Bancos questionam venda de MIPs em supermercados

MIPs em supermercados
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O embate sobre a venda de MIPs em supermercados ganha novos pareceres a favor das farmácias. Em reportagem do Neofeed, analistas do Itaú BBA avaliam a medida como insuficiente para conter a inflação dos alimentos, além de preverem impactos significativos sobre as farmácias, que atualmente detêm a exclusividade na venda desses medicamentos.

Os medicamentos isentos de prescrição apresentam margens brutas médias de 30% a 35%, consideravelmente maiores do que as de produtos alimentícios, que variam entre 16% e 20%. “Para os varejistas de alimentos, isso é claramente positivo”, afirma o Itaú BBA. Ainda assim, o banco ressalta que esse ganho adicional não necessariamente resultaria em preços de alimentos mais baixos.

O Itaú BBA também destaca que é “praticamente impossível” estimar com precisão as potenciais receitas ou lucros adicionais, considerando que as redes de supermercados enfrentariam custos elevados devido aos requisitos sanitários. Gastos com farmacêuticos, manipulação e armazenamento, por exemplo, poderiam impactar negativamente a rentabilidade do negócio.

Venda de MIPs em supermercados não mudaria hábitos de consumo

Em reportagem do Infomoney, a equipe de research do JPMorgan vê a potencial mudança como tendo um impacto marginal nas empresas sob sua cobertura, pois é improvável que tais alterações impulsionem, se ocorrerem, um aumento significativo na demanda ou mudanças nos hábitos de consumo.

Além disso, o banco americano considera improvável que todo o espectro de MIPs seja disponibilizado no varejo alimentício, dado que alguns desses produtos apresentam baixa rotatividade.

Apesar de ser uma linha de receita relevante, o JPMorgan não vê a abertura das vendas de MIPs para outros varejistas como uma ameaça estrutural para as farmácias, uma vez diversas redes de supermercado, como Carrefour Brasil (CRFB3) e Assaí (ASAI3), já operam ou possuem farmácias anexas a seus formatos principais.

Por outro lado, o JPMorgan acredita que empresas farmacêuticas de OTC, como a Hypera (HYPE3), podem se beneficiar, considerando que a mudança permitiria a essas companhias operar em novos canais e, eventualmente, expandir a categoria.

Para Hypera, a notícia pode ser marginalmente positiva, pois representaria um canal de vendas adicional para seu principal segmento de produtos. Além disso, a empresa se beneficiaria de ser uma das únicas empresas farmacêuticas que já têm um relacionamento comercial estabelecido com as maiores empresas de varejo de alimentos do país – vendendo produtos como Engov After, Zero-Cal, Finn, Tamarine e outros.

RD Saúde quer levar serviços do PS para as farmácias

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RD Saúde
Varejista quer surgir como opção para desafogar hospitais / Foto: Divulgação

Com o objetivo de desafogar o pronto-socorro dos hospitais, a RD Saúde quer assumir essa responsabilidade, visando atender os casos de baixa complexidade. Para viabilizar isso, a rede busca parcerias junto a planos de saúde. As informações são do Valor Econômico.

“Pronto-socorro é um inferno. E 80% das entradas são casos de baixa complexidade, como dor de garganta, espirro, gripe, resfriado”, explica o CEO, Renato Raduan.

O plano, ousado, esbarra na resistência dos convênios, que demonstram certo receio com a ideia de que, ao facilitar tanto o acesso ao tratamento para os pacientes eles acabem indo mais para a farmácia do que ao pronto-socorro.

“A empresa tem 3,2 mil lojas e 12 mil farmacêuticos. Estamos a cinco minutos de mais de 100 milhões de brasileiros. A gente tem todos os ativos para ajudar a desafogar o sistema e fazer o primeiro atendimento”, argumenta o executivo.

Se com convênio não vai… 

Hoje, a RD Saúde sente certa resistência dos planos no projeto de atendimento primário. Mas, quando o assunto é a assistência farmacêutica, até mesmo os hospitais já reconhecem o setor.

