Rede de Farmácias São João participa do CEO SUMMIT 2021 em São Paulo

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Evento é promovido pelo HIHUB.TECH, maior comunidade de empreendedores de inovação e investidores da saúde

Mais de 120 CEOs, investidores e líderes inovadores em saúde do Brasil, estiveram reunidos em três palcos simultâneos com mais de 24h de conteúdo de impacto para discutir e apresentar novidades para a democratização do acesso à saúde. O CEO Summit 2021 foi promovido pelo Health Innova HUB – HIHUB.TECH, na última quinta-feira (07), em São Paulo, durante um evento híbrido (presencial com opção de transmissão online).

Representada pelo médico Jefferson Cunha, que faz parte do núcleo de inovação em Serviços de Saúde e dedica-se à concepção do HUB em Saúde, a Rede de Farmácias São João participou da sessão Educação para Saúde 4.0. “Discutimos a importância de tratar educação empreendedora e inovação desde a faculdade para impactar a sociedade com profissionais mais qualificados para trazer soluções em saúde”, explicou Jefferson.

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O evento também discute avanços da saúde como Medicina Diagnóstica com o efeito híbrido do tratamento (físico e digital) para dar melhor assistência e acurácia aos tratamentos em saúde. É através do uso de dados de comportamento das pessoas e clínicos para a prevenção em saúde.

“Com a capilaridade das farmácias é possível levar cuidados em saúde para todas as regiões, principalmente para onde os serviços em saúde são falhos ou inexistentes, gerando democratização do acesso à saúde. Além de permitir um monitoramento mais preciso de pacientes com doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, e ainda a realização de rastreio de doenças para um tratamento precoce e cuidados em saúde”, esclarece.

A farmácia faz parte do ecossistema de saúde e tem espaço fundamental na Jornada de Cuidados do Paciente, assumindo, cada vez mais, o papel de serviço de saúde.

“Muito dessa evolução já está em prática, como por exemplo nas unidades da Rede de Farmácias São João através dos serviços farmacêuticos que incluem exames point of care (perfil lipídico/colesterol, hemoglobina glicada), de bioimpedância e monitoramento de pressão arterial e glicose”, conta.

Conforme as discussões do evento, em médio a longo prazo, após regulamentação de legislação, o uso de telemonitoramento híbrido, entre o farmacêutico e demais profissionais de saúde, irá proporcionar um atendimento global e mais resolutivo ao paciente.

No encontro, da maior comunidade de empreendedores de inovação e investidores da saúde, estiveram presentes grandes empresas como: grupo Fleury, HCFMUSP, Amil, Hospital Albert Einstein, Dasa, entre outras.

Novidades do CEO SUMMIT 2021

Durante o evento foi apresentada uma Cabine Móvel de Atendimento de Saúde, desenvolvida pela Fleximedical, para ser instalada em locais de fácil acesso, como farmácias, supermercados, estacionamentos e comunidades. Além disso, ela também pode ser facilmente transportada para oferecer atendimento médico em outros lugares, uma vez que possui rodinhas.

Entre as tecnologias e serviços estão o point of care test, que permite realizar testes laboratoriais fora da estrutura tradicional do laboratório clínico, executar, interpretar, diagnosticar e monitorar doenças com resultados obtidos por uma simples gota de sangue por punção digital.

Farmácias São João

A Rede de Farmácias São João é a 4ª maior do varejo farmacêutico do Brasil, a maior do Sul (RS, SC e PR) com mais 850 lojas, em mais de 200 cidades. Possui distribuidora própria, comprando diretamente da indústria, em grande quantidade, com preços mais competitivos.

São mais de 14 mil colaboradores e neste ano de 2021 a empresa foi novamente premiada como uma das cinco maiores marcas do RS, através da pesquisa Top Of Mind da Revista Amanhã

Fonte: Portal Rádio Acústica FM

Fluconazol combate fungos, mas automedicação pode piorar doenças

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O fluconazol é indicado no combate aos fungos e foi a primeira medicação antifúngica que pôde ser administrada tanto pela via oral como intravenosa.

Veja também: Varejistas temem perda de créditos tributários de ICMS com decisão do STF

Trata-se de um antifúngico da família dos compostos triazois, e um dos agentes mais utilizados para o combate de fungos.

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Devido às suas características, ele deve ser comercializado com a apresentação da receita médica.

Dada a utilização desse fármaco desde a década de 1990, seus efeitos são bastante conhecidos. Contudo, é importante que você faça o uso racional desse remédio, ou seja, utilize-o de forma apropriada, na dose certa e por tempo adequado, conforme orientação médica ou do farmacêutico.

A medicação pode ser indicada para o tratamento e prevenção de infecções fúngicas causadas pelos fungos Cryptococcus neoformans e membros do gênero Candida, relacionados às seguintes condições:

  • Candidíase vaginal
  • Balanite (infecção por Candida na parte superior do pênis)
  • Dermatomicoses (micoses de pele, unha, do corpo etc.)
  • Infecções da meninge, pulmões e pele em imunodeprimidos (pessoas que vivem com HIV, transplantados etc.)
  • Infecções por Candida sistêmicas (no corpo todo), nas mucosas (membranas que recobrem a pele, imunodeprimidos, pacientes em UTI ou em tratamento de câncer)

Recente estudo publicado pela revista médica Clinical Infectious Diseases concluiu que o fluconazol é mais efetivo do que outros medicamentos da sua classe no tratamento de tecidos moles (vasos sanguíneos, músculos, membranas que revestem as articulações etc.), assim como infecções pulmonares, principalmente quando elas decorrem de coccidioidomicose.

O dermatologista Marco Tulio fala que pacientes internados por covid-19 têm risco aumentado para infecções fúngicas. “Isso se dá, principalmente, entre os que passam longo período acamados e estejam usando medicações com efeito imunossupressor, como os corticoides, cujas ações alteram a defesa do corpo (imunidade), deixando-o expostos aos fungos, especialmente os do gênero Candida.”

Ao ser administrado pela via oral, o fluconazol é rapidamente absorvido pelo trato gastrointestinal e distribuído por todos os fluídos e a pele. Após ser metabolizado pelo fígado, ele é excretado pela via renal.

Para alcançar seu objetivo, o fármaco inibe a reprodução do fungo. “Os microrganismos, em geral, têm uma membrana que os protegem do meio externo. O fluconazol inibe a síntese dessa membrana biológica, promovendo uma desorganização chamada de lise celular. O resultado é uma literal explosão que faz com que o fungo não consiga se reproduzir”, explica Adriano Cesar de Morais Baroni, professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UFMS.

Zoltec® é a marca de referência do fluconazol. Mas você pode encontrar as versões genéricas.

A medicação consta da Rename 2020 (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais), por isso ela tem distribuição gratuita em todas as UBSs (Unidades Básicas de Saúde). Para ter acesso a ela, basta apresentar a receita médica.

Confira algumas apresentações e doses disponíveis:

  • Cápsula – 100/150 mg
  • Suspensão Oral – 10 mg
  • Solução injetável – 2 mg

O esquema de doses é sempre personalizado. Evite aumentá-las, reduzi-las ou mesmo automedicar-se durante uma crise sem orientação do seu médico.

Na maioria das vezes, o uso desse medicamento se dá por breve tempo. Eventualmente ele poderá ter indicação de uso crônico, o que significa que os médicos precisam estar atentos à toxicidade por meio do monitoramento das funções renais e hepáticas de seus pacientes. Caso seja necessário, as doses deverão ser ajustadas.

O farmacêutico e bioquímico Marcos Machado, presidente do CRF-SP, alerta para o uso indiscriminado e a automedicação facilitada pela apresentação de dose única. Ele se refere ao fato de que já preocupa o crescimento da resistência de algumas espécies de Candida (Candida auris, Candida glabrata e Candida parapsilosis) ao fluconazol.

“O cuidado deve ser ainda maior entre pessoas imunocomprometidas, já que existem poucas opções de tratamento para cepas resistentes, o que dificulta o combate de novas gerações de fungos e ainda exige a utilização de fármacos mais potentes”, acrescenta o especialista.

A ginecologista e obstetra Aline Duarte Maranhão, coordenadora da Emergência Obstétrica do Hospital das Clínicas da UFPE, destaca como vantagem do fluconazol o esquema de dose única que facilita a adesão ao tratamento, o que também garante boa eficácia, além de ter impacto positivo na qualidade de vida das mulheres, já que não se trata de uma medicação de uso tópico como cremes ou pomadas.

