Mas em Serrana, o projeto não era segredo para ninguém.

Em dezembro, Serrana já sabia do segredo

No dia 2 de dezembro, Serrana era uma das escolhidas para fazer parte de novos testes da Coronavac. O imunizante desenvolvido pela farmacêutica chinesa Sinovac e produzido no Brasil pelo Instituto Butantan.

Desde meados de 2020, o Butantan tinha em vista estudar os efeitos da Coronavac em cerca de dez municípios brasileiros. Em dezembro, foi decidido que Serrana teria 320 vacinados e os demais municípios teriam outros 3.180 imunizados, totalizando 3,5 mil pessoas. São José do Rio Preto também foi escolhida no estado de São Paulo.

As duas cidades entraram no radar por terem um índice alto de infecções ativas. Serrana, por exemplo, vem apresentando uma taxa em torno de 10% de população infectada por Covid-19. Um número muito alto para um município de 45,8 mil habitantes.

Marcos Borges, pneumologista do Hospital das Clínicas e coordenador do programa pelo Instituto Butantan, deu detalhes do teste na ocasião:

“Uma vez por mês uma equipe vai até a casa dos voluntários e coleta o teste rápido. A cada 12 semanas, faremos também uma análise sorológica mais específica. Vamos conseguir avaliar o perfil da imunidade no Brasil, com resultados parciais trimestrais.”

Segundo a plataforma Clinical Trials, atualmente este estudo envolve 4.100 voluntários, que serão assistidos por onze instituições, além do Butantan. São elas: Universidade Federal do Ceará, Universidade de Brasília, Universidade Federal de Minas Gerais, Hospital Universitário Júlio Müller da Universidade Federal de Mato Grosso, Universidade Federal de Roraima, Centro de Pesquisas em Medicina Tropical de Rondônia, Universidade Federal de Sergipe, Faculdade Santa Marcelina, Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, Instituto de Infectologia Evandro Chagas (Fiocruz).

Os nomes das outras cidades brasileiras que participarão do estudo não foram divulgadas. Há resultados previstos para maio de 2021 e maio de 2022, quando o estudo será finalizado.

O que Serrana tem de especial

Antes da virada de ano, colaboradores do Instituto Butantan em Serrana e em Ribeirão Preto já sabiam que a cidade era forte candidata à fase 4 dos estudos com a Coronavac.

“Eu achava que o S era de Serrana e não de segredo”, disse um funcionário do hospital à reportagem.

Em setembro, o Instituto Butantan em conjunto com Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) organizaram um recenseamento da população para levantar seu perfil. Agora o censo também servirá para evitar imunizar pessoas de fora da cidade.

Serrana apresentou vantagens evidentes. Sua população pequena deixa um estudo de massa mais barato. A cidade também conta com um hospital de bom porte, referência no tratamento de Covid-19 na região, o Hospital Estadual de Serrana, que é ligado à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo.

Além disso, Dimas Covas, o diretor do Instituto Butantan, percebeu uma característica ótima para o estudos. Serrana é uma “cidade pêndulo”. Isto é, boa parte da população trabalha ou estuda em Ribeirão Preto.

A migração pendular ajuda nos estudos porque a população da cidade não receberia a vacina e permaneceria em casa. Ela estaria se expondo ao vírus diariamente. De acordo com Dimas Covas, um estudo deste tipo é inédito.

“O que vamos obter aqui em Serrana servirá ao mundo inteiro. Serrana vai dar a resposta se a vacinação de fato vai ter um efeito imediato e duradouro sobre a pandemia, nas próximas semanas, nos próximos meses o trabalho aqui é de fundamental importância para humanidade.”

Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan

A notícia de que a cidade seria objeto de estudo animou os moradores que aderiram ao projeto. No primeiro dia de cadastro de voluntários, 76% do público alvo preencheu o cadastro de participação.

Acompanhamento por WhatsApp

A cidade foi dividida em quatro setores. Em cada um, haverá dois postos de vacinação numa escola pública, que funcionará das 14h às 20h30. O processo não é rápido como na vacinação comum.

Os serranenses precisam fazer uma triagem médica, coletar sangue e assinar um termo de consentimento.

Além disso, os moradores terão a companhia de Tainá. Uma assistente virtual que tirará dúvidas dos moradores pelo WhatsApp. Para conversar com a Tainá, o morador de Serrana devera mandar um “oi” para o número +55 11 4950-8330.

Datas de resultados

De acordo com Dimas Covas, os primeiros resultados poderão estar disponíveis já no mês de maio de 2021 e, de acordo com a plataforma Clinical Trials, o estudo tem encerramento previsto para fevereiro de 2022.

Fonte: Metrópoles

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