Em dezembro, o grupo anunciou uma parceria com o Oswaldo Cruz. Por meio do trabalho conjunto, o hospital irá treinar os colaboradores da rede de farmácias e certificará as salas clínicas das lojas.

RD Saúde quer ampliar cuidado 

Com a nova direção, outro projeto que ganha força na companhia diz respeito a parcerias mais amplas com empresas de outros setores. A ideia é expandir o trabalho já realizado com os planos de desconto em medicamentos e torná-lo um acompanhamento completo da saúde dos colaboradores.

“Não se pode achar nunca que estamos numa posição confortável”, provoca Raduan. “Já temos umas três ou quatro empresas com um programa mais abrangente, em que integramos o acompanhamento com as nossas farmácias”.

Justiça autoriza cannabis em farmácias de manipulação

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CANNABIS EM FARMÁCIA DE MANIPULAÇÃOMercado de cannabis, canabidiol, cannabis medicinal, CBD
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Várias decisões judiciais, em diferentes estados e ao longo dos anos vêm autorizando a venda de cannabis em farmácias de manipulação. A determinação abre um precedente nacional e estimula a farmácia de manipulação como outro canal para ampliar o acesso ao produto no país.

A mais recente liminar favorável envolve a Justiça Federal em Alagoas (JFAL), que concedeu permissão para uma farmácia em Arapiraca manipular e comercializar produtos derivados de cannabis em sua forma manipulada ou industrializada.

A decisão, assinada pelo juiz federal da 1ª Vara de Alagoas, Felini de Oliveira Wanderley, impede a punição do estabelecimento pela Anvisa e pela Vigilância Sanitária Estadual. “A medida reforça o direito à saúde de alguns que, excepcionalmente, se beneficiam do uso controlado dessas substâncias”, cita o magistrado na sentença.

Venda de cannabis em farmácia de manipulação esbarra na Anvisa

A venda de cannabis em farmácia de manipulação, a despeito do amparo da Justiça, ainda esbarra na RDC 327/2019 da Anvisa. A resolução estabelece que “os produtos de cannabis devem ser dispensados exclusivamente por farmácias sem manipulação ou drogarias, mediante apresentação de prescrição por profissional médico, legalmente habilitado”.

A autarquia alega que a venda de fármacos derivados de cannabis pode ser feita apenas pela indústria farmacêutica. O juiz federal acompanha o Ministério Público Federal (MPF) e, em seu parecer, justifica que esta diferenciação não é amparada por lei.

Na sentença, o juiz pondera, ainda, que o papel da agência é o de regulamentação. “Considero, portanto, que não cabe à Anvisa criar empecilhos ou impor dificuldades ao exercício desse direito, mas sim regulamentar a matéria e fiscalizar a atuação e o processo de produção dos produtos derivados da cannabis”, julgou o magistrado.

No mandado de segurança impetrado pela farmácia de manipulação de Arapiraca, foi destacado que a resolução da agência viola princípios constitucionais da legalidade e liberdade econômica. “A Anvisa achou por bem proibir apenas as farmácias de manipulação de operarem com substâncias derivadas da cannabis medicinal. Ao fazê-lo, cria-se uma verdadeira reserva de mercado, deixando apenas para a indústria farmacêutica (nacional e estrangeira) o monopólio da produção”, diz trecho do mandado de segurança.

Processos iniciaram há quatro anos

Ao longo dos anos, o Panorama Farmacêutico vem noticiando as decisões favoráveis para farmácias magistrais venderem cannabis. Em 2021, em uma decisão inédita, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) autorizou uma farmácia magistral a manipular e dispensar produtos com ativos derivados vegetais ou fitofármacos da cannabis sativa.

Para o sócio do escritório Benincasa & Santos – Sociedade de Advogados, Dr. Flávio Benincasa, responsável pelo processo na época, o entendimento do Tribunal foi pioneiro e representou um passo importante para futuras decisões do gênero. “É o resultado de muito empenho e persistência junto ao Poder Judiciário. Não há expediente legal que impeça a manipulação e dispensação desses produtos, sem contar que o uso dos mesmos será exclusivamente medicinal e atenderá a necessidades de saúde da população”, avalia.