Como desvantagem, Maranhão aponta o fácil acesso à medicação. “Como nenhum antifúngico é controlado, a automedicação é disseminada. O risco é o uso equivocado nos casos em que não se trate de uma infecção por fungos, ou mesmo por pessoas que tenham alguma doença, cujo quadro poderia ser agravado pelos efeitos desse tipo de fármaco.”

O remédio não pode ser usado por pessoas que sejam alérgicas (ou tenham conhecimento de que alguém da família tenham tido reação semelhante) ao seu princípio ativo ou a qualquer outro componente de sua fórmula.

Fique também atento na presença das seguintes condições, que deverão ser noticiadas ao médico ou farmacêutico antes do início do uso do medicamento:

  • Disfunções renais ou hepáticas
  • Problemas cardíacos
  • HIV
  • Gravidez
  • Amamentação
  • Níveis baixos de sódio, cálcio, magnésio ou potássio no sangue
  • Casos hereditários de intolerância à lactose ou açúcar
  • Menores de 18 anos (dose única)
  • Maiores de 60 anos (dose única)

Sim. No entanto, alguns critérios devem ser adotados. Para menores de 18 anos, o uso da dose única de fluconazol não é recomendada, o mesmo ocorrendo para maiores de 60 anos. A exceção é que essa indicação ocorra sob a estrita supervisão médica.

Entre os idosos, há que se ter ainda o cuidado com a avaliação prévia de algum comprometimento do rim ou do fígado, situações nas quais as doses devem ser ajustadas. Além disso, é preciso ter atenção à polifarmácia, que é o uso de vários medicamentos ao mesmo tempo. A ideia é evitar interações medicamentosas.

Não existem estudos científicos que garantam a segurança do uso desse medicamento na gestação. Assim, o medicamento é contraindicado para gestantes nas primeiras 12 semanas de gravidez, pois há registro de casos de anomalias congênitas para o feto. O risco parece se relacionar a doses altas.

No entanto, é essencial informar seu médico sobre a gestação para que ele possa avaliar os riscos e benefícios do tratamento com o fármaco. O mesmo se aplica à amamentação.

A orientação é que ele seja ingerido inteiro com água, antes ou após a alimentação. O comprimido não deve ser partido.

Não. O importante é que o fluconazol seja administrado na forma indicada pelo seu médico.

Aguarde o horário da próxima dose, e tome o remédio normalmente, conforme orientação médica e do farmacêutico. É desaconselhado tomar doses em dobro de uma vez para compensar a dose que foi esquecida. Se você sempre se esquece de tomar seus remédios, use algum tipo de alarme para lembrar-se.

Este medicamento é considerado bem tolerado, seguro e eficaz quando usado em doses adequadas. Apesar disso, os efeitos colaterais mais comuns são gastrointestinais e podem incluir (e não se limitar) a náusea, dor abdominal, vômito e diarreia -especialmente em crianças.

Algumas pessoas poderão observar algumas das seguintes manifestações:

Reações menos comuns

  • Dor de cabeça
  • Tontura
  • Azia
  • Insônia
  • Alterações de sabor
  • Sonolência
  • Convulsões
  • Flatulência
  • Boca seca

O fluconazol pode causar outros efeitos colaterais. Fale com o médico ou farmacêutico caso observe algum sintoma que não lhe é comum durante o uso desse medicamento.

Algumas medicações não combinam com o fluconazol. E quando isso acontece, elas podem alterar ou reduzir seu efeito. Avise o médico, o farmacêutico ou dentista, caso esteja fazendo uso (ou tenha feito uso recentemente) das substâncias abaixo descritas, que são apenas alguns exemplos dessas possíveis interações. Confira:

  • Antibiótico (eritromicina, rifampicina)
  • Anticoagulante (varfarina)
  • Anti-hipertensivo (losartana)
  • Anticonvulsivante (carbamazepina)
  • Anti-inflamatórios não esteroidais (ibuprofeno)
  • Antiepilético (fenitoína)
  • Redutores do colesterol (estatinas)
  • Bloqueadores do canal de cálcio (amlopidina)
  • Diuréticos (hidroclorotiazida)
  • Sulfonilureias (glipizida)

Até o momento não existem evidências de interações com fitoterápicos, suplementos e vitaminas, exceção feita à vitamina A. Há relatos de interação que resultou em efeitos indesejados no Sistema Nervoso Central, que teria desaparecido após a descontinuação do uso do fluconazol. Assim, é importante informar o médico ou o farmacêutico sobre o eventual uso desse item.

O uso de álcool deve ser evitado, especialmente quando o medicamento tem uso crônico. A preocupação é que ele sobrecarregue ainda mais o fígado, potencializando o risco de toxicidade.

Caso sejam solicitados exames para análise das funções hepáticas como o AST, ALT e a bilirrubina, bem como enzimas (fosfatase alcalina), informe o laboratório sobre o uso do fluconazol para que eles se atentem a possíveis interações.

Em casa, coloque em prática as seguintes dicas:

O Ministério da Saúde mantém uma cartilha (em pdf) para o Uso Racional de Medicamentos, mas você pode complementar a leitura com a Cartilha do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos – Fiocruz) (em pdf) ou do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo (também em pdf). Quanto mais você se educa em saúde, menos riscos você corre.

Fontes: Adriano Cesar de Morais Baroni, professor da disciplina de química farmacêutica medicinal da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Alimentos e Nutrição da UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul); Aline Duarte Maranhão, médica ginecologista e obstetra do HC-UFPE (Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco), unidade vinculada à Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), e coordenadora da emergência obstétrica da mesma instituição; Amouni Mourad, farmacêutica, professora do curso de farmácia da Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP) e assessora técnica do CRF-SP; Marco Tulio, dermatologista do HUWC-UFC (Hospital Universitário Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará), que integra a Rede Ebserh; Marcos Machado, presidente do CRF-SP (Conselho Regional de Farmácia em São Paulo), farmacêutico e bioquímico especialista em análises clínicas. Revisão técnica: Amouni Mourad.

Fonte: Viva Bem

Varejistas temem perda de créditos tributários de ICMS com decisão do STF

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Estados e contribuintes aguardam, com preocupação, a retomada, a partir desta sexta-feira (8/10), do julgamento dos embargos de declaração contra a decisão do Supremo Tribunal Federal ( STF ) que definiu a não incidência de ICMS sobre o deslocamento de mercadorias entre estabelecimentos do mesmo titular localizados em estados distintos. De um lado, setores produtivos, como as redes de varejo, alegam que podem perder bilhões por ano em créditos tributários. Do outro lado, estados devem perder arrecadação e pedem para que os efeitos da decisão valham a partir de 2022.

Veja também: Asma grave: em busca de soluções inovadoras

Em um primeiro momento, a decisão na ADC 49 foi vista como positiva por setores empresariais porque seria um tributo a menos a ser recolhido na etapa entre a distribuição e a venda da mercadoria. Depois, começaram as hipóteses sobre o destino dos créditos acumulados de ICMS das empresas, quais seriam os impactos nos benefícios fiscais e, por fim, calcula-se que haverá um aumento efetivo na alíquota paga de ICMS.

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Em um parecer anexado aos autos nesta quinta-feira (7/10) por uma das empresas, calcula-se que as dez maiores empresas do varejo brasileiro podem perder R$ 5,6 bilhões de créditos tributários de ICMS por ano, uma vez que cerca de 40% do comércio brasileiro ultrapassa as divisas estaduais em operações dentro da própria empresa. As dez maiores varejistas são: Grupo Carrefour, Grupo Pão de Açúcar, VIA, Magazine Luiza, Lojas Americanas, Raia Drogasil, Drogarias DPSP, Lojas Renner, Grupo Mateus e Guararapes.

O parecer ainda destaca que, da forma como está, sem tempo para as empresas e os estados se organizarem, a ADC 49 traz alteração na distribuição federativa da arrecadação, aumenta a carga tributária efetiva e pode elevar a inflação por conta do aumento dos preços dos produtos. No varejo, as grandes redes terão que reestruturar a cadeia logística e os centros de distribuição.

Segundo informações do parecer, com a imposição imediata dos efeitos da ADC 49, fica extinta a base legal para o uso, na transferência, de créditos acumulados de ICMS provenientes de compras de mercadorias. Assim, o crédito gerado na última etapa da cadeia dentro do estado de origem não poderia ser utilizado no estado em que a mercadoria foi vendida ao consumidor final e onde o tributo foi recolhido.

Dessa forma, há chances de os fiscos estaduais, na ausência de um acordo entre as secretarias de Fazenda, cancelarem parte dos créditos acumulados como consequência da não cobrança do ICMS interestadual.

