A rede de farmácias CVS se tornou a mais lucrativa do setor no varejo norte-americano, tendo patrimônio líquido avaliado em US$ 104,57 bilhões e mais de dez mil lojas. Algumas de suas movimentações recentes explicam esse crescimento desenfreado. As informações são do Diário do Comércio.
Gui Serrano, vice-presidente associado da CVS Health explicou durante o Latam Retail Show que a impulsão da empresa se deve a um fator econômico e pela constatação de que as despesas de consumo final com saúde nos Estados Unidos somam o equivalente a 17% do PIB do país. O modelo local estava caro, incapaz de atender a todos e ultrapassado com o envelhecimento populacional.
Além de desempenhar papel importante na estratégia do governo de reinventar a oferta do setor para a população, a virada de chave tornou a rede fundamental na facilidade de a profissionais e pela capilaridade das farmácia. Dados da CVS revelam que 85% dos norte-americanos moram a menos de oito quilômetros de uma farmácia da rede.
Redes do varejo norte-americano diferem do Brasil
O setor farmacêutico nos Estados Unidos é boa parte concentrado nas grandes redes de supermercados, girando em torno de 70% do mercado. Enquanto isso, no Brasil, as farmácias costumam atuar independentemente.
Serrano acredita que muitos desses passos e pontos de contato poderiam ser agrupados pelas farmácias. Até então, o farmacêutico norte-americano era muito subutilizado nos negócios da CVS.
Contudo, a reinvenção das redes de farmácias e do governo por outras receitas no país foi influenciada por outras questões macro e microeconômicas. “O farmacêutico é capaz de indicar como ter uma saúde melhor. Por outro lado, o governo não consegue administrar tudo sozinho e reuniu os grandes players para usar as lojas como um last mile da saúde e entregar muito mais do que medicamentos”, afirma o executivo.
Novo conceito de varejo da CVS
Em 2019 a CVS deu início a um novo conceito de varejo, utilizando parte da expertise ganha pela compra do plano de saúde Aetna para implementar uma loja modelo com amplo leque de atendimento, a CVS HealthHub. Mudanças como a abertura de clínicas dentro da loja, a chamada CVS MinuteClinic, representam o ponto de partida.
As clínicas não são lideradas por médicos para não encarecer o processo mas, mesmo assim, oferecem o cuidado profissional para prescrição de medicamentos e tratamentos básicos, havendo a participação de enfermeiros, farmacêuticos e assistentes.
E, na sequência, vieram as vacinas, testes alérgicos, exames físicos e laboratoriais e centro de diagnósticos em uma solução mais barata, fácil e completa. O atendimento personalizado é parte do sucesso, segundo Serrano.
“Durante duas ou três décadas tivemos sucesso só abrindo lojas, até o mercado saturar. Aí chegou um momento em que ficamos com um problema de margem e batemos no teto de crescimento de lojas”, justifica.
Hoje, dois terços do lucro da rede de farmácias CVS é gerado por marcas próprias. O executivo declara que elas geram uma margem três vezes maior do que a dos outros produtos.
CVS deve apenas crescer participação no varejo norte-americano
A rede já atinge cinco milhões de clientes por dia, com 24,5% do mercado de prescritos, mais de 100 milhões de vidas asseguradas por planos de saúde e membros de fidelização do ecossistema, a CVS detém o maior programa de fidelidade dos Estados Unidos, com 74 milhões de participantes.
De acordo com Serrano, a rede de farmácias é o sistema de saúde do país mais aproximado ao que o consumidor espera.
E a expansão não para por aí. No primeiro semestre do ano, as aquisições da Signify Health e da Oak Street Health, por US$ 8 bilhões e US$ 10,6 bilhões, respectivamente, aproximam a empresa de um ecossistema.
O projeto futuro é de que cuidados básicos e auxílio a pacientes com doenças crônicas e em pós-cirurgia façam parte do negócio. “Esse tipo de cuidado continuará a crescer. Todos precisam se concentrar na criação de um modelo de cuidados de saúde, de alta qualidade e acessível”, finaliza.