Discussão chegou ao STF

O debate avançou para o Supremo Tribunal Federal (STF). A controvérsia é tema do Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 1479210, que teve repercussão geral reconhecida (Tema 1341) no plenário virtual. A data do julgamento ainda será definida, e a tese fixada pelo STF deverá ser seguida em todas as instâncias do Judiciário.

No caso dos autos, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) confirmou uma decisão que impedia o município de São Paulo (SP) de aplicar a uma farmácia de manipulação sanções por infração sanitária, como advertência, multa ou até cancelamento do alvará de funcionamento.

Segundo o TJ-SP, a RDC 327 extrapolou as atribuições da agência, pois criou uma distinção não prevista em lei entre farmácias com e sem manipulação. No recurso, o município argumenta que não é possível manipular e comercializar produtos de cannabis sem autorização sanitária, por se tratar de substância psicotrópica sujeita a controle especial.

Também sustenta que a manipulação e comercialização dos derivados da cannabis é uma questão de saúde pública e deve ser tratada com rigor técnico por especialistas da área médica.

Em manifestação pelo reconhecimento da repercussão geral, o ministro Alexandre de Moraes observou que essa questão tem sido alvo de decisões dos tribunais estaduais, tanto validando a resolução quanto considerando que a norma extrapolou o poder regulamentar da Anvisa. Na sua avaliação, a controvérsia tem ampla repercussão e importância para o cenário político, social e jurídico, e o interesse por sua definição não abrange apenas as partes envolvidas.

Preços de medicamentos devem ter nova regulamentação

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preços de medicamentos
Defasagem do modelo atual norteou decisão / Foto: Freepik gerada com IA

A regulamentação dos preços de medicamentos será modificada pelo governo federal. O modelo utilizado atualmente é considerado defasado e, por isso, o Ministério da Economia colocou a pauta como uma das 25 prioritárias para os próximos dois anos. As informações são do Diário do Comércio.

A Anvisa, junto aos ministérios que compõem a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed) – Casa Civil, Fazenda, Justiça e Saúde – já debatem as possíveis mudanças. O marco legal atualizado também levará em conta aqueles remédios comprados por via judicial.

Preços de medicamentos possuem teto 

Sobe a legislação atual, a Cmed define um teto máximo para o reajuste do preço dos medicamentos, o que acontece uma vez ao ano. Sendo assim, varejo, indústria e distribuição devem respeitar esse limite, mediante risco de penalidades.

A precificação, por sua vez, é definida no momento do registro junto à Anvisa. Parâmetros de produtividade e a inflação são levados em conta na hora de determinar os possíveis aumentos.

Nova regulamentação prevê corrigir extremos 

A ideia com a nova regulamentação é estabelecer uma revisão extraordinária em casos nos quais a precificação dos medicamentos está muito errada, seja para cima ou para baixo. Segundo a reportagem, fontes internas afirmam que, no passado, não havia uma discrepância tão grande entre os valores.

Já um integrante do governo envolvido nas tratativas afirmou que o formato de reajuste anual não mudará, mas que existem vários remédios vendidos a preço muito superior ao ideal.

Quanto à via judicial, ela é especialmente preocupante para o governo. Atualmente, não há nenhuma regra para esses casos e, por vezes, os fármacos são comprados sem licitação e com fundos sendo destinados diretamente para a conta do paciente. O objetivo é estabelecer algumas regras pensadas exatamente para esses cenários.

Em 2024, reajuste foi de 4,5% 

O reajuste dos medicamentos de 2024 ficou em 4,5%, conforme definido pela Cmed. Na ocasião o aumento foi um pouco inferior ao registrado em 2023, quando o índice foi de 5,6%.

Algo que tem dificultado o cenário para as farmácias é o fato de que o preço dos medicamentos não acompanhou a inflação. Entre 2013 e 2023, os valores gerais subiram 98,4%, enquanto os fármacos tiveram uma variação de preços de 65,4%.

