Nesta segunda-feira, dia 3, a Anvisa aprovou um novo medicamento para colesterol ruim (LDL) na forma injetável. A Inclisirana, da Novartis, é indicada para adultos com hipercolesterolemia primária (familiar heterozigótica ou não familiar) e dislipidemia mista.
É uma novidade para a redução do LDL, especialmente em pacientes de muito alto risco cardiovascular – ou seja, que já sofreram ataque cardíaco (infarto) ou derrame (AVC isquêmico).
“Pacientes que já sofreram com ataque cardíaco ou derrame precisam não só reduzir o colesterol ruim (LDL), mas controlá-lo, isto é, mantê-lo abaixo de 50mg/dL”, explica Raul Santos, cardiologista do InCor-HCMFUSP, professor associado da Faculdade de Medicina da USP e ex-presidente da Sociedade Internacional de Aterosclerose (IAS). “Manter o LDL controlado é essencial para que um paciente não volte a ter novos eventos cardiovasculares graves como esses, que têm mais chances de acontecerem depois de um primeiro caso”.
O medicamento para colesterol utiliza como mecanismo de ação um pequeno RNA de interferência que limita a produção da proteína hepática PCSK9, auxiliando na redução dos níveis de colesterol ruim (LDL) no sangue. Segundo a série de estudos ORION, que demostrou os dados de eficácia e segurança de Inclisirana, duas injeções da substância ao ano foram suficientes para reduzir, em média, 52% dos níveis de LDL em pacientes que já tomavam a dosagem máxima de estatina tolerada, mas que ainda não haviam alcançado a meta de acordo com seu risco cardiovascular.
Hoje, 92,6% dos pacientes que sofreram infarto não estão com o colesterol ruim (LDL) abaixo de 50mg/dL. “Mesmo mudando o estilo de vida e tomando as medicações mais comuns para o controle do colesterol, muitos desses pacientes que já tiveram um ataque cardíaco ou um derrame não conseguem manter os níveis dentro da meta. Nesse sentido, a inclisirana entra em cena como um avanço para controlarmos o problema nesses pacientes”.
Medicamento para colesterol foi aprovado nos EUA e União Europeia
Já aprovado pelos órgãos reguladores dos Estados Unidos e da União Europeia, a inclisirana ganha aprovação da Anvisa, onde anualmente ocorrem cerca de 400 mil mortes relacionadas a doenças cardiovasculares – número maior do que todas as mortes por cânceres somadas. Esses eventos cardiovasculares têm a aterosclerose (acúmulo de gordura nas paredes dos vasos sanguíneos, principalmente causada pelo LDL alto) como uma de suas principais causas.
“As doenças cardiovasculares, especialmente a aterosclerose, são a principal causa de mortalidade no Brasil, demonstrando a necessidade de novos tratamentos para pacientes que precisam atingir as metas recomendadas pela SBC”, explica Priscila Raupp, gerente médica sênior de cardiologia da Novartis no Brasil.
“Inclisirana surge como um tratamento inovador, que oferece conveniência e praticidade ao paciente, ao mesmo tempo em que promove uma redução eficaz e sustentada do colesterol ruim (LDL)”, completa. “Desta forma, o paciente pode retomar sua rotina após um episódio de infarto ou AVC”.
Brasileiros desconhecem perigos do colesterol
Grande parte dos brasileiros (64%) desconhece seu risco cardiovascular e, consequentemente, sua meta de colesterol ruim (LDL) para reduzir a chance de ataque cardíaco e derrame cerebral. É o que aponta uma pesquisa encomendada pela Novartis em parceria com a Ipsos. Apesar de 80% conhecerem o termo “colesterol”, esse ainda é um tema sobre o qual os brasileiros não só sabem pouco, como também não se preocupam.
No levantamento, a Ipsos pediu aos entrevistados que ranqueassem, de acordo com nível de preocupação, algumas das doenças e condições clínicas mais comuns do dia a dia. Entre as doenças cardiovasculares e metabólicas, o colesterol ruim (LDL) não controlado é a que menos preocupa os brasileiros. Curiosamente, lideram o ranking infarto e AVC, problemas cardiovasculares que são diretamente ligados ao excesso do colesterol ruim (LDL) no sangue.
A pesquisa, que ouviu 1000 entrevistados em dezembro de 2022, trouxe ainda um alerta: os brasileiros não enxergam o colesterol como um vilão silencioso (como a classe médica enxerga), já que só 12% dos entrevistados têm consciência de que o colesterol ruim (LDL) alto não gera sintomas. Entre aqueles que conhecem o colesterol, 50% acreditam que é possível controlá-lo sem remédio, mesmo quando o paciente se enquadra em um perfil considerado de alto ou muito alto risco.