O regime do ICMS é não cumulativo, dessa forma, o tributo pago na etapa anterior, ao adquirir a mercadoria para revenda, vira crédito tributário e pode ser abatido na etapa seguinte. Pela decisão do STF, o uso do crédito fica restrito ao estado de saída da mercadoria. A empresa vai acumular crédito no estado de origem e não terá crédito no estado de destino do produto, onde, de fato, o ICMS será recolhido.

Segundo o parecer, essa nova situação jurídica vai gerar desequilíbrio no fluxo de caixa porque pode sobrar crédito no estado de onde saiu a mercadoria e no estado em que ela foi vendida, a empresa terá que desembolsar o pagamento em alíquota cheia, geralmente, 18%, e sem poder usar o crédito que ficou em outro estado.

Pedido de modulação

Por isso, neste mesmo parecer, pede-se que, nos embargos, os ministros façam a modulação da decisão para que o entendimento passe a valer, pelo menos, a partir de 2023 – um prazo mais alargado que o pedido pelo estado do Rio Grande do Norte, autor dos embargos. Assim, as empresas ganham tempo para adaptarem os sistemas, aproveitarem os créditos ou conseguirem a aprovação de convênio no Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), de modo a preservar a geração de créditos e a carga tributária efetiva atual.

Especialistas ouvidos pelo JOTA informaram que os estados pensam em resolver a situação dos créditos dos contribuintes e formalizar como ficará a operação sem a tributação da transferência de mercadoria entre estabelecimentos de mesmo dono por meio de um convênio do Confaz. Os estados também pretendem propor uma emenda constitucional para que fique expressa a incidência do ICMS na transferência de mercadorias entre estabelecimentos do mesmo titular.

Porém, segundo fontes consultadas pelo JOTA, não há nada marcado ainda sobre o tema e, por enquanto, as negociações não estão no calendário dos secretários de fazenda e governadores. O foco dos estados será tentar aprovar a reforma tributária via PEC 110.

Retomada

A votação dos embargos começou em setembro de 2021 e foi suspensa pelo pedido de vista do ministro Luís Roberto Barroso. O relator, ministro Edson Fachin , acolheu em parte os argumentos do estado do Rio Grande do Norte para que a decisão tenha eficácia a partir do próximo exercício financeiro, ou seja, no próximo ano. Assim, estariam resguardadas as operações do ano vigente. Antes da suspensão do julgamento, Fachin foi acompanhado pelos ministros Cármen Lúcia e Alexandre de Moraes .

Fachin não aceitou o argumento dos estados de que o acórdão foi omisso quanto à eventual possibilidade de estorno dos créditos até então adquiridos pelos contribuintes. Segundo ele, ‘a decisão, ora embargada, foi clara ao determinar a irrelevância da transferência interestadual de mercadorias entre estabelecimentos do mesmo contribuinte para fins do ICMS’. Fachin reforçou que a transferência de mercadorias entre unidades da mesma empresa são simples atos físicos ou materiais no processo produtivo e, por isso, não são atos atrativos do imposto estadual.

Fonte: Textile Industry

Asma grave: em busca de soluções inovadoras

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A asma grave acarreta elevada carga física, mental, emocional, social e económica para os doentes e a sociedade. Felizmente, já existe uma grande variedade de tratamentos e moléculas, para além de diferentes tipos de inaladores, que permitem uma medicação mais eficaz e confortável.

Artigo da responsabilidade da Dra. Rita Gerardo. Médica pneumologista – Hospital de Santa Marta, Centro Hospitalar e Universitário de Lisboa Central. Comissão de Alergologia Respiratória da Sociedade Portuguesa de Pneumologia

A asma é a doença crónica mais comum na idade pediátrica e uma das doenças crónicas mais frequente na idade adulta. Estima-se que cerca de 260 milhões de pessoas em todo o mundo sejam afetadas por esta doença, calculando-se que, só em Portugal, atinja cerca de 600.000 indivíduos.

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SINTOMAS TÍPICOS

A asma é uma doença inflamatória crónica das vias respiratórias caracterizada por obstrução transitória e variável, potencialmente reversível. Manifesta-se geralmente por sintomas respiratórios típicos: dispneia (sensação de falta de ar), pieira (respiração ruidosa semelhante a chiar ou miar), tosse seca e sensação de opressão torácica (descrita como sensação de peso no peito).

Os sintomas são potencialmente reversíveis e são controlados com o tratamento adequado. Podem, no entanto, ser incapacitantes e, por vezes, impedem a realização das atividades do dia a dia, seja em casa, seja no local de trabalho ou escola.

A maioria dos doentes apresenta formas ligeiras e moderadas da doença, as quais são facilmente tratadas e controladas. No entanto, cerca de 3 a 10% dos doentes com asma podem apresentar formas graves.

ELEVADA CARGA

A asma grave é descrita como asma que permanece não controlada apesar do tratamento otimizado com elevadas doses de corticoterapia e broncodilatadores inalados ou que necessita de alta dose de medicação para permanecer controlada.

A asma grave acarreta elevada carga física, mental, emocional, social e económica para os doentes e a sociedade. Calcula-se que seja responsável por mais de 50% dos custos totais com a asma.

A doença interfere, muito frequentemente, com a família, a vida social e a vida profissional, limita as escolhas de carreira e afeta a saúde emocional e mental, quer do doente, quer da sua família ou conviventes. Os doentes sentem-se, muitas vezes, sozinhos e mal compreendidos, uma vez que a sua experiência é tão diferente da maioria das pessoas com asma.

Os sintomas são mais frequentes e mais intensos, os fatores desencadeantes são mais difíceis de controlar e evitar, a dose de terapêutica necessária para controlar os sintomas é, geralmente, mais alta e/ou são necessários mais medicamentos (de diferentes grupos farmacológicos) para atingir o controlo. Muitas vezes, os sintomas permanecem, apesar da otimização terapêutica, com consequências na qualidade de vida do doente.

EXAMES DE DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da asma é feito com base na presença de sintomas respiratórios típicos e demonstração de limitação variável do fluxo aéreo. Os sintomas típicos variam em intensidade e ao longo do tempo e, geralmente, surgem em associação a um dos mecanismos desencadeantes (por exemplo, exercício, riso, infeção respiratória viral, alergénios). A limitação do fluxo aéreo comprova-se através da espirometria, um exame incluído nas provas de função respiratória.

Para além destes exames são, muitas vezes, pedidos outros, que permitem caracterizar o tipo de asma: análises laboratoriais ao sangue, testes de sensibilidade cutânea, radiografia torácica, provas de função respiratória completas, testes de broncoprovocação, doseamento do óxido nítrico exalado, entre outros.

O diagnóstico de asma grave implica, para além do referido acima, a presença de sintomas que permanecem não controlados apesar da otimização da terapêutica, da sua correta utilização e do cumprimento da posologia. Também é necessário excluir outros diagnósticos que podem ser confundidos com asma ou que podem agravar a asma pré-existente.

ALÍVIO E CONTROLO

A terapêutica da asma baseia-se em dois tipos de tratamento: alívio e manutenção. O tratamento de alívio tem como objetivo controlar os sintomas no momento em que surgem, aliviando, assim, as queixas. O tratamento de manutenção destina-se a controlar os sintomas através da sua toma diária e regular, mantendo, assim, os níveis de inflamação no mínimo; diminuir o grau de obstrução da via aérea; e reduzir ao mínimo o risco de ocorrência de agudizações. Inclui os corticosteroides inalados e os broncodilatadores de longa duração de ação.

É possível incluir dois tipos de medicação diferente dentro do mesmo inalador, tornando o tratamento mais simples, prático e eficaz. Mais recentemente, têm sido desenvolvidas novas moléculas, que permitem tratamentos mais eficazes e com menor número de tomas diárias (uma toma diária, em vez de duas ou mais). Também têm surgido novos dispositivos inalatórios que facilitam a capacidade de utilização pelo doente.

Os corticosteroides constituem a base da terapêutica de controlo da asma, devido à sua ação anti-inflamatória, sendo a terapêutica mais eficaz. Desde o início do seu uso na forma inalada que fazem parte essencial do tratamento da asma. A administração inalada permite elevada eficácia terapêutica com o mínimo de efeitos adversos.

Atualmente, a corticoterapia sistémica – oral ou injetável – está reservada no tratamento das agudizações moderadas a graves e ainda no tratamento de alguns doentes com asma grave. Apesar da sua elevada eficácia terapêutica, os efeitos adversos são consideráveis. Estes incluem obesidade, diabetes, osteoporose, cataratas, hipertensão arterial, entre outros, quando a terapêutica é administrada de forma continuada. O recurso a esta terapêutica deve ser ponderado, tendo em conta os benefícios terapêuticos e os riscos associados.