Falência decretada

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Empresa: P. A. Cardelíquio Eireli Me
Nome fantasia: Drogarias Paulo
CNPJ: 22.038.273/0001-68
Administrador judicial: O Próprio Administrador Judicial da Recuperação Judicial Rescindida, Dr. Judson Gomes da Silva Bastos
Cidade: Cuiabá (MT)
Vara/Comarca: 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de Cuiabá (MT)
Observação: Recuperação judicial convolada em falência

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Empresa: P. A. Cardelíquio Eireli ME Filial 1
Nome fantasia: Drogarias Paulo
CNPJ: 22.038.273/0002-49
Administrador judicial: O Próprio Administrador Judicial da Recuperação Judicial Rescindida, Dr. Judson Gomes da Silva Bastos
Cidade: Cuiabá (MT)
Vara/Comarca: 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de Cuiabá (MT)
Observação: Recuperação judicial convolada em falência

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Empresa: P. A. Cardelíquio Eireli Me, Filial 3
Nome fantasia: Farmácia Popular
CNPJ: 22.038.273/0005-91
Administrador judicial: O Próprio Administrador Judicial da Recuperação Judicial Rescindida, Dr. Judson Gomes da Silva Bastos
Cidade: Cuiabá (MT)
Vara/Comarca: 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de Cuiabá (MT)
Observação: Recuperação judicial convolada em falência

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Empresa: P. A. Cardelíquio Eireli ME Filial 4
Nome fantasia: Drogarias Paulo
CNPJ: 22.038.273/0005-91
Administrador judicial: O Próprio Administrador Judicial da Recuperação Judicial Rescindida, Dr. Judson Gomes da Silva Bastos
Cidade: Várzea Grande (MT)
Vara/Comarca: 1a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de Cuiabá (MT)
Observação: Recuperação judicial convolada em falência

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Empresa: Henrifarma Produtos Químicos e Farmacêuticos Ltda.
CNPJ: 61.074.662/0001-09
Administrador judicial: A própria administradora judicial da recuperação judicial rescindida, KPMG Corporate Finance Ltda.
Cidade: São Paulo (SP)
Vara/Comarca: 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo (SP)
Observação: Recuperação judicial convolada em falência

Setor reage contra medicamentos em supermercados

MEDICAMENTOS EM SUPERMERCADOSMIPs, supermercados, medicamentos, farmácias
Foto: Freepik

A tentativa de autorizar a venda de medicamentos em supermercados ganhou mais um capítulo na última quarta-feira, dia 22. Principal representante do canal alimentar, a ABRAS divulgou uma nota reforçando a proposta apresentada ao presidente Lula no fim do ano passado, sob a alegação de que a medida contribuiria para reduzir os preços em 35% e combater a inflação. Só esqueceram de mencionar os riscos à saúde, o que gerou uma reação contundente do varejo farmacêutico.

A Abrafarma emitiu uma declaração de repúdio a essa iniciativa, reforçando também o impacto econômico para as farmácias. Os MIPs correspondem a cerca de 30% das vendas.

“Nas 93 mil farmácias brasileiras, que cobrem 99% das cidades do país, geramos 2 milhões de empregos diretos. Do total de lojas, 56 mil são de microempresas optantes pelo Simples Nacional. Aprovar MIPs em supermercados, apenas para agregar uma categoria de vendas a esses estabelecimentos, é provocar o desequilíbrio econômico de um setor que funciona bem e é muito respeitado em todo o mundo”, afirma Sergio Mena Barreto, CEO da Abrafarma.

Segundo o executivo, como o custo da operação de uma farmácia é alto, provavelmente haveria um efeito rebote de aumento no preço dos medicamentos de prescrição. As consequências pesariam, sobretudo, na população mais pobre.

Barreto também pontua que, apesar de os MIPs dispensarem receita, muitas vezes eles exigem indicação específica. “Em 68% das ocasiões de compra desses remédios, o cliente esclarece suas dúvidas com o farmacêutico. Quem estará no supermercado para atender esse paciente?”, contesta.

A Abrafarma ainda refuta o argumento relativo à baixa dos preços. “É uma falácia. Monitoramos preços de mais de 1 mil itens comuns a farmácias e supermercados, e estes estabelecimentos vendem mais caro em 50% das vezes. Por que já não comercializam itens como fraldas, cotonetes e tinturas a preços mais acessíveis?”, alerta.

