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Guardar mil reais por mês não é a realidade da maioria

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Nathalia Rodrigues tinha apenas 19 anos quando decidiu abrir um canal no YouTube sobre finanças pessoais. Mal sabia ela que, apenas dois anos depois, já seria uma das maiores influenciadoras de economia do país, ainda que falando para um público bem específico (e volumoso): o de baixa renda.

Nath Finanças, apelido pelo qual Nathalia ficou conhecida, é também o nome do seu canal no YouTube com quase 94 mil inscritos e do seu perfil no Twitter com 277 mil seguidores. Hoje com 21 anos e prestes a terminar a faculdade de Administração, a jovem carioca finalmente alcança um público que durante anos foi negligenciado por influencers mais famosos do setor financeiro.

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Leia também “Só falavam assim: ‘ah, guarde mil reais’, ‘como guardar 30% da renda’… O que não é a realidade da maioria da população brasileira”, diz Nathalia em entrevista exclusiva. “Quando criei o canal, foi para ajudar essas pessoas. Não foi para um público que já tem grana e ganha 3, 4, 5 mil reais.”

O posicionamento em defesa de educação financeira para pessoas em situação de fragilidade socioeconômica rendeu à Nathalia não apenas o status de influencer, mas também o de autoridade. Virou moda nas redes sociais confessar a ela uma despesa desnecessária com a já famosa frase “falhei com voc.

O Yahoo Finanças continua sua série de entrevistas com influenciadores e influenciadoras do mundo das finanças pessoais na internet brasileira. Desta vez, a conversa é com Nathalia “Nath Finanças” Rodrigues, líder das dicas de economia doméstica para a população de baixa renda do país.

Leia a seguir.

De onde surgiu o interesse em criar um canal de finanças pessoais focado em pessoas de baixa renda?

Fiz uma pesquisa de negócios no YouTube – bem administradora [risos] – e vi lá pessoas que falam de finanças. Tem um monte, mas elas não estavam falando para pessoas de baixa renda. Só falavam assim: “ah, guarde mil reais”, “como guardar 30% da renda”. O que não é a realidade da maioria da população brasileira.

Quando a gente ganha o nosso primeiro salário, a gente não tem um cursinho de como organizar o nosso salário e não pagar taxas bancárias. Simplesmente, a gente chega no mercado de trabalho e recebe um cartão de crédito com limite maior do que a renda. O máximo que vamos ganhar é isso: “compre na Black Friday, estoure seu cartão e acabe com seu limite”. O tempo todo a gente é bombardeado de consumo.

Pessoas como eu, que começaram a iniciar a vida, têm bolsa de estágio, trabalhadores que ganham um salário mínimo e não conseguem se organizar, não estavam vendo [no YouTube] pessoas que falam com uma linguagem simples.

A ideia é alcançar um público maior?

Exatamente. Como eu sempre falo: quando eu criei o canal, foi para ajudar essas pessoas. Não foi para um público que já tem grana e ganha 3, 4, 5 mil reais. Mas felizmente, essas pessoas também me seguem. E gostam do meu conteúdo pela linguagem didática. E foi assim que eu criei o canal: para ajudar pessoas como eu que querem se organizar financeiramente de uma forma simples, prática e divertida também. Porque agora eu sou meme [risos].

Você atualmente faz estágio e contou que o canal surgiu como um projeto paralelo. Mas você pensa em transformá-lo em sua profissão, sua principal fonte de renda?

Eu não penso em só viver do meu trabalho de conteúdo e de youtuber. Eu penso muito em trabalhar com consultoria, fazer um livro didático, falar com crianças… [O canal] vai ser uma das fontes de renda, mas não vai ser a principal.

E você quer continuar na área de educação financeira?

Educação financeira e economia doméstica, sim.

Por que não há mais canais voltados à população de baixa renda?

Talvez pelo medo de ser julgado? Quando eu criei o canal, muitas pessoas vieram julgar o que eu falo pelo simples fato de acharem que é óbvio e é fácil para todo mundo. Mas não é. Quando eu comecei a trabalhar, eu nem sabia o que significa conta corrente. E eu sou uma pessoa que não buscava informação? Não. Eu já tinha terminado o ensino médio e não sabia para que servia uma conta corrente.

Por isso, talvez, esse público que começou a fazer bem antes de mim pensou que a pessoa que está assistindo já sabe o básico. Comigo não. Eu vou falar o básico, e se você não entender, vou fazer um vídeo explicando sobre o assunto. Eu sempre coloco uma legendinha para você entender o que é inflação, capital… A gente tem que entender os termos financeiros, porque assim a gente consegue ter uma educação financeira.