TERAPÊUTICA BIOLÓGICA

Mais recentemente, surgiram novas terapêuticas – terapêutica biológica para a asma – destinadas a grupos-alvo, como os doentes com asma grave. São altamente eficazes, no entanto, a sua administração é geralmente intra-hospitalar e com periodicidade que pode ser a cada duas, quatro ou oito semanas. Fazem parte da farmácia hospitalar, sendo bastante dispendiosos. Porém, a sua utilização não é sinónimo de suspensão da terapêutica prévia, nomeadamente da corticoterapia inalada.

Nem todos os doentes com asma grave são elegíveis para esta terapêutica. Ainda assim, numa larga maioria dos doentes com indicação, a eficácia é impactante nos vários aspetos do seu dia a dia. O decréscimo dos sintomas, a redução no número de agudizações da asma, o aumento da sua tolerância ao esforço e a diminuição na quantidade de medicação necessária para obter o controlo dos sintomas são exemplos do efeito da terapêutica biológica.

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O doente com asma grave tem, atualmente, acesso a uma grande variedade de tratamentos e moléculas, para além de diferentes tipos de inaladores, o que permite que possa fazer a sua medicação da forma mais eficaz e confortável.

A finalizar, é importante ressalvar que a informação descrita é relativa ao doente em geral e não se destina a casos em particular. O aconselhamento junto do médico assistente é essencial no tratamento da asma.

Fonte: Saúde e Bem Estar

Investidores apostam em forte crescimento das vendas de cosméticos sustentáveis

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Beneficiadas pelo aumento da demanda dos consumidores por produtos apresentados como bons para o corpo e para o planeta, as marcas que atuam com clean beauty e cosméticos naturais têm atraído a atenção de investidores no mundo todo.

Veja também: CPI produz provas e alimenta 8 investigações de órgãos de controle antes mesmo de conclusão

Na América do Norte, a The Honest Company, empresa de Jessica Alba, captou em maio passado 413 milhões de dólares com sua primeira oferta pública de ações na Nasdaq, e hoje é avaliada em 1,8 bilhão de dólares. Em abril, a The Carlyle Group adquiriu uma participação majoritária no capital da Beautycounter, que hoje vale 1 bilhão de dólares. Com sede na Califórnia, a Beautycounter pretende utilizar essas verbas para desenvolver a multicanalidade de suas vendas, reforçar a notoriedade da empresa e lançar novos produtos. Por sua vez, o fundo de investimentos Berkshire Partners adquiriu participação no capital da Mielle Organics, da mesma forma que a Bain Capital adquiriu participação majoritária na Hand in Hand, empresa de terceirização de cosméticos que fabrica sabonetes sustentáveis, empenhada em promover um impacto social positivo.

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Digna de nota é também a aquisição, pela Amyris, da Costa Brazil, marca de cuidados naturais à base de ingredientes brasileiros, e da EcoFabulous Cosmetics, cujos produtos são especificamente desenvolvidos para os consumidores da geração Z.

Na Europa, a empresa francesa Aroma-Zone foi quem recebeu o maior investimento no primeiro semestre. Com uma oferta de óleos essenciais naturais, produtos de aromaterapia e cosméticos DIY (“faça você mesmo”) disponíveis on-line e em lojas próprias, ela atende anualmente mais de 2 milhões de clientes. Com os 410 milhões de euros (485 milhões de dólares) que recebeu da Eurazeo, a Aroma-Zone pretende investir na ampliação de sua presença no comércio varejista e no desenvolvimento de suas operações internacionais.

A 900.care, marca de produtos naturais a dissolver ou com sistema de refil, captou no primeiro semestre 10 milhões de euros (12 milhões de dólares). Essa empresa francesa oferece, mediante um sistema de assinatura, produtos naturais na forma de pastilha ou bastão.

No Reino Unido, a Pai Skincare, marca de cuidados orgânicos sediada em Londres, recebeu 7,5 milhões de euros (8,9 milhões de dólares) do fundo de investimentos Famille C Venture. Com esse capital, a empresa pretende ampliar seus recursos de P&D e sua capacidade de produção.

A tendência é a mesma em outras regiões do mundo. Na Índia, por exemplo, a marca de produtos de beleza orgânicos Juicy Chemistry recebeu uma injeção de capital por parte da Verlinvest.

Depois de assistir, em 2020, à aquisição da Thayers Natural Remedies pela L’Oréal, da Drunk Elephant pela Shiseido, da Stop The Water While Using Me! pela Beiersdorf, da Hello Products pela Colgate-Palmolive e, no Brasil, da Simple Organic pela Hypera Pharma, a Ecovia Intelligence prevê que as multinacionais continuem a incorporar outras empresas em 2021. “Seguindo o exemplo dos consumidores que priorizam produtos de beleza naturais, orgânicos e limpos durante a pandemia, a comunidade financeira também vem buscando projetos sustentáveis para seus investimentos”, afirma a Ecovia Intelligence.

Fonte: News Quimiweb

CPI produz provas e alimenta 8 investigações de órgãos de controle antes mesmo de conclusão

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CPI produz provas e alimenta 8 investigações de órgãos de controle antes mesmo de conclusão Processos de órgãos como TCU, PF e Anvisa foram abertos ou fizeram uso de elementos com os avanços da comissão Em 12/10/2021 9:32

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

A investigação feita pela CPI da Covid no Senado já alimentou com provas ou provocou a abertura de pelo menos oito procedimentos em curso em seis órgãos de controle, antes mesmo da conclusão e compartilhamento do relatório final, cuja votação está prevista para o próximo dia 20.

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O relatório do senador Renan Calheiros (MDB-AL) listará responsáveis por crimes na pandemia, sugerirá indiciamentos e aprofundamento de apurações e será encaminhado aos órgãos responsáveis por investigar e pedir punição na Justiça, no Congresso e nas esferas administrativas. O presidente Jair Bolsonaro será um dos responsabilizados no relatório do senador.

As descobertas feitas pela CPI, porém, já reverberam em processos diversos. A comissão avançou em diferentes frentes, acumulou um volume expressivo de documentos e conseguiu materializar provas de crimes, omissões e irregularidades no enfrentamento da pandemia. Isso levou ao uso de parte desse material pelos órgãos de controle.

Há na fila, inclusive, pedidos de compartilhamento de provas feitos por instituições especialmente pelo uso indiscriminado de drogas sem eficácia para Covid-19.

Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo) e ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) pediram documentos do caso da Prevent Senior.

No TCU (Tribunal de Contas da União), a comissão constituída para fazer uma investigação interna sobre a atuação do auditor Alexandre Figueiredo Costa Marques usou provas reunidas pela CPI. Marques produziu um relatório que foi usado por Bolsonaro para mentir sobre o número de mortes por Covid-19. O presidente foi desmentido pelo TCU no mesmo dia e precisou recuar.

O processo administrativo disciplinar aberto no TCU usou documentos compartilhados pela CPI, como a quebra do sigilo telefônico do auditor. Informações dessa quebra foram usadas pelos investigadores em questionamentos durante o depoimento de Marques à comissão processante.

O auditor também foi ouvido pela CPI, em depoimento em 17 de agosto, e confirmou a elaboração de um relatório apontando falsamente a possibilidade de supernotificação de mortes por Covid-19. Ele disse que o documento sofreu alteração após o envio ao presidente.

Quem enviou o documento a Bolsonaro foi o pai do auditor, o coronel da reserva do Exército Ricardo Silva Marques. O militar tem um cargo na Petrobras por indicação do presidente. Marques, o filho, foi punido com uma suspensão por 45 dias.

Em julho, o TCU pediu à CPI o compartilhamento de documentos sobre a contratação da vacina indiana Covaxin, inclusive quebras de sigilo. O contrato de R$ 1,6 bilhão, assinado entre o governo Bolsonaro e uma empresa intermediária, a Precisa Medicamentos, foi cancelado após as descobertas de fraudes pela CPI.

O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), disponibilizou no último dia 23 os documentos abertos em poder da comissão. Ele fez uma consulta à advocacia do Senado sobre a forma como deve ocorrer o compartilhamento dos dados sigilosos.

A CGU (Controladoria-Geral da União), por meio da Corregedoria-Geral, decidiu ouvir servidores do Ministério da Saúde a partir do que foi dito em depoimentos na CPI, dentro de um procedimento aberto -chamado IPS (investigação preliminar sumária)- para apurar irregularidades, fraudes e suspeitas de corrupção no caso Covaxin.

Além disso, após constatações de fraudes pela CPI, a IPS passou a analisar os documentos forjados na contratação da vacina. Houve ainda pedido de compartilhamento de documentos.

