O lucro da Hypera Pharma no segundo trimestre deste ano confirmou as projeções de analistas do mercado financeiro. Segundo o balanço divulgado pela farmacêutica brasileira na noite desta quinta-feira, 25 de julho, o saldo foi de R$ 491 milhões, 2,5% a menos em relação aos R$ 504 milhões registrados no mesmo período do ano passado.
Apesar do recuo entre abril e junho, a lucratividade acumulada do primeiro semestre cresceu 4,7% e atingiu R$ 883 milhões. Mas outro indicador do trimestre também teve queda. A receita líquida somou R$ 2,18 bilhões contra R$ 2,2 bi do mesmo intervalo de 2023.
O chamado sell-out, que avalia o resultado de vendas junto ao consumidor final, aumentou 6,3% no segundo tri. No entanto, o crescimento foi 3,9 pontos percentuais inferior ao de todo o mercado farmacêutico, situação atribuída ao desempenho das categorias relacionadas a dor, gripe e febre.
O resultado vai ao encontro da avaliação de especialistas do BTG Pactual, que chegaram a cravar que a empresa deve ser a única representante do setor de saúde na B3 a apresentar números mais fracos neste ano, na contramão das perspectivas envolvendo a da indústria farmacêutica nacional.
Um relatório do banco assinado na primeira quinzena de julho apontou a composição desfavorável do mix da Hypera Pharma, ainda muito focado em antigripais e anti-inflamatórios, como um dos responsáveis pela performance do trimestre. No dia 15, as ações no mercado financeiro recuaram 2,51%.
Em maio, o Santander cortou de R$ 41,50 para R$ 33,50 o preço-alvo das ações da companhia. Um dos motivos seria justamente a forte atuação do laboratório em medicamentos antigripais, que representam 30% do portfólio. Para economistas, esses itens tendem a sofrer com demanda mais tímida na temporada de inverno.
Lucro da Hypera Pharma cresce sob impulso de pipeline inovador
O lucro da Hypera Pharma só não é menor em função dos tratamentos crônicos e preventivos. Esse grupo de medicamentos tem a maior representatividade no pipeline de inovação da companhia, que recebeu R$ 136,9 milhões de investimentos no período. Por causa dos cerca de 500 produtos a serem lançados nos próximos anos, a expectativa é que essa categoria sustente a performance da farmacêutica.
Áreas como cardiologia, gastroenterologia e saúde feminina permitiram que o sell-out aumentasse 12% no segundo trimestre, quando excluídos os números referentes aos segmentos de dor, gripe e febre. A aposta em medicamentos inovadores deve ganhar ainda mais relevância na estratégia de expansão, com direito a um financiamento volumoso de R$ 500 milhões, obtido em fevereiro deste ano junto ao BNDES.
Os analistas entendem essa cartada como positiva, mas ressaltam também a pouca atenção que a Hypera Pharma vem dispensando às moléculas de medicamentos genéricos – cuja evolução é a mais destacada nas farmácias brasileiras.