A Takeda divulgou que vai priorizar o SUS nos contratos de venda da vacina contra a dengue, Qdenga. A justificativa é que, devido aos dados alarmantes da doença no Brasil, a farmacêutica japonesa está concentrada em atender de forma prioritária o Ministério da Saúde.
“Essa decisão planeja apoiar o Ministério da Saúde no seu propósito de promover o acesso da vacina contra a dengue de forma integral e gratuita para a população brasileira”, diz a nota.
A vacina Qdenga começará a ser distribuída ao Sistema Único de Saúde (SUS) nesta semana, segundo o Ministério da Saúde. Os 521 municípios que receberem as doses deverão organizar o cronograma de imunização. Como não há doses suficientes para todo o país, os municípios escolhidos foram aqueles que compõem 37 regiões de saúde que, segundo a pasta, são consideradas endêmicas para a doença.
O público que receberá a vacina será composto por crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra o maior número de hospitalizações por dengue, após pessoas idosas, grupo para o qual a vacina não foi liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A Takeda explicou que vai cumprir os contratos já firmados e garantiu a entrega das doses necessárias para que as pessoas que tomaram a primeira dose do imunizante na rede privada completem seu esquema vacinal, conforme a necessidade da aplicação de duas dose com intervalo de três meses, mas novos contratos não serão fechados.
Serão entregues 6,6 milhões de doses para o ano de 2024 e há previsão da entrega de mais 9 milhões de doses para o ano de 2025. Segundo a empresa, um plano estratégico para incrementar o fornecimento global da vacina foi montado. A meta é chegar a 100 milhões de doses anuais até 2030, incluindo a inauguração de um novo centro global dedicado à produção de vacinas, em Singen, na Alemanha, previsto para ficar pronto em 2025.
A sede da Takeda no Brasil também está buscando parcerias com laboratórios públicos nacionais para acelerar a capacidade de produção da vacina.
Rede particular expressa preocupação por falta de vacina contra a dengue
A Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABCVAC) manifestou nesta terça-feira, dia 6, preocupação diante da possível falta da vacina na sua rede “especialmente em relação às faixas etárias não cobertas pelo setor público”.
As pessoas que procuram estabelecimentos privados, o que inclui também laboratórios e drogarias, têm enfrentado dificuldades para conseguir o imunizante, com a aplicação de duas doses com intervalo de 90 dias.
Além da Qdenga, há no Brasil outra vacina contra a dengue, a Dengvaxia, do laboratório francês Sanofi-Pasteur, que só pode ser utilizada por quem já teve dengue. O imunizante não foi incorporado ao SUS e é contraindicado para indivíduos que nunca tiveram contato com o vírus em razão de maior risco de desenvolver quadros graves da doença.
Desde 2009, pesquisadores do Instituto Butantan estudam a produção de uma nova vacina contra a dengue. O imunizante se encontra atualmente em fase final de ensaios clínicos. A previsão do instituto é que, entre junho e julho deste ano, o pedido de registro seja submetido para análise da Anvisa.
Apesar dos esforços para mais vacinas disponíveis, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, tem defendido que o imunizante não será uma solução imediata para a doença, e pede a participação da população para acabar com criadouros do Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue.
“Neste momento, ela [a vacina] não oferece uma resposta para a situação atual, porque ela é aplicada com o intervalo de 3 meses, já que é uma vacina de duas doses. Ela é muito importante, mas será uma estratégia progressiva para ter um impacto que a gente espera de controlar a dengue e, no futuro, não ter mais a dengue como um problema tão importante de saúde pública”, explicou.