A IPS concluiu pela ocorrência de fraudes e terminou com a instauração de dois PARs (processos administrativos de responsabilização), um contra a Precisa, a intermediadora do negócio, e outro contra a Bharat Biotech, a fabricante indiana. As duas empresas podem ser punidas com multas e impedidas de novos negócios com a União.

Um fato revelado na CPI resultou na abertura de um segundo IPS pela Corregedoria-Geral: o pagamento de despesas do então diretor do Departamento de Logística em Saúde do ministério, Roberto Ferreira Dias, por uma subsidiária da VTCLog, empresa com contratos com a pasta e investigada pela CPI.

Os boletos somavam R$ 47 mil, e imagens dos pagamentos no caixa foram obtidas e mostradas pela comissão no Senado. A suspeita da CPI é de que se tratou de pagamento de propina, o que a VTCLog nega. Dias foi demitido do cargo em razão da acusação de cobrança de propina de US$ 1 por dose de vacina inexistente, negociada num mercado paralelo de imunizantes. Ele nega.

Em ofício ao presidente da CPI no último dia 28, o corregedor-geral da União, Gilberto Waller Junior, confirmou a existência do IPS e citou as imagens mostradas na comissão no dia do depoimento do motoboy Ivanildo Gonçalves, responsável por efetivar os supostos pagamentos.

‘Foram feitas referências no sentido de que a PF, que atua junto à CPI, identificou nove boletos emitidos pela Voetur, em nome do sr. Roberto Dias, quitados entre 18 de maio e 6 de julho’, afirmou o corregedor, pedindo compartilhamento do material. ‘Ressalto a importância dessas informações para a apuração de eventual prática de ato ilícito administrativo.’

Na semana passada, a Procuradoria da República no DF pediu à CPI cópias dos depoimentos relacionados ao caso Covaxin, para instruir o procedimento criminal em curso no MPF que investiga suspeitas de corrupção no contrato.

O procedimento criminal é um desdobramento de um inquérito civil público em curso na Procuradoria. Foi a partir das provas reunidas por esse inquérito, voltado a atos de improbidade, que a CPI passou a se dedicar à investigação sobre a compra da vacina Covaxin. O inquérito foi compartilhado com a comissão ainda no começo da investigação parlamentar.

Uma dessas provas é o depoimento de Luís Ricardo Miranda, chefe do setor de importação do Ministério da Saúde. Ele apontou pressão atípica para destravar o imunizante, como a Folha de S.Paulo revelou em 18 de junho. A revelação mudou o curso da CPI, que passou a se dedicar às suspeitas de corrupção na compra de vacinas.

Finalizadas as investigações, a comissão agora fornece evidências a processos no MPF. Há um segundo procedimento aberto a partir de evidências de corrupção no mercado paralelo de vacinas, em que a Procuradoria também pediu compartilhamento de provas.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), por sua vez, informou à CPI em 14 de setembro que conduz uma apuração interna a partir de investigações feitas pela comissão, relacionadas a um ex-servidor do órgão, José Ricardo Santana. A apuração é conduzida pela corregedoria da Anvisa.

Santana exerceu cargo de secretário na Anvisa e deixou o posto para transitar pelo Ministério da Saúde, a convite de Roberto Dias. Ele disse em depoimento na CPI, em 26 de agosto, ter sido indicado a um cargo na pasta, o que não se efetivou.

Santana participou do jantar num restaurante num shopping em Brasília onde Dias teria pedido propina, segundo acusação feita por um vendedor de vacinas inexistentes em entrevista à Folha. Além disso, os senadores suspeitam que ele tenha atuado como lobista da Precisa no contrato da Covaxin, o que Santana nega.

A corregedoria da Anvisa pediu compartilhamento de informações à CPI. ‘O presente pedido visa robustecer apuração feita por esta Anvisa a respeito de fatos apurados por essa CPI, onde se averigua possível existência de outro nome de servidor desta agência, ainda em exercício, que possa ter tido eventual ação conjunta com aquele senhor’, afirmou no ofício.

O avanço da CPI no caso Covaxin levou à abertura de um inquérito pela PF para apurar suposta conduta criminosa por parte de Bolsonaro. Ele é suspeito de prevaricação por não ter dado encaminhamento à PF de denúncias de irregularidades que recebeu. Os denunciantes foram o servidor Luís Ricardo Miranda e o irmão dele, o deputado federal Luís Miranda (DEM-DF).

O encontro entre os irmãos Miranda e o presidente ocorreu em 20 de março, no Palácio da Alvorada. Os dois prestaram depoimento na CPI em 25 de junho e deram detalhes do que ocorreu no Alvorada.

Com base nesse depoimento, um grupo de senadores pediu à PGR (Procuradoria-Geral da República) que agisse. A gestão de Augusto Aras, alinhada a Bolsonaro, quis esperar o fim da CPI, o que não foi aceito pelo STF (Supremo Tribunal Federal). O pedido de abertura de inquérito foi feito pela PGR em 2 de julho. O STF determinou a instauração do procedimento no mesmo dia.

Como a CPI, antes mesmo do relatório final, influenciou investigações TCU (Tribunal de Contas da União)

Caso do auditor

CPI compartilhou quebras de sigilo telefônico relacionadas ao caso do auditor que produziu um documento usado pelo presidente Jair Bolsonaro para mentir sobre número de mortes por Covid-19.

Caso Covaxin

TCU pediu cópias de documentos da contratação da vacina indiana Covaxin, inclusive quebras de sigilo. Dados abertos foram disponibilizados.

CGU (Controladoria-Geral da União)

Caso Covaxin

Diante do que foi revelado na CPI, auditores decidiram, no curso de investigação preliminar sumária, solicitar cópias de documentos; ouvir servidores que prestaram depoimentos na comissão; e analisar a fraude de documentos destrinchada na CPI.

VTCLog

Uma investigação preliminar sumária foi aberta para apurar suposto pagamento de despesas de Roberto Dias por subsidiária da VTCLog, empresa contratada pelo Ministério da Saúde. O suposto pagamento foi mostrado na CPI.

MPF (Ministério Público Federal)

Caso Covaxin

CPI compartilhou depoimentos relacionados ao caso, para instrução de procedimento criminal em curso na Procuradoria da República no DF.

Mercado paralelo de vacinas

Procuradoria no DF pediu documentos da CPI para instruir procedimento aberto.

Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)

Amigo de Roberto Ferreira Dias

Corregedoria da Anvisa apura a conduta de um ex-secretário da agência, José Ricardo Santana, e de outro servidor da Anvisa a partir de história investigada pela CPI. Amigo de Roberto Ferreira Dias, demitido do Ministério da Saúde por suspeita de propina, Santana foi citado como participante em jantar de negociação de vacinas inexistentes.

PGR (Procuradoria-Geral da República) e PF

Caso Covaxin e prevaricação de Bolsonaro

PGR pediu ao STF abertura de inquérito para investigar prevaricação do presidente Jair Bolsonaro, a partir de denúncia feita à CPI pelos irmãos Miranda. Eles disseram ter levado ao presidente acusações de irregularidades no contrato da Covaxin. STF determinou abertura, e inquérito é conduzido pela PF.

Pedidos de compartilhamento de provas ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar)

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/medicamento-de-especialidade-ja-movimenta-r-69-bilhoes-no-brasil/

Caso Prevent Senior

Atuação da CPI, de convocar representantes da Prevent Senior para explicar denúncias de manipulação em pesquisas com pacientes e de tratamento indiscriminado com drogas ineficazes, levou a ANS a agir e a pedir compartilhamento de documentos.

Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo)

Caso Prevent Senior

Sindicância solicitou informações, provas e depoimento do médico Pedro Benedito Batista Júnior, diretor-executivo da Prevent Senior, que prestou depoimento na CPI no último dia 22.

Fonte: Mais Brasília

Hugo Nisenbom, CEO da MSD: ‘Antiviral contra Covid-19 tem capacidade de ser uma virada de jogo na pandemia’

Enquanto todos os olhos ainda estavam voltados para as vacinas contra o novo coronavírus, a farmacêutica MSD anunciou no início de outubro resultados preliminares positivos para o molnupiravir, um antiviral que, quando administrado nos primeiros cinco dias do Covid-19, pode reduzir em até 50% o número de casos de hospitalização e óbitos.De acordo com Hugo Nisenbom, CEO da MSD no Brasil, o medicamento tem o potencial de representar uma virada de jogo na pandemia.