Movimentação do canal alimentar recomeçou no fim do ano passado

Em dezembro, entidades do canal alimentar e representantes da Câmara dos Deputados articularam-se para criar um requerimento de urgência para o Projeto de Lei (PL) 1774/19. Isso abriria caminho para a votação da proposta antes da virada do ano.

De autoria do parlamentar Glaustin da Fokus (Podemos-GO), a redação do PL prevê a comercialização de MIPs até em quitandas, sem nenhuma previsão de farmácia dentro do estabelecimento ou da presença obrigatória de um farmacêutico para assistência ao consumidor.

No fim de novembro, o presidente da ABRAS, João Galassi, chegou a se reunir com os deputados federais Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Lindbergh Farias (PT-RJ) para discutir pautas de interesse do setor. No mesmo período, a entidade esteve reunida com representantes do governo em encontro na Esplanada dos Ministérios, ao lado da ABAD – Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados.

Coincidentemente, os médicos e deputados federais Vitor Lippi (PSDB-SP) e Zacharias Calil (União-GO) gravaram um vídeo pedindo celeridade para a discussão do projeto. Eles sugeriram apenas a adequação do texto original para incorporar a presença obrigatória de um farmacêutico.

Entidades e conselhos também reagem

Para o Sincofarma/SP, as farmácias desempenham papel fundamental para garantir o uso seguro e racional dos medicamentos. “Permitir a venda fora das farmácias é desvalorizar esse trabalho e colocar a saúde da população em segundo plano. Estamos mobilizados para informar a sociedade sobre os perigos dessa medida e para defender o papel das farmácias como centros de saúde e cuidado responsável”, diz o manifesto da entidade.

A ABCFARMA ressalta que a venda de MIPs em supermercados será um retrocesso sanitário, com impactos negativos para a saúde da população e o setor varejista farmacêutico. Enquanto as farmácias cumprem normas rigorosas, como a presença de farmacêuticos, gestão de resíduos, boas práticas e fiscalização pelos conselhos de classe, os supermercados não estão sujeitos a essas obrigações.

Além disso, segundo a entidade, os farmacêuticos desempenham um papel essencial na identificação e notificação de reações adversas, interações medicamentosas e outros problemas relacionados a medicamentos.

“A venda de MIPs nesses estabelecimentos comprometeria a prática de farmacovigilância, essencial para a detecção, avaliação, compreensão e prevenção de efeitos adversos. A medida cogitada pelo governo federal tem o potencial de inviabilizar a atividade de 56 mil pequenas farmácias, resultando no aumento do desemprego e na sobrecarga no sistema público de saúde, colocando em risco programas como o Farmácia Popular”.

Em nota, o Conselho Federal de Farmácia afirmou que “a saúde é um direito inegociável e não pode ser moeda de troca, especialmente tendo como base cálculos tão simplórios e míopes”. A entidade acrescenta que ao liberar a venda pelos supermercados de medicamentos isentos de prescrição (mas não de riscos), o governo franqueará o acesso a baixo custo sem a orientação em um país que é recordista em automedicação no mundo.

“Cerca de 90% dos brasileiros se automedicam. O resultado será, sem dúvida, um prejuízo ainda maior para o SUS que já gasta R$ 60 bilhões por ano com danos causados por medicamentos, segundo estudo da UFGRS”, acrescenta a entidade.

O CFF alerta que, mesmo sendo vendidos nas farmácias, estabelecimentos em que há supervisão do farmacêutico e o profissional está disponível para orientar os pacientes, os MIPs ainda provocam seis casos de intoxicação por dia no país, de acordo com dados do Datatox, de 2014 a 2018.

“Dados do Sinan/Ministério da Saúde apontam que os casos de intoxicação aumentaram 23% entre 1993 e 1995, quando a venda dos MIPs foi franqueada aos supermercados. Na década seguinte, quando esses medicamentos voltaram às farmácias, houve queda nas intoxicações. Entre 2007 e 2009, o número caiu 14%”, diz o comunicado.

