Segundo levantamento realizado pela Abrafarma, a demanda por testes de dengue nas grandes redes cresceu 25% nas três primeiras semanas de fevereiro, em comparação com o mesmo período de janeiro. Entre 30 de dezembro e 19 de janeiro, foram realizados 6.949 exames. Já entre 27 de janeiro e 16 de fevereiro, a quantidade subiu para 8.689.
Na última semana com dados disponíveis (10 a 16 de fevereiro), 2.629 pessoas procuraram alguma farmácia das redes associadas à entidade para realizar a testagem. Dessas, 19% acusaram diagnóstico positivo. Em São Paulo, os testes custam entre R$ 30 e R$ 200, a depender do tipo do exame.
Uma das líderes no segmento de testes rápidos, com 90% do market share nas drogarias, a ECO Diagnóstica prevê um aumento na busca pelos exames especialmente após o carnaval. “Muitas redes estão utilizando estoques do ano passado e, até agora, os pedidos estão normalizados”, explica o diretor executivo Vinícius Pereira.
Já a MedLevensohn registrou incremento de 157% na demanda em relação a fevereiro de 2024. Os testes da companhia estão presentes em mais de 10 mil PDVs. “Esses exames representam um importante apoio para a detecção da dengue em estágio inicial e aplicação de um tratamento eficaz contra a doença, diminuindo seu agravamento e até o número de óbitos”, avalia o diretor comercial e de marketing, Fernando Marinheiro.
Segundo o executivo, desde o início do ano a MedLevensohn comercializou mais de 1 milhão de unidades de testes rápidos para a dengue, 52% a mais do que no mesmo período no ano anterior.
Testes de dengue estimulam também interesse por repelentes
Os testes de dengue nas farmácias também estimulam o interesse por repelentes. No comparativo entre os meses de dezembro de 2024 e janeiro de 2025, a rede paranaense Vale Verde contabilizou aumento de 94,83% na compra do produto. Em relação a janeiro de 2024, a procura foi 56,72% superior.
Com o avanço dos casos de dengue em todo o estado de São Paulo, a aquisição de repelentes registrou um avanço expressivo na Farma Conde. Em janeiro deste ano, as vendas do produto multiplicaram cerca de dez vezes em comparação ao mesmo período de 2024.
Um dos repelentes mais vendidos da rede é o ON, que tem fabricação do laboratório MCG, de São José dos Campos, e é vendido pela Farma Conde. No estado de São Paulo, o laboratório é um dos únicos com fabricação do produto.
O Grupo DPSP informa que historicamente, o pico de vendas de produtos ligados à dengue, como testes, repelentes e vacinas é em fevereiro. Como o mês ainda não se encerrou, não é possível fazer uma avaliação exata sobre aumento ou diminuição dessa demanda em relação a 2024. Atualmente as vendas de repelente nas farmácias da rede estão estáveis.
A RD Saúde registrou um aumento de 65% na procura por testes de dengue entre a primeira semana de fevereiro e a atual. A positividade subiu de 17% para 26% no mesmo período. Já na venda de repelentes, a rede contabilizou uma alta de 10% em fevereiro em relação a janeiro. Na comparação com fevereiro do ano passado, há uma queda de 53%.
Buscas por informações médicas sobre dengue crescem quase 3 vezes
Dados do Afya Whitebook, ferramenta de apoio à decisão clínica utilizada por médicos, indicam que as buscas por informações sobre dengue aumentaram 2,81 vezes no país de 18 de novembro de 2024 a janeiro de 2025, com destaque para São Paulo (4,52 vezes) e Minas Gerais (3,10 vezes).
Essa busca reflete-se no aumento de casos notificados. Segundo informações do Ministério da Saúde, o Brasil registrou mais de 139 mil casos prováveis em 2025, sendo cerca de 7 mil em São Paulo e 3,8 mil em Minas Gerais.
São Paulo confirmou 2.976 casos de dengue por dia em 2025, em média, segundo o Painel de Arboviroses da Secretaria Estadual da Saúde. Os dados levam em consideração o período até a oitava semana epidemiológica, que terminou em 22 de fevereiro. De janeiro até esta data, o estado somou 157.767 casos de dengue. O intervalo de 19 a 25 de janeiro teve a maior ocorrência da doença – 25.615.
Vacina à vista
Nesta terça-feira, dia 25, o governo anunciou a produção – em larga escala – da primeira vacina 100% nacional e de dose única contra a dengue. A previsão é que, a partir de 2026, sejam ofertadas 60 milhões de doses anuais, com possibilidade de ampliação do quantitativo conforme demanda e capacidade produtiva.
A Anvisa ainda avalia o pedido de registro do imunizante, feito pelo Instituto Butantan em dezembro de 2024. Há cerca de duas semanas, a autarquia solicitou mais informações e dados complementares sobre a vacina e informou que foi concluída, de forma antecipada, a análise de dados de qualidade, segurança e eficácia apresentados.
Produção em larga escala
Segundo o governo federal, a partir de uma parceria entre o Instituto Butantan e a empresa WuXi Biologics, a produção em larga escala da vacina 100% nacional e de dose única contra a dengue se dará por meio do Programa de Desenvolvimento e Inovação Local do Ministério da Saúde. O investimento é de R$ 1,26 bilhão.
Também estão previstos R$ 68 milhões em estudos clínicos para ampliar a faixa etária a ser imunizada e incluir idosos, além de avaliar a coadministração da dose contra a dengue com a vacina contra o Chikungunya, também desenvolvida pelo Instituto Butantan.
Na rede privada, atualmente duas vacinas da dengue foram aprovadas – a QDenga, da Takeda; e a Dengvaxia, da Sanofi. Os preços variam de R$ 500 a R$ 300, respectivamente.