O executivo é o entrevistado do mês em Futuro da Saúde . Além de trazer informações sobre o molnupiravir, ele explorou temas extremamente relevantes para o setor como pesquisa, inovação, saúde pública, custo da saúde, atenção primária e a importância de que todos os atores do setor trabalhem em conjunto com foco no paciente.

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Há mais de 25 anos na MSD, Nisenbom também contou onde está o foco da farmacêutica para um horizonte de cinco a dez anos e a importância de melhorar os marcos regulatórios no País: ‘O Brasil está sempre entre os primeiros dez mercados farmacêuticos do mundo, mas em pesquisa está na faixa dos 20, porque precisamos melhorar o marco regulatório, acelerando os tempos e evitando entraves’. Confira os principais trechos da entrevista:

Vocês anunciaram recentemente resultados com o molnupiravir para o tratamento da Covid-19 e a notícia deixou muita gente animada. Quão promissores são esses resultados na sua visão?

Hugo Nisenbom – Poucas vezes vimos resultados tão contundentes com um antiviral em outras patologias. Os dados preliminares mostraram com clareza uma redução de 50% em hospitalizações e óbitos. O ensaio foi feito com grupo de risco, ou seja, população com mais de 60 anos, diabéticos, e o tratamento ocorreu dentro dos primeiros cinco dias da enfermidade, o que seria uma grande vantagem essa possibilidade de tratar em casa, com duas cápsulas por dia.

Existe a possibilidade de que os estudos avancem para pessoas que não sejam do grupo de risco?

Hugo Nisenbom – Este primeiro estudo em fase 3 apresentou os resultados que comentei independentemente da cepa. Agora quem vai dizer para quem o produto será recomendado são as autoridades regulatórias. Mas ainda em agosto começamos outro estudo para verificar o uso profilático. E por que fizemos o estudo primeiro no grupo de risco? Porque nesse grupo a comprovação é mais rápida, pois quando há mais risco, maior a chance de hospitalizações e óbitos. Estamos em uma corrida contra a pandemia e esse foi o desenho do estudo.

Hoje o foco das pessoas em geral está na vacina, mas qual o impacto de um tratamento como esse no nosso cenário atual?

Hugo Nisenbom – Primeiro, temos que ter o entendimento e a humildade de que vamos aprendendo com a pandemia. Segundo, temos que continuar a vacinação, porque a vacina é a forma como as pessoas previnem a enfermidade.

‘Mas essa solução tem a capacidade de ser um game changer, porque mesmo as pessoas vacinadas podem contrair a doença e as vacinas ainda possuem eficácias diferentes dependendo das variantes’.

Então ter agora a possibilidade de um tratamento quando a pessoa tem a doença nos primeiros cinco dias, antes de passar para a fase inflamatória, e evitar ou diminuir significativamente hospitalização e óbito, é uma grande conquista no combate da enfermidade. Os cientistas envolvidos na pesquisa até se perguntavam: o que teria acontecido se tivéssemos isso antes? Agora, sendo muito prudente, é preciso seguir a ciência e aguardar as aprovações regulatórias, que ainda vão definir como e quando usaremos o produto.

Inicialmente se falava que seria muito difícil encontrar um medicamento antiviral contra a Covid-19.

Hugo Nisenbom – A colaboração é uma coisa fantástica. Isso começou em um laboratório pequeno nos EUA, o Ridgeback, com estudos preliminares e desde meados do ano passado a gente acelerou em tempo recorde para seguir com os testes para as fases 2 e 3, até chegar nesses resultados incríveis. E temos que seguir trabalhando, porque aceleramos as pesquisas em tempo recorde, mas imagina como será a produção? É o mesmo desafio com as vacinas. Comentaram internamente que precisaríamos produzir em um ano o que demorou 15 para produzir a droga de maior sucesso da MSD. Por isso essa cooperação é importante. Um exemplo foi na questão da vacina. Muita gente cooperou para levar acesso a diversos países. Nós mesmos colocamos nossas fábricas para acelerar a produção da vacina da Johnson & Johnson [Janssen].

Como a MSD está se preparando para que não falte esse medicamento como aconteceu com as vacinas?

Hugo Nisenbom – Nós já produzimos dez milhões de cartelas desse medicamente à risco. Estamos nos adequando, associando com todo o ecossistema. Claro que no começo não tem jeito, mas estamos trabalhando de perto com todas as autoridades no mundo para realmente fazer o produto chegar da forma mais eficiente e rápida possível. Isso depois de aprovado.

No caso da produção, onde está o maior desafio?

Hugo Nisenbom – Acho que na complexidade do processo de produção, volume e tempo. Quando for liberado, cada país vai querer o medicamento o quanto antes.

É difícil falar agora sobre prazos, mas é possível estimar quando isso estaria disponível para as pessoas?

Hugo Nisenbom – É difícil porque não depende de nós, depende das autoridades regulatórias. Já existem países, como os Estados Unidos, que anunciaram a compra do produto antes de ser aprovado. Compraram 1,7 milhão de unidades. Outros países certamente vão anunciar nas próximas semanas. No caso das vacinas as agências regulatórias aprovaram em três, quatro semanas, mas não dá para dizer, é pura especulação.

As conversas já estão acontecendo aqui no Brasil?

Hugo Nisenbom – Sim, já há conversas com órgãos técnicos.

E em relação ao custo? Algumas notícias falam de US$ 700 por pessoa. Está no radar negociar esse valor com o Governo, é um valor fechado?

Hugo Nisenbom – Não posso fazer declarações de preço porque seria imprudente de minha parte, mas vamos trabalhar para garantir o acesso de acordo com as possibilidades de cada país.

No começo do ano vocês anunciaram que estavam abandonando o desenvolvimento de duas candidatas à vacina e, como você comentou, apoiaram a da Janssen. Vacina para Covid-19 saiu do portfólio da MSD de uma vez por todas?

Hugo Nisenbom – Sim, saiu porque os primeiros resultados não saíram conforme esperávamos. Sabemos que a indústria está aberta ao risco quando o assunto é inovação. Às vezes dá certo e às vezes não.

Mas com tudo o que passou, com movimentos anti-vacina e fake news, inclusive a vacina de HPV da MSD foi alvo, você acha que as vacinas e a ciência saem fortalecidas?

Hugo Nisenbom – Sem dúvida, definitivamente temos que seguir a ciência. Tomar decisões baseadas em dados robustos e não em opiniões, por mais bem intencionadas que sejam. Depois da água potável, nada salvou mais vidas no mundo do que as vacinas. Sempre falo que se fosse ministro da saúde de qualquer país, em primeiro lugar garantiria água potável para todos e vacinaria contra tudo, porque são tratamentos preventivos por excelência. A vacinação tem que continuar. E uma coisa bem importante é trabalhar para que não nos esqueçamos das outras vacinas além da Covid-19.

‘Nos últimos anos, o Brasil, que é um grande modelo, teve uma queda na vacinação, provavelmente por essas fake news. Temos que tomar cuidado para não voltem doenças que estavam erradicadas’.

Mudando um pouco de assunto, a MSD sempre demonstrou um olhar para saúde pública. Por que essa postura de olhar mais para a saúde populacional?

Hugo Nisenbom – Muitas empresas falam de propósito hoje em dia, mas isso não é novo na MSD, que possui 135 anos. Entre as décadas de 1930 e 1950 tivemos um CEO muito marcante, George Merck, que falava que a gente tem que fazer a coisa certa pelo paciente e o lucro é consequência. Isso se vive no dia a dia da MSD. Como CEO da MSD no Brasil já tomei decisões de prejuízo para a companhia em favor do propósito. Um exemplo: na intubação de pacientes durante a terapia intensiva, explodiu a demanda por um determinado remédio que nós tínhamos. O Brasil precisava do equivalente a toda produção mundial desse remédio pela MSD em um mês. Começamos a trabalhar imediatamente e falar com outras localidades, como Austrália. Quando olhamos os custos de transporte, vimos que daria prejuízo, mas trouxemos o produto mesmo assim sem repassar nenhum custo. Esse é apenas um jeito de mostrar como a missão é importante.

Você está há 25 anos na MSD. Esses últimos dois anos foram os mais desafiadores?

Hugo Nisenbom – Comecei como pesquisador na Argentina e depois atuei em outros países como Equador, Peru, Venezuela e há seis anos estou aqui no Brasil. Vivi momentos muito desafiadores em alguns destes países e a pandemia foi um deles, porque era algo desconhecido. O que foi bem tranquilizador foi a clareza de quais eram nossos objetivos. O primeiro era manter a saúde dos colaboradores de duas formas: proteger contra a Covid e preservar a saúde mental e o estresse. O segundo era garantir os produtos, tanto para a população como para os estudos clínicos, pois as atividades não podiam parar. O terceiro era trazer soluções para o Covid-19, por isso ajudamos a Janssen com a vacina e hoje podemos falar do nosso antiviral. Uma outra coisa que ajudou também foi o fato de que já havíamos iniciado uma transformação na empresa no sentido de empoderar as pessoas e adotar metodologias ágeis.

