A venda de repelentes apresentou uma guinada positiva no primeiro mês de 2024. Com uma alta atípica nos casos de dengue no começo desse ano, a demanda pelo produto cresceu 48,3%. As informações são do Valor Econômico.
Quem aponta tal avanço é a Nielsen IQ, que compra os itens comercializados em janeiro deste ano com o montante vendido no mesmo mês de 2023.
Para se ter uma melhor noção do crescimento, ele é 12 vezes superior ao das vendas gerais do varejo no mesmo comparativo.
Venda de repelentes cresceu no físico e no digital
Tanto o varejo farmacêutico físico como o e-commerce detectaram a expressiva elevação na venda de repelentes, com avanço de dois a até três dígitos em redes como Pague Menos e Extrafarma (+45%), DPSP (+200%) e RaiaDrogasil (246,6%).
Em paralelo, grandes players do mercado digital, como Mercado Livre (+202% nas buscas) e Amazon (+207% nas vendas), também sentiram o crescimento na demanda.
Indústria atua para absorver demanda
Enquanto o varejo lida com uma maior demanda pelos repelentes, a indústria também se prepara para evitar o desabastecimento do produto. Um exemplo é a Cimed.
A farmacêutica decidiu dobrar sua produção do item, de 500 mil para 1 milhão de unidades mensais. Para tal, a planta da companhia está funcionando sete dias por semana, em três turnos diferentes.
De acordo com Karla Felmanas, vice-presidente do laboratório, eles já esperavam uma demanda alta para o verão, mas não um surto de proporções tão grandes.
Mesmo com suprimentos em estoque, a Cimed já acionou fornecedores para uma leva extra de insumos.
R$ 23 mi de faturamento em 45 dias
Enquanto a demanda quadruplicou em Santa Catarina e Rio Grande do Sul e dobrou de tamanho em São Paulo e Minas Gerais, a Cimed viu também seu faturamento com os repelentes avançar em ritmo semelhante.
Considerando apenas os primeiros 45 dias de 2024, a farmacêutica registrou uma receita de R$ 23,7 milhões com o produto, o que representa um avanço de 99,7%.
Vale destaque também que a companhia prevê um lucro de R$ 110 milhões com venda do item para o ano e só esse breve período já será responsável por 22% da meta estipulada.
Segundo Karla, o avanço diz respeito apenas à maior demanda, afirmando que não houve reajuste de preço no produto.
Alta demanda veio para ficar
Apesar de ter crescido em um ritmo mais acelerado do que o previsto, a demanda por repelentes já vivia um viés de alta. De acordo com a Euromonitor, o produto já foi 1,5% mais buscado no país em 2023 do que em 2022.
Já a Grand View Research aponta que, até 2030, o mercado global para esses itens deve crescer 5,7%, o que levará o setor a movimentar cerca de US$ 7,2 bilhões.
Para os especialistas, as mudanças climáticas e uma maior incidência de doenças transmitidas por mosquitos, como a dengue, explicam esse mercado em ampla expansão.
Venda de repelentes não cresceu sozinha
Outro ponto destacado pela pesquisa divulgada pela Nielsen IQ é que os preços dos repelentes também registraram um avanço com a alta demanda.
De acordo com a empresa, esses itens ficaram 15% mais caros em comparação com dezembro do ano passado.
Argentina sofre com desabastecimento
Apesar da demanda por repelentes ter crescido no Brasil, por hora, o varejo tem dado conta de absorver uma procura maior. Mas o mesmo não ocorre com o varejo farmacêutico argentino.
O item sumiu das prateleiras em janeiro passado, muito em parte pelo domínio de mercado exercido pela SC Johnson, fabricante da marca OFF!, do lado de lá da fronteira.
Com o desabastecimento, redes de farmácia optaram por mudar o layout de suas lojas para posicionar novos produtos nas áreas agora vazias e até mesmo colaram avisos em suas portas anunciando não ter o item em estoque.