O pedido de recuperação judicial da Medibras acaba de ser deferido. Com um passivo de mais de R$ 100 milhões, a distribuidora de medicamentos de Araraquara (SP) entrou com a solicitação no fim de janeiro.
O atacado farmacêutico é um dos setores que mais tem sofrido com a crise financeira nos últimos anos. Em 24 meses, seis empresas do segmento entraram com pedido de recuperação judicial, quatro delas só em 2023.
Recuperação judicial da Medibras: o que explica?
O Panorama Farmacêutico escutou alguns especialistas para entender o porquê de o mercado de logística farmacêutica viver um momento tão delicado. Em suma, quatro são os principais fatores:
- Aumento da inadimplência
- Custo operacional elevado
- Margens baixas
- Retração nas vendas
As quatro companhias que entraram com pedido de recuperação judicial no ano passadpo são a DP4, que entrou com o processo em março; Rio Drog’s (junho), Neosul (outubro) e American Farma (novembro). Já a Dislab entrou com pedido em outubro de 2022.
No pedido de recuperação judicial da American Farma, dentre outros motivos, a principal causadora da atual crise foi a Covid-19. Segundo a companhia, a impossibilidade de seguir com a visitação médica afetou gravemente seu negócio de farmácias de manipulação.
Em paralelo, as varejistas independentes do Norte do país, com menos acesso a crédito bancário, pediram à distribuidora o alargamento de prazos de pagamento, o que gerou um ciclo financeiro invertido. Atualmente o passivo geral se encontra na ordem dos R$ 101 milhões.
Na época, a Dislab, em comunicado enviado ao mercado, afirmou que os principais motivos que impulsionaram a tomada de decisão foram o aumento da inflação e taxa de juros, que impacta significativamente em custos e despesas operacionais e financeiras; e a escassez de medicamentos, instabilidade e alternância na demanda de algumas categorias de produtos, e indústrias, que afetaram diretamente a previsibilidade de vendas, rebaixa de preços e rentabilidade em vários produtos.
Crise não é exclusividade da distribuição
Apesar de a logística farmacêutica sofrer mais com a crise, o setor não é o único que tem lutado pela sobrevivência. No último dia 27, a varejista Farmácia Popular Liderfarma, de Chapecó (SC), teve sua recuperação judicial concedida.