Fique por dentro dos principais FATOS e TENDÊNCIAS que movimentam o setor

Remédio para cólica pode ser usado para tratar esquistossomose, diz estudo

Acompanhe as principais notícias do dia no nosso canal do Whatsapp

Causada pelo parasita Schistosoma mansoni, a esquistossomose é uma doença negligenciada: possui baixo investimento em pesquisa e é considerada endêmica em populações de baixa renda. A situação é tão grave que o único remédio para tratar a doença, o praziquantel, foi criado em 1977. Isso equivale a dizer que passamos 40 anos sem nenhuma medicação alternativa.

Recentemente, com apoio da FAPESP, pesquisadores do Núcleo de Pesquisa em Doenças Negligenciadas da Universidade Guarulhos fizeram um estudo que pode mudar essa realidade. Eles realizaram testes com camundongos e constataram que um remédio usado para cólicas menstruais pode ser eficiente no tratamento da esquistossomose.

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/canal-farma-preve-receita-maior/

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a enfermidade afeta 240 milhões de pessoas no planeta; ela pode causar diarreia, enjoos e vômitos e em alguns casos, levar até à morte. É muito recorrente em locais sem saneamento básico porque é transmitida pelo contato de água com caramujos infectados pelo parasita Schistosoma mansoni.

No futuro, o Ponstan pode ajudar no tratamento de esquistossomose (Foto: Arquivo Pessoal)

O remédio para cólica, conhecido como Ponstan (ácido mefenâmico), reduziu em mais de 80% a carga do parasita da esquistossomose em roedores. O resultado ultrapassou o padrão de resultados estipulado pela OMS para novos medicamentos, mas ainda deve passar por testes em humanos.

No teste in vitro com o Ponstan já foi possível verificar que o remédio para cólica afetava a capacidade de movimentação do parasita da esquistossomose.

Pesquisador Josué de Moraes (Foto: Arquivo Pessoal)

A dose na hora certa

A principal vantagem do uso do Postan é o fato que ele atua em vermes ainda jovens. À GALILEU, Josué de Moraes, professor da Universidade Guarulhos, conta que isso não acontece com o praziquantel – esse só age na fase adulta.

Segundo o pesquisador, isso faz com que pessoas afetadas pela doença tenham de esperar entre 30 a 40 dias para que o verme cresça até a fase adulta. ‘Então há necessidade de repetir o tratamento e para as pessoas pobres que vivem em áreas endêmicas isso fica bem mais complicado’, explica.

O Ponstan pode ser uma boa alternativa também pelo fato dele ser mais seguro, ter poucos efeitos colaterais e ter baixo custo. ‘Isso é fundamental quando a gente fala de uma doença relacionada à pobreza’ diz Moraes. ‘ Sem contar que você encontra ele em qualquer drogaria, enquanto que a venda do praziquantel é limitada em áreas endêmicas’.

Formas adultas do Schistosoma mansoni. À esquerda, um par de macho e fêmea; ao meio, uma fêmea; à direita, um macho (Foto: Wikipedia Commons)

O fato do medicamento já ser usado na indústria é ainda uma grande vantagem, pois não teria que se criar uma nova droga do zero. ‘ O esforço para desenvolver um novo medicamento custa em média US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 6 bilhões)’, afirma Moraes.

Se os testes em humanos obtiverem sucesso, o procedimento necessário será apenas a reformulação da bula do remédio para cólica. No futuro, doses exatamente iguais podem ser usadas para tratar o desconforto abdominal e a esquistossomose, beneficiando milhões de pessoas no mundo todo.

Fonte: Paranaita

Notícias Relacionadas

plugins premium WordPress