Como está a situação do Brasil quando falamos de inovação?

Hugo Nisenbom – Um dos pilares fundamentais da saúde é inovação. Temos que fomentar a inovação inclusive com apoio de marcos regulatórios. Sempre cito Israel como exemplo, onde há o maior número de patentes por habitante no mundo. Lá eles possuem organismos que conectam indústria, universidade e fomentam a inovação. Na área de pesquisa novamente temos que olhar o marco regulatório. O Brasil está sempre entre os primeiros dez mercados farmacêuticos do mundo, mas em pesquisa está na faixa dos 20, porque precisamos melhorar o marco, acelerando os tempos e evitando entraves. E é uma indústria fantástica, porque é limpa, traz conhecimento e é exportadora. De outro lado, temos que cuidar da inovação que ocorre no Brasil por meio de instituições como Fiocruz, Butantã. Quanto mais você protege a inovação, mais soluções e impacto na saúde e na economia você tem.

E com relação ao acesso?

Hugo Nisenbom – Quando falamos de acesso, no Brasil existem áreas que funcionam muito bem no sistema público, como as vacinas e tratamento de HIV, mas em outras áreas temos que acelerar. No sistema privado, temos oportunidade de incorporar mais rápido inovação e, quanto antes você implanta, mais rapidamente ocorre o impacto na vida e na economia.

‘Temos que sair da discussão sobre o preço do remédio. No sistema privado, isso representa 7% do custo. No sistema público é 15%. É muito pouco. Todos os atores do setor, pagadores, governo, deveriam trabalhar juntos para encontrar formas de melhorar a eficiência’.

Nesse contexto de que os diversos atores precisam conversar, qual o papel da indústria farmacêutica nesse diálogo? Está na dianteira ou mais passiva na questão da sustentabilidade do setor da saúde?

Hugo Nisenbom – A indústria está ativa tanto no acesso quanto no entendimento da jornada do paciente de ponta a ponta. Um exemplo está nas parcerias público-privadas, como no caso da vacina de HPV. Um dos maiores programas públicos do mundo hoje em vacina de HPV é do Brasil, que traz uma economia enorme e salva milhares de vidas a cada ano. São parcerias que visam dar acesso. Agora, todos temos que trabalhar. É um esforço conjunto da sociedade. A própria indústria está fazendo estudos para mostrar a importância do impacto econômico e na saúde com a incorporação de tecnologia. O problema é quando você reduz a discussão a preço. Muitas vezes você encontra áreas de oportunidade que permitem financiar o acesso à inovação e possibilitam uma vida melhor.

Dentro dessa mudança de setor fala-se cada vez mais em atenção primária, inclusive com atuação de médico de família na prevenção. E você abordou agora essa questão da jornada do paciente. Como você enxerga esse novo momento do setor?

Hugo Nisenbom – Um aprendizado que temos desse novo jeito de trabalhar é que ninguém pode fazer nada sozinho. Para executar esses exemplos que mencionei você necessita de dados de laboratório, médicos, hospital, programas de dados, inteligência artificial, startups, e juntar tudo isso em prol de um objetivo que é salvar a vida do paciente. Hoje temos que entender que trabalhamos em um ecossistema. Com a Covid-19 isso aconteceu. Empresas trabalharam entre si. Governo acelerou aprovações. Todas essas coisas boas que aconteceram temos que continuar a fazer como sociedade. Quando trabalharmos juntos, deixando interesses, política e ideologias de fora, a humanidade será melhor.

Você acha que pós-Covid toda essa colaboração e visão de ecossistema vão continuar?

Hugo Nisenbom – Não tenho dúvida. Sempre digo que o Covid-19 não inventou nada, foi apenas um catalisador. Já tínhamos processos de digitalização, novas formas de trabalho, ecossistema, e isso só acelerou. Quando você entende que o paciente está no centro e que não há nada mais importante que ele, teremos melhores desfechos.

Pensando no futuro, onde está o olhar da MSD em um horizonte de 5 a 10 anos?

Hugo Nisenbom – Nestes 135 anos de MSD nunca perdemos o foco em duas coisas: propósito e inovação. Só em 2020 investimos quase R$ 14 bilhões em pesquisa e desenvolvimento. Onde? Uma área é a oncologia, que ainda há muito para se descobrir. Outra é a área de vacinas, como a de pneumocócicos, vírus respiratórios, dengue. Também estamos trabalhando em HIV e Alzheimer.

‘Agora uma coisa interessante é que nós não acreditamos que toda a ciência está nos nossos laboratórios, embora tenhamos uma grande tradição. Por isso a MSD abriu centros de pesquisa nas cidades americanas São Francisco e em Cambridge, ou seja, lugares onde está a inovação’.

Além disso, na semana passada anunciamos a compra da Acceleron por US$ 11 bilhões. Hoje eles são pequenos, mas estão desenvolvendo uma droga para os casos de hipertensão pulmonar arterial, uma doença que não está controlada e causa muitas mortes. Em outras palavras, o nosso foco em inovação não muda, seja interno ou por meio de aquisições e alianças. Entramos de vez no mundo digital e vamos fazer cada vez mais rápido os estudos clínicos, ter mais dados, provavelmente entrar na medicina de precisão. Sempre falo que a digitalização é o mesmo que a eletricidade no começo do outro século: antes você fazia uma coisa, mas depois consegue fazer mais, melhor e com mais eficiência. Tudo sem esquecer do nosso propósito e do paciente no foco de tudo.

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Você foi eleito recentemente presidente da Interfarma. Como está lidando com liderança da entidade e da MSD ao mesmo tempo?

Hugo Nisenbom – Na Interfarma você tem que representar o que há em comum nas empresas. E o que há em comum? O primeiro ponto é desenvolver o acesso dos pacientes à inovação, o segundo é o respeito à inovação e o terceiro é melhorar os mecanismos regulatórios, porque às vezes você tem a tecnologia, dinheiro, acesso, mas o processo regulatório não acompanha. Acredito que as empresas podem competir para ter as melhores inovações, mas têm interesses comuns para melhorar esse acesso à inovação. E outra coisa muito importante é a ética. Os valores éticos e de compliance precisam estar muito claros quando você está tratando um paciente, esse é outro ponto em comum na associação.

Fonte: Futuro da Saúde

Descarte consciente das sobras de medicamentos

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O uso de medicamentos cresceu exponencialmente nos últimos anos devido ao aumento da expectativa de vida e consequente inversão das pirâmides de idade populacional. Esse aumento do consumo de remédios foi maior proporcionalmente entre os idosos, onde o índice de doenças crônicas é maior quando comparados com a população mais jovem. Neste cenário um problema antigo vem à tona: afinal o que fazer com as sobras de medicamentos ou ainda aqueles que já venceram?

Veja também: A regulação da Cannabis no Brasil caminha a passos lentos?

De acordo com o IQVIA, empresa responsável pela auditoria do varejo farmacêutico brasileiro, de janeiro a setembro de 2020 foram comercializados 3.529 bilhões de medicamentos, um aumento de quase 10% quando comparado ao mesmo período do ano anterior. Esse aumento reflete de forma direta na geração de resíduos que, em contato com o meio ambiente, se comportam como contaminantes tóxicos a diversos organismos, incluindo os seres humanos que podem ingerir residuais tóxicos por meio da alimentação ou da água potável.

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Por falta de conhecimento sobre o que fazer com os medicamentos depois que deixam de ser uteis muitas pessoas realizam o descarte no lixo comum, onde os fármacos serão levados até os aterros sanitários, e com a decomposição os resíduos tóxicos podem contaminar o solo e os lençóis freáticos, além de colocar em risco a vida de pessoas que entram em contato direto com este material como os garis e catadores.

Quando descartados na pia ou no vaso sanitário irão contaminar rios, lagos e mares, pois devido à falta de tecnologia eficiente os resíduos medicamentosos não são tratados adequadamente pelas redes de esgoto, e mesmo em baixas concentrações tais contaminantes são capazes de gerar efeitos tóxicos em organismos aquáticos.