O seu canal é mais focado em ajudar as pessoas a organizar suas finanças em vez de ensiná-las a ganhar dinheiro. Mas é possível ensinar o público mais pobre a ganhar dinheiro também, além de organizar as contas?

Para mim, não é algo viável no momento. Quando a pessoa fala de ganhar dinheiro fácil, isso não existe. Ou a pessoa tem um puta conhecimento do que ela está falando ou ela tem experiência, trabalha com isso há muito tempo. Não tem como ganhar dinheiro fácil assim. Se fosse fácil todo mundo já estaria ganhando dinheiro com ações o tempo todo e não estaria perdendo.

Para muitos brasileiros, educação financeira se resume a dicas no YouTube e nas redes sociais. Para você, estado e empresas deveriam também se preocupar e se encarregar da educação financeira das pessoas?

É crucial. Hoje eu vejo mais bancos e instituições financeiras ensinando educação financeira. Mas tudo isso tem um interesse, né? Elas não ensinavam anos atrás e lucravam muito com o endividamento das pessoas. Elas fazem isso hoje porque é interessante para elas a pessoa investir e sair da poupança. É interessante a pessoa investir em um CDB, em ações, porque ajuda as corretoras. Tudo é com interesse. Tenho certeza de que quando elas estão falando de educação financeira e educando, é porque elas vão ganhar com isso também.

As pessoas não devem só ver vídeos do YouTube, devem buscar mais informações. Por exemplo, livros, cursos gratuitos… Eu sempre recomendo curso do básico ao avançado em tesouro direto, por exemplo. Nenhum youtuber pode indicar investimento. Poucas pessoas sabem. Não pode indicar investimento sem autorização da CVM. Por isso eu não falo “gente, eu recomendo o investimento tal”, porque eu não tenho certificação ainda – estou estudando para ter essa certificação. Com ela eu posso indicar investimento e trabalhar com consultoria.

A pessoa tem que tomar cuidado para ver se o youtuber que está indicando aquele investimento não está ganhando dinheiro por isso. “Ah, eu indico para vocês a corretora tal pelo investimento tal”. Vê se a pessoa está te indicando porque ela realmente investe naquela ou porque ela está fazendo um publi. Tem que pesquisar bastante, estudar e não só ver vídeo no YouTube. Vídeo no YouTube é um complemento, não é um livro ou uma tese sobre finanças. É um complemento da informação.

Nesse sentido, há quem diga que muitos youtubers são picaretas ao não avisar quando um vídeo é uma publicidade, por exemplo. Como o público pode identificar um youtuber “picareta”?

Questione se a pessoa está indicando aquilo que ela realmente faz. Se ela só está indicando por conta da publicidade, ela não faz aquilo. O único publi que eu fechei no meu canal foi do Serasa, que é um órgão que ajuda as pessoas a limparem o nome. Isso faz sentido para o meu público. Porque 46 milhões de brasileiros de baixa renda estão com o nome sujo.

Falar o nome do Serasa, para mim, faz muito sentido. Mas publi de banco eu nunca fechei porque não faz sentido para a minha comunidade. Não faz sentido eu falar de educação e oferecer para a pessoa como abrir uma conta corrente pagando uma taxa, ou como abrir uma conta para investir num banco.

Agora, um bate-bola. Como você investe o seu dinheiro?

Eu faço uma reserva no Tesouro Direto, invisto em ações, fundos de investimento… Só não indico para todo mundo o que tem que fazer porque tem que estudar! E, gente, não pode deixar todo o seu dinheirinho em um local só. Depois pode dar uma besteira. Até deixo na NuConta também, o dinheiro do dia a dia.

Um livro que você recomenda?

Uma coisa mais emocional que eu estou lendo atualmente e gosto muito é ‘Mais Forte do que Nunca’, da Brené Brown. Faz você olhar com outra perspectiva até a sua vida financeira.

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/2020/01/13/foco-na-meta-quase-metade-dos-brasileiros-querem-juntar-dinheiro-em-2020/

Uma música?

‘Hat Trick’, do Djonga.

Um filme?

Pode ser uma série? [risos] Estou vendo atualmente ‘Narcos’. E tem ‘Breaking Bad’ também! As pessoas devem estar achando que eu sou uma assaltante. [risos] É muito inteligente, não é pelo tráfico.

Um influencer que você acompanha e recomenda?

Eu gosto de assistir a entretenimento. Uma influenciadora que eu acompanho muito é a Luci Gonçalves. Gosto da história de vida dela.

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Fonte: Yahoo Finanças

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