De olho no mercado brasileiro, uma delegação com 55 indústrias farmacêuticas da Índia mobilizou mais de 100 líderes do setor em São Paulo, durante missão de negócios realizada na última semana. O encontro teve cobertura exclusiva do Panorama Farmacêutico.
A missão foi liderada pelo Conselho de Promoção de Exportação de Produtos Farmacêuticos da Índia (Pharmexcil), vinculado ao Ministério do Comércio e Indústria, e teve o apoio da Câmara de Comércio Índia-Brasil e da Embaixada da Índia no país. O encontro contou com a presença do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga; do diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres; do presidente do Sindusfarma, Nelson Mussolini; e do presidente da Abiquifi, Norberto Prestes.
Farmacêuticas indianas no Brasil: oportunidades e gargalos
“Queremos abrir ainda mais o campo de ação entre os empresários do setor farmacêutico, especialmente com a comercialização de medicamentos genéricos e insumos farmacêuticos ativos (IFAs)”, afirma Ravi Udaya Bhaskar, diretor geral do Pharmexcil.
Como parte dessa estratégia, a entidade planeja um acordo de cooperação com a Abiquifi e o Sindusfarma, com meta de criar no Brasil uma base para as operações na América Latina. A Índia é sede de quatro das dez maiores fabricantes de genéricos do mundo, além de responder por 90% dos IFAs para vacinas contra o sarampo.
Nelson Mussolini, porém, alertou para a necessidade de romper importantes gargalos. Uma das medidas defendidas pelo dirigente do Sindusfarma é a redução de impostos para atrair fabricantes de insumos ao Brasil. “Dessa maneira teríamos não só uma indústria farmacêutica de produto acabado, que já é muito grande, mas também uma produção de matéria-prima para atender facilmente todo o continente americano. E ainda resolveríamos os problemas com fretes, cujo custo aumentou até dez vezes em função da pandemia”, avalia.
Ele também fez um apelo ao Ministério da Saúde para aumentar o quadro de servidores na Anvisa. Sem concurso público desde 2016, a agência registra um déficit de 1.146 profissionais. “A indústria farmacêutica precisa de previsibilidade e a Anvisa tem cumprido esse papel de forma admirável, mas carece de mão de obra”, comenta.
Norberto Prestes, da Abiquifi, lembrou que o Brasil importa a maioria dos insumos farmacêuticos utilizados localmente, sendo 30% provenientes da Índia e 65% da China. “A palavra-chave é que a América Latina precisa de empresas que entendam a importância de aumentar a produção local de IFA. Precisamos de parceiros dispostos a produzir moléculas no país”, afirma.
A entidade, juntamente com o ministério da Ciência e Tecnologia, elaborou um plano para retomar a indústria de insumos no país, que tem potencial para se tornar uma plataforma de exportação de IFA. Em janeiro deste ano, a Abiquifi, em parceria com a Apex Brasil, realizou um levantamento das 50 moléculas mais estratégicas para a saúde pública nacional, grande parte delas relacionadas a doenças cardiovasculares, sistema nervoso e problemas infecciosos.
Brasil é o maior parceiro comercial das farmacêuticas da Índia
A América Latina é considerada um mercado emergente para produtos farmacêuticos indianos, com uma participação de 7%. Isso corresponde a US$ 1,7 bilhão do total de US$ 24,6 bilhões das exportações durante o ano fiscal 2021/2022.
O Brasil é o maior parceiro comercial da indústria farmacêutica indiana na América Latina e o sexto maior destino de exportação, movimentando US$ 580,8 milhões. Além de IFAs, as maiores demandas são por antirretrovirais e medicamentos para câncer, diabetes e doenças cardiovasculares.
De 21 a 23 de setembro, o Pharmexcil está organizando uma missão para Nova Delhi, na Índia, e iniciou o recrutamento de executivos do mercado farmacêutico brasileiro. Empresas interessadas em participar podem entrar em contato pelo e-mail regulatory@pharmexcil.com.
Top 10 países de exportação da indústria farmacêutica indiana
1 – Estados Unidos
2 – Reino Unido
3 – África do Sul
4 – Rússia
5 – Nigéria
6 – Brasil
7 – Alemanha
8 – França
9 – Holanda
10 – Bélgica
Fonte: Redação Panorama Farmacêutico