Um estudo ambiental revelou que no Brasil a maior concentração de fármacos em águas superficiais está relacionada a cafeína e hormônios, resíduos capazes de gerar alterações sexuais nos peixes causando hermafroditismo ou feminização dos peixes. O Ibuprofeno é o terceiro medicamento mais consumido no mundo e também o mais encontrado nas águas da Inglaterra sendo capaz de alterar o padrão de reprodução dos peixes, enquanto que o antidepressivo Fluoxetina é capaz de alterar o comportamento de fuga destes animais sendo o medicamento mais encontrado nas águas do Canadá.

Além dos resíduos dos medicamentos, as embalagens denominadas primarias, aquelas que ficam em contato direto com o fármaco, também representam potencial risco de contaminação e devem ser descartadas junto com o medicamento. Já as embalagens secundárias, que é o caso das caixas de papel e também das bulas, podem ser descartadas normalmente pois não entraram em contato com o medicamento.

O Brasil ainda não possui uma legislação especifica que trate do descarte de medicamentos por parte do consumidor doméstico. Cabe ao consumidor fazer o descarte consciente junto aos postos de coleta adequados como farmácias, unidades básicas de saúde, caminhões de coleta especial ou supermercados. Estes estabelecimentos serão responsáveis pelo destino final adequado destes resíduos fazendo o encaminhamento para incineração por usinas ambientalmente preparadas. Para encontrar um posto de coleta na sua cidade a população deve buscar por tal informação nos sites da prefeitura ou com a vigilância sanitária local.

Para reduzir os resíduos gerados devemos evitar o acúmulo de medicamentos, o que é possível com a não suspensão do tratamento antes do prazo determinado, com a compra da quantidade exata (ou mais próxima) dos medicamentos que serão consumidos, a recomendação também é válida para aqueles que são isentos de prescrição.

É importante lembrar que acumular medicamentos não é um bom hábito, e que mesmo dentro do prazo de validade, o medicamento pode não estar em condições adequadas de uso. Portanto nunca utilize medicamentos que possuem alterações de cor, textura ou odor.

Fonte: Patrícia Rondon Gallina, farmacêutica mestranda em ciências farmacêuticas e professora do Centro Universitário Internacional Uninter

A regulação da Cannabis no Brasil caminha a passos lentos?

As discussões sobre a regulamentação da cannabis no Brasil e no mundo são movidas pela economia, interesses fiscais e empresariais. Recheado de informações equivocadas, o tema avança a passos curtos para um futuro em que realmente exista uma lei regulatória forte, principalmente no Brasil.

Veja também: Brasil garante 354 milhões de vacinas para Covid-19 que serão aplicadas em 2022

No ano de 2019, o DataSenado realizou uma pesquisa com a senadora Mara Gabrilli¹ na qual foi constatado que três em cada quatro brasileiros apoiam a produção de medicamentos à base de cannabis. Leis que promovem a regulação do medicamento já podem ser encontradas em países como Alemanha, África do Sul, Irlanda, México, Argentina, Rússia, Austrália, Israel, Índia e em quase toda a Europa Ocidental.

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Hoje, o controle e a fiscalização sanitária permitem a venda da cannabis medicinal exclusivamente em farmácias, previamente autorizada com prescrição médica e dispensação no âmbito do SUS. O processo de importação é um procedimento simplificado apenas para uso direto e pessoal.

Uma das plantas pertencentes à espécie cannabis sativa, o cânhamo representa um potencial enorme como commodity agrícola e pode ser usado na produção têxtil, em produtos alimentícios, na construção civil, em biocombustíveis, na substituição do plástico e em cosméticos. Para o advogado Fábio Candello, do escritório Candello Advocacia, esses dados levantam questionamentos sobre o porquê o Brasil, que é uma potência agrícola, não se interessar pela cannabis medicinal em qualquer uma de suas aplicações.

‘Os interesses econômicos ligados à repressão das drogas temem perder o seu poder e os seus lucros. A indústria farmacêutica, em parte, preocupa-se em perder os lucros que cercam os analgésicos, conhecidos como ‘opiáceos’, além dos lucros gerados pela venda de remédios ultrapassados de uso psiquiátrico’, explicou Candello.

Para os próximos anos, o advogado acredita que a tendência seja de que o Brasil aprove leis mais modernas sobre o tema, mirando uma melhora civilizatória, como ocorre nos países desenvolvidos. ‘Na maior parte dos países desenvolvidos, o canabidiol é tratado como um suplemento alimentar, como se fosse uma Vitamina ‘C’. Nos próximos anos, o Brasil deve seguir a tendência dos americanos, liberando o plantio e a produção do hemp/cânhamo, uma subespécie da Cannabis sativa L que é rica em canabidiol e com baixos teores de THC’, conclui ele.

Fonte: Ceará Máquinas

Brasil garante 354 milhões de vacinas para Covid-19 que serão aplicadas em 2022

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Covid – Marcado pela maior campanha de vacinação da história do Brasil, o ano de 2021 se aproxima do fim, mas 2022 promete ser ainda melhor. Prova disso é que o Ministério da Saúde apresentou, de forma antecipada, o planejamento da campanha de vacinação contra a Covid-19 do próximo ano. Com tratativas avançadas para aquisição de novas doses de vacina, o Governo Federal vai disponibilizar à população brasileira mais de 354 milhões de imunizantes em 2022.

Com um investimento estimado em R$ 11 bilhões, as doses virão para reforçar ainda mais imunidade dos brasileiros contra a doença. A Pasta prevê aplicar mais duas doses na população acima de 60 anos, com intervalo de seis meses; mais uma dose de reforço na população até 59 anos; e a possibilidade de ampliar o público-alvo da campanha. A lógica da vacinação em 2022 deixará de seguir o critério de grupos prioritários para considerar a imunização por faixa etária decrescente.

Para isso, serão adquiridas 120 milhões da AstraZeneca e 100 milhões da Pfizer. Outras 134 milhões de doses serão de saldo de contratos de 2021. A escolha pelas vacinas leva em conta o fato de os dois agentes imunizantes terem registro definitivo na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Além disso, considerou-se o custo-efetividade dos imunizantes de tecnologia ‘Recombinante’ e ‘RNA mensageiro’, e também por já estarem integradas ao Programa Nacional de Imunizações (PNI).

‘Todas as estratégias adotadas pelo Governo Federal conferem a esta Campanha de Vacinação contra a Covid-19 o status de a maior campanha que o Brasil já registrou em toda a sua história. E entraremos em 2022 ainda mais fortes. O ano de 2021 nos deu preparo, confiança, segurança, e nos conferiu capacidade para produzir vacina em solo nacional. Asseguramos que todos os brasileiros terão, ano que vem, uma campanha muito mais eficiente’, contou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

Vale ressaltar também que, com o fim da pandemia da Covid-19 esperado para 2022, imunizantes que possuem apenas autorização para uso emergencial não poderão ser usados fora do ambiente pandêmico. Segundo o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, essa norma é regulamentada pela Resolução RDC nº 475, de 10 de março de 2021, que estabelece os procedimentos e requisitos para submissão de pedido de autorização temporária de uso emergencial (AUE).

‘A figura da autorização para uso emergencial, seja medicamentos ou vacinas, só faz sentido em um ambiente pandêmico. Portanto, quando se decreta o fim da pandemia, ou da Emergência em Saúde Pública de importância Nacional, a chamada ESPIN, deixa de existir essa figura. Como a gente está falando em 2022, tudo isso deve ser considerado no nosso processo de planejamento’, contou Rodrigo.

Outro fator considera ainda um relatório divulgado pela Comissão Nacional De Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), que indicou que a aquisição da AstraZeneca e Pfizer geraria, em 5 anos, uma economia aos cofres públicos em torno de R$ 150 bilhões.

‘Quero destacar que o mundo ainda não sabe qual é a forma mais adequada para a vacinação em 2022. Importa dizer que teremos vacinas disponíveis para reforçar a imunidade dos brasileiros. Vacinas, inclusive, sendo desenvolvidas em solo nacional. O estudo na Conitec mostra que as vacinas AstraZeneca e Pfizer são muito custo-efetivas e criam um impacto decremental no orçamento público. Então, vacinar a população contra a Covid-19, além de salvar vidas, é muito custo-efetivo para o nosso sistema de saúde’, contou o ministro Queiroga.

Com a articulação do Ministério da Saúde, o Governo Federal adquiriu para o ano de 2021 mais de 550 milhões de vacinas Covid-19. Dessas, 301 milhões de doses já foram distribuídas aos estados e Distrito Federal, e 246,8 milhões foram aplicadas. Os números da Campanha de Vacinação mostram que 93,2% do público-alvo foram vacinados com a primeira dose e 61% estão com a vacinação completa. Vale destacar também que 2,1 milhões de doses adicionais e de reforço foram aplicadas.

Fonte: A Hora News

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