“Repudiamos também qualquer precarização do trabalho farmacêutico, que não é promoter de achocolatado para estar de pé na frente de uma gôndola atendendo o consumidor. Se supermercados querem vender medicamentos que o façam do jeito certo, em farmácias próprias, com farmacêuticos responsáveis técnicos”, finaliza o comunicado do CFF.

Já a Fenafar postou nas suas redes sociais, no dia 10 de dezembro, que farmacêuticos estiveram em Brasília numa intensa movimentação para barrar o projeto de lei. “Medicamentos não são mercadorias comuns. Eles exigem controle, orientação e acompanhamento por profissionais farmacêuticos, para garantir o uso responsável”, comenta o presidente Fábio Basílio.

Uma novela sem fim

O debate sobre os MIPs em supermercados poderia ter acabado em 2004, quando o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu pela proibição definitiva da venda de medicamentos em outros estabelecimentos. Mesmo assim, o Congresso Nacional vem mantendo viva a discussão sobre o assunto.

  • Em 2009, o deputado Sandro Mabel tentou autorizar novamente a liberação por meio da MP 549/11. Apesar de aprovada como “contrabando” na Câmara dos Deputados, foi vetada em 2012 por Dilma Rousseff
  • Em fevereiro de 2018, o projeto de lei de Ronaldo Martins (PRB-CE) foi encaminhado para a Comissão de Seguridade Social. No entanto, saiu da pauta pelo fato de o parlamentar não ter sido reeleito. O então presidente Michel Temer sinalizou apoio à iniciativa depois de analisar um pedido da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) para agilizar a votação
  • Em junho de 2019, foi a vez de o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) sugerir a alteração da lei, após encontro com executivos da entidade supermercadista
  • A Câmara Municipal de São Paulo ensaiou um movimento similar em 2020, mas no fim aprovou um projeto do vereador Gilberto Natalini (PV-SP) para vetar os remédios isentos de prescrição não apenas em supermercados, como também em bares, lanchonetes, hotéis e restaurantes
  • Em junho de 2021, foi a vez de o governo federal estudar a possibilidade de lançar uma MP. O ministro da Economia Paulo Guedes chegou a defender publicamente a venda nesses estabelecimentos justamente no maior fórum do setor supermercadista
  • Em agosto de 2022, a Câmara dos Deputados recolocou o tema na pauta, incluindo o pedido para votação em regime de urgência

Estudos clínicos com cannabis avançam pelo país

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ESTUDOS CLÍNICOS COM CANNABISMercado de cannabis, canabidiol, cannabis medicinal, CBD
Foto: Canva

Os estudos clínicos com cannabis medicinal representam um passo importante  para a ampliação do acesso e inclusão de indicações terapêuticas, além de justificar a incorporação de novos produtos em canais como o Sistema Único de Saúde (SUS). E mais um passo foi dado, desta vez no município de Goiânia (GO).

O prefeito da cidade, Sandro Mabel (UB), sancionou uma lei do vereador licenciado Lucas Kitão (UB), que institui diretrizes para o incentivo às pesquisas científicas sobre o uso terapêutico da cannabis e seus derivados. Publicada no Diário Oficial, a lei busca reduzir as desigualdades no acesso a medicamentos e produtos derivados da cannabis, garantindo que mais pacientes possam se beneficiar de tratamentos alternativos.Além disso, prevê o fortalecimento de instituições públicas e privadas de ensino e pesquisa, bem como das organizações da sociedade civil, com o objetivo de ampliar a capacidade operacional e científica de entidades que atuam na área de saúde e inovação.

Estudos clínicos com cannabis exigirão custo de R$ 300 milhões

Os estudos clínicos com cannabis exigirão um custo de R$ 300 milhões nos próximos três anos para comprovar sua eficácia e segurança, segundo estimativas da Associação Brasileira da Indústria de Canabinoides (BR Cann).  As pesquisas são uma exigência da Anvisa para o registro definitivo dos produtos. Quando entrou em vigor, em 2020, a RDC 327 concedeu autorizações temporárias em caráter excepcional, sob a condição de que estudos sobre o tema fossem realizados posteriormente.

