Recuperação judicial de farmácias dispara no 3º trimestre

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Foto: Canva

Recorde às avessas. O número de pedidos de recuperação judicial de farmácias foi o maior já registrado em um trimestre. Entre julho e setembro deste ano, 22 empresas do setor acionaram esse expediente para dar sobrevida às suas operações. 

Os dados são baseados em um levantamento do Panorama Farmacêutico a partir de indicadores de fontes do mercado como o Serasa Experian. Desde o último mês de junho, inclusive, o portal conta com uma seção específica sobre o balanço de recuperações judiciais e falências no canal farma.

Todos os pedidos do terceiro trimestre envolvem pequenas redes ou PDVs independentes, com exceção das bandeiras do grupo InvestFarma – três unidades da Poupafarma e duas da Drogaria Marcelo tiveram seus pedidos de recuperação deferidos no período.

Desde fevereiro do ano passado, quando fechou temporariamente as portas de suas mais de 70 lojas, a varejista com sede na Baixada Santista enfrenta dificuldades financeiras. A situação forçou a empresa a se desfazer de pelo menos 51 PDVs em Santos e também no Vale do Paraíba e na Região Metropolitana (SP), em um leilão que teve como vencedora as Farmácias Nissei. O grupo paranaense aproveitou a oportunidade para colocar em prática seu plano de expansão no mercado paulista.

Recuperação judicial de farmácias expõe conjuntura setorial e econômica

Para especialistas, a recuperação judicial de farmácias reflete uma conjuntura econômica que mantém oscilante o desempenho do varejo. As tendências de queda na inflação e nas taxas de juros, aliadas ao aumento da empregabilidade, atenuam o cenário, mas a retomada do consumo ainda está distante da realidade.

“Temos 72 milhões de brasileiros em situação de inadimplência, devendo em média para quatro credores. A melhora nos indicadores contribui para reverter essa situação, mas na prática os consumidores seguem priorizando a reestruturação financeira em detrimento das compras. E quem eventualmente quitou ou está próximo de zerar os débitos tem menos apetite para adquirir produtos e partir para novas dívidas”, observa Luiz Rabi, economista-chefe do Serasa Experian.

A despeito de eventuais deficiências na gestão nas pequenas e médias, o próprio movimento de consolidação do grande varejo farmacêutico dificulta a performance das empresas de menor porte.

“À medida que ganham escala, ampliam o mix de serviços e o poder de negociação com a indústria, as redes maiores ocupam um espaço territorial crescente e reduzem as brechas para a concorrência crescer”, analisa Cláudio Felisoni, presidente do Ibevar.

Realidade é uma extensão do que acontece em distribuidoras

A atual realidade das farmácias segue o enredo que ganhou evidência especialmente no primeiro semestre, quando pelo menos dez distribuidoras de medicamentos ingressaram com pedidos de recuperação judicial. Importantes atacadistas como Medibras e Servimed buscaram essa alternativa após acumularem passivos de R$ 100 milhões e R$ 693 milhões, respectivamente.

O setor convive com elevada concorrência, aumento de custos operacionais e estreitamento das margens. A retração na oferta de crédito surge como outro agravante. Não só o mercado financeiro, como também as indústrias farmacêuticas, vêm fechando as portas para novos financiamentos. O efeito cascata estende-se ao varejo farmacêutico independente, cuja rotina de alargar os prazos de pagamento vem comprometendo o fluxo de caixa do atacado.

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