“Trata-se de um requisito regulatório para que sejam qualificados como medicamentos, tenham seus preços regulados pela Câmara de Medicamentos (CMED) e, eventualmente, incluídos na Conitec para incorporação aos planos de saúde”, explica a diretora executiva da entidade, Bruna Rocha.

Em dezembro passado, a GreenCare Pharma recebeu anuência da Anvisa para condução de pesquisa clínica de produto derivado de cannabis, como parte do desenvolvimento de medicamento fitoterápico. De acordo com a companhia, o investimento em pesquisa e desenvolvimento soma R$ 25 milhões.

Prati-Donaduzzi foi pioneira na realização de um estudo clínico para epilepsia, protocolado em dezembro de 2022 e que está em análise pelo órgão regulador.

Pesquisadores investigam uso de cannabis para tratamento de Alzheimer

De olho em novas terapias para o Alzheimer, a Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em parceria com a empresa Mahara, testou o uso de canabidiol (CBD) em espécies de mosca-das-frutas – cientificamente conhecida como Drosophila melanogaster.

No estudo conduzido por Carlos Ueira Vieira, professor do Instituto de Biotecnologia e do Laboratório de Genética da UFU; e Serena Mares Malta, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Genética e Bioquímica, o óleo de CBD foi administrado em moscas transgênicas, que possuem genes humanos associados à doença.

Segundo o pesquisador, a administração oral do CBD nas moscas reduziu a toxicidade do peptídeo beta-amilóide, marcador da doença, no cérebro dos insetos. Isso levou à melhora de sintomas como perda de memória e problemas motores. Os resultados vêm sendo considerados promissores. “Também já temos estudos voltados para depressão, epilepsia e TDAH”, complementa Vieira.

Estudo brasileiro irá tratar osteoporose com cannabis

Já a Associação Panamericana de Medicina Canabinoide (APMC) irá investigar a aplicação da cannabis no tratamento de mulheres com dor crônica e osteoporose. A pesquisa é fruto de outra investigação sobre o impacto dos receptores canabinoides na saúde óssea. Os resultados mostraram que esse mecanismo por onde a cannabis trabalha pode influenciar na inflamação e na regeneração.

Agora, o novo estudo será realizado de forma colaborativa, ou seja, com vários profissionais de áreas diferentes, reunindo as áreas de odontologia, a medicina, a farmacologia e a biologia. O projeto recebeu apoio da Faculdade de Medicina do ABC e da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Além disso, foi selecionado pelo edital da Frente Parlamentar da Cannabis Medicinal em São Paulo de 2024, que destinou R$1 milhão em emendas para iniciativas envolvendo a cannabis e o cânhamo industrial.  A investigação da APMC obteve um quarto desse valor (R$ 284.428) para viabilizar o estudo.

Faturamento da EMS pode chegar a US$ 4 bi com genérico do Ozempic

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Faturamento da EMS
Receita será impulsionada pela entrada no mercado norte-americano / Foto: Divulgação

O faturamento da EMS, no médio prazo, pode chegar aos US$ 4 bilhões (cerca de R$ 23,7 bilhões). É o que aponta o CEO, Carlos Sanchez, em entrevista ao portal Exame. Ele classificou a futura atuação da farmacêutica no mercado de análogos de GLP-1 como o motor para o crescimento.

“No médio prazo, vejo a EMS faturando US$ 2 bilhões no Brasil, de maneira orgânica, e outros US$ 2 bilhões nos Estados Unidos”, declarou o executivo. E serão exatamente esses medicamentos que abrirão as portas da América do Norte para o laboratório.

Faturamento da EMS será impulsionado por internacionalização 

Para garantir sua entrada no mercado norte-americano, a EMS já está se movimentando. Mesmo com a patente do Ozempic programada para acabar apenas em 2032 no país, a farmacêutica já pediu para fabricar um genérico junto à FDA.

Tal “pressa” tem um motivo. Segundo a legislação local, o primeiro a pedir para fabricar um genérico ganha 180 dias de exclusividade. Além disso, em alguns casos, a comercialização é autorizada ainda antes do fim da patente.

Em paralelo, no Brasil, o laboratório recebeu, no fim de 2024, a liberação da Anvisa para comercializar dois remédios à base de liraglutida: o Lirux, para diabetes; e o Olire, voltado para obesidade.

A expectativa é de que os fármacos estejam disponíveis ainda neste ano.

Para crescer lá fora, receita será outra 

Fundada como uma pequena farmácia na década de 1950, foi só nos anos 90 e com foco nos genéricos que a EMS deslanchou. Mas, para repetir o movimento no exterior, a estratégia não será a mesma.

“Genérico é um negócio de escala; ou você é o primeiro ou o segundo, ou não existe”, explica Sanchez. Por isso, a inovação será a chave para levar a farmacêutica mais longe. Vem desse desejo o desenvolvimento dos análogos de GLP-1, assim como o foco em biológicos.

Farmacêutica pode revolucionar o mercado 

Atualmente, a fabricação desses medicamentos vem atrelada à geração de muitos resíduos. Pensando em diminuir tal impacto, a EMS aposta em uma nova rota sintética.

O método em questão é mais rápido e barato, custando cerca de um quarto do método tradicional e fazendo em uma semana o que costuma levar de seis a oito meses. As gigantes do mercado, Novo Nordisk e Eli Lilly, até pensam em adotar a tecnologia, mas não contam com a infraestrutura necessária, diferentemente da farmacêutica brasileira.

Cimed inicia venda de ingressos para o Meu Sangue Amarelo

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Cimed
Evento acontece entre os dias 21 e 23 de fevereiro / Foto: Ana Claudia Nagao – Panorama Farmacêutico

Começou a venda de ingressos para o Meu Sangue Amarelo – MSA, evento que será promovido pela Cimed no próximo mês de fevereiro no São Paulo Expo, em São Paulo (SP). As vendas são realizadas pela internet, com preços entre R$ 600 e R$1.200. As informações são do AL1.

Dos três dias de evento – de 21 a 23 – o público geral terá acesso liberado apenas no último. Na ocasião, os admiradores da marca poderão conhecer as novidades reservadas para 2025, além de concorrer a uma caminhonete BYD Shark, avaliada em cerca de R$ 400 mil.

“O MSA é uma oportunidade única para aproximarmos ainda mais os consumidores da Cimed, mostrando de perto como a inovação e a acessibilidade estão no centro do nosso negócio. Abrir as portas do evento para o público final reforça nosso compromisso em transformar o varejo farmacêutico e oferecer experiências que vão além dos produtos, conectando pessoas à saúde de forma inovadora e acessível”, comenta o CEO, João Adibe.

Cimed lançará 70 novos produtos no Meu Sangue Amarelo 

Com a expectativa de reunir 30 mil pessoas entre público geral, colaboradores e executivos do canal farma, a Cimed vai apresentar cerca de 70 novos produtos de categorias como higiene bucal, cuidados infantis, beleza e nutrição. Com os lançamentos e o tráfego de decisores do PDV dentro do evento, a expectativa é de movimentar cerca de R$ 500 milhões em vendas.

Varejo farmacêutico em 2023

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Vendas em valores avançaram 8,15% em relação a 2022, de acordo com a IQVIA. Grandes redes e associativismo puxaram crescimento e ganharam, ao todo, um ponto de market share

Vendas em valores no varejo farmacêutico

(em bilhões de R$)

Varejo farmacêutico
Fonte: IQVIA

Faturamento por nicho

(em bilhões de R$ e %)

Varejo farmacêutico
Fonte: IQVIA

Market share por categorias – IQVIA

(em bilhões de R$ e %)

Varejo farmacêutico
Fonte: IQVIA

Fatores de crescimento

Já a Close-Up International identificou um aumento de 10,5% no faturamento, sendo que o preço representou o principal fator de crescimento

Varejo farmacêutico
Fonte: Close-Up Intermational

Venda de unidades nas farmácias

(em bilhões e % por canal)

graficos panorama farmaceutico 12
Fonte: Close-Up Intermational

Venda de unidades por categoria

(em bilhões e %)

graficos panorama farmaceutico 13
Fonte: Close-Up Intermational